Jessica's P.O.V.

Eu olhei pela milésima vez o horário no meu relógio. Ele poderia ser pontual pelo menos uma vez na vida.

–O mocinho que você não deixa pagar um sanduíche para você perdeu o horário?- a voz de Dean me fez levantar o olhar.

Até ele tinha que me lembrar que aquela pessoa existe?

–Não, Dean, não é o Tyler que eu estou esperando.-eu ainda sentia algo estranho ao falar Tyler e não Jason.

–Tyler?- ele franziu as sobrancelhas- O nome dele não era Jason?

–Você realmente grava detalhes, huh? Porém, é uma longa história e qualquer dia desses eu te conto...Ops, vou estar em Nova York.-eu fiz uma cara de convencida e ele arregalou os olhos.

–Você conseguiu a bolsa?- eu afirmei fervorosamente com a cabeça.

Dean me conhecia desde quando eu comecei a fazer aulas na Jane e passava lá para tomar um suco. Ele sabia o quanto eu queria aquela bolsa.

Ele deu um sorriso, mas depois fechou a cara. Não era o estilo de Dean demonstrar sentimentos.

–Por isso que não me apego a vocês crianças.- ele forçou ao máximo seu sotaque russo.-Sempre abandonam Dean.

Eu ri, era assim mesmo que ele falava quando eu o conheci.

Mais uma pessoa que faria falta na minha vida.

–Jessica promete voltar para visitar Dean.- eu brinquei e ele bagunçou meu cabelo.

–Sinto cheiro de problema.-ele disse de repente e eu sabia que finalmente a pessoa que eu esperava havia acabado de chegar.

–Olá, Dean.-Ryan estendeu a mão seriamente e Dean apertou com um olhar desconfiado.

–Olá, rapaz. Já sabe o combinado: se quebrar alguma coisa, dessa vez eu chamo a polícia.- Dean acariciou meu ombro e foi em direção à cozinha.

Ryan e a sua boa imagem que ele deixa nos lugares.

Ele sentou na cadeira ao lado da minha.

–Como você está?-ele perguntou com uma expressão preocupada.

–Como você acha que eu estou?-eu suspirei tomando um gole do meu café.-Quer tomar alguma coisa?

Ele assentiu com a cabeça.

Fiz um gesto para Dean que entendeu o meu pedido. Logo outro copo de café ocupou a mesa.

–Eu sinto muito. De verdade.

–Não sente não. Você não disse que você iria me provar que ele não era melhor que você? Pois bem, está feito.- eu mexi na pulseira do meu relógio evitando fazer contato visual com ele.

–Agora eu vejo que no fundo eu não queria que você descobrisse desse jeito. Eu pedi para ele se afastar de você ou eu contaria tudo pra você, mas ele não se afastou.

–E você não me contou.- eu pensei alto e ele balançou a cabeça.

–Eu estava com raiva, Jessie. Eu estava com ciúmes. Eu não aceitava ver você com outro cara. Eu não aceitava ver você amando outro cara de um jeito que você nunca me amou.-ele disse num fôlego só e eu levantei o meu olhar.

–Eu te amei, Ryan, você que nunca soube reconhecer isso.

–Não do jeito que você amava ele, ou melhor, ama ele.-eu tomei mais um gole de café.- Eu queria que você voltasse para mim de qualquer jeito, mas eu não queria que você sofresse tanto.

Eu não queria mais conversar sobre aquilo então fiquei em silêncio.

–Quero que você saiba que eu estou aqui...e agora eu estou de corpo e alma... Eu parei com tudo, Jessica. Bebidas, cigarros, tudo por você. Eu estou a quase duas semanas sóbrio, às vezes eu tenho umas recaídas, mas...- eu levantei mão o impedindo de continuar.

–Olha, Ryan, você é um cara incrível e apesar de tudo, vivemos bons momentos juntos. Porém, eu ainda estou balançada por tudo que aconteceu nos últimos dias, e além do mais, eu estou indo viajar amanhã, começar uma vida nova, não quero me prender a nada aqui e nem quero te prender.- eu disse apertando sua mão.

–Eu estou orgulhosa de você, Ryan. Você não tem que mudar por mim, mas por você mesmo, porque é o melhor para você. Eu confio em você e quero ter sua amizade,por um bom tempo.- ele apertou minha mão de volta, mas o seu olhar era triste.

Eu não podia lhe dar falsas esperanças.

–Eu internei ele.- Ryan disse de repente e eu franzi a testa.-Meu pai.

Eu o olhei surpresa.

–Quando você terminou comigo para ficar com aquele...bem...com o Jason, eu resolvi mudar com a esperança que você me aceitasse de volta,e logo após eu parar de fumar, meu pai, que parou de me encontrar nos bares, começou a aparecer todos os dias pedindo dinheiro e então eu resolvi não só mudar a minha vida, mas também a do meu pai.

Olhei para ele com um sorriso. Ele parecia mais feliz.

–O dinheiro que ele me pedia eu comecei guardar e pesquisar clínicas de reabilitação que não fossem tão caras. Então há 3 dias eu consegui dinheiro suficiente para internar. Ele disse que me odeia, mas eu sei que isso é para o bem dele.

–Você fez a coisa certa. Você está mudando, Ryan e eu estou feliz por você.- ele sorriu e olhou no relógio.

–Eu tenho que ir agora. Entrevista de trabalho. - ele sorriu largamente e eu baguncei seu cabelo. Isso me lembrava quando começamos a namorar. -Desculpe por tudo,se cuida, lindinha. Qualquer coisa me liga.

Ele deu um beijo no topo da minha cabeça e foi embora.

Dean se aproximou da minha vez com seu olhar desconfiado:

–O que aconteceu com o sr. Problema?- eu dei de ombros

–Às vezes precisamos perder para ganhar.- eu disse simplesmente e Dean me deixou sozinha com os meus longos goles de café.

Tyler's P.O.V.

–E se você sobrevoasse a casa dela de helicóptero jogando pétalas de rosa, não é a flor preferida dela?-Marc disse de repente

Estávamos mais um dia sentados no tapete da minha sala, bolando um plano para fazer Jessica pelo menos me ouvir.

–Ew, deixa de ser brega, Marcos. Além disso, como o Tyler vai jogar pétalas de rosa no meio de Londres?-Susie deu um tapa na cabeça de Marc.

–A flor preferida dela não é tulipa?-Andrew disse com a boca cheia de pipoca enquanto mexia no celular.

–Viu? Até Andrew que está mexendo no celular presta mais atenção que você.-Susie disse para Marc enquanto analisava a ficha que fizemos sobre tudo que eu sabia sobre a Jessica.

Eu me joguei derrotado no tapete e soltei um grito frustado.

–Eu não sei mais o que fazer.

–E se você convencesse a Meredith a dizer a verdade ? Que ela está te obrigando a manter o noivado.-Susie disse inocentemente.

–Ela nunca vai fazer isso.- eu passei a mão pelo cabelo impaciente.

–Eu te falei que ela era o demônio, dude, mas você não me ouvia.- Marc disse e levou mais um tapa da Susie.- Dá para você parar de me bater?

–Então para de falar merda! Você bloqueia o nosso processo criativo.-Susie cruzou os braços e eu revirei os olhos

–Nossa, vocês são uns inúteis.-Andrew se pronunciou, ainda digitando no celular.

–E você está fazendo o que de útil, querido?- Marc perguntou.

–Bem, eu já descobri que no último festival que vocês participaram- Andy apontou para mim- ela ganhou uma bolsa integral. Então eu mandei uma mensagem para Jennifer perguntando se ela sabia de algo e...

Ele olhou para o visor do celular e todas as atenções se voltaram para ele.

–E...?- Susie perguntou aflita.

–E estamos fodidos.- ele fez uma cara de decepção e meu coração acelerou. - Jessica viaja amanhã às 3 da tarde.