é Possível Um Amor Recomeçar? escrita por Trezee


Capítulo 5
Nauseas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/61254/chapter/5

Se eu dormi, não sei. Ou melhor, sei sim, mas não sei quando ou em que momento dos meus cruéis pensamentos eu fui levada pelo cansaço. Só sei que acordei com muita fome.

Olhei pela janela e já estava escuro. Na minha cabecinha ainda não deveria ter passado muito da hora do jantar, mas naquele exato instante descobri que meu relógio biológico é extremamente falho. Quase dei um pulo de susto quando vi que já eram duas e meia da madrugada.

Como assim eu havia dormido desde a tarde do outro dia até agora? Como assim meu pai não me levou a um hospital achando que eu estava morta?

Desci correndo a escada, tentando ao menos fazer silêncio e me deparei com um Hamburger e um bilhete.

“Querida, estava dormindo igual a um anjinho.
Preferi não te acordar.
Esquenta a comida se quiser.
Boa noite.”

-Aiai... Como é bom ter um pai atencioso. – sussurrei enquanto pegava o prato e levava ao microondas.

Não faço a mínima se ia fazer bem ou não eu comer Hamburger no meio da noite. Só sei que ao passo que minha mente ia voltando ao normal eu ia me lembrando de cada frustração que o dia anterior me trazia. E em pouco tempo eu já estava com raiva novamente.

Era uma raiva inútil, eu sei, mas era tão necessário sentir aquilo como se eu dependesse daquela bronca para ainda me sentir ligada a ele.

O apito do microondas me fez sair dos meus pensamentos. E aquele Hamburger quente serviu para engolir com força toda minha raiva. Subi para o quarto cambaleando. Parecia que a fome havia se transformado em sono. E o sono me consumiu rápido de mais...

- Aiiiiiiii!!!! – Gritei muito antes de abrir os olhos.

Para mim eu havia acabado de me deitar e de dobrar as pálpebras, mas acho que novamente minha percepção estava errada.

Bom, mas e daí que horas eram? Eu estava com muita, mas muita dor de estômago. Realmente, eu não estava fazendo drama. Parecia que os ácidos digestivos estavam fazendo a festa dentro de mim. Sentia uma forte queimação, uma náusea estranha. Horrível de se sentir.

Não demorou muito para meu pai chegar ao meu quarto e me encontrar com a cara amarela. Eu deveria estar vegetando sobre aquela cama. Tudo rodava.

- Sakura, filha! O que aconteceu? – atropelou as palavras enquanto colocava a mão na minha testa.

- Dor...de...estômago...- murmurei lutando contra as palavras.

A partir daí não sei o que aconteceu ou o que deixou de acontecer. Só sei que eu lembro de poucos flashes e muita sonolência. Lembro-me do trajeto nítido até a pia do banheiro. Lembro-me também de pílulas brancas. A cena do meu pai passando a mão na minha testa, também pipocava na minha cabeça. Ou então a voz de Tomoyo no telefone, talvez. Mas nada era muito nítido.

Nada de muito profundo fez sentido até um dia que abri os olhos e não precisei sair correndo para vomitar. Para mim, ainda era quinta-feira de manhã, mas descobri que eu estava incrivelmente equivocada quando meu pai entrou no quarto com uma bandeja de café da manhã.

- Bom dia, Bela Adormecida. – disse ele sorridente.

- Pai? – disse um pouco espantada. – Você não foi trabalhar hoje?

- Trabalhar...? Não! Hoje é sábado, esqueceu?

- Sábado??? – tentei me levantar em um pulo, mas percebi que meu corpo ainda estava muito fraco para isso.

- É sim.

Tentei disfarçar meu espanto para não parecer muita loucura eu ter ficado tão perdida.

- Verdade. – ri boba. – Mas então, o que eu tinha? – indaguei sem deter a curiosidade.

- Foi uma forte virose, seguida de uma irritação estomacal. Chamei o médico, não se lembra? Ele disse que você poderia ir para o hospital, mas você preferiu ficar aqui.

Preferi? Nossa, eu realmente devo ter ficado mal. Nada disso vinha na minha cabeça. Apenas assenti com um risinho básico para não deixar meu pai preocupado.

- Bem, mas agora já estou me sentindo bem melhor. – tranqüilizei-o.

- É, mas você está desidratada, precisa repousar um pouco para voltar as atividades normais, mas creio que segunda já dá para voltar as aulas.

As aulas! Era como se a vida voltasse ao normal. Ah não! Não acredito que perdi logo o segundo e o terceiro dia de aula. E o pior de tudo, é que eu fiquei assim porque me matei de comer por causa daquele garoto idiota. Definitivamente estava com muita raiva dele e isso só contribuía ainda mais com minha dor.

- Tudo bem filha? – perguntou meu pai. Eu deveria ter ficado de amarela para roxa.

- Está sim pai... – murmurei.

- Está bem então, se alimente que vou dar uma saída.

Apenas confirme com um sorrisinho. Era extremamente irritante, principalmente pelo fato idiota da minha cabeça não conseguir esquecê-lo. Não entendia o porquê disto e a cada vez ficava mais revoltada comigo mesma. Decidi, então, tomar uma decisão muito importante.

- Não vou mais falar com ele, não quero mais sentir isso, não sei por que estou me sentindo assim, não quero saber e tenho raiva, muita raiva de quem sabe!- disse em um tom raivosamente engraçado, trancada no meu quarto, parecendo uma louca falando com nada.

Ah não... Não era saudável uma pessoa se auto flagelar por uma coisa tão insignificante. Eu é que não ia continuar me torturando por essa idiotice. Até porque na minha vida, a partir daquele momento ele não seria mais nada além de lembranças novamente.

Era isso e ponto final.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem, plissss



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "é Possível Um Amor Recomeçar?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.