Blue Horizon A Luz da Liberdade escrita por Gislane Brito
Notas iniciais do capítulo
Ah! Como é bom voltar a respirar ar puro!...
Um planeta com o sugestivo nome de Serenitat, foi um dos escolhidos para ser avaliado por Micky. Ele pesquisou seu clima, sua cultura, povos e espécies dominantes e história recente e descobriu que, há alguns ciclos atrás, uma guerra havia assolado o planeta. Tavleks, uma raça de guerreiros saqueados e nômades, atacou a colônia de Kalishes que cultivava Crystherium, o alimento sagrado dos Scarrans. A guerra acabou com a vitória dos kalishes e de seus aliados interions. Os tavleks sobreviventes se renderam e permaneceram no planeta, mas a relativa tranquilidade acabou com a chegada dos pacificadores.
Após o fim do domínio pacificador no planeta, ele ironicamente, se tornou um mundo pacífico. Principalmente por causa da chegada de um tavlek “convertido” a religião delvian, Bekhesh. Outros tavleks o seguiram, construíram monastérios em honra a sua deusa e continuaram a ensinar a filosofia pacifista aos kalishes e interions.
Nossa chegada, mesmo sendo anunciada, causou uma certa estranheza na população, talvez por pensarem que éramos espiões enviados pelo Auto comando. Foram necessários alguns dias solares e vários comunicados de nossos aliados confirmando que estávamos em missão de paz, para convencê-los.
Fiquei impressionada com o caldeirão cultural de Serenitat! Três espécies inteligentes vivendo em perfeita harmonia, criando uma civilização forte, e consciente da finitude de seus valiosos recursos naturais.
Conhecemos a cientista Sanurik, uma kalish muito receptiva e curiosa, e o próprio Bekhesh. No início, fiquei um pouco chocada com a aparência dele. O monge tavlek de modos simples, tinha uma costura no rosto que limitava a abertura de sua boca deformada e uma placa de metal soldada ao crânio. Mas ele logo conquistou minha simpatia quando nos convidou para conhecer o monastério e não nos julgou perigosos só por sermos o que somos. Ele também pensou que eu era uma sebacian!
Micky parecia satisfeito com a visita, mas ainda não havia se decidido se aquele seria o nosso futuro lar. Ele perguntou a polícia local se o planeta possuía um sistema de defesa global e abrigos adequados para a população em caso de invasões. Fiquei preocupada que suas perguntas fizessem o governo local voltar a desconfiar de nossas intenções.
_ Micky, acho melhor evitarmos fazer perguntas sobre sistemas de defesa e armas por enquanto! Que tal a gente, conhecer melhor as pessoas antes que elas se armem contra nós, de novo?!
_ Já provamos que estamos em missão de paz!... Podemos até ensiná-los como melhorar suas defesas no futuro.
_ Eu sei... Mas não conseguiremos a confiança do povo desta cidade de um dia para outro. Principalmente se elas pensarem que queremos testar as defesas deles!
_ Se estamos considerando a possibilidade de viver neste mundo, eu quero mesmo saber se suas defesas podem mitigar um ataque inimigo no futuro. Uma rede de satélites de defesa e uma força armada eficiente é o mínimo que espero que eles tenham!
_ Falou o exigente Capitão Pacificador Miklo Braca ou só um pai cuidadoso?... Fiquei na dúvida agora!
_ Isto faz diferença? Só não pretendo transformar nossa família num alvo fácil para nossos inimigos!
_ Nós vamos ou não vamos aceitar o convite de Bekhesh para visitar o monastério?
_ Confio no seu julgamento! Este tavlek é de confiança?
_ É... Eu gosto dele! E olha que ele é o primeiro da espécie que conheço! Imagine todo o preconceito que ele ainda deve sofrer?!
_ Era de se esperar... O histórico da espécie não é nada bom! Tavlek sempre foi sinônimo de saqueador violento e trapaceiro...
_ Vamos logo a este monastério! Seria muito rude ignorar o convite de Bekhesh... Depois, voltamos para Moya! Camilly já deve estar preocupada conosco!
_ Camilly ainda é só um bebê, Mary! Bebês não se preocupam... E ela parece gostar muito de Aeryn e Karla...
_ É claro! É porque elas são muito legais, mas eu confesso que estou morrendo de saudades de minha Cam!
_ Eu também...
Chegamos ao monastério e fomos muito bem recebidos por todos. Mas o que mais nos surpreendeu foi a tecnologia avançada de seus sistemas de monitoramento do tráfico na órbita do planeta e de seus bunkers superprotegidos.
_ Bekhesh, ninguém nunca imaginaria que daqui se pode saber tudo que acontece em órbita do planeta! Estamos honrados por você ter confiado este segredo a nós!
_ Não é um segredo o que fazemos aqui, senhor Braca! Nossos líderes sabem que os tavleks tem conhecimento desta tecnologia há muito tempo. Temos o dever de alertar nosso povo se alguma nave hostil ou até um asteroide se aproximar do planeta...
_ É realmente impressionante... Mas quanto a suas defesas?!
_ Posso lhe garantir que aquele que tentar ultrapassar nossa rede de satélites de defesa sem autorização pode ter uma surpresa bem desagradável! Somos amantes da paz e não tolos indefesos, senhor!
Pela cara que Micky fez, Serenitat havia se tornado a mais forte candidata a futuro lar dos Bracas.
Depois do tur pelas instalações que em nada lembrariam uma igreja medieval, nos foi oferecido um farto jantar e assistimos a uma demonstração de artes marciais... E eu, que pensava que era Karla a única “ninja extraterrestre”!
Tanta generosidade daqueles que antes haviam sido uma “pedra no coturno” dos pacificadores me deixou intrigada! Será que Bekhesh tinha algum outro interesse que não a amizade entre espécies? Tudo estava parecendo bom demais para ser verdade, ou isto também era só a minha paranóia falando?! Para Micky, Bekhesh estava interessado apenas em nos ter como aliados, talvez por saber que todos os ex-pacificadores haviam sido influenciados pelo lendário John Crichton.
Eu agradeci a Bekhesh e aos outros pela hospitalidade, e os presenteei com mudas de Nixorah que Noranti cultivava em Moya.
Ansiosos para contar a Aeryn e John tudo sobre Serenitat, voltamos para a Blue Horizon e deixamos o planeta.
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Micky fica tão fofo quando está estressado!