Blue Horizon A Luz da Liberdade escrita por Gislane Brito


Capítulo 13
Cap. 13 – Camilly e a Federação


Notas iniciais do capítulo

O milagre do nascimento...



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Acho que ele me levou no colo até o ambulatório, mas eu só me lembrava que acordei depois com Zohram me dando algo com o gosto horrível para tomar...

_ Zohram, que coisa é esta? Será que nenhum de seus remédios milagrosos poderia ter gosto de morango?!

_ Mimada, cale a boca e tome logo! Isto vai evitar que o ferimento infeccione... E eu nem sei o que é “maringo”!

Karla e Micky, que estavam do meu lado quiseram justificar!

_ Foi Noranti que fez a gororoba, Zohram foi só o executor! Se te serve de consolo, todos os feridos foram obrigados tomaram “o tal elixir”.

Os três meses que se seguiram foram cheios de descobertas, aprendizados e situações de risco de morte, mas também de diversão e amor! Rotina era uma palavra que não fazia parte do vocabulário dos tripulantes de Moya...

Muitas vezes, aliados inesperados se uniam a nós... Os Kalishes enviaram agentes especiais. Bioloids com o que parecia ser o “superpoder de fulminar scarranos”. Beemote voltou com uma tripulação, digamos... Bem eclética. Liderados por uma hynerian durona, a Neria; a tripulação incluía além de cinco sebacians renegados, três guerreiros luxans e até um scarrano pacifista... Impossível ficar mais esquisito que isso! Noranti disse que eles eram de confiança... Um pouco desorientados, mas queriam mesmo ajudar a libertar outros povos da loucura e da tirania dos Pacificadores e do império Scarrano. Eles e os agentes kalishes causaram mais estragos a frota pacificadora, que John e sua turma causariam em 100 ciclos.

Sabíamos que o Conselho Supremo não seria abalado tão facilmente, mas estávamos muito motivados! Fontes nos garantiram que muitos membros do Movimento estavam infiltrados naquele mundo de burocratas.

Cada vez mais planetas recuperavam suas soberanias. Uma federação de mundos livres estava nascendo! Sem alarde, sem guerras... Líderes nos enviavam diplomatas para propor alianças e pedir ajuda para estabilizar seus novos governos locais, mas evitávamos nos meter em assuntos internos. Tudo pela “Política da boa vizinhança”!

Mas tínhamos um problema: Nenhum mundo queria ser voluntário para ser a capital da Federação! Talvez por pensarem que o Movimento ainda não fosse forte o bastante para proteger a capital da jovem Federação... Nem nós nos sentimos indicados para sugerir nenhum mundo!

Para mim, Moya se parecia cada vez mais com um Lar. Mas Micky parecia insatisfeito com a liderança de John. Ele o considerava excessivamente liberal. Ele até permitia que Rygel fosse o negociador oficial de suprimentos! Noranti estava se tornando uma amiga muito “íntima”. Ela me ajudou a escolher o berço e o enxoval de meu bebê. A irreverência e a naturalidade em que ela fazia sugestões sobre criação de crianças no ambiente de uma nave espacial, muitas vezes causavam desconforto em Micky. O homem havia saído do exército, mas o exército não havia saído do homem...

_ Micky, você está fazendo aquela cara, de novo!

_ E que cara é essa?

_ Cara de “O-que-esta-velha-sabe-sobre-criação-de-filhos?”

_ Que experiência ela tem? Ela já criou filhos?!

_ Bom... Ela me disse que teve muitos filhos e que tem mais de 200 ciclos de idade! Então, eu acho que só isso, lhe garantiria um ótimo currículo. Acho que não fará mal escutar o que ela tem a dizer!

_ Mas ela sabe o que é viver em constante estado de alerta? Eu sempre vivi assim, desde que comecei a andar sozinho... A segurança é prioridade para se viver no espaço! Ela só fala de roupas, alimento, temperatura da água do banho!

_ É... Segurança é mesmo importante! Tenho certeza que daremos conta da proteção de nossa filha enquanto ela estiver totalmente dependente de nós para se vestir, se alimentar e se limpar! Acho que você está com aquela típica preocupação dos pais de primeira viagem...

Toda vez que ele se lembrava de sua infância perdida, eu sentia uma pontada no coração.

_ Mary... Quero sair de Moya! Quero que você e nossa filha vivam em um planeta seguro e longe desta guerra!

_ Acha mesmo que este lugar totalmente seguro exista? Eu também quero viver em paz, Micky... Dar uma vida normal para nossa menininha! Quando John estava desaparecido, o perigo não foi ao encontro da família dele?! Quando decidimos entrar para o Movimento, sabíamos que não poderíamos mais sair... Mas sei que enquanto estivermos juntos, poderemos nos proteger da maioria das ameaças que surgirem!

_ Você está ficando igual ao Crichton! Acredita que nada pode dar errado... Mas eu sei que o que conseguimos até agora pode não ser o bastante... Precisamos procurar alternativas para aumentar nossas chances de sobrevivência! Vou escolher o planeta ideal para o nascimento da menina!

_ Acho que John e eu somos meio parecidos, mas eu sou mais realista! O ideal seria que nossa filha nascesse na Terra, mas infelizmente meu planeta ainda está fora de alcance... Mas e depois? Abandonaremos Karla, D’Argo, Aeryn... Todos fazem parte de nossa família!

_ John e Aeryn já escolheram o que querem para a família deles. Karla e Tarnyn são livres para virem conosco se quiserem!

Enquanto ele falava de seus planos, senti uma contração, mas não dei muita importância.

_ Micky, acho melhor a gente conversar sobre isso depois, quando você estiver mais calmo... Ai!

_ O que foi?!

_ É só outra contração, só isso!

_ Vou chamar Zohram e Noranti...

_ Não precisa... Acho que é só um alarme falso!

“Senhor e Senhora Braca, poderiam vir a ponte, por favor?” John escolheu uma péssima hora para nos chamar pelo comunicador.

_ Crichton, se não for uma emergência, vou ficar com Mary. Ela não está se sentindo bem!

“Os delegados de Fartok querem uma audiência com a gente! Mas se eu posso dar uma desculpa para eles voltarem mais tarde...”

_ Não, John, nós já estamos indo! Tive uma contração, nada de mais! Soube que Aeryn deu a luz em plena batalha... O que é uma reuniãozinha com diplomatas alienígenas perto disso?!

_ Mary, você tem certeza disso?

_ Estou bem, amor! Além do mais, reuniões com mulheres grávidas passam mais confiança para as negociações com os aliados.

A resistência em Fartok havia convencido os líderes dos planetas daquele sistema que o Movimento seria capaz de manter os pacificadores longe de seus cidadãos. Mas eles insistiam que Beemote permanecesse em órbita até que a última tropa de pacificadores deixasse o último planeta, e Neria se recusava a ficar tão longe de Moya!

Propus que Rygel se juntasse a mesa de negociações para ajudar a convencer a Neria que Moya ficaria segura mesmo sem Beemote por perto. Como os dois são hynerians, falam o mesmo idioma!... E esta foi a primeira vez que Micky e eu discordamos abertamente.

_ Rygel não ajudaria nas negociações. Ele é egocêntrico demais... Só iria atrapalhar.

_ Micky, dê uma chance a ele! Tenho certeza que ele entenderá a situação...

Quando eu me preparava para chamar Rygel pelo comunicador, senti uma forte contração.

_ Opa!...

_ O que foi, Mary!

_ Acho que tem gente chegando!...

Senti outra contração, ainda mais forte, o que me obrigou a buscar o apoio dos braços Micky.

_ Crichton, chame Noranti e Zohram... O bebê está nascendo!

_ Minha nossa!... Agora?!!! NORANTI, AJUDE AQUI... O BEBÊ ESTÁ NASCENDO! CADÊ O AZULÃO DO ZOHRAM QUANDO SE PRECISA DELE?...

Os delegados ficaram confusos e foram avisados por John que a reunião ficaria para outra ocasião.

_ Pessoal, vamos conversar com Neria depois! Mas agora temos que fazer um parto, se não se importam.

_ Crichton, nossos planetas não podem ficar desprotegidos... Beemote deve ficar!

_ Tenho certeza, que nem os pacificadores nem os Scarranos vão se “meter a besta” com vocês por agora! Eles sabem o que aconteceu com Grayza... Tarnyn vai acompanhá-los até o hangar! Obrigado pela visita!

Quando eu gritei, John veio correndo e deixou os delegados com olhares assustados para trás.

_ Me desculpe, John. Mas parece que o bebê não está nem aí para diplomacia!

_ Fique calma, Mary! Vamos levá-la para o ambulatório...

_ Mas eu estou calma!!! Muito CALMA...

Minhas contrações estavam vindo em intervalos cada vez menores. Micky e John me levaram até o ambulatório improvisado, e Zohram, com as mãos cheias de toalhas e garrafinhas com líquidos coloridos expulsou todo mundo, exceto Noranti e Micky.

Zohram começou a recitar mantras e orações enquanto eu gritava...

_ NORANTI, FAÇA ZOHRAM PARAR COM ISSO!... NÃO ESTÁ AJUDAAAANDO!

Ele parou os mantras, tocou em minha cabeça e a dor diminuiu drasticamente. Nem perguntei como ele fez isso, mas agradeci!

_ Querida, está tudo bem!... O bebê está chegando! Agora... Empurre!

Eu apertava a mão de Micky tão forte que se ele fosse humano, eu já teria conseguido esmagar alguns ossos.

Nossa filha nasceu forte e com pulmões de dar inveja a uma soprano! Noranti a embrulhou em lençóis e a colocou sobre meu peito...

Viajar pelas estrelas é maravilhoso, mas ser mãe foi, e de longe, a sensação mais incrível que já tive em toda a minha vida!

John que ria como uma criança, beijou minha testa e abraçou o catatônico e sorridente Micky.

_ Bem vinda, pequena...

_ O nome dela é Camilly. O nome de minha avó, a astronauta pioneira de minha família!

Juro que neste momento senti toda a nave vibrar e zumbir... Parecia que Moya também estava dando as boas-vindas para Camilly, a filha de dois mundos!


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Notas finais do capítulo

Um bebê para alegrar a família...



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