Jessica's P.O.V.

–35,36,37,38,39 e, finalmente, 40. Ufa, ele não para.-Jennifer largou meu celular no chão e se esticou no mesmo.

Eu estava estirada na barra em uma das salas da academia, forçando minha sapatilha de ponta o máximo que eu conseguia.

–Se você torcer esse pé, bye bye, Nova York.- eu olhei para ela por entre os meus cabelos que caiam no meu rosto.

–Vira essa boca pra lá.- eu desisti de descontar algo, que nem eu mesma sabia o que era, nos meus pés, e deitei ao lado de Jennifer.

Ela tinha se voluntariado para apagar mensagens que invadiam meu celular a cada segundo. Eu sabia de quem era todas elas. Sabia também que assim que eu visse seu nome na tela, eu leria todas elas uma por uma, por isso era melhor que outra pessoa apagasse para mim.

De todas as coisas que eu poderia imaginar que Tyler pensava de mim, nenhuma delas chegava ao ponto que eu era apenas uma sem importância para ele. Que ele não sentia um terço do que eu sentia por ele.

E sim, eu havia passado da parte da negação.

Eu o amava . Amava muito.

Mas se ele não sentia o mesmo que eu poderia fazer?

–Você poderia provocá-lo.- Jennifer disse simplesmente- Sabe? Tipo, jogar na cara dele que você o superou. Homens gostam do que não podem ter..

–É tipo, quero ver você aparecendo toda produzida e ele não largar aquelazinha sem sal.-Daniel saiu do banheiro e eu fiz uma cara feia para ele.

–Aquelazinha sem sal é minha irmã.

–Ah, nem vem, Jessie. Você sabe muito bem o que eu acho da sua irmã.- ele foi em direção ao rádio, conectou seu celular e em poucos minutos a voz sedutora do Alex Turner preencheu a sala.

Eu olhei Dan de cima a baixo. Ele tinha uma expressão séria quando se deitou ao meu lado.

Dan parou de gostar de Meri quando estávamos no ensino médio e ela disse para todo mundo que ele tinha pegado uma menina a força, o que foi mentira já que a menina era afim dele desde sempre.

–Você acha mesmo que ela colocou todos contra você quando teve o rumor que você estava pegando o namorado dela e agora que você realmente teve algo sério com o Tyler, o noivo dela, ela ia deixar por isso mesmo?-ele levantou uma sobrancelha olhando para mim.

–Isso mostra que ela finalmente amadureceu.-eu dei de ombros - E além do mais, Tyler disse a ela que não tivemos nada sério, por que ela deveria surtar?

–Você ouviu o que eu disse?- Daniel segurou meu rosto com as duas mãos como se eu fosse uma criança.- Ela surtou por algo que não aconteceu, a pergunta é por que ela não faria isso agora?

Eu não queria pensar algo ruim da Meri. Não agora que estávamos reconstruindo nossa relação.

Além disso, ela só surtou na primeira situação porque Joanne pilhou a mente dela.

–Eu não quero mais falar sobre isso.- eu disse firmemente. - Eu vou viajar daqui a alguns dias e não tem porque eu ficar pensando sobre Tyler, Meri ou seja lá o que for. Daqui a alguns dias isso não vai fazer parte da minha realidade mesmo.

Dan e Jen trocaram olhares entre si, mas não me importei. Eu estava cansada de tudo isso. Cansada de não saber o que se passava. Cansada de perguntas. Cansada de ter que descobrir as coisas sozinha. Cansada de saber das coisas.

Eu só queria fechar os olhos e acordar em algum dos palcos de Nova York dançando.

"for a minute it gets easier to pretend that you are just some lover."

Ou talvez acordar com Alex Turner cantando no meu ouvido.

Ou quem sabe outra pessoa cantando Arctic Monkeys em seu ouvido.

Não. Não. Não.

Melhor só fechar os olhos e dormir mesmo.

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–Ela não tem mais nada pra conversar com você. Ela tem que estar descansada para a viagem, por favor, retire-se.- ouvi o barulho da porta da frente sendo batida.

Cocei os olhos e me espreguicei enquanto ia em direção a voz de Jane.

–Quem era?-perguntei tentando esconder o receio e a ansiedade que brigavam dentro de mim.

–Era só esses vendedores de porta em porta, que enchem o saco.- ela prendeu os cabelos num coque alto.- E aí, deu para descansar o físico e o emocional?

Jane era muito parecida comigo tanto fisicamente quanto no jeito de ser, apesar de não termos nenhum grau de parentesco.

Quando ela soube o que aconteceu, exigiu que eu ficasse na casa dela até a viagem. Ela sempre me ajudou e me apoiou. Era como se ela fosse o que minha mãe nunca foi para mim.

Apesar da minha mãe demonstrar amor e carinho por mim, ela nunca esteve realmente ao meu lado. Principalmente quando eu me mudei para Londres.

Jane por não poder ter filhos me acolheu como se eu fosse sangue do seu sangue e eu nunca teria palavras para agradecê-la o suficiente.

Por isso, ela era a pessoa que eu sabia que sentiria mais falta. Se eu pudesse, eu a enfiaria dentro da minha mala e a levava comigo para onde quer que eu fosse.

Porém, ela tinha a academia para cuidar e eu não poderia pedir que ela deixasse tudo por causa de mim.

–O que a minha princesinha tanto pensa?- ela me puxou para que eu sentasse ao seu lado no sofá.

Eu senti meus olhos encherem de lágrimas, respondendo a pergunta que ela me fez.

Não, meu emocional não estava recuperado e duvidava que ele o fizesse tão cedo.

–Como eu vou fazer para viver sem você, Jane?- minha voz estava embargada e ela me abraçou.

–Ah, minha princesinha, você vai se virar muito melhor sem mim. Até porque se você fizer alguma merda eu pego o primeiro voo e apareço lá já dando uns tabefes em você.- eu ri e ela me abraçou mas forte.- Você já é grande o suficiente para eu não precisar te esconder as coisas.

Ela disse de repente e eu revirei os olhos já sabendo o que ela queria me dizer.

–Se você quer me revelar que quem estava na porta era o Tyler não se preocupe, você não é muito boa com mentiras.- eu ri e ela fez uma cara confusa quase preocupada.

–Na verdade, era o Ryan.

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Tyler's P.O.V.

–Quantas vezes eu vou precisar pedir desculpas pra você voltar a falar comigo?- eu estava a ponto de me ajoelhar na frente de Marc.

Ele olhou para mim com um olhar superior, deu um gole em sua cerveja e voltou sua atenção para a TV.

Eu bufei e Andrew riu do outro lado da sala.

–Eu acho que você vai ter que se ajoelhar mesmo, Richards.- ele disse e eu revirei os olhos.

Mas que caralho, Marc era pior que mulher.

Me ajoelhei no chão impaciente e repeti a mesma frase que eu tinha dito nos últimos 10 minutos.

–Me desculpa vai. Você sabe que eu não queria jogar nada na sua cara de propósito.- ele estreitou o olhar em minha direção respirou fundo e disse:

–Que fique claro que essa é a última vez que eu te perdoo, entendeu, babaca?- Marc disse bem pausadamente para que eu entendesse e eu assenti com a cabeça.

–Vem cá, me dá um beijinho.- eu brinquei e ele virou o rosto torcendo o nariz.

–Nem vem que eu ainda não desbloqueei a intimidade para brincadeirinhas.- eu ri e ele mostrou o dedo do meio.

–Velho, vocês precisam de uma mulher nessa casa. Toda essa testosterona junta tá virando viadagem excessiva.-Andrew tragou o seu cigarro e soltou a fumaça.

–Nem continue, machão. Caso contrário, eu vou aí e te tasco um beijo.- Marc disse sério e Andy se benzeu.

–Cheguei para por ordem nessa bagunça.-Susie adentrou em casa sem ao menos bater na porta bem na hora que Andrew soltava a fumaça do seu cigarro fazendo-a tossir.

–Por favor, querido, se tiver realmente a necessidade de fumar essa droga, vá para a varanda.- ela disse e Andrew torceu o nariz levantando as mãos na altura do ombro.

–Ih, a chefe chegou.- ele apagou o cigarro e jogou no lixo.

Achei estranho Marc não contestar nada, mas foi só olhá-lo para entender o motivo. Ele estava praticamente com a boca escancarada olhando para Susie que usava um shorts curto e uma camiseta branca.

Simples, mas pelo visto não para Marc. Talvez fosse porque fazia um bom tempo que não víamos a Susie com uma roupa casual.

–Tomara que um mosquito enorme entre na sua garganta.- eu disse e Marc saiu do transe dando um tapa forte no meu braço.

–Vai.Se.Foder.-ele sussurrou para que só eu ouvisse e eu ri indo em direção ao Andrew.

–Olá, Marcos.-Susie colocou os cabelos loiros e curtos atrás da orelha claramente envergonhada pelo modo que Marc sempre olhava para ela.

–Olá, Susanne. Esqueceu os óculos aqui por acaso?- ele perguntou tentando encher o saco dela como sempre.

–Não, querido , existe uma coisa chamada lentes de contato e eu só estou aqui para ajudar o idiota do seu amigo.-ela pôs as mãos na cintura analisando o apartamento.

–Meu amigo vírgula, por que ele só é meu amigo quando ele faz merda?- eu revirei os olhos.

–Olá, casal,-Susie fechou a cara para Andrew que continuou- Interessante essa facilidade de vocês para começarem uma discussão. Agora, por que não usamos isso para ajudar o nosso amigo que só faz merda.

–Obrigado, Andy, apesar de eu não fazer só merda. Então vocês vão me ouvir ou não?

Eu terminei de contar sobre o jantar, a primeira conversa com a Jess, a chantagem da Meri e assim por diante em mais ou menos 40 minutos.

–Eu não acredito que ela chantageou você. E você aceitou.- Susie estava de boca aberta, assim como Marc e Andrew.

–Puta que pariu, você realmente só faz merda.- Andrew disse e eu me joguei no tapete.

–O que vocês queriam que eu fizesse?

–Sei lá, tudo menos aceitar uma merda dessas.- Marc pegou a garrafa da minha mão e deu um gole.

–O pior é que eu te avisei desde o começo que esse negocio de nome falso não iria dar certo.- Susie disse pegando um pedaço de uma das 3 pizzas que tínhamos pedido.

Ficamos em silêncio cada um tentando ter uma ideia.

–Você realmente ama a Jessica? Digo, não é uma paixonite igual às outras?-Susie perguntou firme.

–É lógico. Eu amo ela como nunca pensei que fosse possível.-eu disse sem nem piscar e ela sorriu.

–Então, precisamos de um plano. Um plano que faça ela perceber que você faria qualquer coisa por ela.-Susie disse com os olhinhos brilhando.

–Isso me lembra a época da escola.- Andrew disse pensativo.

–Já gostei disso.-Marc bateu um hi-five com o Andy e Susie revirou os olhos.

–Então é isso! É hora de planejar.

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