Entre suas asas escrita por AndreZa P S


Capítulo 12
O Baile de Inverno - I


Notas iniciais do capítulo

Escrevi esse capítulo ontem, e como sou a ansiedade em pessoa, não consegui me controlar e esperar alguns dias pra postar.. :( AHUDSHAUSH
Aqui está!



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Meu cabelo estava sendo puxado para trás de forma insistente. Volta e meia eu sentia os dentes do pente sendo deslizados pelos os fios cheios e cacheados de minha cabeça. Vee passava a prancha super quente diversas vezes em cada mexa de cabelo, e toda vez que ela chegava perto do meu couro cabeludo, eu sentia uma aceleração dentro do peito. "Se você me queimar com isso, vou esfrega-lo na sua cara", eu havia a ameaçado momentos antes.

Mamãe entrou no quarto, limpando as mãos no avental que usava sempre quando estava realmente focada em fazer alguma refeição. Ela fitou a chapinha nas mãos de Vee, e quando seus olhos voltaram-se para mim, o aviso era claro: Cuidado. Eu sorri e assenti para ela.

–Olá Sra. Grey- cumprimentou Vee, parando apenas por dois segundos para descansar os braços.

–Olá- respondeu mamãe. Ela caminhou até ao lado de Vee, e ficou observando por algum tempo o seu trabalho cansativo. Quando cansou-se de ficar parada e lembrou-se de que a janta ainda estava no fogão, ela apressou-se em sair do quarto e nos deixar a sós novamente, mas sem antes desejar boa sorte para Vee.

–Te avisei que fazer chapinha em cabelo super cacheado e rebelde não era fácil- eu disse.

–Eu gosto de desafios- retrucou.

Uma hora e pouco depois, eu estava de frente para o espelho do guarda-roupa. Os lábios da garota do reflexo estavam curvados para baixo e a testa franzida.

–Não combino com cabelo liso- falei, esperando ouvir um sermão gigante de Vee. Mas, para minha surpresa, ela simplesmente concordou com a cabeça.

–Também não gostei. Vá tomar banho e lavar o cabelo, que depois é minha vez- ela apontou para o seu relógio de pulso dourado.- Não temos todo o tempo do mundo, baby.

Fui o mais rápido que pude. Só de pensar no trabalho que daria secar o cabelo, já me fazia cair na preguiça. Será que eu realmente estava disposta a ir ao baile?

Saí enrolada na toalha e gesticulei para a porta do banheiro.

–Todo teu- murmurei. Sem demora, Vee pegou a roupa que havia comprado com o cartão de crédito de Hugo, passou por mim com um sorriso animado e entrou para dentro do banheiro, trancando a porta.

Encarei o vestido escuro estendido em cima da minha cama. Comprei muitas peças de roupas ontem, talvez eu pudesse fugir de usá-lo esta noite.

Eu sorri para mim mesma. Há quem eu estava querendo enganar? Vee me obrigaria a usa-lo, eu não teria escolha...a não ser que partisse para a força bruta. E essa não seria uma possibilidade. Sequei o meu corpo e vesti a langerie que ganhei de mamãe quando fiz 15 anos. O sutiã era preto e com um bojo discreto, e a calcinha um tanto pequena. Segurei o vestido com as duas mãos na frente do corpo e me observei mais uma vez pelo o espelho. Minhas bochechas estavam coradas e o meu cabelo pingando nas costas. Soltei o vestido e dei uma secada nos cachos com a toalha.

Respirei fundo.

Vesti o vestido rapidamente. E, cara, ele caiu perfeitamente em mim. Eu adorava moda, comprar roupas, mas como Vee muito bem observou, sempre era super discreta. Ficou bem alinhado na cintura, deixando-a super marcada. O decote era em V e um tanto acentuado. As costas ficavam escancaradamente abertas, e o comprimento ficava a um palmo de distância dos joelhos.

Como Vee diria, sexy sem ser vulgar.

Quando eu estava prestes a ligar o secador na tomada, Vee saiu do banheiro vestindo um lindo vestido púrpura. Como sua pele estava levemente bronzeada por conta dos poucos dias de calor que tivemos por aqui, a cor lhe ficou perfeita.

–Uau- dissemos ela e eu ao mesmo tempo.

–Você está linda- eu disse com toda a sinceridade.- Um pitel. Scott vai ficar babando- completei.

Vee abriu um sorriso de orelha a orelha.

–E você está perfeita! Sexy sem ser vulgar. Dá uma voltinha pra eu ver!- Exigiu. Girei diante dela bem devagar, quando voltei a ficar de frente para ela, Vee estava com uam expressão que não identifiquei rapidamente.

Era um misto de diversão e incredulidade.

–Que bosta é essa, Nora?- Perguntou. Ela se aproximou de mim e puxou o elástico do sutiã que estava a mostra.

Eu corei. Mas só um pouquinho.

–Não está vendo.

–Pode tirar, ficou ridiculo.

Revirei os olhos.

–Não, está discreto.

–Você é cega?

Vee me puxou pelo o braço até a cozinha, onde Hugo e mamãe se serviam para o jantar. Assim que minha mãe colocou os olhos em mim, ela bateu palmas. Hugo também.

Fiquei vermelha, mas dessa vez a sensação foi agradável.

–Filha, você está tão linda!- Ela pôs as mãos na lateral do rosto, e seus olhos se encheram de lágrimas.

Nossa...pra quê tanto?

–Obrigada, gente- respondi, meio sem jeito.

–Você está linda também, Vee!- Elogiou mamãe.

–Vocês duas estão maravilhosas- murmurou Hugo prestes a colocar uma garfada dentro da boca.

–Muito obrigada. O vestido parece que foi feito pra mim!- Exclamou ela.- Mas o assunto principal aqui não sou eu. É Nora.- Ela me puxou até que estavámos ao lado da mãe.- O que você acha desse sutiã aparecendo?- Perguntou para ela.

Mamãe piscou a levantou-se da cadeira. Me deu uma olhadela analítica e franziu os lábios, claramente desaprovando.

–Não, está horrível.

Vee ergueu as mãos pro alto.

–Aleluia, irmão! Alguém com bom gosto nesta casa!

–Tá, tá! Vou tirar o sutiã!- Desisti, por fim.- O que seria de mim sem vocês, né?!- Falei meio zangada, mas era verdade. Vee e eu voltamos pro meu quarto, e eu retirei o sutiã. Era uma sensação estranha, parecia que eu ficava muito exposta. Minhas costas, definitivamente, estavam desnudas, já que o decote de trás ia quase até o quadril.

Sem o sutiã, parece que meus seios ficaram menores e, para minha surpresa, assim o caimento ficou cem por cento melhor. Preferi assim.

–Você está maravilhosa- elogiou Vee, me olhando de cima a baixo. Calcei um salto Scarpin e sequei o meu cabelo com todo o cuidado do mundo para não desmanchar os cachos, enquanto ela se maquilava.

Mais uma hora se passou, até que estivessemos completamente prontas. Cabelo, unha, roupa e maquiagem.

E por um milagre, meu cabelo se comportou muito bem. Cachos definidos e bonitos.

Nos despedimos de mamãe e Hugo e pegamos o meu Fiat para ir até o ginásio da escola. Ele é o que estava com o tanque mais cheio.

Ao chegarmos lá, avistamos de imediato a fila para comprar os ingressos do baile. Dei os meus dez últimos dolares para Vee e ela seguiu apressada até lá. Aguardei encostada no capo do carro, sentindo a brisa suavemente fria agitar a fragância floral do meu perfume. Do outro lado do estacionamento, Vee acenou para que eu fosse até ela, mas, no caminho, Damon Salvatore entrou na minha frente, dando-me um esbarrão.

–Me desculpa, Nora, não tinha te visto!- Murmurou, parecendo constrangido. Por um momento, vislumbrei seus olhos me analisarem de baixo a cima.- Você está muito bonita, Patch é um cara de sorte.

Franzi as sobrancelhas.

–Não entendi.

–Ele não é seu namorado?

–Não.

Damon observava cada e qualquer movimento meu, e isso me deixava nos nervos. De repente, a memória no nosso último encontro sem ser na escola me atingiu com força.

–Vamos, Nora...como não?- Seus olhos focaram-se nos meus. Em um minuto eu parecia plenamente consciente do que dizia e pensava, no outro me sentia como uma marionete, sem vontade própria. Minha consciência estava no fundo da minha mente, gritando, mas eu não conseguia fazer com que ela viesse novamente a tona. E, apesar dessa agitação interna estar acontecendo naquele exato momento, meu corpo estava completamente relaxado.

–Não somos namorados.

–Há quanto tempo vocês se conhecem?

–Desde o incio do ano. - As respostas simplesmente saíam sem que eu ponderasse ou pensasse sobre elas. Me assustei com isso, mas não conseguia evitar.

–Ele sabe sobre o seu pai?- Quis saber.

Papai?

–O que...saber o que?

Damon bateu o pé impaciente no chão e cruzou os braços. Seus lábios estavam curvados para baixo e me davam medo.

–Sobre a Cura!- Rosnou.

–Calma, amor- murmurou Elena Gilbert, vestindo um belo vestido vermelho, do qual destava todas as suas curvas. Naquela noite, ela não parecia ter apenas 18 anos. Parecia mais velha e mais experiente. Ela me olhou de cima, sorrindo de lado. Mostrava um certo desprezo, mas não entendi o motivo. Era como se ela achasse que fosse superior.

Metida.

–Sério, professor, o que está acontecendo aqui?- Perguntei, minha voz estava trêmula e eu não descartava a possibilidade de sair correndo. Automaticamente dei uma rápida olhada para o salto 12 que eu usava. Bom, eu cairia estabacada no chão antes de dar cinco passos.

Elena se aproximou de mim.

–Você cheira muito bem. Será que o seu gosto é tão bom assim?- Perguntou-me.

O quê?

Meu instinto de sobrevivencia gritava perigo, mas quando fiz menção de gritar, a voz áspera de Damon chegou até meus ouvidos.

–Fique parada e não diga nenhuma palavra, a não ser que Elena ou eu tenhamos perguntado. Entendeu?

Assenti com a cabeça. Senti toda a minha força de vontade escorrer água abaixo. Seria possível ele estar controlando a minha mente? Mas como? O que eles eram?

Será que Patch era a mesma coisa?

–Patch perguntou sobre seu pai?- Ele indagou.

–Sim.

–O quê?

–Onde ele estava, e se ele havia me deixado alguma coisa antes de morrer.

–Ele deixou?- Elena questionou.

–Sim, uma caixinha. Está no sotão, junto com as coisas antigas dele.

–O que tem nessa caixa?

–Nada.

Elena me olhou desconfiada, depois fitou Damon com uma sobrancelha erguida.

–Tem certeza que ela está hipnotizada?

–Arranquei o colar dela agora pouco. A não ser que tenha bebido verbena.

–Me dê sua mão- ordenou Elena. Ergui a mão esquerda, e tão rapidamente que nem sei se realmente aconteceu, seu lábios encontram-se com a pele do meu pulso. Segundos depois dois brotinhos de sangue ermegiram sobre a minha pele.

Queria perguntar o que ela tinha feito comigo, saber o que eles eram, mas minha voz não saía de jeito algum.

Meu coração estava super acelerado e minhas pernas bambas.

–Está sem nada. Limpa- disse para Damon. De repente, seus olhos castanhos voltaram-se para mim.- Seu gosto é bom. Podemos matá-la? Ela não sabe de nada! Não será de ajuda alguma.- Seu sorriso alastrou-se pelo o rosto delicado, mostrando caninos muito afiados.

–Não, ela ainda mantém contato com Patch. Ainda pode ser de ajuda.

–Nora?- Chamou-me Vee, caminhando apressadamente até mim. Dei um suspiro de alívio e senti uma vontade louca de chorar e sair correndo até ela, mas não esbocei nenhuma reação.

–Intrometida.- Resmungou Elena.

Damon também não pareceu satifeito.

–Esqueça essa conversa que tivemos. Lembre-se apenas que eu sem querer esbarrei em você e lhe fiz um inocente elogio. Talvez tenha comentado algo sobre suas notas.

–Oi, professor, oi Elena- cumprimentou Vee, olhando nos olhos de cada um.

–Está muito bonita, Vee!- Damon olhou ao longe, fitando o amontoado de adolescentes passando pela a entrada do ginásio.- Agora temos que entrar, sabe como é, para dar uma spervisonada nos alunos!

Então ambos partiram. Vee me fitou super curiosa, dava para ver em sua expressão.

–O que aconteceu?- Ela quis saber.

Revirei a memória. Dei de ombros.

–Nada demais, ele esbarrou em mim e disse que estava bonita.- Disse.

–Sério? Tipo, ele ficou uns 5 minutos conversando com você! E aquela tal de Elena? Cara, ela me dá medo às vezes.

Franzi o nariz. Parecia que uma lacuna havia se instalado no meu cerébro.

–Ele falou algo sobre minhas notas, nada demais- respondi.- Agora vamos entrar, porque você sabe que não gosto de colocar dinheiro fora! Você me prometeu uma noite divertida, e é isso que eu quero!

Vee assentiu. Abriu um sorrisão e me arrastou por entre a multidão até a entrada do baile.

Lá dentro, corpos de mexiam e remexiam ao som de música eletrônica.

Não demorou muito tempo para encontrarmos Scott do outro lado do saguão. Ele segurava um copo na mão e acenava para que nós nos aproximassemos. Bom, não era difícil distingui-lo do restante do povo, pois era mais alto que a média dos caras do colégio. Vestia-se de terno, porém sem a gravata e suava sapatenis. Estava muito, muito bonito. Vee puxou meu braço enquanto encurtavamos o espaço entre nós.

–Ele está um gato- sussurrou no meu ouvido.

Concordei coma cabeça e o avaliei mais uma vez.

–Está noite promete!- Animou-se toda.

É..., quero só ver se promete mesmo.

Continua...


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