Entre suas asas escrita por AndreZa P S


Capítulo 14
Nada Faz Sentido!


Notas iniciais do capítulo

Ieeeei!
#Revelações! Ér...mais ou menos!
Comente, please? *-*



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Acordei com uma forte luminosidade atravessando o meu quarto. Raios de sol tocavam meu rosto, me obrigando a acordar de vez. Mamãe deve ter aberto a janela, mas tudo bem, hoje eu estava particularmente de bem. De bem com a vida, com as pessoas. Me espreguicei toda na cama, jogando o cobertor pro lado e me pondo de pé preguiçosamente. Ao me olhar no espelho constatei a grande tragédia. Eu parecia um panda. Mas um panda feliz. Estava feliz por conta de Patch, e eu não iria negar isso. Ao que me parece, nós subimos mais um nível no nosso confuso relacionamento.

Gostei de sentir seus dedos entrelaçados nos meus.

Depois de um banho quente e demorado, e de ficar uns vinte minutos tentando retirar toda e qualquer vestígio de maquiagem do meu rosto, desci as escadas de três em três degraus, assim como quando eu era criança e não tinha medo de cair mortalmente estabacada no chão. Mamãe estava diante da pia. Um aroma delicioso de Cookies atravessou meu caminho. Adentrei a cozinha e arrastei a cadeira para trás e me sentei. Na mesa havia uma jarra de suco, pães e frutas.

–Bom dia, mãe- falei. Estava prestes a pegar um Cookie de chocolate de dentro da tigela quando mamãe me deu um tapa na mão.

–Bom dia. E não seja morta de fome, vamos esperar Hugo para tomar café- murmurou, sorridente. Ergui as mãos, como quem se rende.

–Tuuudo bem- disse, recostando-me na cadeira e cruzando os braços.

Mamãe me olhou de soslaio.

–Me conte sobre o baile- pediu. Desviei o olhar para as minhas unhas pintadas de azul escuro. Bom, obviamente eu não poderia contar na íntegra tudo o que aconteceu, visto que mamãe começou a nutrir certo receio em relação a Patch desde que nos pegara juntos no meu quarto certa vez.

–Bom...foi legal, mas Vee e eu brigamos- disse.

Ela me fitou um pouco preocupada.

–Você está bem?- Quis saber, voltando toda a sua atenção para mim, secando as mãos no guardanapo bege.

Dei de ombros e sorri.

–Sim, ela já me pediu desculpas- contei. Minha mãe assentiu e revirou os olhos.

–Essa Vee não toma jeito- murmurou. Ela colocou os copos em cima da mesa e então focou seus olhos em mim mais uma vez. Seu olhar me analisou atentamente, procurando, provavelmente, qualquer vestígio de culpa por minha parte. Ela estava desconfiada, tava na cara.

Droga. Não conseguiria mentir mesmo se quisesse e se me fizesse alguma pergunta e eu tentasse esconder, ficaria evidente de que não estava falando a verdade. Eu me conheço bem o suficiente -e ela também- para saber disso.

–Então, ontem você estava muito animada- começou ela, com os olhos ainda grudados em mim. Meu coração acelerou. Não consegui fitar seu rosto, então olhei para a fibra de madeira escura da mesa.- Aconteceu alguma coisa além da briga com Vee?-Perguntou.

Naquele instante, Hugo entrou na cozinha vestindo um pijama azul listrado. Seu cabelo estava completamente bagunçado, e os pés descalços. Franzi a testa e abri um sorriso largo.

–Bananas, de pijama, descendo as escadas- cantarolei, balançando a cabeça de acordo com o ritmo da canção.

Hugo me encarou.

–Engraçadinha- murmurou, mas acabou abrindo um sorriso. Mamãe aparentemente pareceu gostar da minha brincadeira com Hugo, e não tocou mais no assunto durante a manhã. E eu torcia no fundo do meu coração que não tocasse nunca mais. Para o bem da minha liberdade de ir e vir.

Conseguia ver pontinhos de pó se movimentado lentamente na minha frente, graças a rasga de luz solar que passava pela a janela da cozinha. Elas pareciam tão bonitas, se movimentavam tão graciosamente, que achei meio vulgar denomina-las como 'pó'. Me debrucei sobre o livro de matemática, dando toda a minha atenção para algo que não me faria passar de ano. Estava ciente de que precisava tirar notas boas, ainda mais se quisesse entrar para alguma universidade de destaque. Mas meus pensamentos vagavam de instante em instante para todos os assuntos possíveis. Um, em especial, se demorava mais na minha mente.

Patch.

Patch e seus cabelos rebeldes, na altura da orelha. Que quase tapavam seus olhos.

Ah, que olhos. Que boca. Que beijo.

Eu estava escancaradamente apaixonada, e agora nada me impediria de ficar com ele, nem mesmo o próprio Patch. Simplesmente cansei de me privar de viver certas experiências, e não deixaria ninguém me impedir, nem eu mesma, de vivê-las.

O som da compainha soou alto nos meus ouvidos. Mamãe e Hugo haviam saído, foram a uma viagem de negócios, e provavelmente voltariam somente amanhã a tarde. Será que era Patch?

Me levantei correndo da cadeira. Quando passei pelo o grande espelho que ficava na sala, dei uma olhadela rápida na roupa que usava. Calça jeans surrada e uma blusão velho de algodão. Parei por um instante, cogitando a possibilidade de subir até meu quarto e trocar de roupa, mas a compainha soou mais uma vez, exigente.

Parei diante da porta com o coração na boca. Dei uma ajeitada nos cachos e girei a maçaneta. Diante de mim se encontrava um Scott com um moletom da Nike e abrigo de cor Caqui. Nas suas mãos, um buquê de rosas vermelhas.

–Ah, Scott...- eu tentei, juro que tentei, mas acho que não consegui esconder meu desapontamento.

Scott ergueu minimamente o canto de sua boca.

–Estava esperando outra pessoa?-Perguntou-me.

Dei de ombros e deslizei uma mão pelo o rosto.

–Talvez. Você parece bem melhor do que ontem- falei. Scott pigarreou, e um leve rubor tomou suas bochechas.

–Ér...sim. Olha só, queria me desculpar por ontem...- ele parecia procurar as palavras certas.- Eu sei que disse coisas idiotas, me perdoe.

Ergui as mãos para ele.

–Tudo bem, eu já perdoei você- eu sorri. Eu gostava muito de Scott, e não queria perder a sua amizade. E a verdade é que ele estava bêbado, não sabia o que estava fazendo...

Ok, sei que estava o defendendo, mas...sei lá, confiava em Scott.

Ele também sorriu, mostrando dentes brancos e impecáveis.

–É pra você- disse ao estender o buquê que segurava nas mãos.

Fitei as rosas ali, diante de mim. Sendo oferecidas pra mim. Quantas vezes havia imaginado receber rosas de alguém? Muitas vezes. Mas não aquelas rosas. Mas não de Scott.

Cocei a pontinha do meu nariz e suspirei.

–É muita gentileza, eu agradeço- pigarreei.- Mas acredito que Vee ficaria mais animada em receber flores do que eu....- olhei para o lado, para baixo, para o teto.- Sabe como é, acho que flores se dá em funerais e tal...- menti. E estava na cara, eu sabia.

Scott entendeu a deixa.

–Saquei. Vou dar para Vee mesmo, sei que ela vai gostar- murmurou, meio mal humorado.

Forcei um sorriso e assenti com a cabeça.

–Ela vai amar- concluí.

–Então, vamos sair hoje a noite?- Convidou ele.

Sério? Isso não estava acontecendo.

Respirei profundamente e fechei os olhos por um momento. Minhas mãos começaram a suar.

–Não dá, tenho compromisso- menti novamente.

–Com Patch?- Ele quis saber, erguendo as sobrancelhas. Não gostei do tom que ele usou, parecia desdém.

–Não interessa- disse, sentindo que pouco a pouco eu perdia a paciência. Tinha horas que ser diplomática não resolvia problemas.

Scott massageou a ponte do nariz. Agora que percebi que estava com olheiras suaves, ele me dava a impressão de estar muito cansado.

–Nora, preciso ficar perto de você- murmurou, me olhando nos olhos. Havia muita convicção em suas palavras e na forma como me encarava.- Você não entenderia, mas eu preciso.

Dei um passo automatico para trás.

–Scott, por favor, tenho que estudar- disse, prestes a fechar a porta. Ele a empurrou sem dificuldade para trás.

–Tenho que cuidar de você- falou.

Procurei no seu rosto algum sinal que pudesse me dizer que ele estava drogado ou bebado, mas para o meu desgosto, ele estava completamente são.

–Você precisa de Vee. Você tem que cuidar de Vee- retruquei, sentindo alguma coisa se revirar dentro do meu estômago.

–Você corre perigo. Patch não é bom pra você. E não me pergunte como sei disso, não posso te contar. Mas ele não te merece, ele quer seu mal- contou. Ele não parecia estar mentindo, todas as palavras que acabaram de sair pela a sua boca me atingiram de tal forma, que num primeiro momento fiquei muda.

Lembrei de quando o professor Nathanael nos mandou fazer um trabalho sem pé e nem cabeça. Era sobre confiança. Eu confiava em Scott? Sim, mais do que meu instinto de sobrevivência acharia saudável. Eu confiava em Patch?

Eu não soube responder. Minhas certezas foram balançadas agora e eu não sabia o que fazer.

–Como você sabe disso?- Eu quis saber, minha voz baixa e rápida.

Scott pôs as mãos dentro do bolso do abrigo. Ele desviou o olhar.

–Já disse que não posso dizer.

Dei um sorriso de desgosto.

–Então não acuse Patch sem antes me trazer provas do que está dizendo. Aliás, não acuse ninguém sem antes ter como provar tudo!- Retruquei, raivosa.

Tentei fechar a porta mais uma vez, mas Scott colocou o pé na frente.

–Nora, não faça isso...não torne meu trabalho mais difícil.

–Tire. A. Porcaria. Do. Seu. Pé. Daí!

–Você está irredutível, Nora, não está pensando com clareza. Depois a gente conversa- murmurou ele, as primeiras notas de irritação ficando evidentes.

–Ótimo, até depois- retruquei de novo. Scott me fitou com uma mistura de preocupação e indignação, retirou o pé que travava a porta e partiu em direção ao seu Mustang sem se despedir. Eu estava triste, incomodada e contrariada.

Por quê Scott acusaria Patch dessa forma? O que estava acontecendo?

Decidida a esquecer o que acabara de ocorrer, peguei os meus livros e me apliquei com afinco nos exercícios, não deixando espaço para minha mente criar pensamentos pertubadores.

Lá pelas 18:30 da noite, meu celular começou a tocar. Me senti agradecida por alguém ligar para mim e me fazer largar os estudos por alguns instantes. Olhei no identificador de chamadas, mas era número privado.

–Quem é?- Perguntei.

–Quem eu sou? -A voz do outro lado da linha perguntou. Ouvi um sorriso se formar enquanto ele continuava:- Sou sexy, inteligente, irresistível e você está perdidamente atraída por mim.

Uma pausa rápida. Mordi o lábio para não mostrar que estava sorrindo também.

–Não conheço ninguém com essas características- murmurei. Me levantei da cadeira e caminhei descuidadosamente até o sofá. Me joguei no estofado marrom escuro e pus os pés em cima da mesinha de centro.

Patch riu levemente do outro lado.

–Então deixa eu me apresentar. Sou Patch, o seu futuro namorado- falou. Ouvi uma buzina fraca ao longe.

Peguei uma mexa de cabelo com o dedo e comecei o enrolar. Olhei para o teto. Um sorriso enorme surgiu no meu rosto.

Pensei por um momento no que responder. Algo a altura.

–Não sei o que dizer- confessei.

–Diga que vai sair comigo hoje. Diga que vai me esperar na frente da sua casa dentro de meia hora- ele parou por um segundo.- Diga que quer me ver.

Apertei a almofada contra o peito. AI MEU DEUS!

–Bom, venha me pegar então. Talvez eu esteja te esperando. Mas só talvez.

Patch riu mais alto dessa vez.

–Não me desaponte- e desligou.

Subi pro meu quarto correndo. Catei de dentro do roupeiro um vestido rodado, branco e com rendas que deixava minha cintura marcada. O tinha há anos, mas adorava usa-lo. Calcei meu mocassin Azul escuro. Para completar o look composto as pressas, passei gloss da cor da boca e bastante rímel. Deixei meu cabelo como estava, sabia que ele gostava quando ele ficava ao natural. Na verdade, ultimamente meu cabelo estava se comportando, então eu poderia dar uma colher de chá.

Exatamente 32 minutos depois (sim, eu estava olhando fixamente para o relógio), uma buzina soou do lado de fora. Peguei a minha bolsa e a jaqueta jeans de cima da cama e fui correndo até o hall de entrada. Respirei fundo e, apesar de estar com uma leve falta de ar por ter corrido do meu quarto até a entrada, tentei parecer super relaxada ao abrir a porta. Patch estava escorado no seu Jeep, com os braços cruzados, e me olhava de tal forma, que eu achei que meu coração estava derretendo. Tranquei a porta e fui o mais rápido possível até ele, mas tentando não dar bandeira de que eu precisava urgentemente da pele dele contra a minha.

–Oi- disse, ao chegar na sua frente. Patch descruzou os braços e se espreguiçou um pouco.

–É assim que você cumprimenta o seu namorado?- Perguntou, sorrindo lindo, com uma covinha profunda na sua bochecha. Seu cabelo estava levemente mais curto. Sua camisa de manga comprida era preta e as calças eram jeans Skinny escuras.

–Que namorado? Não estou namorando.

Patch me puxou para ele. Seu hálito roçava a pele exposta do meu pescoço.

–A partir de agora você está. Você é minha namorada- ele beijou o lóbulo da minha orelha. Arrepiei dos pés a cabeça.

–Você nem me pediu em namoro...

Patch revirou os olhos.

–Mania de dificultar as coisas.

Revirei os olhos também.

–Você é que não respeita as minhas vontades!

–Você é minha namorada em ponto- retrucou, sorrindo.

Pisei forte no chão.

ALERTA! ALERTA! ALERTA!

Olha aí o meu orgulho entrando em ação.

–Você é idiota. Não serei a namorada de ninguém, se não for pedida.

–É o que veremos.

Tentei me afastar mas Patch me puxou pelo o pulso.

–Para Nora, quero ficar sem brigar com você...pelo o menos um pouquinho- ele ainda mantinha um sorrisinho cretino nos lábios.

–Então me respeite, oras- murmurei, me afastando e empinando o nariz. Joguei os cabelos para trás dos ombros e abri a porta do Jeep. Com certa dificuldade consegui subir. Não demorou muito e Patch adentrou o veículo, os seus lábios estavam curvados para cima e seus olhos mostravam que ele estava se divertindo.

–Pra onde vamos?- Eu perguntei.

Ele deu a partida no carro.

–Parque de diversões Delphic.

O Delphic ficava a mais ou menos uns trinta e cinco minutos da casa de fazenda de carro. Quando chegamos no estaciomanto, pude ver as luzes extremamente coloridas do outro lado do portão. Do lado de dentro, um apinhado de pessoas gritavam, se locomoviam e comiam. O som de música era bastante alto.

Latas e outros tipos de sujeira eram varridos de um lado para o outro, de acordo com o movimento do vento e dos chutes de pedestres que passavam a todo instante. Estava super cheio. Há anos que não ia até lá, a última vez fora com meu pai, quando eu tinha uns 12 anos.

Patch comprou-me uma Coca-Cola. Sentamos em um dos vários bancos que foram espalhados no decorrer do calçadão dentro do Parque.

–Gosto daqui, tem pessoas de verdade. Vida de verdade- murmurou, enquanto observava uma criancinha de uns quatro anos correndo em direção ao uma mulher alta e ruiva. Seus olhos vagaram até o enorme Arcanjo que havia sido reformado a pouco tempo no Delphic. Eu não sabia explicar, mas aquilo parecia uma confissão, mesmo que num primeiro momento não parecesse algo relevante. Algo que ele não diria para qualquer pessoa. Talvez tenha sido pela a forma como suas feições, geralmente tão arrogantes, se suavizaram...trazendo uma nostalgia, ou porque eu queria com todas as forças ser realmente especial em sua vida. Alguém com quem ele pudesse compartilhar segredos e como realmente se sentia.

–Patch, posso de verdade confiar em você?- Minha voz não era mais do que um sussurro, mesmo com o som alto, Patch pareceu compreender tudo o que eu dizia.- Você nunca me faria mal, né?

Assim que terminei senti minhas bochechas queimarem. Como fui idiota! Deixei que Scott me contaminasse...mas a verdade é que eu não poderia ir embora sem perguntar, olhar nos seus olhos...

Por mais que eu estivesse apaixonada, precisava ter certeza de que o meu objeto de desejo não me faria mal algum.

Patch virou-se para mim, pondo uma de suas longas pernas para um lado do banco, e a outra do outro. Ele parecia num impasse interno, uma ruguinha surgiu entre as suas sobrancelhas. Parece que aquele momento, de silêncio, durou horas ao invés alguns segundos.

–Você está demorando pra responder- eu disse, sentindo uma pontinha de frustração dentro de mim.

Patch chegou muito perto, sua mão foi de encontro à minha coxa, fazendo movimentos de vai-e-vem contínuos. Resisti ao impulso de abrir os lábios e soltar um suspiro. Sentir o toque dele ali, de certa forma tão íntimo, me fez crescer um desejo tão forte, que não soube dizer exatamente de onde vinha.

–Não conseguiria te fazer mal, mesmo se quisesse- soltou ele. Me olhava nos olhos, parecia que queria que eu não somente acreditasse em suas palavras, mas que também pudesse ver em seus olhos que não estava mentindo.

E ali foi a gota d'água.

Peguei seu braço e o puxei entre a multidão. Eu estava corada e não sabia exatamente o que estava fazendo. Estava me deixando guiar por um instinto que me deixava de pernas bambas.

–Pra onde está me levando? Espero que não esteja pensando em me matar- murmurou ele, sorrindo, debochando de mim. Me virei para ele, sem perder o passo, e pisquei.

–Não se preocupe.

Na lateral do parque continha muitas árvores, lembro de brincar de esconde-esconde ali com o meu pai durante o dia. A noite, com certeza, aquele lugar era bastante escuro a camuflado. Adentrei a pequena floresta com Patch atrás de mim, até que estivessemos bem no seu interior. Eu respirava acelerado. Com a luminosidade que vinha da lua, vislumbrei seus olhos ardendo de desejo. Ele me queria tanto quanto eu o queria e isso era o suficiente naquele momento.

Tirei minha jaqueta, jogando-a no chão. Patch me escorou numa das árvores, pressionando seu corpo quente e forte contra o meu. Eu arfei. Suas mãos percorriam de forma habilidosa as minhas curvosas, vez ou outra indo de encontro com as minhas pernas, subindo para a minha virilha.

Eu precisava dele, e era agora. Era urgente.

–Tem certeza que quer fazer isso aqui?- Indagou, a voz tão baixa e tão intensa, que só me fez ter mais vontade de tê-lo pra mim.

–Desde que seja com você, qualquer lugar serve.

Patch deu aquele sorriso cafajeste. A outra mão segurou firme a minha nuca, e finalmente nossos lábios se encontraram. Era quente, sensual. Patch mordeu com força meu lábio inferior, e senti minimamente o gosto de sangue. Deslizei minhas mãos dentro da sua camisa, e ele arqueou levemente o pescoço para trás. Me atrapalhei na hora de passa-la pela a sua cabeça, mas fui ajudada.

Eu estava fora de mim, e estava adorando. Amando.

Amando o Patch.

De repente, sem avisar, ele se afastou do meu corpo bruscamente. Pisquei várias vezes, afim de apressar minha visão a se acostumar com a pouca iluminação. Foi então que vi, Patch não se afastou de mim por si, ele fora arrancado.

Me senti contrangida quando vi Scott. A alsa do meu vestido estava caída, por pouco não deixando o meu seio a mostra. Me ajeitei e logo o constrangimento fora substituido por uma raiva tão grande que parecia não caber em mim.

–QUE MERDA É ESSA?- Perguntou Patch, tirando as palavras da minha boca. Ele cuspiu um liquido avermelhado no chão, e percebi horrorizada que Scott havia dado um soco certeiro em seu rosto.

–Vá embora, Scott!- Gritei, apavorada. Porque ele estava fazendo aquilo? Que diabos ele estava fazendo aqui?!

Mas Scott me ignorou, partiu para cima de Patch mais uma vez, mas agora Patch conseguiu sair a tempo. Prendeu-o pelo o pescoço e deu diversos chutes em seu estomago, quando o soltou, Scott cambaleou para trás, quase tombando numa ávore e caindo no chão. Mas ele não desistiu.

–PAREM!-Exigi.

Nenhum dos dois meu deram ouvidos.

Ambos estavam no chão, sequeando-se, e eu não sabia o que fazer. Parecia que os dois estavam empatados, até que vi que Patch estava ligeiramente levando vantagem.

–Saía de perto de Nora! Você só quer fazê-la mal!- Berrou Scott, agora debaixo do corpo de Patch. Ele estava prestes a dar um soco certeiro no centro do seu rosto, mas hesitou por um instante, a respiração ofegante.

–Do que está falando?- A voz saiu amarga, ele estava tremendo de raiva. Se eu não estivesse aqui, acredito que ele já teria acabado com aquilo.

–Sei que é um anjo caído.

Patch piscou, confuso. Seus olhos focaram em mim, me encararam por um vários segundos, desapontados, pareciam pedir desculpas.

–Quem é você?- Indagou ele, dessa vez a voz controlada. Ele levantou-se, tirou a sujeira da roupa e se afastou um pouco, desconfiado.

Scott tossiu, passou a mão no enorme machucado na lateral do seu rosto, apoiando-se com os cotovelos na terra seca.

–Sou o anjo da guarda dela. Os Arcanjos me enviaram, pra protegê-la de você.

Me olhou novamente, mas eu não estava entendendo nada. Que história era aquela? Por acaso, isso era tipo aquelas pegadinhas de televisão? E se era, cadê as câmeras?

Senti meu mundo inteiro balançar, estava com muita ânsia.

Patch estava com a expressão séria, me analisando. No fundo dos seus olhos havia um brilho entristecido...e esperança.

Queria perguntar o que estava acontecendo, mas minha boca não me obedecia mais. Senti pequenos pontos escuros turvarem a minha visão e meus joelhos bambearem, mas antes que eu tombasse no chão, alguém agarrou o meu corpo contra o seu.

–Viu o que você fez, seu imbecil!- Berrou Patch, com uma raiva contida. Senti o seu cheiro, seu corpo contra o meu.- Você vai ficar bem, anjo. Vou cuidar de você- sussurrou ele no meu ouvido.

Queria assentir, dar algum sinal de vida, mas não demorou muita pra uma escuridão reconfortante me atingir. Apaguei.


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