Entre suas asas escrita por AndreZa P S


Capítulo 13
O Baile de Inverno - II - Mil Tretas


Notas iniciais do capítulo

Oi? Vamos dançar ragatanga? AHDUHASUHAUDHAD, esquece, tô louca hoje! :P
Espero que gostem do capítulo, porque eu gostei pakas de escrever!!!!
PS1: Qualquer erro que vocês encontrem nos capítulos é por pura falta de atenção, pois geralmente escrevo os capítulos na hora e posto em seguida! Sofro de falta de atenção às vezes, então quase sempre só corro os olhos depois de escrito. Vi que no outro Cap. escrevi "derepente" junto, mas quero deixar claro que sei que é separado! HAUSHAUSHUSHASH, fora outros erros que deve ter por capítulos a fora...
PS2: O capítulo ficou longo, mas acredito que não tenha problema. Eu, particularmente, gosto muito quando os autores das fics que acompanho escrevem caps. mais extensos. õ/
Bom, comentem, tá? Amo saber que estão gostando da história e que tem alguém que se importa se eu vou continuar ou não! :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/612090/chapter/13

–Vocês estão lindas, meninas!- Elogiou Scott. Seus olhos estavam levemente avermelhados e a voz arrastada. Dei uma olhada discreta no meu relógio de pulso. Não eram nem 21:30 ainda e parece que ele já estava bêbado. Vee notou no mesmo instante que eu, só que, ao contrário de mim, ela pareceu entusiasmada. Eu podia praticamente ver a sua cabeça funcionando e criando planos de um teor romântico...quero dizer, nem tão romântico assim.

–E você está um pedaço de mal caminho- murmurou Vee. Mordeu de leve seu lábio inferior e sorriu do jeito mais sexy que conseguia. Tipo, ela estava meio que imitando as mulheres da TV. Troquei o peso de uma perna para a outra, olhando para todos os lados, fingindo não prestar atenção no que estava acontecendo.

Até porquê, eu mesma já estava ficando constrangida por Vee.

Ali, parado próximo à enorme mesa de doces e bebidas, estava Patch. Sua calça jeans escura pendia um pouco abaixo do quadril, e a camina social branca estava dobrada até a altura dos cotovelos. O cabelo, como sempre, rebelde e emoldurando seu rosto de um jeito indescritível. Eu não sei se é coisa da minha cabeça, mas a cada vez que vejo Patch, parece que ele se torna ainda mais atraente, no melhor estilo deus grego. Seu olhar cruzou o meu no mesmo instante em que, eu tenho certeza disso, um sorriso idiota formou-se no meu rosto. Ele acenou para mim com um copo de plástico na mão e abriu aquele sorriso que fazia meu coração bater forte dentro do peito.

O cumprimentei com a cabeça, tentando parecer um pouco fria. Tipo, ele some e aparece na hora que quer? Simples assim? Ele acha que eu não tenho mais o que fazer do que ficar imaginando por onde ele deve estar ou o quando que irá aparecer novamente?

–Noraaaaa- balbuciou Scott enquanto puxava o meu braço de um jeito meio brusco.

–Que foi?- Perguntei, passando a mão no braço onde Scott acabara de puxar.

–Terra chamando, Nora! Terraa! Noraaa!- Ele riu.

Vee eu nos entreolhamos.

–Há quanto tempo você está bebendo, Scott?- Questionei-o. Scott não respondeu, mas aproximou-se mais de mim. Sua mão pesada repousou na lateral do meu rosto e eu senti minhas bochechas queimarem.

–Tão linda...você...linda- arrastou-se ele. Franzi o cenho e, com toda a delicadeza do mundo, retirei a mão dele dali.

–Você bebeu demais, precisa dormir um pouquinho.

Eu estava plenamente ciente dos olhos arregalados de Vee me fitando. E sabia que Patch também estava assistindo aquilo. Quanto a ele, até gostei que tenha visto, um ciúmes de vez em quando é saudável. Mas minha melhor amiga estava prestes a ter uma crise e, vindo dela, essa crise poderia ser desde rir da situação, até bater a cabeça de um tal de Scott na quina da mesa.

–Vee vai levá-lo para casa, certo?- Disse, tentando forçar um sorriso compreensivo, mas a verdade é que eu estava muito desconfortável naquele momento.- Não é, Vee?- Olhei para ela. Vee estava mordendo o lábio inferior com bastante força, e eu sabia o que aquilo queria dizer. Ela estava irritada.- Vee???- Chamei novamente quando não me respondeu.

Ela finalmente nos encarou e franziu a testa.

–Por quê não leva você?- Retrucou, bebendo do copo que havia pego da mão de Scott.

Como é que é?!

Respirei profundamente, tentando fazer meu coração se acalmar e parar de espalhar adrenalina pelo o meu corpo.

–Vee, para com isso. Leve Scott e cuide dele.

Ela balançou a cabeça com força.

–Não.- Murmurou, a voz dura feito aço.

–Não quero Vee, quero que você me leve Nora- pediu ele. O fuzilei com os olhos, ergui a mão diante de seu rosto e voltei meu olhar novamente para Vee. Podia sentir as minusculas veias do meu rosto dilatando-se e espalhando calor, corando minha face.

Cale a sua boca, Scott, estou falando com Vee.

Pelo o canto do olho vi quando ele ergueu timidamente os ombros. Uma parte do meu cerebro pediu para ser mais tolerante, afinal, ele estava bebado. Mas a outra parte, a que predominava naquele momento só me fazia enxergar em vermelho.

–Viu?! A sua preferida mandou você calar a boca, Scott!- Debochou ela com desdém. Jogou o copo na lixeira ao seu lado e cruozou os braços.

–Não acredito que você está me tratando assim! O que eu fiz? Não seja infatil, Vee. Seja madura pelo menos uma vez na vida!

–Não me venha com essa. Você roubou Scott de mim! Lembra do Benjamin, na segunda série? Eu amava ele, e ele resolveu se apaixonar por você. Você!

Seu rosto estava meio roxo e a bochechas inchadas. Ela estava a ponto de explodir, eu sabia, e coitado de quem estivesse na frente. No caso, eu.

–Por favor, preste atenção no que esta dizendo!- Rosnei.

–Uia...meninas...brigando por mim...essa terra é boa demais...- Murmurou Scott, finalizando com uma risada que parecia mais o som de um porco com fome, do que uma risada propriamente dita.

Vee e eu mostramos o dedo do meio novamente para ele. Scott cambaleou e tropeçou nos próprios pés, caindo de joelhos ao meu lado. Me inclinei para baixo, tentando fazê-lo voltar a ficar de pé, e quando voltei minha atenção novamente para Vee, ela já não estava mais ali. Ergui a cabeça o máximo possível, tentando ver para onde ela poderia ter ido.

Perto da passagem por onde entramos, Vee acabava de marchar para fora.

Corri ao seu encontro. Do lado de fora o vento começava a ficar mais intenso e frio, jogando meus cabelos a todo instante em volta do meu rosto. Me abracei, sentindo frio em todas a áreas expostas do meu corpo. Vislumbrei uma silhueta que se assemelhava muito com a dela, então segui-a até uma rua praticamente deserta, a não ser por algumas pessoas a muitos metros de distância. Estava bastante escuro ali, e a única luz provinha de um um poste com a madeira já corruída pelo o tempo, distribuindo mal e mal uma luminosidade alaranjada. Encostei a mão numa parede e, tarde demais, percebi que estava cheia de limo. Passei a mão pela a barra do vestido.

–Vee?- Chamei, olhando ao meu redor. Eu podia jurar que tinha vista ela vindo para cá, tinha quase certeza. Será que ela estava se escondendo? Mas, se estivesse...onde ela se esconderia?- Vee! Não faça assim comigo, vamos conversar melhor!

A mais ou menos 6 metros de onde eu me encontrava tinha uma lixeira enorme de metal, pichada com nomes de gangues que eu jamais tinha ouvido falar, e que tinha certeza que não era boa coisa. Ela não corre muito mais que eu, e assim que entrei na rua eu não a vislumbrei mais. Só poderia ter se escondido atrás daquela lixeira...

Comecei a caminhar até lá, mas a cada passo eu começava a diminuir o ritmo.

–Vee?- Falei baixinho, esperando que ela respondesse dessa vez. Mas não houve som nenhum, somente o chack chack do meu sapato batendo contra o chão acizentado. Senti um calafrio percorrer cada centimetro do meu corpo. Paralisei. Eu não sei porquê, mas eu sabia que alguma coisa de ruim iria acontecer. Se tinha alguém ou não ali, eu não sabia, mas meu instinto insistia que eu saísse daquele lugar o mais rápido possível. Me virei por onde eu havia entrado e caminhei apressadamente, até que praticamente podia me ouvir correndo, mesmo não tendo mandado uma ordem consciente para o meu cérebro.

Quando já estava na metade do caminho, ouvi o som de passos vindo atrás de mim. Sem olhar para trás e tão rápido que só podia ser a adrenalina no meu sangue, tirei meus sapatos e os segurei firmemente contra o peito. Quanto mais rápido eu corria, mais próximos os passos ficavam de mim.

Virei-me para trás, apontando o salto doze de um dos Scarpins em direção à pessoa que me perseguia. Meu coração estava quase saindo pela a boca.

–Saía daqui!- Alertei, mas não havia nada e nem ninguém ali. Pisquei várias vezes, olhando para os lados, mas a única coisa que me cercava eram paredes antigas. Quando voltei para frente, tombei com um corpo forte e quente.

–Patch?- Olhei para cima, fitando seu rosto. Sua expressão era a de poucos amigos.- Patch, você viu alguém?- Perguntei, minha voz estava super trêmula. Engoli em seco. Fitei atrás de mim por sobre o meu ombro mais uma vez, mas nada tinha ali.

–Não tinha ninguém- falou, a voz seca.

–Eu podia jurar que tinha...- minha cabeça girava e girava, estava sentindo que estava prestes a desmaiar ou vomitar em algum lugar se eu não me acalmasse logo.

–Posso saber o que é isto?- Indagou, olhando fixamente dentro dos meus olhos. Ele parecia zangado comigo. Na sua mão, uma correntinha de prata reluzia com a luz do poste.

–Meu colar- falei.

–É o que eu imaginava.

–Onde o encontrou?- Eu quis saber. Até aquele momento, nem havia me dado conta de que ele não estava no meu pescoço. Peguei a corrente de sua mão e a recoloquei em volta do meu pescoço.

–Estava no chão, no estacionamento. Voce não tinha visto?

Ergui as sobrancelhas.

–Não...estava distraida...

Patch bufou e cruzou os braços.

–Ótimo. Vindo de você não me surpreende- murmurou. Parecia que ele estava prestes a revirar os olhos, mas não o fez. Talvez o tenha feito mentalmente, mas não que eu tivesse certeza.

–Por que está tão nervoso com isso?- Perguntei, cruzando os braços também.

Ele jogou as mãos pra cima, depois deslizou-as pelos cabelos negros. Seus lábios estavam levemente curvados para baixo.

–Por que sim, Nora- suspirou, segurando a ponte do nariz e fechando os olhos por um segundo.

–Nossa, que bela resposta! Foi caro? É importante?- Apontei para o colar no meu pescoço.- Pois se é assim, pode pega-lo de volta! E quer saber? Nem parece muito caro!

Eu estava prestes a tirar a correntinha e joga-la na sua cara.

–Não é isso, Nora.- Falou baixinho, a voz trazia notas de frustração.

–O que é então?- Eu quis saber. Uma brisa gélida envolveu meu corpo. Meus pelos do braço se arrepiaram. Patch tirou sua camisa, revelando uma regata escura colada nos músculos. Ele me entregou.

–Vista. - Exigiu.

–Não quero.

Agora sim ele revirou os olhos.

–Vamos logo, não tenho tempo pra criancices.

Tremi o lábio, não demoraria muito pra eu começar a bater os dentes aqui.

–Tá. E você?

–Você é frágil. Eu não.

Praticamente arranquei a camisa de suas mãos e rapidamente enfiei os braços pelas as mangas. Como era o de se esperar, fiquei quase navegando dentro dela, que poderia servir muito bem como um vestido.

–Estou ridícula- falei para mim mesma enquanto dobrava um pouco os punhos da camisa.

–Está enganada, como sempre- murmurou. Ergui o olhar e me deparei com ele me fitando insistente, como era de costume.

Arqueei as sobrancelhas.

–Enganada?

Patch franziu o cenho e coçou levemente o queixo com o dedo indicador. Seu olhar era inquisitivo.

–Você é burra mesmo ou só se faz?-Perguntou, pondo as mãos dentro do bolso da calça jeans.

Fechei a cara.

–Só me faço- retruquei, passando bruscamente por ele. Pretendia caminhar até o estacionamento e, no conforto do meu velho e bom Fiat, ligar para Vee. Mas Patch não deixou, segurou no meu punho e me puxou para trás.

–Onde pensa que vai?- Questionou-me. Lhe mostrei a língua.

–Mal educada.

–Sério, Patch, tenho um problema sério pra resolver com a Vee. Preciso ir.

Ele fixou os olhos nos meus lábios e deslizou os dedos até a minha mão, forçando os meus dedos a se abrirem para que ele pudesse entrelaçar nossas mãos. Foquei nas nossas mãos juntas. Patch as apertava.

–Tudo bem, eu levo você para casa- disse.

Deixei uma mexa de cabelo atrás da orelha.

–Não precisa, meu carro está no estacionamento- respondi, já fazendo menção de partir sozinha rumo ao meu carro.

Patch me puxou para ele. Estavámos muito próximos. Muito mesmo.

Pigarreei.

–Tá...sério Patch, eu tenho...- engoli em seco, os olhos baixos- tenho que falar...- ele encostou os lábios ternamente na minha testa. Meu coração reagiu batendo forte e rápido, ameaçando a sair de dentro do peito. Respirei fundo.- Preciso falar com a Vee.

Sorriu com um canto da boca arqueada.

–Levo você até o estacionamento, Nora.

Não adiantaria recusar, então ergui os ombros e fingi uma expressão entediada, mas acabei sorrindo um pouquinho.

–Você vai ir comigo mesmo se eu negar, né?- Perguntei meio que sorrindo, meio que zangada.

Patch soltou uma risada baixa e suave.

–Exatamente.

Caminhamos então, de mãos dadas, pela a rua quase deserta. Mantive o cuidado de não ficar emocionada demais pelo o fato dele estar segurando a minha mão, como se fossêmos namorados ou algo do gênero. Dependendo de Patch, poderiamos ser qualquer coisa, afinal, até aquele momento foi ele quem decidiu quando e como jogariamos aquele jogo esquisito.

O estacionamento ficava nos fundos da escola. Boa parte dos carros ainda estavam em suas vagas, mas alguns já haviam partido, pelo o que me parecia. Procurei pela a vaga B3, próximo a saída de carros. Ali, bem ali, desenhado no chão estava um enorme B3, mas o que era para estar em cima dele, não estava. Cruzei os braços com força e trinquei a mandíbula.

–Vee- rosnei. Havia deixado as chaves do Fiat dentro de sua bolsa. Droga. Mil vezes droga. Passei as mãos pelo o rosto, torcendo para que não tenha borrado o rímel.

Patch escorou-se num Gol e cruzou as longas pernas diante de mim. Um sorriso cafajeste pairava nas extremidades de seus lábios. Ele ergueu uma sobrancelha.

–Bela amiga-murmurou, debochando.

Ergui o dedo indicador para ele e respirei fundo.

–Fique quieto, pelo amor de Deus.

–Ui, ela está bravinha, ui.

Revirei os olhos. Àquela altura eu já havia recolocado os saltos, mas se tivesse que voltar para casa a pé, teria que tira-los novamente. Olhei para o meu relógio de pulso. 22:30.

Fiz um breve calculo mental: se eu saísse dali agora e caminhasse os vários quilometros até a casa de fazenda, provavelmente chegaria umas 23:45...

Não! Chegaria antes...ou seria depois?

Que porcaria, odeio cálculos!

–No que está pensando?- Ele quis saber.

–Em como vou voltar pra casa- suspirei.

–Vou te levar, Nora.

Pensei sobre isso.

–Ah! Já sei! Vou ligar para minha mãe vir me buscar!

Praticamente pude ver uma onda de alívio se apossar do meu corpo. Patch sorriu e desviou o olhar, parecia curtir com a minha cara.

–O que foi?- Indaguei.

–Está com o seu celular aí?

–...não, está com Vee..., mas você pode me emprestar o seu!

Patch balançou o dedo diante de mim.

–Não.

–Por quê?!

–Porquê quero ter certeza de que vai chegar em casa viva. Vou levar você.

Respirei profundamente e analisei as minhas alternativas. Aé, esqueci, eu não tinha nenhuma a não ser ir com Patch.

–Cadê o Jeep?- Perguntei, derrotada. Ele apontou com o queixo para a próxima vaga, do outro lado do lugar. Fomos em silêncio. O carro de Patch era absurdamente reconfortante e quente.

Patch entrou na avenida principal. Não demoraria muito para chegarmos até em casa, já que ele dirigia feito um louco. Fiquei boa parte do trajeto olhando para a escuridão parcial da rua.

–Como foi que perdeu o colar?

–Acho que foi quando esbarrei com Damon.

Ele ficou quieto por um momento, a expressão dura.

–É melhor ficar longe dele.

–Como se fosse possível. Ele é meu professor de matemática. E o seu também, mas você decidiu largar o colégio- deixei a acusação bem a mostra.

Me olhou de lado, me analisando.

–Não gosto dele.

–Também não gosto, prefiriria o professor Nathanael...sinto um arrepio quando estou a sós com ele- confessei.

Patch assentiu.

–Até que você é esperta.

O encarei e dei uma risadinha de escárnio.

–Vindo do cara que me chamou de burra agora pouco!

Ele sorriu, mas não me olhou.

–Você não é burra. Só se faz, não é?- Perguntou, dessa vez olhando dentro dos meus olhos.

Não respondi.

A casa de fazenda estava, surpreendentemente, acesa. Quase todos os cômodos de baixo estavam com a luz cintilando em seu interior. Bom, deveria esperar por isso. Mamãe não é acostumada a me ver saindo a noite, então era óbvio que me esperaria acordada. Abri a porta do Jeep e dei um salto meio desajeitado pra fora. Quase caí, então me apoiei na lataria preta e reluzente do veículo.

Não demorou muito e Patch estava diante de mim.

–Obrigada...você foi um anjo hoje. Me salvou de uma caminhada noturna indesejada- disse, sendo sincera e querendo que isso ficasse bem explicito.

–Um anjo?- Questionou mais para si mesmo do que para mim. -Bom, a partir de hoje vou estar por perto sempre que precisar.

–Por quê? Não vai sumir mais?- Minha voz estava um pouco alta e as palavras sairam rápidas. Por um momento me perguntei se ele havia as compreendido.

Ele se aproximou e me abraçou. Senti seu corpo quente, apesar da temperatura, junto com o meu. Afundei o rosto do seu pescoço. Estava ciente de que minhas reações quando ele estava perto de mim eram sem pensar, mas não me importei.

–Não vou mais. Nem se você mandar- podia sentir que estava sorrindo. Sorri também.

–Não vou mandar- retruquei.

–Eu espero.

Patch beijou o canto dos meus lábios, meu queixo, a pontinha do meu nariz e, finalmente, minha boca.

Ficamos assim, durante vários minutos, mas eu queria que durasse mais.

–Preciso ir agora, mas nos veremos logo.

–Logo quando?

Ele sorriu presunçoso.

–Já disse que não vou te deixar.

Ergui um ombro só.

–Jura juradinho?

Riu e beijou-me novamente. Sussurrou no meu ouvido:

–Juro juradinho, meu anjo.

Eu sorri, sentindo minhas bochechas coradas.

–Vou confiar.

–Pode confiar- ele sorriu. Lá dentro de casa, ouvi o som de passos.

–Melhor eu entrar.

–Até depois, Nora.- Ele me olhou por completo, demorando-se descaradamente na minhas pernas e decote. Surgiu um sorriso cafajeste em seus lábios.- Assim você me mata- comentou.

Eu mordi meu lábio inferior e sorri.

Assim que patch partiu, a sensação de aconchego e calor foi afastada por um frio intenso. A copa das árvores se agitavam no alto, fazendo a sensação térmica cair mais ainda.

Eu estava completamente abobada, eu praticamente podia ver estrelinhas. Eu sei que isso é meio gay, mas o que que tem? Era verdade. Fiquei tão distraída que só fui reparar que meu Fiat se encontrava na lateral da casa quando estava prestes a subir até a varanda. De repente o meu bom humor se foi por água baixo. Marchei até ele e abri a porta. Peguei o meu celular em cima do banco do carona e um pedaço de papel.

Quando entrei em casa, me deparei com mamãe e Hugo deitados no sofá. Hugo ressonava baixinho.

–Oi, querida! Como foi o baile?- perguntou ela, aos sussurros para não acorda-lo.

–É...em partes foi ótimo.

Ela arqueou as sobrancelhas, confusa.

–Amanhã eu te explico. Vamos deixar Hugo dormir em paz- disse sorrindo. Mamãe concordou com a cabeça e voltou a alisar os cabelos alourados de Hugo. Subi as escadas de dois em dois degraus, de repente reparei que estava exausta. Me joguei na cama e acendi a luz do abajur. Me endireitei na cama até que estivesse com a barriga para baixo e a cabeça em direção à luminosidade fraca da lâmpada. Abri a folha de caderno da Frozen dobrada ao meio.

Com a caligrafia de Vee, dizia:

"Me desculpe por ter deixado você sozinha, babe. Você sabe que sou muito intensa e minhas reações são mais ainda! Não estava pensando com clareza até desabar em lágrimas. Voltei para te buscar mas você já não estava mais no baile, acho que conseguiu alguma carona com um gatinho. Espero que não tenha feito bobagens...e você sabe, eu sou louca. Depois que saí chutei o pneu do carro de Scott, mas disso não me arrependo. Sabe, Scott não é bom o suficiente para estragar a nossa amizade e nenhum outro garoto na Terra. Mil perdões. Vou passar o final de semana na casa dos meus avós, por isso não vou poder me desculpar e me ajoelhar pessoalmente a você. Mas me imagine linda e maravilhosa de joelhos pedindo perdão pra você, ok? Espero que ainda seja minha amiga, senão terei que cometer sucidio.

Beijos, Vee

OBS: Segunda-feira farei uma surpresa pra você na escola."

Dobrei o papel novamente e o depositei dentro da gaveta da mesinha de cabeceira. Surpirei. Essa era Vee, minha idiota melhor amiga. Bom, espero que ela não me faça passar vergonha na segunda, senão irei matá-la.

Dois segundos depois de eu ter tirado o vestido e colocado meu pijama de ursinhos, meu celular tocou. Era algum número privado.

–Alô?

–Oii...Nora...desculpe- a voz de Scott se arrastava do outro lado da linha.- Me desculpe...Será que você e Vee me perdoam? Não...seeei...o que me deu, juro.

Resisti ao impulso de manda-lo para longe e desligar o telefone.

–Tudo bem, amanhã a gente conversa- falei.

–Não sabia que ia acontecer isso...nunca bebi....no céu não tem isso...pô, Nora...o menino disse que eu ia curtir mais a festa...não sabia que ia..sair...de dentro de mim, perder o controle- ele soluçou e foi aí que percebi que estava chorando. Uma parte de mim sentiu muita pena dele.

–Tá...vam...

–Na Terra...tu-udo é assim?...louco...estou me sentindo diferente, Nora...Nora...vou proteger você...

–Scott, vá dormir. Você não está dizendo nada com nada. Onde está?

–Na minha casa...

–Quem te levou?

–Maciana Millar.

–É Marcie Millar. Vá deitar e descansar...tome um banho de água gelada.

–Me...desculpe...

–Até amanhã, Scott- e desliguei.

Fiquei em posição fetal e fechei os olhos. Sabia que se não passasse o demaquilante amanhã quando acordasse iria estar parecendo um panda, mas a preguiça e o sono me consumiam. A todo momento o rosto de Patch aparecia na minha mente, as suas palavras...quando disse que não me deixaria.

Disse para eu confiar nele.

Meu coração ainda batia acelerado, somente na expectativa de vê-lo novamente. Era tarde. Não era apenas uma atração irresitivel que eu sentia por ele.

Eu estava apaixonada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!