Aquele céu parecia mais confortante. Agora, Ryozaki explorava aquele céu estrelado como um sonho. Foi quando o Dragão se mostrou. De alguma forma os dois não pareciam mais espantados com suas respectivas presenças. De alguma forma eles pareciam se entender. O sliêncio apenas fluiu no local. O Dragão apenas circulava o corpo imaterial do rapaz.

- É, parece que você me trouxe muitos problemas. - Ryozaki quebrou o silêncio.

O Dragão não respondeu. Apenas diminuiu o ritmo.

- Sabe... Eu não acredito muito em destino. Mas acho que certas coisas acontecem para nos testar. Acho que é isso é vida. Ou azar, quem sabe. De qualquer forma acho que tenho de agradecer. De certa forma você me ajudou a descobrir algo que passei a vida inteira sem perceber. Quem realmente sou.

O Dragão agora aumentou o ritmo. Ryozaki estava se sentindo estranho. Obviamente saberia que não receberia nenhuma resposta, mas esparava que alguma palavra aparacesse em sua mente. Foi quando pensou ter ouvido algo como "Isso é apenas o começo" ou "Terás um longo caminho a percorrer". Talvez tivesse sido só sua imaginação, mas ele realmente ,sabia que aquilo estava certo. Sua vida agora seria muito mais do que havia acontecido, mas ele não pareceu ligar. Afinal, ele nunca foi uma pessoa normal. Nem mesmo no minuto que acordara, dias depois, atrasado para aula.

[...]

A porta do escritório bateu como um estrondo. O homem de cabelos castanhos, agora totalmente despenteados com o terno coberto de areia e água salgada, se arrastava mancando até o centro da sala. Quando chegou ao centro da clarabóia olhando os símbolos resplandecentes no chão ele olhou para a figura do Dragão. Desceu suas mãos com raiva sobre o concreto e gritou. Foi quando percebeu que alguém estava sentado em sua cadeira. A mulher de longos cabelos negros, jogados ao colo, penteava-os sem nenhuma o olhando com indiferença.

- Elizabeth! – ele exclamou o nome dela. – Você sabia que isso ia acontecer. Eu a vi lá na praia. Porque não fez nada?

Ela apenas riu e continuou penteando seus cabelos.

- Se eu não tivesse feito nada, você estaria nem ao menos aqui agora. Mas não poderia me arriscar a perdê-lo para o guerreiro do dragão.

- O que quer dizer? – ele exclamou enquanto se levantava.

- Você tem muitas informações. Não seria nada bom se ele te pegasse. – ela disse enquanto sacudia uma penca de arquivos nas mãos.

- Você mexeu em meus arquivos. Sua...

- Não preocupe Morino-kun. Você serviu bem ao seu propósito. Tenho certeza que você terá uma ótima posição quando conseguirmos o que queremos. Mas infelizmente você só atrapalharia agora. Não é do seu tipo de força que precisamos para derrotá-los. Não mais.

O homem tentou soltar uma dúzia de palavrões, mas tudo que saiu foi uma golfada. Ele sentiu o gosto de sangue em sua boca, enquanto tocava trêmulo em seu peito. Sentiu o metal frio. Ele olhou a lâmina que acabara de atravessar seu peito sem nenhuma piedade. Ele olhou para trás e seus olhos arregalaram.

- Não... Pode ser... – ele falou enquanto o sangue escorria de sua boca.

Atrás dele só conseguia ver uma sombra com os olhos castanhos alaranjados. Eram tão intensos que pareciam que ia lhe matar apenas com o olhar. Ele retirou a espada do peito de seu alvo e o homem caiu. O homem tentou praguejar algo, mas com um movimento rápido ele sacou a segunda espada e como uma tesoura cortou a garganta do homem. Com o sangue em seu rosto e com um olhar frio ele fitou a mulher sentada que sorria para ele. Ela se levantou gentilmente e tirou um pequeno pano branco de seda do decote e começou a limpar o sangue rosto do rapaz. Ele era alto, com cabelos longos cabelos brancos como a neve. Eles Estevam presos a presilhas como de um samurai antigo e vestia uma roupa branca com detalhes pretos e um símbolo Ying-Yang nas costas. Ele corou um pouco sem mudar muito a expressão quando a mulher se aproximou.

- Muito bem, meu garoto. Você realmente é um bom garoto.

Ele embainhou suas espadas novamente e após ter o sangue limpo, se virou para a porta surpreendendo a mulher.

- Aonde você vai meu garoto impaciente? – ela riu.

- Vou silenciar o Dragão. Ele não precisa ver a luz do dia.

      Ela correu até ele, levantando o vestido como uma dama pra não tropeçar no cadáver que ali jazia. Ela o virou com cuidado e ele corou novamente.

      - Não se preocupe. Ainda há tempo. O Dragão ainda é como um macaco inquieto. Eu sabia que eles iam sobreviver a esse dia. Mas ele precisava ser atiçado. Temos muitas coisas a fazer, então tenha calma. - Ela o abraçava encostando seu corpo por completo ao dele. – Afinal, você não tem o que se preocupar. Você já esperou muito...

      As portas se fecharam sozinhas novamente como as cortinas caíam no final do espetáculo. Não se ouviu, mas nada no silêncio da noite a não ser as ultimas palavras da mulher.

      - Raiden, meu querido guardião do Gato.

[...]

EPÍLOGO

      Há muita a coisa a ser revelada. O dia finalmente está chegando e uma nova era irá se erguer nas costas dessas doze pessoas desconhecidas. Muita coisa está por vir. E o animal do Zodíaco não ficará quieto para sempre. No próximo Arco de Hontou Seishin: Mistérios de uma cidade antiga.

Há mais por ai que os olhos podem ver.

Continua...