Bellarke - Antes dos 100 escrita por Commander


Capítulo 4
A história dos irmãos


Notas iniciais do capítulo

Espero q gostem, um beijo e um queijo :3 ;)



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— Clarke! - Bellamy sacudiu a garota, tentando acordá-la. - Clarke, preciso que veja isso!

Clarke despertou em um segundo, sentindo um desespero crescer dentro dela. Sua expressão se suavizou assim que viu que Bellamy estava bem, sem machucados aparentes. Ela correu seus olhos pelo interior da nave, tudo parecia normal.

— Ah...Qual o problema? - ela apertou os olhos, enquanto eles se acostumavam com a luz que entrava pela fresta da porta.

Bellamy segurou seu pulso e meio que a arrastou para fora da nave. Clarke puxou seu braço de volta e olhou feio para ele:

— Ei, está me machucando.

Ele não disse nada, apenas continuou guiando-a, até a carcaça do animal que mataram ontem a noite. Depois que comeram, Bellamy decidiu que o deixaria ali, para o caso de atrair predadores. Mas havia algo diferente...

— Uma flecha?! - ela franziu a testa. A flecha simplesmente estava ali, fincada no peito do animal. Clarke arrancou o objeto e a analisou. - Isso...isso pode significar qualquer coisa...

— Qualquer coisa? Clarke, eu e você sabemos que aquela flecha não estava ali antes! - Bellamy exclamou, olhando para a flecha e voltando a atenção a floresta.

Clarke ficou brava, já que Bellamy a tratava como se fosse uma criança birrenta.

— E o que você acha? Que há sobreviventes aqui, desde os últimos 97 anos? Por favor... - ela revirou os olhos e começou a caminhar em direção a floresta. - Eu vou te provar que não há nada aqui.

Ela andou dois passos, apenas dois passos foram precisos para que as flechas caíssem como uma chuva. Para qualquer lugar do chão que ela olhasse, apenas se via as flechas cravadas e até algumas lanças. Bellamy foi instintivo. Ele agarrou a cintura de Clarke e arrastou-a até a nave novamente.

— Alguma dúvida de que não estamos sozinhos?! Mas que droga! - ele gritou. Bellamy socou os painéis de controle, irritado. - Procura munição. Rápido.

Ela não questionou, apenas subiu a escada que levava ao superior da nave. Havia apenas um barril, com munição. Clarke franziu a testa, murmurando para si mesma:

— Uau. Como não vimos isso antes?

Ela pegou um punhado de balas e correu até Bellamy, que agora andava de um lado para o outro, pensando. Sua expressão se acalmou, assim que ele viu a munição extra. Não perdendo tempo, recarregou o pente da pistola.

Antes que Clarke caminhasse para a porta, ele pôs a mão na frente dela.

— Você fica.

E então, Bellamy saiu da nave.

.

O restante do dia foi dedicado a construção do acampamento.

Bellamy e Clarke não paravam por um minuto, carregavam tábuas, ferros, compensados e qualquer outra coisa que servisse para construir um muro em volta da nave. Como eles não foram abastecidos de muitos materiais para construção, os dois tiveram que arrancar algumas peças inúteis do interior da nave.

— Por que não esperamos um tempo, até eles chegarem? Não seria mais rápido, se os outros ajudassem? - Clarke perguntou, entre os dentes, segurando uma placa de ferro.

— Não. - Bellamy respondeu, ríspido. - A qualquer hora, podemos ser atacados de novo. E nós vamos morrer, porque não teremos ajuda do "nosso povo", como pensa. Anda, não podemos perder mais tempo.

Clarke engoliu em seco. Desde a manhã, Bellamy acordou furioso. Ele mal olhava para ela, respondia tudo com frases curtas e grossas. Ela se perguntou o porquê disso, já que, ontem, ele pareceu tão preocupado com ela.

Talvez, ele apenas não era o que aparentava.

(X)

Só pararam de trabalhar à noite.

Apenas a estrutura da fogueira estava pronta e só uma fileira do muro estava erguida. Ainda havia tanto a se fazer...

Ao menos acharam um jeito de entrarem em harmonia, pelo menos uma vez. Os dois estavam sentados em frente ao fogo, aguardando a caça de hoje ficar pronta.

— Sabe porquê os terras-firme sobreviveram, Clarke? - Bellamy disse, brincando com uma folha, entre seus dedos. - Eles estão sintonia. Você viu aquelas flechas? Foram disparadas de uma vez só, sem sequer um comando. Nós não temos essa sintonia, estamos em desvantagem.

— Não temos sintonia? Bellamy, eu fiz tudo que você me pediu hoje. - ela protestou. - É por isso que o muro está ficando pronto. Como podemos estar em desvantagem?

— Isso não é sintonia, Clarke. Esse é nosso problema: Um manda e outro obedece. Devíamos dividir idéias.

— OK. - ela assentiu. - Eu acho que devemos fazer uma reunião com o líder dos terras-firmes, não podemos entrar em guerra agora, se nós...

— Não.

Clarke bufou. O que se passava na cabeça de Bellamy? O garoto parecia um perfeito bipolar, mudando de atitude e de pensamentos tão automaticamente quanto respira.

— Mas você tinha dito que...

— Uma idéia, Clarke, não um plano suicida! - ele alegou. - Estamos aqui há três dias, esses caras estão por aí há 97 anos. Eles não nos darão uma trégua só porque somos "novatos"!

— Pare...Pare de gritar comigo, como se eu fosse a causa dos problemas! - Clarke disparou, frustada.

O mais velho a encarou, surpreso. Clarke estava cansada de ser a "culpada" por tudo. Bellamy devia achar que ela era algum tipo de robô, sem falhas, mas Clarke estava cansada disso.

Ela achou que ter um parceiro aqui embaixo seria bom, mas estava redondamente enganada, se esse parceiro fosse Bellamy.

— Me desculpe por isso. - ele disse, baixo, depois de alguns minutos de completo silêncio. - Às vezes, eu vejo uma garota em você. Eu tenho a mania de proteger essa garota de tudo e de todos...

— Nós devemos ser parecidas. - Clarke deu de ombros.

— Ou talvez eu apenas goste de proteger você.

A garota abaixou a cabeça, as bochechas ficando cada vez mais quente. Bellamy sorriu, aproveitando a reação dela. Ele gostava de provocar esse efeito em Clarke, gostava de deixá-la sem saída, as vezes.

— E...hum...quem é essa garota? - ela disse, na tentativa desesperada de mudar de assunto. - Namorada?

— Minha irmã. Octavia. - ele sorriu novamente.

Irmã? Não. Tecnicamente, ninguém tinha irmãos na Arca. Se chamava controle de população, e a mãe que desse a luz duas vezes, seria executada.

Então, Clarke se lembrou de uma história que ouviu há um tempo...Uma garota se escondia debaixo do chão, porque era praticamente um crime ela ter nascido...E, sobre o seu irmão, que se tornou faxineiro...

— Acho que você conhece essa história. Todo mundo conhece. - Bellamy mordeu o lábio inferior com força, olhando para baixo. - Eu costumava achar que a minha vida tinha acabado quando ela nasceu, mas...eu estava errado, sabe? Tudo só começou de verdade quando o coração dela começou a bater.

— Ah...É por causa dela que você está aqui. Foi muito corajoso. - Clarke assentiu. - Mas, o que você fez, para estar na nave?

Bellamy respirou fundo, ponderando contar ou não.

— Eu matei o Chanceler.


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