Open Wound escrita por littlelindy


Capítulo 6
A primeira briga


Notas iniciais do capítulo

Olá galera! Tudo bom? Então, como prometido, mais uma capítulo para vocês!



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Assim que amanheceu tratei de me apressar para chegar no horário que havia marcado com Killian. Afinal, eu não poderia chegar atrasada logo em meu primeiro dia, não é? Não sabia ao certo o que usar, então, optei pelo usual: minha calça e bota — ambas pretas —, uma blusa de frio em lã branca e um cachecol vermelho. Sai do quarto e fui ao Granny’s comprar meu café, iria tomá-lo na delegacia pois levaria o café de Killian também. Quando cheguei, ele já estava em sua mesa revisando alguns relatórios e sequer notou quando entrei.

— Eu acho que se eu fosse um ladrão, assassino ou qualquer coisa, você seria o serviço mais fácil de todos. - disse, enfim, fazendo-o pular na cadeira de susto.
— Ei!!! Sabia que você poderia matar alguém desse jeito? - brincou.
— Do jeito assassino, vulgo, vítima lesada ou pelo susto? - disse rindo.
— Os dois, ok? Bom dia! - sorriu.
— Bom dia, Jones! E ei, trouxe seu café. - disse entregando para ele o copo.
— Uau, quando você disse que poderia pensar sobre me trazer café do Granny’s não achei que pensaria tão rápido. Quanta eficiência! - riu.
— Tire sarro mais uma vez e eu te faço queimar a língua com esse café, Jones.
— E agora ela é perigosa? Hm, vejamos, garota misteriosa de Nova York ameaça xerife… Soa uma boa matéria não é?
— Que engraçado, Jones. Muito engraçado. - disse cerrando os olhos e cruzando os braços - Então me fez acordar cedo pra vir ser acusada de te ameaçar?
— Talvez… - riu. - Brincadeira. Então… você poderia olhar a segunda gaveta do armário do seu lado? Tenho vários papéis ai e muitos fora da ordem e data. Poderia organizá-los pra mim? Tenho que revisar esses últimos relatórios.
— Segunda gaveta, certo. Sem problemas.

Depois disso fez-se aquele silêncio incômodo. Em alguns momentos senti que ele queria me dizer algo e parecia escolher palavras, mas logo desistia. O silêncio, felizmente, fora interrompido quando David chegou. Mais uma vez.

— Bom dia! - disse entrando e parando subitamente ao me ver - Emma? O que faz aqui?
— Oh, Killian me contratou. Como… secretária… dele. - tentei dizer cuidadosamente e tive a leve impressão que falhei em minha missão ao ver Killian rindo.
— É, Dave. Ela vai me ajudar com a papelada que VOCÊ deixou acumular.
— A qual é, eu não deixei nada! Mas, enfim, ótimo você trabalhar aqui, Emma. Bom que podemos nos conhecer melhor.

O modo como David pronunciou o “conhecer” em sua frase foi bem estranho. Não sei ao certo o que ele queria dizer com aquilo (e se queria dizer) ou o motivo, resolvi, então, ignorar pois deveria ser coisa da minha cabeça. Eram menos de nove horas da manhã! E todos que me conhecem sabem: antes das nove horas, Emma Swan não existe, apenas está presente em corpo.

— Sim. - eu disse após um tempo. - Adoraria ouvir mais histórias do Graham.
— Acharia justo você nos contar algumas histórias dessa vez. Já contamos tantas ontem… - David disse e, novamente, eu me senti incomodada com a forma que falava.
— Oh, hm, claro. O que querem saber?
— Eu acho que voc…
— Como vocês se conheceram? - Killian disse rapidamente, interrompendo David. E, mesmo naquele momento tenso e estranho, eu não pude evitar um sorriso ao pensar na resposta.
— Bom, nós tínhamos 11 anos. Ele era um garoto popular e eu era só mais uma qualquer da escola. Certo dia algo aconteceu e ele estava sozinho. Eu também estava, minhas amigas estavam com os namoradinhos.
— E você não tinha um?
— Não. Eu nunca fui a garota mais atraente do grupo, David. E pra piorar minha situação eu ainda não me importava com roupas, maquiagem, etc. Eu era bem moleca! - sorri. - Enfim, ele estava sozinho e triste sentado em um lugar que eu costumava ficar quando estava sozinha. E então aconteceu, nós simplesmente começamos a conversar. Antes nós havíamos nos encontrado pelos corredores e tudo mais, mas nunca chegamos a conversar.
— Por que ele estava triste? - Killian perguntou.
— Eu não sei… não viramos amigos rapidamente e, quando éramos, eu nem me lembrei de perguntar o motivo. Só sei que daquele dia em diante, o Graham mudou completamente: não andava mais rodeado de amigos, mal sorria ou falava. Até que ele saiu da escola.
— E vocês continuaram a amizade?
— Sim. Para minha surpresa sim. - sorri. - Foi como se ele tivesse abandonado todo mundo, menos eu.
— Entendo… mas você disse que vocês ficaram muito tempo sem se falar. Por que?
— Ah David, ele sempre sumia. Sempre desmarcava compromissos que ele mesmo pedia que eu marcasse e a culpa sempre ia para mim.
— Como assim? - Killian perguntou enquanto guardava uma das pilhas de papel numa gaveta da mesa.
— Começaram com acusações pequenas tipo “ele não veio porque você disse algo que o fez desistir” ou “você não marcou nada”. E então passaram para acusações mais sérias, como se ele não tivesse existido, como se eu tivesse inventado a existência dele.
— Mas então como essas pessoas conheciam ele? - David questionou.
— Ele conversava com elas por internet. Alguns por telefone também.
— Isso tudo é bem estranho…
— Sim. Eu sei, é por isso que estou aqui. Eu preciso de respostas, David. Eu não consigo mais conviver com essas dúvidas.
— Eu imagino… Há quanto tempo vocês eram amigos?
— Uns dez anos. E então nos separamos... até eu descobrir a morte dele, dois anos atrás.
— Compreendo… deve ser complicado para você não é?
— Você não faz ideia, David.
— Bom, pode nos contar mais coisas depois? Preciso ir com o Killian nas docas, Sr. Smee ligou novamente.
— Claro! É o mínimo que posso fazer depois de tudo o que vocês me disseram.
— Eu adoraria ouvir! - disse Killian pegando as chaves do carro e saindo com David, levantando a mão em despedida e dizendo “até logo”.

Enquanto estava sozinha não pude evitar os pensamentos sobre a forma como David estava me tratando. Sim, eu sei que nos conhecemos a um dia, mas ele fora tão solidário no dia anterior (se excluirmos a parte da apresentação, claro). E ali, sozinha, no lugar onde Graham passou boa parte dos seus últimos dias, senti uma vontade imensa de vasculhar todos os cantos... mas eu não poderia. Eu não queria estragar tudo naquele momento, eu estava apenas começando. Killian e David iriam confiar em mim, eu sei disso. Eles mesmos iriam me mostrar todas as coisas, eu não podia esperar uma aceitação e confiança fácil deles. Não era justo ou lógico. Resolvi, então, expulsar todos os pensamentos negativos e focar apenas aqueles que me traziam esperança. E, além de tudo, eu tinha uma gaveta bem bagunçada para organizar.

Killian P.O.V

Na manhã seguinte ao “incidente Emma Swan” resolvi chegar mais cedo, pensar em como agiria na presença dela e ao menos tentar não me deixar levar pela insegurança. Emma não poderia ser uma má pessoa, ela não poderia estar fingindo tudo aquilo. O que ela ganharia sabendo da vida de Graham? Não há nada para que alguém pudesse tirar lucro em cima disso. E ela era tão dócil, tão sensível e, ao mesmo tempo, tão firme e guerreira. Eu pude ver em seus olhos ontem, enquanto ela olhava o álbum de fotos, o quão verdadeira ela estava sendo. Mas o que dizer, então, de Graham nunca ter mencionado qualquer coisa sobre ela? Se eles eram tão amigos, por qual motivo ele nunca tinha sequer citado seu nome?

— Eu acho que se eu fosse um ladrão, assassino ou qualquer coisa, você seria o serviço mais fácil de todos. - ela disse por trás de mim, fazendo-me pular de susto na cadeira. Eu estava tão perdido em meus pensamentos que não a ouvir chegar.
— Ei!!! Sabia que você poderia matar alguém desse jeito? - brinquei.
— Do jeito assassino, vulgo, vítima lesada ou pelo susto? - ela disse rindo.
— Os dois, ok? Bom dia! - sorri em cumprimento.
— Bom dia, Jones! E ei, trouxe seu café. - disse entregando-me o copo.
— Uau, quando você disse que poderia pensar sobre me trazer café do Granny’s não achei que pensaria tão rápido. Quanta eficiência! - disse de forma divertida.
— Tire sarro mais uma vez e eu te faço queimar a língua com esse café, Jones.

Ela, definitivamente, não era uma má pessoa. Ela ainda havia chegado no horário marcado e se importou bastante com a tarefa que iria desempenhar ali. Pedi para que ela organizasse uma das gavetas que estavam atrás dela, David tinha o grande dom de deixar acumular organizações. Ele era um excelente xerife para a cidade, mas pecava no quesito administração pois pilhas de papéis estavam, geralmente, espalhadas pelo escritório sem ordem alguma. E, quando era necessário encontrar algum documento, ele precisava de uns bons dias para encontrá-lo. Emma demonstrou-se bem paciente no dia anterior me ajudando a separar alguns papéis, ela seria extremamente útil para nós dois ali na delegacia. Afinal, quando um toque feminino pode ser negativo em um lugar?

O que me incomodou foi o silêncio que ficou entre nós dois, de novo, enquanto estávamos sozinhos na delegacia. E isso fora interrompido, mais uma vez, pela chegada de David. Inclusive, isso também fora algo estranho e incômodo: ele estava totalmente diferente, sua face demonstrava certa preocupação, a julgar pela testa franzida e, também, pelo modo que falava com Emma.

— Adoraria ouvir mais histórias do Graham. - Emma disse, após confirmar que trabalharia conosco na delegacia.
— Acharia justo você nos contar algumas histórias dessa vez. Já contamos tantas ontem… - David disse em tom bem provocativo.
— Oh, hm, claro. O que querem saber?
— Eu acho que voc…
— Como vocês se conheceram? - me apressei para interromper a pergunta de David. Eu não podia deixá-lo ofender Emma, não depois de apenas um dia convivendo com ela. Se ele suspeitava dela, ele deveria ser cauteloso e não apenas julgá-la. Não era honroso. E, mesmo que de forma nervosa, ela ainda conseguiu esboçar um sorriso antes de responder.

A história que Emma nos contava era bem distinta da que conhecíamos, mas Graham não era perto e não acredito que alguém sairia de Nova York para ir ao interior do Maine apenas para mentir. Havia algo errado, isso era minha única certeza, mas talvez esse erro não fosse Emma.

— Bom, pode nos contar mais coisas depois? Preciso ir com o Killian nas docas, Sr. Smee ligou novamente. - David disse.
— Claro! É o mínimo que posso fazer depois de tudo o que vocês me disseram.
— Eu adoraria ouvir! - eu disse enquanto pegava as chaves do carro e saia com David. Acenei para ela em despedida antes de sair. - Até logo, Swan.

Enquanto saíamos do prédio, David não disse uma única palavra e fora andando, ainda, com passos largos e bem na minha frente. Chegando próximo ao carro eu não aguentei mais aquele silêncio e o chamei.

— David. - chamei, mas ele não parou. - DAVID! - gritei dessa vez, fazendo-o parar e olhar para trás - O que tá acontecendo? Sr. Smee não nos chamou porcaria nenhuma, todo mundo sabe que ele ainda não voltou da viagem que fez mês passado.
— Eu não consigo Killian. Não consigo olhar para ela. E um estacionamento não é lugar para ter essa conversa.
— Agora nós temos lugar para conversar? Fala logo.
— Eu não consigo acreditar nessa mulher! Qual é, Killian, só você caiu nessa de melhor amiga do Graham. Como ele nunca nos contou sobre ela? Por que só agora ela resolve vir procurar ele?
— Eu sei, eu sei que tudo está estranho, Dave. Mas... eu não acredito que ela seja uma pessoa ruim.
— Pelo amor de Deus, Killian. Coloca a mão na consciência! O que te faz pensar que ela é uma boa pessoa?
— Ontem ela chorou, sorriu e sentiu algo forte quando viu as imagens do Graham com a gente. Você mesmo disse que, antes das fotos, ela disse muitas coisas que bateram com a nossa versão.
— E muitas diferentes também.
— Eu sei. O Graham que ela conheceu não foi o mesmo que nós conhecemos, não no modo de agir pelo menos. Eu entendo que você esteja inseguro e desconfiado e, acredite, eu também estou.
— Ah, jura? Não parece. - disse em tom sarcástico.
— Quem é você agora pra julgar o que parece ou não? Eu acho que da última vez que você se disse “certo” de algo deu tudo errado, não é? - disse nervoso. Eu não estava suportando mais a forma como David estava agindo, ele sempre achava que estava certo das coisas e sequer se importava em ouvir os outros. Não fazia nem um dia que Emma estava ali e ele já tinha dado seu veredito? Ele já tinha chegado a mil conclusões? Nós falamos o tempo inteiro de Graham, ela falou hoje pela primeira vez e não foi nem por cinco minutos.

Eu estava bem nervoso, especialmente por David, mas também pode não saber ainda o que pensar sobre Emma. Ele ainda não havia respondido, apenas me encarava. Dei as costas para ele e fui andando até as docas. Olhar para o mar me acalmava, me fazia lembrar dos bons tempos com meus pais, meus amigos e isso, claro, incluía Graham. Eu estava de pé apoiado nas grades quando ouvi alguns passos vindo em minha direção.

— Eu sabia que você viria até aqui. - David disse, apoiando-se na grade ao meu lado.
— E eu sabia que você viria atrás de mim.
— Killian... me desculpa.
— Não tem o que desculpar. Eu só quero que você entenda que eu também não sei o que pensar dela, eu estou confuso. - suspirei - Lembra quando Graham nos contou sobre Nova York?
— Sim, lembro.
— Ele nos disse como era lá, descreveu o que fazia e tudo mais. Disse sobre um tal de Neal e uma Vevé. Nada de Emma. Você acha que isso não fica na minha cabeça? Você acha que eu não penso nisso?
— Eu sei, é só que... nada faz sentido, Killian! Ela diz como se Graham tivesse vindo para cá há dois anos e eu e você sabemos bem que não é verdade. Conhecemos ele desde criança.
— Eu também já pensei nisso.
— Então. Não há nada que prove a inocência dessa “Emma Swan”. Não podemos nem afirmar que os sorrisos e as lágrimas foram verdadeiras.
— Você não pode julgar as pessoas assim. Não pode chegar a uma conclusão depois de um dia.
— E você tem algum argumento pró Emma?
— Não muitos, mas tenho um contra sua atitude.
— Você não vai jogar isso na minha cara de novo! - David disse, alterando o tom de voz. Ele iria ficar furioso comigo, mas eu não podia viver aquilo de novo.
— Vou. Enquanto você insistir em cometer o mesmo erro eu vou sim. - me endireitei e fiquei de frente para David, queria que ele ouvisse aquilo e olhasse em meus olhos para ver o quão sincero eu estava sendo.
— Então é assim? Uma garota chega e o meu “melhor amigo” resolve me dar as costas? - David disse gritando comigo dando-me alguns empurrões também. Eu não iria me render às atitudes infantis dele, não de novo. Não revidei nenhum dos empurrões, por mais que quisesse muito, confesso.
— Não. - segurei suas mãos, impedindo que ele me empurrasse novamente. - Uma garota aparece, alguém novo aparece e meu “melhor amigo” começa a ir pelo mesmo caminho. Entenda só uma coisa: eu também não confio 100% nela, não sei se um dia vou, mas eu preciso ouvir. Eu preciso pensar. Não existe certeza nenhuma após um dia. NENHUMA. Graham pagou caro demais pela sua certeza não acha não? E eu fui na sua onda, eu acreditei em você. Eu acreditei na sua certeza! E desde que “essa garota” chegou aqui você não me deu um voto de confiança sequer. Eu NÃO vou cometer o mesmo erro que você. Não de novo.

Após liberar tudo o que havia dentro de mim, embora chateado por brigar com David, voltei à delegacia. Antes de entrar, observei Emma que sequer me notou ali. Ela estava terminando de organizar a gaveta: não parava para ler nenhum dos relatórios (o que é bem tentador, experiência própria), apenas os separava em pilhas diferentes. Depois de um tempo a observando resolvi entrar.

— E então, tudo bem com o Sr. Smee?
— Sim, foi hm... um trote. - menti. - Smee nem está na cidade.
— Ei... - ela disse, colocando a mão em meu ombro - eu sei que você não está me falando a verdade, até porque David não voltou junto com você. Você não precisa me dar satisfação de nada, eu só perguntei por educação. - sorriu delicadamente.

Emma era sincera, ou pelo menos demonstrava ser. Se ela estivesse mentindo para mim acho que poderíamos dar a ela um Oscar, ninguém jamais teria uma atuação tão incrível como aquela. Quando ela tocou em meu ombro era como se um pedaço de seda estivesse passando por uma pedra. Talvez ali ela teve a confirmação da minha mentira. Eu não queria continuar ali, não conseguia mais trabalhar. Eu só queria ir para casa e pensar. Juntar todos os pedaços desse quebra-cabeça enorme que Emma Swan trouxe para minha vida.

— Olha, se quiser ir embora, eu fico aqui. Espero David e posso fechar também. - ela disse.
— David não vem mais, eu acho.
— Então vai pra casa, eu já estou terminando também.
— Você se importaria se eu aceitasse? Eu não estou com cabeça para trabalhar hoje.
— Imagina! Fique bem e qualquer coisa você pode me procurar. - sorriu. Após agradecer Emma, peguei as chaves de casa que havia deixado na gaveta, minha mochila e sai.

Emma P.O.V.

Killian e David estavam demorando para chegar, fiquei preocupada. Eles haviam sido tão legais comigo, gostava deles, apesar de achar que David não ia muito com a minha cara. Isso não significa que eu seria fria o suficiente para não me importar com a segurança deles. Não iria ligar pois, além de não ter o número deles, não tinha tanta intimidade para ligá-los enquanto estavam em serviço. Resolvi, então, focar em minha tarefa.

Precisava separar os relatórios por mês e data, iria demorar um pouco apenas pela quantidade, mas era uma tarefa bem simples. Antes de começar, porém, liguei para Ruby pedindo rosquinhas e chá, não iria conseguir parar para comer.

Me distrai tanto com a tarefa que não notei quando Killian voltou. Era fácil se desligar do mundo com aqueles relatórios, acredito que o mesmo tinha acontecido com ele quando eu o assustei pela manhã.

— E então, tudo bem com o Sr. Smee? - perguntei preocupada, percebendo a ausência de David.
— Sim, foi hm... um trote. Smee nem está na cidade. - ele disse e, claramente, estava mentindo. Ele não me olhava e parecia nervoso.
— Ei... - disse colocando a mão no ombro dele, tentando transmitir segurança - eu sei que você não está me falando a verdade, até porque David não voltou junto com você. Você não precisa me dar satisfação de nada, eu só perguntei por educação. - tentei sorrir docilmente para ele.

Quando toquei no ombro de Killian pude sentir toda tensão que ele acumulava. Seus músculos estavam duros feito pedra e relativamente contraídos, mas quando o toquei pareceu que eles entraram em tétano perfeito. Isso apenas confirmou a minha suspeita de que ele estava mentindo. Percebendo, então, a tensão de Killian decidi ajudá-lo. Eu não tinha nada para fazer, poderia tomar conta da delegacia até terminar ou até que David chegasse.

— Olha, se quiser ir embora, eu fico aqui. Espero David e posso fechar também. - sugeri.
— David não vem mais, eu acho.
— Então vai pra casa, eu já estou terminando também.
— Você se importaria se eu aceitasse? Eu não estou com cabeça para trabalhar hoje. - pude ver, ali, que ele estava sendo completamente sincero. Seja lá o que tivesse acontecido, isso havia o afetado imensamente.
— Imagina! Fique bem e qualquer coisa você pode me procurar. - sorri em apoio.
— Obrigado, Swan. - disse, pegando umas chaves na gaveta, a mochila e saindo em silêncio.

David realmente não apareceu na delegacia o resto do dia. Após terminar minha tarefa resolvi ficar por mais uma hora apenas para ter certeza de que se o telefone tocasse alguém estaria ali para atender. Ninguém ligou. Depois de sair da delegacia, passei no Granny’s e encontrei Regina com o marido, Robin, e o filho Roland. Fiquei ali com eles conversando por um bom tempo, contei que estava trabalhando na delegacia com Killian e David e que a minha busca por Graham estagnou.

Quando estava preparando para sair, vi David entrando com sua esposa. Não sabia o que fazer, portanto, fui até eles sorrindo da maneira mais sincera que consegui, embora estivesse preocupada.

— Olá, David!
— Oi, Emma. - disse rapidamente, suspirou e continuou - Essa é minha esposa, Mary Margareth.
— Olá, tudo bom? - sorri, cumprimentando-a. - Ouvi muito sobre você, é um prazer conhecê-la.
— Oi, Emma. É um prazer conhecê-la também. - ela sorria de maneira simpática.
— E então, David, fiquei sabendo sobre o trote com o Sr. Smee. Está tudo bem com você? Você não voltou pra delegacia e eu fiquei preocupada.
— Está tudo bem, obrigado. Killian está aonde?
— Não sei. Ele saiu mais cedo, aconteceu alguma coisa?
— Amor, você não me disse que brigou com Killian. - Mary Margareth perguntou encarando-o e esboçando preocupação.
— Deixa isso para lá. Vamos, Regina está ali nos esperando. Até mais, Emma. - ele sequer deixou que eu me despedisse, pegou nas mãos da esposa e a puxou para o encontro de Regina.

Eu não sabia o que havia acontecido, o que eu tinha feito para David me tratar daquela forma ou o motivo da briga de Killian e David. Suspeitava, apenas que eu estava envolvida em todas essas situações de alguma forma. Killian estava triste e eu provavelmente era responsável por parte disso, não era justo. Sai do Granny’s e passei no supermercado para comprar algumas coisas. Após a compra, fui para a casa de Killian. Devo admitir que foi bem fácil saber onde ele morava, bastou perguntar para a primeira pessoa (o segurança do supermercado, no caso) e pronto, endereço em mãos.

Chegando lá, bati três vezes antes de Killian abrir. Ele estava com os cabelos molhados e bagunçados, usava moletom e, provavelmente, estava deitado.

— Emma? O que faz aqui? - perguntou surpreso.
— Acabei de ver David e conclui que algo bem sério aconteceu com vocês dois. E bom, eu sinto que estou envolvida nisso. Então eu resolvi ajudar. - levantei minhas mãos mostrando-o o que havia comprado. Em minha mão direita estava uma garrafa de vodca e na esquerda um pote de sorvete. Sorri de maneira a diverti-lo antes de continuar a falar. - Bom... às vezes os clichês ajudam. Aceita?
— É claro, entra! - disse sorrindo e dando passagem para que eu entrasse. Antes de fechar a porta pude ouvi-lo soltando uma leve risada e balançando a cabeça. É, eu estava fazendo a coisa certa.


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Notas finais do capítulo

E então o que acharam?? Comentem ♥

PS.: como essa fic é CS, acho bacana eu divulgar fics que eu goste de outros ships ou até mesmo de Captain Swan aqui. Essa semana indico a fic "Hello, dear husband!" Outlaw Wicked do Eliaquim. http://fanfiction.com.br/historia/613127/Hello_dear_husband/



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