Open Wound escrita por littlelindy


Capítulo 9
Um risco e suas consequências


Notas iniciais do capítulo

Oh quem voltoooou! E agora com um capítulo que acho que vai mexer com o coraçãozinho de vocês, aproveitem kkkkk



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O caminho até a casa de David foi tranquilo, mas silencioso. Sendo bem sincera, eu não sabia o que falar, ainda não tinha processado direito o que havia acontecido minutos atrás. Eu havia mesmo beijado Killian? Aliás, ele havia mesmo me beijado? Em alguns momentos, pude sentir que ele me olhava e, em outros, movimentava a boca como quem quisesse iniciar uma conversa, mas logo desistia. Durante esses tempos em que nossos olhares se encontravam e flagravam nosso desconforto e tentativas falhas de comunicação, apenas sorríamos e desviávamos o olhar novamente.

– Pronto, chegamos. – Killian disse estacionando o carro em frente à casa.
– Você vai comigo?
– Não acho uma boa ideia, David não quer falar comigo.
– Por favor. – pedi, pegando em sua mão. Eu precisava dele naquele momento. E, além disso, eu queria consertar as coisas entre os dois... já que era tudo minha culpa.
– Tudo bem. – disse, rendendo-se, com um sorriso.

Com meu notebook e o pendrive em mãos, fomos até a porta. Bastou apenas três batidas até que a porta fora aberta pelo próprio David, inclusive.

– Emma! Killian! – ele disse em tom sereno.
– Olha David, não viemos para brigar nós só--
– Eu preciso falar com os dois. – ele interrompeu a fala de Killian, convidando-nos para entrar em seguida.

Mary Margareth estava no sofá e nos recebeu com a mesma simpatia que eu vira no Grannys. Com Killian, claro, ela fora mais informal, dando-lhe um grande abraço. Ao cumprimenta-la, além dos dois beijinhos convencionais, disse apenas que era um prazer revê-la.

– Você quer falar com a gente? – perguntei, sentando-me no sofá com Jones, de frente para o casal.
– Sim. Olha... – ele suspirou – Eu quero pedir desculpas. Eu conversei muito com a Mary e, bom, ela está coberta de razão. Eu não posso despejar meu passado em você, Emma. Até porque você não fez isso quando chegou. E Killian, não posso te culpar pelos meus arrependimentos. Não posso te inserir nas minhas tentativas de consertar meus erros do passado.
– Ei, Dave. Tá tudo bem! – Killian disse, abraçando o amigo.
– É, está tudo bem. Nós podemos recomeçar? De novo? – disse para David, rindo.
– Nós precisamos parar com isso. – ele disse e me abraçou. Pude sentir, naquele momento, toda sinceridade e arrependimento que Nolan sentia, ele realmente estava se sobrecarregando com todos os acontecimentos. Não acredito que isso seja justificativa para a forma que ele havia me tratado ou por ter brigado com Killian, mas ver e sentir aquele remorso já era suficiente para mim.
– E nós vamos. Eu, inclusive, trouxe uma coisa pra você ver.
– O que?
– É um vídeo do meu tempo de escola com o Graham. Killian já viu.

E então, repetindo o processo feito mais cedo, mostrei a David as partes em que Graham aparecia. Mostrei, também, as imagens que havia retirado do vídeo.

– Eu odiava quando ele usava aquele cordão! – Mary Margareth disse, enfim, enquanto olhada para a imagem. Killian e eu nos entreolhamos, não vimos nada disso quando tentamos analisar.
– Qual cordão? – ele perguntou.
– Esse aqui! Aquele com uma cabeça de lobo. – ela disse, apontando para o pingente no peito de Graham.
– É... não temos dúvida mesmo agora. – David disse rindo, embora nervoso. Admirei aquele momento, ele estava tentando fazer brincadeiras com os últimos acontecimentos para aliviar, não só o clima do lugar, como também todos nós. E ele estava conseguindo.
– E tem mais, Dave.
– O que?
– Lembra que todo ano Graham ficava preocupado em o que fazer para Ruby no aniversário dela?
– Claro! Tem como esquecer? – ele riu, provavelmente lembrando das grandes histórias por trás disso – Mas onde isso se encaixa na história?
– Quando é o aniversário dela? – Killian perguntou.
– Eu não sei exatamente... agosto eu acho.
– Sim, é agosto! – Mary confirmou.
– O meu aniversário é no final de julho, mas ele nunca aparecia. Ele sempre dizia que estava viajando ou fora da cidade...
– ... enquanto na verdade ele estava aqui com a gente. – Killian completou e sorriu para mim.
– Sério? – David sorria, incrédulo – Meu Deus! Emma, eu sinto muito. Eu juro que sinto.
– Está tudo bem, David! – respondi rindo.
– E tem mais.
– Mais, Killian?
– Lembra quando ele nos contou sobre Nova York e sobre o tal do Neal e da Vevé?
– Lembro sim.
– Bom, a Emma é a Vevé e o Neal... – ele fez uma pausa, pude ver que ele apertou a mandíbula ou algo do tipo antes de continuar – ele era o noivo dela. Não na época do vídeo, claro, mas enfim... você entendeu.
– Entendi sim. – Mary Margareth disse com um sorriso travesso em seus lábios. Eu também havia entendido a insinuação dela e apenas corei, ainda mais por saber que, em partes, ela estava certa.
– Eu fico cada vez mais assustado com essa história! Mas, pelo menos, as coisas fazem sentido agora! – David sorria.
– Que tal nós jantarmos juntos e esquecer um pouco dessa história? Emma chegou na cidade e nós ainda não tivemos nem cinco minutos juntas! Qual é, ela fica com meus dois meninos o dia inteiro e eu nunca conversei com ela? – ela brincou fazendo-nos rir.
– Eu não sei, Mary. Depende do Killian.
– Depende do Killian? – David perguntou franzindo a testa.
– Não desse jeito, do outro jeito. Quer dizer, de jeito nenhum! – disse nervosa. – Eu só estou de carona, ok?
– Se você quiser nós podemos ficar. Por mim tudo bem.
– Mesmo?
– Sim. – Killian sorriu. E estava lindo, com as mãos nos bolsos da calça, apesar de se demonstrar nervoso também.
– Ótimo! Vou servir, espero que gostem da comida.
– Opa, ainda bem que eu vim com fome! – Killian brincou esfregando a barriga.

O jantar foi incrível e muito divertido. Mary Margareth e eu não parávamos de falar, éramos tão parecidas que me deixara encantada com a ideia de tê-la como minha primeira amiga ali. E, pelo ditado, quando o assunto é bom, o tempo voa. Já estava bem tarde e precisávamos ir.

– Obrigado pelo jantar, M. – Killian disse a abraçando de lado.
– Imagina! Podem voltar sempre que quiser... os dois. – ela sorriu travessa mais uma vez, fazendo-me sorrir sem jeito.
– Muito obrigada, Mary, estava ótimo! E David... obrigada pela conversa.
– Eu que agradeço, de verdade. Amanhã recomeçaremos... juntos.
– Certo. Agora nós precisamos ir, tenho que deixar uma certa moça em casa. – Killian disse com sorriso nos lábios e arqueando aquela maldita sobrancelha. Aquilo tinha vida própria?

Fomos em direção ao carro, mas Killian pôs-se em minha frente, abrindo a porta para que eu entrasse. Um cavalheiro! Logo ele entrou no carro e seguimos no mesmo esquema silencioso da ida. Entretanto, assim que ele ligou o rádio, começou a tocar uma seleção de músicas antigas, sendo a primeira Pocketful Of Sunshine da Natasha Bedingfield. Nessa hora, nos entreolhamos com o riso guardado em nossos lábios, mas não nos seguramos. O carro, antes silencioso, agora se enchia com o som de nossas gargalhadas.

– Eu não acredito que estão tocando essa música!
– Vai lá, Swan! – ele disse com um sorriso no rosto enquanto aumentava o som.
– Não sem você, Jones. – o desafiei.

Logo em seguida, parados em um sinal, estávamos nós dois cantando (ou gritando, como preferir) os versos do refrão. Quando não estávamos os dois berrando, um seguia para o outro rir.

TAKE ME AWAY, A SECRET PLACE / A SWEET ESCAPE, TAKE ME AWAY! – cantei.
TAKE ME AWAY, TO BETTER DAYS / TAKE ME AWAY, A HIDING PLACE! – ele completou e nós caimos na gargalhada novamente. O sinal se abriu e ele continuou a dirigir.
– Eu adoro essa música!
– Ela é aquele tipo de música que você escuta uma vez e fala “meu Deus, não!” mas ela simplesmente não sai da sua cabeça. – ele disse rindo. – E a culpa é sua.
– Minha?
– Sim, pelo filme.
– Mas você escolheu!
– Eu sei, só estou tentando inverter a culpa ok?
– Idiota. – disse rindo e bati em seu ombro.

Logo chegamos ao hotel da vovó e, estranhamente, ele saiu do carro junto comigo. Ele estava encostado no carro, enquanto eu estava de frente para ele.

– Obrigada, Killian. Pela conversa, pela carona, pelo dia...
– Eu que tenho que te agradecer, de verdade. Desde que você chegou eu estou me sentindo mais “eu”, entende? É bom estar ao seu lado. – disse olhando em meus olhos.
– É bom saber que te faço bem! – sorri. – Você também me faz bem, chefe. – brinquei.
– Bom... – ele pegou minhas mãos, apertando-as suavemente – Até onde eu sei, existe um clichê enorme em funcionárias que beijam os chefes não é?

Maldita sobrancelha.

– E é um clichê ainda maior o chefe beijar a funcionária e, depois, colocar a culpa nela.
– Eu jamais colocarei a culpa em você. Por nada.
– Eu... eu preciso ir, Killian. Boa noite... e obrigada de novo. – sorri enquanto soltava nossas mãos e me afastava. Meu coração estava a mil e Killian Jones era uma espécie de vírus que invadira meu cérebro pro completo.

Ao entrar no quarto percebi que havia esquecido meu notebook e o pendrive no carro. Abri a porta rapidamente para conseguir encontrá-lo lá em baixo, mas parei bruscamente ao vê-lo ali parado, com a mão suspensa para tocar a campanhia.

– O que faz aqui? – perguntei surpresa.
– Você esqueceu suas coisas no carro. – ele disse entrando com meu notebook e pendrive em mãos, deixando-os na cama.
– Oh, era isso que eu estava indo fazer. – disse rindo – Obrigada.
– Mas não foi só isso que você esqueceu.
– Não? – perguntei confusa.
– Não. – Killian, então, puxou-me pela cintura e beijou-me mais uma vez. Logo sua língua pedira passagem e, sem pensar, cedi, dando início a um beijo cheio de desejo. Minhas mãos já estavam em seu pescoço e ele acariciava toda extensão das minhas costas e, em alguns momentos, minha nuca e orelha. Após certo tempo, cessamos o beijo e encostamos nossas cabeças, em silêncio.
– Eu... me desculpa, Emma.
– Não.
– Não? – ele abriu os olhos, encarando-me.
– Não há precisão.

Dessa vez, eu o havia puxado para o beijo. Ele, então, encostou-me na parede, prendendo meus braços enquanto beijava-me de forma intensa. Sua língua explorava cada canto de minha boca e, de forma delicada, ele soltara meus braços e acariciava, agora, meus cabelos. Eu aproveitava cada segundo daquele beijo, amava a maneira como nossas línguas pareciam dançar num mesmo ritmo; este, portanto, sentido por todo corpo. Eu passava uma de minhas mãos por seu cabelo, puxando-o, enquanto a outra mão parecia estar grudada em seu abdome. Eu não poderia me deixar levar dessa vez, era errado. Assim que recuperei minha consciência, parei o beijo bruscamente.

– Isso... isso é errado.
– É um risco que estou disposto a pagar pelas consequências. – ele disse com o rosto bem próximo ao meu, causando-me arrepios. – Você não?


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Notas finais do capítulo

E então gostaram? Vocês estariam dispostas a correr esse risco? Eu estaria e TOTALMENTE ainda kkkkkkkkkkk comentem



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