é Possível Um Amor Recomeçar? escrita por Trezee


Capítulo 3
Esperas


Notas iniciais do capítulo

Gente, demorei um pouquinho além do que eu esperava para postar, mas tudo bem, espero que não tenham desistido de ler rsrsrs
Curtam bastante!



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E quem disse que as aulas passaram rápido. Nooosssaa. Era inacreditável o que as pessoas fazem quando ficam ansiosas. Eu, por exemplo, deveria estar causando um espasmo cerebral na garota sentada ao meu lado. Meu pé não parou um segundo de mexer pra lá e pra cá e eu só ficava observando os olhos tontos da garota que não conseguia se concentrar, pois meus pés estavam bem na mira dos seus olhos. Eu quis rir, eu quis parar de torturá-la também, mas minha inquietude não me permitia e, no momento, esta situação era a única que conseguia me distrair de fato. E eu necessitava de uma distração.

Aquele relógio infernal nunca corria os ponteiros e eu comecei a olhar para a cara da Tomoyo constantemente. Ela apenas me lançada um olhar furtivo e virava de novo para a lousa. Pelo menos alguém estava conseguindo se concentrar na aula de História... Ops, ou melhor, na de Geografia.

Uau, eu nem sabia mais em que aula eu estava. Realmente a situação estava crítica. Concentração a mil. Logicamente eu deveria ser a única inquieta, já que Tomoyo não manifestou reação nenhuma quando eu contei para ela que Shaoran havia voltado. Mas é claro, que reação ela poderia manifestar? Eu fui o palco de todas as reações possíveis sobre o assunto.

O sinal finalmente tocou e mais que depressa agarrei a mão da Tomo e a puxei sem pensar duas vezes.

- Aiaiai, finalmente este sinal tocou! – esbravejei enquanto tentava espremer nossos dois corpos por uma única porta.

- Calma Sakura! – murmurou ela com seu jeito meigo e um pouco irritado por eu ter quase feito sanduíche de seu corpo. – O chafariz não vai sair correndo! – sorriu enquanto ainda era arrastada.

- Eu sei que o chafariz não vai fugir. Meu medo é que quem está lá fuga. De novo... – meus olhos se fixaram em um ponto invisível e minha voz doeu um pouco para sair.

- Mas espera! – Tomoyo manifestou a primeira reação com seu corpo desde a hora que comecei a puxá-la. – Que dia é hoje? – ela simplesmente parou no meio do pátio.

- É quarta... Mas vamos logo, vamos! – tentei continuar no nosso ritmo, mas novamente fui barrada pelas pernas de Tomo que pararam de correr.

- Esqueci! – ela bateu a mão na testa enquanto meus olhos a perfuravam com impaciência.

- Esqueceu do que? Vamos, me conte no caminho...

- Mas não posso. É justamente disto que esqueci. Ai, como posso ter me desorganizado tanto... – se fosse em uma situação normal, ela daria uma longa pausa e se martirizaria por ter se enganado ou errado uma veizinha na vida. Só que não estávamos em uma situação normal, então ela se apressou em dizer as palavras antes que eu fosse obrigada a tirá-las de dentro da sua boca. – Que descuido, não me lembrei que esta semana já não era mais férias e marquei um compromisso para... – ela fitou os olhos no relógio - ...dez minutos atrás!

O rosto de Tomoyo quase desmoronou, ao passo que o meu estava ficando roxo.

- Já era Tomoyo, está atrasada e perdeu o compromisso, agora vamos! – sem pensar duas vezes, dei um solavanco no seu braço. Achei meio insensível este meu ato, mas vê lá, estávamos entre a cruz e a espada.

Meu puxão sofreu uma objeção e quando me dei conta, Tomo já estava a uns bons passos de mim.

- Ainda há tempo Sakura! Eu vou correr para o metrô ver se chego logo. Vai ter que encontrar o Shaoran sem mim. Mas acho que isso não é problema, não é? – gritou quase no portão de saída. – Mande lembranças minhas a ele. – seu sorriso se fechou e ela começou a correr sério. Deveria mesmo querer ir àquele compromisso.

Gastei preciosos minutos refletindo sobre meu bizarro abandono, mas, com uma boa balançada de cabeça, corri para o chafariz que ficava na praça a frente da escola.

Poupei meu ânimo para que, quando eu chegasse a frente do chafariz, pudesse abrir um belo sorriso para Shaoran, que deveria estar lá me esperando já há alguns minutos. No entanto, meus planos foram abordados, pois a única companhia que encontrei ao chegar no chafariz, foi de uma rolinha que se lavava na possa d’água que se formara.

- Ai... Será que ele ainda não chegou ou será que já foi embora? – meu complexo começou a me consumir.

Claramente tentei me focar na opção menos dolorosa, que no caso me levou a sentar ao lado da rolinha e ficar observando seus movimentos rápidos durante um banho na fonte.

Também fiquei observando as pessoas indo embora da escola. Já não eram muitas, mas o suficiente para eu gastar meu tempo reconhecendo rostos. Passei então a reparar nos mais novos que ainda dependiam de um pai para vir buscá-los e nos mais velhos, que como eu, usavam diversas formas para se locomoverem até suas casas.

Observei um casalzinho caminhando de mãos dadas. Ainda eram tão crianças para já estarem descobrindo os sentimentos, mas empurrei essa idéia boba da minha cabeça. Eu também já havia sentido algo assim um dia. Passei então a ignorar o movimento que me cercava e foquei apenas nas minhas próprias lembranças.

Era tão reconfortante para meu coração lembrar-se dele. E há muito eu não fazia isto, até porque não havia sentido em torturar meus sentimentos por alguém que não estava mais aqui comigo.

Mas tudo havia mudado em um dia e custou um pouco para eu entender isso. Aquela manhã, que havia começado frustrante, se tornara na manhã mais especial dos últimos anos. Uma chaminha boa se acendeu no meu peito por reconhecer um rosto querido.

E era tão bom me sentir quente novamente. Não, porque ultimamente eu estava tão vazia e sem perspectiva. Era necessário que a Sakura que eu sempre conheci voltasse à tona. O que faltava mesmo era um bom estímulo. E o estímulo havia acabado de voltar para a cidade.

Fiquei idealizando meu mundinho por um bom tempo. Sinceramente, eu achava uma bobagem quando as pessoas passavam a ver o mundo cor de rosa. Mas creio que eu só achava isso pois eu nunca havia estado do outro dado, pelo menos não com uma maturidade formada na cabeça.

Passei a me sentir repleta. As horas gastas na aula de Geografia não mais passaram de plenos momentos de afobação. A real sensação estava chegando de verdade, somente agora. Aquele friozinho que vem no verão estava me consumindo por inteira e eu havia percebido, então, que meu momento havia chegado. Eu precisava me permitir àquilo.

Nunca pensei que era tão estranho se sentir apaixonada. Era muito estranho, principalmente me definir como uma pessoa apaixonada. Não é simples você dialogar com sua cabeça e falar “olha,então, agora você está gostando de tal pessoa”. É profundo e insano sentir um sentimento tão manifestador por uma outra pessoa. Especialmente se este for um sentimento morto e enterrado que jamais pensou em voltar.

No meu caso era justamente isso. O que eu estava sentindo, morava dentro de mim o tempo todo, só que eu nunca havia encontrado de fato. Talvez eu já tivera provado o sabor de uma pequena parcela dessas sensações, mas não um todo. E o todo tinha um sabor muito bom. De início era de um doce suave, mas que se perdurasse nos pensamentos, começava a ficar bem saturado e mais difícil de controlar. Até que chegava a um ponto extremo, onde o doce passava a ficar indefinido de mais para minha percepção e pequenos arrepios passavam a fluir dentro de mim. Frutos de uma impaciente ansiedade.

Isto tudo acontecia em um misero pensamento e eu estava me achando tola de mais por ficar assim perante a simples suposições. Digo suposições, pois nada era concreto até agora. Nada ia além de uma vaga conversa que, para mim, já havia se tornado um todo. Nada além de uma manhã tortuosa e angustiante, que me trouxe até aqui, em uma espera frustrante por alguém que eu esperava.

Esperava não, desejava.

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Notas finais do capítulo


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