Jessica's P.O.V.

Era quase meia noite e eu estava a caminho da casa dos meus pais. Na tarde seguinte eu estaria a caminho de Nova York e só de pensar nisso meu estômago parecia ser/estar num freezer.

Apenas hoje eu havia contado para meus pais que eu iria viajar.

Meu pai parecia feliz e orgulhoso, já minha mãe, bem, ela focou mais na parte que eu contei para eles menos de 24h antes de eu ir.

Ela exigiu para que eu passasse a última noite lá e eu fiquei relutante, afinal eu não poderia simplesmente perguntar : "O Tyler ainda está aí? "

Como sempre, eu travava uma briga interna entre meu coração e minha mente.

Minha mente não queria nunca mais ouvir o nome dele, mas meu coração desejava pelo menos mais um beijo, mais um abraço, mas uma palavra ou até mesmo só um olhar e eu odiava meu coração por isso.

Eu abri as janelas e o teto solar do meu carro e aumentei o volume do rádio. Eu tinha que ocupar minha mente com qualquer outra coisa.

Deixei a voz do Ed Sheeran tomar conta dos meus pensamentos e quando me dei conta já estava na frente da casa dos meus pais. Respirei fundo, desliguei o carro, levei a mão ao botão de desligar o rádio no momento em que Every Breaking Wave começou a tocar.

Só poderia ser brincadeira,provavelmente Deus deveria estar achando que seria legal fazer minha vida parecer um filme, onde eu de tempos e tempos me dava mal, mas eu já estava ficando louca com isso. Desliguei o rádio rapidamente e saí o do carro mais rápido ainda.

Abri meu porta malas e tirei minhas bagagens de lá, tinha algumas coisas do meu antigo quarto que eu levaria comigo.

Bati na porta algumas vezes e ninguém atendeu. Girei a maçaneta e encontrei a porta aberta e Brian e James vindo em minha direção apressadamente para carregar minhas malas.

–Aconteça o que acontecer,eles falem o que eles quiserem falar, lembre-se que nós estamos do seu lado.- eu franzi a testa enquanto Brian falava.

A casa estava silenciosa. Chegamos na sala e eu encontrei todo mundo sentado junto no sofá, o que era bem raro.

Fiz uma inspeção rápida e ele não estava ali. Meu corpo suspirou aliviado apesar do meu estômago se revirar aqui dentro.

–Boa noite.- eu disse aparecendo no campo de visão deles, mas recebi apenas umas respostas sem emoção.

Franzi a testa e dei de ombros, apesar daquilo não parecer um bom sinal.

Virei disposta a subir para o meu quarto, deitar e esperar e o dia seguinte chegasse bem depressa.

–Jessica, precisamos conversar.-ouvi a voz da minha mãe e parei onde eu estava.

É, parece que não ia rolar.

Eu voltei para onde eu estava anteriormente e me espremi ao lado de James em uma poltrona.

Meu pai me observava cautelosamente e eu já tinha recebido aquele olhar alguma vez na vida, mas não me lembro quando.

–Jessica,-minha mãe começou- Desde uma certa época da sua infância e a da Meri, eu percebo que vocês duas não se dão 100% bem.- eu franzi minha testa.

Ela iria voltar com esse assunto mesmo? Um dia antes da minha viagem.

–Vocês brigavam muito e eu não sei se ficou algum rancor da sua parte.-eu olhei para ela, depois para Meri que estava com o olhar baixo e depois para papai. Então, eu soube.

Eles descobriram sobre Tyler e eu, por isso a conversa, por isso o olhar de meu pai. Tudo estava acontecendo do mesmo jeito que aconteceu quando inventaram que eu estava pegando o namorado da Meredith, quando nós tínhamos 17/18 anos.

–Rancor? Da minha parte?- eu perguntei num tom sério e baixo.

–Jessica, já passamos por isso.- minha mãe disse e meus ouvidos doíam só de ouvir sua voz acusatória.- Há alguns anos, você estava exatamente nessa poltrona e nós estávamos tendo uma conversa parecida com essa. Antigamente foi o namorado, e ainda sim, vocês eram adolescentes, mas agora vocês já são adultas e Tyler é o noivo da sua irmã.

–Deveríamos lembrar que o primeiro caso nunca aconteceu pois foi fruto de uma certa mente criativa.-eu olhei para Joanne que olhava as unhas.

–Eu percebi os olhares que vocês trocavam no jantar, depois vocês ficaram fora da mesa ao mesmo tempo, e ainda por cima Joanne descobriu que vocês já se conheciam.-minha mãe estava tirando o resto de paciência que eu tinha.

Meri não falava nada e eu estava quase exigindo que ela abrisse a boca.

–Trocando olhares? Ele mesmo disse para Meri que foi algo de momento, que não foi nada sério.

–Para ele provavelmente, não para você.-Joanne acusou e eu quase fui em cima dela. James me segurou no lugar.

–Então você realmente se envolveu com ele?-meu pai disse em um tom desapontado.

Eu respirei fundo e assenti com a cabeça.

–Porém, pelo visto, nenhum de vocês sabem da verdade.- eu disse e olhei para Brian que me encorajou a ir em frente.

–Ela...-Meri se pronunciou mas meu pai a cortou:

–O que estão dizendo é que você e Tyler estavam tendo um caso e que quando Tyler descobriu que você era irmã da Meri, ele resolveu terminar tudo, mas você continuou o procurando e chantageando dizendo que você iria contar para Meri, se ele não te desse dinheiro.- eu estava com o queixo quase encostando no chão.

Como assim chantageando-o? Por dinheiro?

–Olha para minha cara e vê se eu tenho cara de quem chantageia alguém?- minha voz saiu alta e esganiçada. Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo na minha frente.

Eu olhei para Meredith incrédula querendo que ela explicasse a verdade para eles, mas ela apenas fugiu do meu contato visual.

Talvez ela não fosse tão diferente de Joanne assim.

–Meri falou da insegurança dela sobre o Tyler ter outra e você manteve essa traição todo o tempo.- minha mãe aumentou o tom também e eu estava prestes a chorar.

Eu não merecia tudo isso, merecia?

–Chega! - Brian se manifestou e pegou a minha mão. -Essa não é a verdade.- ele virou para mim -Você tem que contar a verdade, Jessie!

Eu respirei fundo e Brian apertou a mão. Eles não iam acreditar em mim.

–Eu não sabia que Tyler era o Tyler.-eu ouvi Joanne dar uma risadinha irônica, mas continuei- Ele deu um nome falso para mim. Jason.-respirei fundo.

–E Ryan? Ele sabe disso?-James perguntou .

–Eu terminei com ele antes de eu e Tyler termos alguma coisa.

–Você quer nos convencer que você não sabia quem era Tyler Richards? Ah me poupe, querida. - Joanne perguntou.

–Eu nunca tinha visto ele, nem mesmo uma foto, eu não tinha motivos pra duvidar quando ele me disse que seu nome era Jason.- eu disse verdadeiramente.

O olhar do meu pai parecia adquirir compreensão e eu continuei:

–Eu descobri tudo isso no jantar. Eu juro e Meredith sabe disso, ele contou para ela. -minha última tentativa de fazer Meredith falar a verdade.-Eu também fui enganada.

Todos ficaram em silêncio e eu disse:

–Quer saber? Eu tenho uma viagem importante amanhã e não vou ficar aqui ouvindo vocês me acusando de algo que eu não fiz e nunca faria. Se vocês acham que eu o chantageei para magoar a Meredith, problema é de vocês. Eu sei que eu tenho coisas muito melhores para fazer do que tentar destruir a vida dela.

–Como dormir com o noivo dela , por exemplo, o que é quase a mesma coisa.- Joanne disse e eu me levantei.

Eu apontei para a Meredith e para Joanne:

–Vocês deveriam ter vergonha de vocês. Eu tenho nojo de vocês... Vocês estão com interesse financeiro no Tyler, e querem fama. Eu poderia até ter pena dele, mas pelo visto ele prefere estar rodeado de sanguessugas como vocês.- eu andei em direção às minhas malas e dei um jeito de carregar todas elas e subir as escadas.

Entrei no meu quarto e bati a porta com força.

Minha cabeça se baseava em um deja vu infinito de alguns anos atrás. Eu só queria saber se aquela aproximação da Meri nunca foi verdade. Eu estava decepcionada e acabada emocionalmente.

Tomei um banho gelado e aproveitei para deixar as lágrimas escaparem ali mesmo. Coloquei um pijama fresco e coloquei algumas coisas do meu quarto na minha mala.

Olhei o pôster que tinha eu vestida de balé com 17 anos. Passei a mão por ele e desejei voltar aquele momento. Bem no final dele havia uma coisa que eu não tinha reparado antes. Uma nota discreta. Uma nota escrita com uma letra conhecida.

Bem conhecida.

"À garota mais importante e maravilhosa do mundo... pelo menos, do meu mundo.xx Um idiota aí"

Anexada a ela havia uma foto minha rindo, que eu não percebi estar sendo tirada enquanto eu esperava para entrar no palco, na última competição que fomos juntos.

Arranquei as duas coisas do pôster.

Ele esteve no meu quarto.

Estava prestes a rasgar, mas não consegui. Invés disso, guardei de qualquer jeito dentro da minha bolsa.

Fui deitar na cama, porém ouvi duas batidas na porta.

Respirei fundo e caminhei esperando encontrar do outro lado tudo..... menos a Meredith.

–Posso entrar?- ela disse baixinho.

–Não- eu respondi firmemente cruzando os braços.

Ela pareceu surpresa e apenas arqueou as sobrancelhas.

–Tudo bem, eu só quero pedir desculpas.- eu soltei uma gargalhada irônica.

–Desculpas? Pelo o que? Por passar minha imagem como uma puta para a minha própria família? Ou por me fazer a vilã da história? Ou, melhor,por me fazer a vilão puta interesseira e traíra da história.- ela respirou fundo

–Olha, Jessie, na verdade, foi a Joanne que contou isso tudo, eu não disse uma palavra.

–Exatamente! Esse é o problema! Você não disse uma palavra, nem para desmentir, nem para me defender. Você deixou eu ser humilhada lá embaixo.- eu aumentei o meu tom de voz.- Exatamente como da última vez.

–Você estava planejando um encontro com ele aqui em casa. Você acha que eu não sabia?- ela também aumentou o tom de voz -Sabe, Jessica, eu estou cansada disso, agora mais do que nunca. Cansada de pessoas me comparando a você. Que você é melhor, que você é mais bonita, que você...seria uma namorada melhor. Você sabe quantas vezes eu já ouvi isso dos meus ex-namorados? Como você acha que eu me sinto?

Eu estava de boca aberta e ela continuou:

–Como você acha que eu me sentia quando estava perto de você e ninguém prestava atenção em mim? Como você acha que eu me senti quando eu vi que o meu noivo não parava de babar pela minha irmã no meio do nosso jantar?-ela apontou o dedo na minha cara.

–Então tudo isso foi por vingança. Você ficou calada por vingança?-eu perguntei lentamente

–Tirando mamãe, você sempre foi a coitadinha de todo mundo nessa casa. O exemplo de filha para papai...ele tinha que ver quem você era de verdade- ela disse com uma voz que beirava a inocência.

No momento seguinte, eu só senti minha mão ardendo e vi Meredith levar a mão ao rosto com uma expressão pasma.

–Esse é o tapa que você merecia a muito tempo e eu não percebi. Felicidade ao noivos!- eu disse sarcasticamente e ela fez menção de chorar- Eu não quero ouvir sua voz ou ver sua cara nunca mais, entendeu garota? E você merecia mais, mas pode apostar que a própria Joanne vai te dar um algum dia.

Eu não esperei resposta e bati a porta em sua cara.

Eu não poderia acreditar. Todo esse tempo foi tudo uma vingança.

Me joguei na cama e proibi a mim mesma de chorar mais. Antes que eu percebesse, já estava dormindo. Desejava do fundo do meu coração esquecer esse dia. E os anteriores também.

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E lá estava eu, naquele aeroporto abarrotado de gente, esperando meu voo para uma vida nova.

Na verdade, eu nunca gostei de aeroportos, em especial suas dramáticas áreas de embarque. É um ar melancólico de despedida totalmente diferente do desembarque, mas enfim apesar desse clima tenso, eu estava parcialmente tranquila e com pena mesmo da minha mãe, que chorava um oceano ao lado do meu pai.

Ele, minha mãe, Jennifer, Daniel e Jane me acompanhavam na espera do meu voo. Meredith se recusou a ir, e eu nem esperava que ela fosse mesmo. Não depois de tudo o que aconteceu nas últimas semanas.

Devido a pontualidade exacerbada da minha mãe, nós tínhamos chegado exatamente 3 horas antes do voo dando tempo de sobra para check-in, bagagens e assim por diante.

Agora faltavam apenas alguns minutos e eu me encontrava inquieta andando dois passos de um lado para o outro. Olhava para todos os lados na esperança de encontrar algo ou alguém que eu mesma não tinha certeza se queria encontrar, mas sabia que não viria.

–Dá para você parar?- Jen falou levantando a cabeça mostrando uma leve irritação.

–O quê?- perguntei ainda olhando feito uma psicopata para todos os lados. Eu iria ficar louca.

–É, princesa, odeio dizer mas você está parecendo que tem algum distúrbio mental. Isso não é saudável.- Dan se pronunciou bocejando logo em seguida.-Se quiser sentar no meu colo, eu deixo.

Eu caminhei sem motivação até seu colo e me sentei.

–Você sabe que ele não vem, não sabe?-Jane perguntou arqueando as sobrancelhas.

Antes que eu respondesse, Dan se pronunciou.

–Aí, Jane, para de desiludir a menina- ele berrou e logo abaixou a voz para que só nós 3 escutássemos e disse -Se ela quer procurar o homem, deixa ela ! Afinal se eu tivesse um cara daqueles, eu também o procuraria em todo lugar.

–Daniel!- eu ralhei me levantando e dando um tapa no braço dele.

–O que foi, amorzinho? Só disse a verdade.

–Eu sei que ele não vai vim, Jane. Obrigada por lembrar, só que para a informação de vocês três, eu não estou procurando ninguém específico.- disse passando o olhar pelos três -E se vocês me dão licença, eu vou ao banheiro dar um jeito na minha cara que deve estar um horror.

Saí andando, encarando o relógio que me mostrava exatamente 30 minutos para a chamada final.

Ao chegar no banheiro, me pus a encarar meu reflexo. Que horror! Eu estava assustadoramente acabada, estava parecendo um panda. Nem os quilos de corretivo conseguiram esconder as malditas olheiras.

A verdade é que eu chorei durante a noite inteira e não fechei os olhos um segundo sequer.

Eu parecia uma adolescente imatura, dramática e emotiva de 17 anos que havia levado um pé na bunda de um bonitão da escola. Porém minha situação não chegava aos pés dessa. Ele havia me deixado assim, insegura e emotiva,como uma adolescente.

Nesse momento meu telefone vibrou. Olhei o visor e meu coração acelerou. Era uma mensagem de Tyler.

Tyler: "Me responde, por favor. Não sei se você leu as outras mensagens, mas não me ignora dessa vez.

Respirei fundo ponderei sobre o que eu iria fazer e resolvi responder:

Jessica: Você me fez confiar em você. Eu me apaixonei por você.E não pelo o que você tem, mas acho que está claro que não era nada sério para você. Bem, pra mim era.

Enviei com as mãos trêmulas, mas eu ainda tinha mais para dizer.

Se você se deu o trabalho de ler essa mensagem, não responda. Apenas delete o número e siga sua vida. Eu realmente desejo que você seja muito feliz,Richards.

Não demorou muito para que o meu telefone anunciasse outra mensagem.

Tyler : Eu me apaixonei por você. Não pela sua aparência.(Embora ela me tire o fôlego).

Eu me apaixonei pelo seus mil jeitos.

Pelo jeito que você pode ficar horas com um óculos lendo, sem ter a mínima noção do que está acontecendo no mundo real.

Pelo jeito que você ri quando eu estou bravo.

Pelo jeito que seus tapas ardem quando eu digo alguma besteira.

Pelo jeito que suas mãos me passam uma segurança que eu nunca tive antes.

E eu gostaria de dizer que eu não sou dependente desses e dos outros 996 jeitos. Gostaria de dizer que eu me apaixonei por você.

Porém, a verdade é que eu me apaixono todos os dias por você, e sempre antes de dormir eu desejo que na manhã seguinte você esteja aqui comigo, ou pelo menos que você mande uma mensagem.

Posso ter sido e continuar sendo um idiota. Posso não ser bom com palavras. E também sei que você pediu para que eu não respondesse, mas acho que você precisa saber que não existe felicidade sem você.

Eu queria tanto acreditar que aquilo era verdade, mas eu não podia. Não iria voltar atrás por uma possibilidade que pode ou não ser real.

Então antes que eu começasse a "sessão choro" num banheiro de aeroporto (que situação deplorável), passei um pouco mais de corretivo, olhei minhas roupas: jeans surrado, all star e um suéter quentinho feito pela minha tia. Pelo menos eu estava confortável.

Abri a porta do banheiro e andei sem pressa até onde se encontravam meus acompanhantes. No meio do caminho um ser me atropela, quer dizer, esbarra em mim.

–Então, né, colega!- berrei mais por susto do que por raiva.

–AI MEU DEUS! Me desculpa, moça. Eu me...

E então eu olhei diretamente no rosto dela assim que ela se calou.

–Susie? O que você está fazendo aqui?- eu disse surpresa, seu olhar arregalado alternava entre mim e alguém no meio das multidões. Assim que segui seu olhar a pessoa que estava chamando-a várias pessoas começaram a tapar a minha visão. Eu semicerrei os olhos tentando reconhecer. Será que...?

Não , Jessica, para com isso.

–Jessica...Jessie...eu...-ela disse e eu voltei a encará-la.

–Quem é?- perguntei descaradamente intrometida.

–Quem é o que?- ela perguntou mais vermelha que um tomate.

–Aquele cara ali de boné que estava acenando para você. - eu apontei para direção da pessoa que agora estava de costas com uma mão batucando impacientemente na bancada e outra discando no celular.

–Ele...bem, ele é...ele- nesse momento o celular dela tocou, ela quase pulou de susto e olhou desesperadamente para o visor. - Ele é meu namorado....hm, Tommy.. isso, é esse o nome dele. Na verdade, estamos atrasados. Para onde você está indo? - ela olhou novamente o celular e depois olhou para mim.

–Nova York, eu ganhei uma bolsa para lá.-eu disse sorrindo e ela sorriu também.

–Sério? Eu e o...Tommy estamos indo pro Canadá. Você volta quando?- ela perguntou rapidamente.

–Não sei se eu volto para ficar. - ela arregalou os olhos surpresa. -Hm.. mas não vou te atrasar mais, aproveita a viagem e o namorado, gatona!- eu dei um tapinha na bunda dela que chegou ao seu nível máximo de envergonhada.

–Obrigada, Jessie ! E... sinto muito por você e o Tyler, eu estava começando a gostar de vocês juntos.- ela põs uma mecha de cabelo atrás da orelha e ajeitou os óculos.

–Não sinta, ele deve estar melhor sem mim. Boa viagem e não esqueça de mim, Susie.

–Nem se eu quisesse, Jessie. - ela disse pensativa , piscou sem jeito para mim e correu direção ao tal de Tommy.

"Passageiros do voo 4795 para Nova York, favor comparecer na porta de embarque na ala B"

Trinta minutos e eles nesse alvoroço todo. Aeroporto é sempre apressado.

–Nossa, banheiro demorado, dona Jessica- Jane disse desconfiada e veio para trás de mim para ajeitar meus cabelos.

–Vocês não vão acreditar quem eu encontrei.

–Quem foi, luz da minha vida? Emma Watson? Jessie J? Rita Ora? Tyler Richards?- Daniel ficou interessado e eu revirei os olhos.

–Não foi nenhuma delas, muito menos ele. Porém, vamos andando e eu conto para vocês.- eu disse acenando para papai e mamãe que logo nos seguiram.

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"Segunda chamada para o voo 4795 para Nova York, favor comparecer na porta de embarque na ala B"

10 minutos.

–É acho que é chegada a hora de partir- eu disse sem coragem de encará-los.

–Vem cá me dar um abraço , princesa.-Dan me agarrou- Sei que você vai virar uma dançarina famosa. Só famosa, porque linda e gostosa você já é. Aposto que você vai voltar com um nova iorquino arrasador se não de qualquer forma eu estou aqui e sou melhor que qualquer um.- ele deu um beijo na minha testa e continuou baixinho- Sei que vai ser difícil esquecer o Tyler "meu-sobrenome-deveria-ser gostoso" Richards, mas você é forte e vai conseguir.

Eu comecei a rir e ele me soltou. Era a vez da Jennifer.

–Agora vem cá, minha esposa. Esse carrapato parecia que não ia te largar mais.- Daniel mostrou a língua para Jennifer.- Boa viagem, Jessie. Tudo de bom, porque você merece. Nem vá achando que se livrou de mim porque logo logo eu tô lá batendo na sua porta. Não se prenda ao passado porque não vale a pena, confia em mim. Ah, e assim que você sair do avião quero uma mensagem para saber se está tudo bem.- ela tentava disfarçar a todo custo a voz embargada.

–Oh meu amor, não chora. Você sempre vai ser minha paixão, apesar de te me trocado pelo Andrew.- eu apertei suas bochechas.

–Ah, menina. Para de viadagem, já basta o Dan.

–Ei, eu estou aqui, tá flor?- ele disse fingindo que estava ofendido.

–Enfim, vá se despedir de seus pais e da Jane, antes que eu mude de ideia e te prenda aqui.- ela me empurrou para cima dos meus pais.

O fato é que devido ao dia anterior, eu estava tentando ao máximo evitá-los. Eles ainda deveriam me achar uma vaca por "roubar" o noivo da minha irmã.

–Vem cá, filhinha.- mamãe disse com os braços abertos e , agora, com óculos de sol para disfarçar o choro. - Parece que está nos evitando- ela me abraçou.- Saiba que mesmo não concordando com suas atitudes, eu ainda te amo e você ainda é minha filha- ela me afastou para olhar meu rosto.

"Minhas atitudes"? Ah, eu não iria tentar tira da cabeça dela a imagem diabólica que Meredith e Joanne fizeram de mim. Afinal, eu nunca fui a "queridinha" da mamãe mesmo.

–Não, mãe, eu não estou evitando vocês e acho que eu já dei a minha versão sobre "minhas atitudes".- eu disse seriamente.

–Mas...

–Mas nada, querida. Não é hora de vocês começarem uma nova discussão. -meu pai interveio -Ainda mais depois de você ter ouvido o lado da Jessica.

–Então , tudo bem. Todos contra mim, certo?- mamãe ajeitou os óculos e arqueou as sobrancelhas.-Boa viagem, filha. Te amo, tá? Quando chegar lá, me ligue.-ela me abraçou rapidamente pela última vez.

–Jessica, Jessica...-meu pai disse quando eu me aproximei dele- Minha pequena grande Jessie, como cresceu. Se me dissessem que você cresceria tão rápido e viveria tantas aventuras tão rápido, eu teria aproveitado mais.

–Pai..- eu disse agora realmente sentido a dor da partida.

–Eu só quero que você seja feliz, seja com aquele rapaz, seja com outro...

–Eu e Tyler não temos mais nada, papai. Ele pode até virar seu genro, mas não vai ser por minha causa. - eu disse séria.

–Meredith ainda está com ele?- ele perguntou surpreso.

–Provavelmente, afinal, eu sou a bruxa má da história, huh?- eu suspirei mais fundo do que deveria e meu pai reparou.

–Você ainda gosta dele de verdade, não é?- ele passou a mão pelos meus cabelos.

–Não importa mais.- eu sussurrei, ele assentiu com a cabeça e e me abraçou desejando uma boa viagem.

Agora, a pior parte. Jane.

–Lembre-se é nas piores dores que devemos demonstrar força.- ela disse enquanto eu me aproximei.

Eu abracei ela com força e ficamos em silêncio.

Entre nós era assim, apenas um abraço transmitia tudo que sentíamos.

–Sempre soube que você tinha potencial para ir longe- ela passou a mão pelo meu cabelo- Você sabe que se eu pudesse estaria lá com você.

–Eu sei, Jane..- minha voz quase não saía.

–Quero notícias diariamente. Qualquer dúvida, problema só me ligar. Nada de orgulho, isso não funciona comigo.- ela riu - Ainda vou ver você na TV.

Eu apertei o nosso abraço ainda mais.

–Te amo, Jane. Obrigada por tudo.

–Também te amo, filha. Eu que tenho que te agradecer.

"Última chamada para o voo 4975 para Nova York, passageiros, favor comparecer no portão de embarque na ala B"

–Arrase nos palcos, como sempre, princesa. Quero muitas fotos.- partimos o abraço quando meu pai se pronunciou.

Meu pai. Eu sentiria falta dele.

Dei mais um abraço em todos e fui em direção a porta de embarque onde uma moça impecavelmente uniformizada recebia as passagens.

Logo ao me acomodar no avião, me peguei pensando em Tyler. Como eu queria que ele estivesse ali. Seus olhos verdes penetrantes e firmes, seus ombros largos e seguros, seu cabelo propositalmente bagunçado, e seu sorriso...ah, seu sorriso que deixava qualquer mulher de pernas bambas e completamente na sua.... Experiência própria.

Eu me punia mentalmente por estar pensando nele. Eu iria seguir em frente. Eu tinha que seguir em frente para isso eu tentaria evitar todas as lembranças dos momentos juntos da minha mente, porque eu sabia que eu estava apta a seguir em frente, mas não convicta que o tiraria de meus pensamentos e muito menos que conseguiria esquecê-lo.

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