Uma Atrapalhada História de Amor escrita por Gabi


Capítulo 3
Reencontrei meu ex e derrubaram meu Toddynho!




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DIANA

  Muito esquisito isso do Roberto e da Larissa virem juntinhos para a escola! Ok, também chegaram juntos o Renato e o Sam, como se tudo isso tornasse a situação menos estranha. E depois daquela cena toda (e da Lari indiscretamente acabar com ela me puxando e puxando o Sam corredor afora) o melhor que eu pude fazer foi me despedir deles, seguir meu caminho e abrir meu Toddynho. Todos nós precisamos de um momento a sós para assimilar as mais novas fofocas!

  Eis que então esbarro em alguém que parece ter o dobro de meu tamanho. E esse cheiro... inconfundível!

  - Dinazinha!! - Gaybi chiou de forma estridente no meu ouvido.

  É... Gaybi. O real nome dele é Gabriel, mas o apelido pegou desde que ele descobriu sua verdadeira sexualidade... logo após o término do nosso namoro. Sabe aquele tempo de recuperação da fossa que, como o tempo de assimilar fofocas, todos nós precisamos? Pois é... Eu não tive. Fui pega como em um furacão pela única novidade que eu nunca desejaria ter descoberto. Na época eu ainda tinha a esperança de voltarmos, e foi quebrada tal como uma taça de vidro espatifada no chão! Poético, patético... Ai... que frustração!

  - Gabriel... Bom dia. - Forcei um sorriso.

  Acho que saiu bem forçado mesmo, porque eu tive uma gargalhada como resposta.

  - O dia tá ruim? - Me abraçou.

  Meu Deus, que homem! Pelo amor de todos os santos! Que homem! Que saudades que dá!

  - Cada vez mais esquisito Gaybi... - Suspirei.

  De verdade, eu não soube outra forma de definir como aquele dia estava se mostrando para mim.

  - Gaybi? Por favor, né? Supera isso! - Gabriel me soltou de seus braços com essa pérola.   

  Imediatamente senti minhas faces corando e não era de vergonha. Que angústia! Por que Deus? Por que logo ele?

  - Não começa Gabriel!

  Juro, eu realmente não tenho nada contra gays! Minha situação é delicada, não posso dizer que já superei um relacionamento tão recente e ao mesmo tempo tão distante! Aliás, nem sempre é algo muito sentimental, não! É mais físico, carnal, superficial... Eu entendo que ele me considera uma irmã e se ele fosse um pouco menos atraente eu talvez pudesse considerá-lo assim de primeira também! Mas, meu Deus de novo, não dá para pegar irmão e cara... é o tipo de desejo que impede uma amizade límpida de interesses. Mas dane-se, né? O jeito é ir levando...

  - Mas eaí, como vai a sua vida monótona sem mim, pequeno grão de purpurina solitário?

  - Sem brilho algum... - Dessa vez consegui rir de forma sincera.

  Mesmo que tivesse toda essa parada de não aceitação pela minha parte, né? Poxa, ele é um fofo! E um grande amigo! Grandes segredos confiei a ele e até hoje não escutei-os nas bocas de terceiros.

  - Claro, fofa! Eu ilumino tudo. Euzinho para presidente!

  Meu sorriso murchou. Eu não soube como reagir, então simplesmente olhei para o chão frustrada e continuei andando. Espero que meu recado não tenha sido tão rude quanto eu imaginei.

  Continuei andando e bebendo o Toddynho. Já não bastasse que no esbarrão que tive parte dele foi pro chão, eu apreciei até quase o último instante da minha bebida doce e calmante quando outro esbarrão me ocorreu. E o resto do Toddynho foi embora...

  - Droga! - Reclamei mais alto do que eu pretendia.

  Me abaixei para pegar a caixinha e jogar fora, e quando me levantei lá estava Renato me olhando como se eu fosse algo extraordinário e inédito para ele.

  - Olha, me desculpe! Se quiser eu compro outro para você. - A expressão dele se suavizou e pela primeira vez presenciei o Renato sem agir como um verdadeiro bobalhão.

  Pronto, conseguiu minha atenção.

  - Quando quiser. Tem preciosidades que nessa vida não podem ser negadas, meu caro! - Brinquei.

  Ele sorriu e pegou a caixinha da minha mão para jogar fora. Me pergunto o que faz ele não agir de forma natural como agora todo o resto do dia.

  - Eu que o diga! - Piscou.

  Não consegui entender a piscadela então continuei encarando ele. Acho que deixei-o nervoso, porque a expressão dele de bobalhão voltou à tona e eu não pude evitar um risinho. Nossa, me sinto idiota!

  - O que houve Diana?

  - Droga de vida sem iluminação! - Resmunguei sem pensar - Digo, estou com uns conflitos internos aí... Bem conflitantes mesmo! Melhor nem querer saber!

  - Gabriel, não é?

  Bufei.

  - Está tão na cara assim?

  Porém só ganhei um sorriso em troca. Uma resposta mais do que suficiente! Como a companhia estava agradável, apontei para o pátio e lá fomos nós andando.

  - É complicado... Eu não sei como agir estando perto dele e quando estou longe sinto uma falta enorme! Parece que meu coração vai se despedaçar! E outras vezes eu sinto uma atração imensa por ele que parece que nem ao menos tenho coração. Mas nenhuma dessas vezes posso dizer que sinto que superei. Não superei! Não consigo!

  - Ei, ei! Calma!

  Quando dei por mim eu já estava pisando forte e tinha falado mais do que sentia que devia.

  - Por que estou te contando isso? Desculpa Renato, eu quase não falo com você e agora eu venho com todas essas bobeiras...

  - Não tem problema! Gosto de te ouvir fala! - Ele fez uma pausa aparentemente esperando minha reação - e todas as coisas que você fala são bobeiras mesmo, essa não difere muito de todas as outras.

  Fiz "a falsa ofendida".

 - Nossa! Que pedrada!

  Começamos a rir e finalmente encontramos um banco para nos sentarmos. Aula para que né? Dei uma olhada no relógio e já tinha passado do primeiro tempo de qualquer forma.

  - Brincadeira, - ele continuou - gosto de te ouvir falar. E não acho que seja uma bobeira realmente. Deve ser muito difícil!

  - E é!

  - Eu estou gostando de uma garota...

  - Torço para que ela não seja lésbica!

  - Acho difícil, – ele riu - mas ela pode estar prestes a se apaixonar por qualquer outro menino por aí, ela está muito carente... e isso pode “passar a minha frente” novamente.

  Me calei. Nossa, pensei que só eu estivesse passando por uma experiência assim.

  - Desculpe, "passar a minha frente" deu impressão de ser como uma fila, mas você compreendeu! - Acenei com a cabeça - Então acho que posso lhe garantir que não é bobeira. Palavras de alguém que pode vir a ser trocado em breve! – Sorriu.

  - E o que você está fazendo perdendo tempo? - Não resisti.

  Ao que me parece ele engasgou e se avermelhou imediatamente.

  - Como assim?

  - É, você está aqui conversando comigo quando poderia já estar conversando com ela e... e... tentando algo, sabe?

  A cor dele estava voltando ao normal e notei que ele estava fazendo um enorme esforço para isso.

  - Estou onde eu sinto que eu deveria estar.

  - Fico feliz por isso. - Olhei diretamente nos olhos dele e eram verdes, profundos.

  Não consegui desviar o olhar por mais que eu quisesse isso... Na realidade eu não queria, mas acho que fiquei tempo demais encarando ele! Algo estranho pesou no ar e ele me pareceu mais seguro do que costuma ser. Hoje ele me pareceu muito mais muitas coisas do que costuma ser. Por algum tipo de instinto, tirei uma mecha de cabelo dele que balançava frente suas sobrancelhas e ele pegou uma minha e alisou-a atrás da minha orelha. Confusa e constrangida, pensei em algo para fugir da situação:

  - Então... você vai para a casa da Lari hoje?

  - Claro! E tem como recusar o convite?

  - Sim. - Respondi séria e ele riu, mas assim que viu que eu não acompanhava, cessou a risada.

  - Não.

  - Então OK!

  Voltamos àquele silêncio pesado e ao mesmo tempo que eu me sentia muito bem eu me sentia sufocada. Ele não acabou de dizer que estava gostando de outra menina? Precisava sair dali agora! Não queria outra decepção! Não uma atrás da outra assim!

  - Você vai? - Ele interrompeu meus pensamentos.

 - Uhum!

  - Então acho que vamos eu, você, o Sam e o Beto, né?

  - Acho que não só. O Gabriel deve ir também, ele é chegado a todo mundo... impressionante!

  Notei que ele forçou um sorriso e eu voltei a me sentir alegre por seu esforço. Ele se levantou e me mostrou uma mão para que pudesse ser puxada. Levantei sem ajuda. Eu hein, tenho cara de quem depende de macho?

  - Passo na sua casa às quatro então.

  - Desculpa?

  - Amigos não podem dar carona para outros amigos?

  - Claro que podem!

  - Então estarei lá!

  - Então tá...

  Conversamos por mais algum tempo até minha barriga começar a doer das risadas. Ele sorriu abertamente e me puxou pela mão para que eu levantasse.

  - Para onde agora, cher*?

  - Meu Deus! Como pode fazer soar francês algo tão bobo? - Perguntei meio a risadas e imediatamente tive receio de ter ofendido. - Não se sinta mal por isso, é minha forma de dizer que achei fofo!

  - Então você acha meu francês fofo, ma dame*?

  - Na medida do possível!

  - Acho que é o suficiente por agora!

  - O que você quer dizer com "por agora"?

  - Quero dizer que...

  Subitamente minha atenção foi atraída para o tumulto que estava rolando no corredor. A mistura de cabelos castanhos e loiros era quase que inconfundível e me fez demorar apenas poucos segundos para eu reconhecer os envolvidos. Saí correndo em direção à Lari, e ela parecia irritadíssima abraçada ao Sam! Vi também a senhorita Letícia De Plástico abraçadíssima com o Beto e chorando horrores! Por fim, vi alguém todo ouriçado correndo para tentar tapear a situação.

  - Chega! Chega! Estrelinhas não podem discutir se não perdem um pouco do seu reflexo da minha eterna e mais cintilante luz! Acabou a briguinha! Larica e Betinho vão fazer as pazes! E você, Letícia, faça o favor de tomar seu Activia e vá cagar! Beijinhos com muito amor e luz! SE AMEM MAIS!

  - Você sabe que eu odeio esse apelido sua vaca! - Larissa reclamou agora já rindo.

  - Laricazinha, se reclamar o apelido será pior!

  Todo mundo agora estava rindo e a briga sumiu em um instante. Não, não foi o Gaybi quem correu para vomitar todo esse arco-íris brilhante sobre nós, foi a Joana imitando ele! Ela continuou fingindo balançar sua saia invisível e jogando o cabelo de um lado para o outro. O Gabriel, irritado, começou a reclamar dizendo que estava deveras ofendido e que iria difamar a imagem dela no Twitter.

  No fim tudo acabou bem. E eu achei ter visto o Beto sussurrando um "eu te amo" para a Lari. Mais louco do que isso! Achei ter visto a Lari respondendo com um "eu te amo também."

  Eu hein, gente indecisa e esquisita!

cher - querida

ma dame - minha dama


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