Open Wound escrita por littlelindy


Capítulo 5
Divergências


Notas iniciais do capítulo

Alô comunidadeeee! Mais um capítulo saindo, agora, passando essa parte inicial, eu vou postar um capítulo por semana pra dar mais tempo de elaborar e revisar tudo ok?



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Acordei com um feixe de luz atravessando as cortinas. Eram oito horas e, pela vista da janela, a neblina denunciava o frio que fazia na cidade. Eu iria gostar da minha estadia por aqui, Storybrooke tem seu charme devo admito. Peguei minha calça preta, bota e uma blusa de manga cinza, por cima vesti-me com meu casaco azul marinho escuro. Antes de qualquer coisa, precisava ir ao Granny’s tomar café e conversar um pouco, conhecer as pessoas dali. Depois, então, iria à delegacia.

Permaneci no restaurante por incríveis duas horas, é engraçado como pessoas do interior têm facilidade em conversar e fazer amigos. Regina tinha razão, eu iria conhecer todos rapidamente. Sai de lá e fui correndo à delegacia, não sabia ao certo o que falar ou perguntar, por isso, demorei um pouco para entrar. Fiquei parada na porta por algum tempo até ser notada.

— Olá, bom dia! Em que posso ajudar a senhorita? - disse o homem vindo em minha direção. Era um homem muito bonito, cabelos cor de mel, alto e forte. Muito bonito mesmo, é válido frisar isso mais uma vez.
— Olá! Sou Emma Swan, nova na cidade. - disse sorrindo. - A prefeita, Regina M… - disse gesticulando tentando lembrar o sobrenome de Regina.
— Mills! - ele completou rindo.
— Isso, Regina Mills. - retribui o riso - Bom, ela me orientou para vir aqui. Sou de Nova York, mas meu melhor amigo passou seus últimos dias por aqui e eu queria muito saber se você possui melhores informações sobre ele. Seu nome era Graham Humbert.
— Bom, primeiramente, sou David Nolan, prazer em conhecê-la, senhorita Swan. - disse estendendo-me a mão, a qual apertei em um leve cumprimento - Sei bem quem era Graham, um de meus melhores amigos também, trabalhava aqui até que…
— Ele morreu. - o interrompi sutilmente.
— Sim… Foi um grande choque para todos na cidade, tudo pareceu bem misterioso, entende?

Revirei os olhos. Aquilo de novo? Sério? Isso só podia ser algum tipo de brincadeira de muito mau gosto.

— Sério? De novo isso? Qual é, Graham, me ajuda! - disse olhando pra cima, como se conversasse com ele - Você não podia ser um pouquinho mais transparente na vida não?
— Ham? Como assim? Não! Graham era o cara mais limpo, pacífico e honesto que eu conheci, deve ser uma das características que ele preservou de quando saiu da Carolina do Norte.
— Carolina do Norte?
— É… Ele nasceu lá. Você como melhor amiga deveria saber disso, senhorita Swan. - disse desconfiado, cruzando os braços.
— Oi? E… OI? - disse espantada. - Nada do que você disse fez sentido. Graham não era da Carolina do Norte, ele era de Nova York, sempre foi.
— Nova York? Deixe-me explicar uma coisa, senhorita Swan, não é porque somos de uma cidade pequena no interior do Maine que pessoas podem vir aqui e tentar dobrar nosso sistema para arrancar informações. Portanto, eu sugiro que a senhorita comece a falar agora mesmo o que realmente deseja.
— Eu já disse! Por Deus, qual seu problema comigo? Vou falar novamente: sou Emma Swan, melhor amiga de Graham Humbert. Não, ele não era da Carolina do Norte, ele era de Nova York, onde nos conhecemos. Ele sumiu, mudou-se pra cá. Não sei de mais nada. - suspirei fundo, tentando me acalmar um pouco - Por isso vim buscar informações sobre ele, quero saber o que aconteceu, porque sumiu, como morreu...
— E porque eu deveria acreditar no que me diz?

Eu já estava ficando mais do que impaciente com aquela conversa. Eu consigo entender David e seu comportamento, parecia loucura aquilo que eu estava fazendo e falando, mas a sensação de você dizer a verdade e não acreditarem em você é a pior de todas.

— Mas você deveria, Dave.

Dessa vez a voz veio de alguém atrás de mim: era Killian. Eu nunca estive tão feliz por alguém dizer isso antes. Embora, obviamente, estivesse falando a verdade, David (uma autoridade) não acreditar em mim me causaria alguns problemas.

— Como assim, Killian? - disse David confuso.
— Eu a vi chegar ontem. Disse a mesma coisa para a Regina. Foi sincera no que disse, acredite.
— Acreditar por que você disse para fazer ou por que ela realmente foi verdadeira?
— Ela realmente foi verdadeira. E mesmo que fosse só pela minha palavra eu acho que mereço um voto de confiança, não?
— Desculpa interromper a discussão de vocês, rapazes, eu só queria informar que eu ainda estou aqui ok? - disse entrando na conversa dos dois que pareciam ter esquecido que eu estava entre eles, fisicamente inclusive.
— Ok, você venceu Killian Jones. - suspirou - Então, podemos recomeçar? - David disse, enfim, para mim.
— Seria maravilhoso… - sorri aliviada - Emma Swan, de Nova York. - estendi a mão em cumprimento.
— Xerife David Nolan. - disse apertando minha mão de leve.
— Ótimo, Killian Jones aqui. Bom dia, pessoal! - disse em tom de brincadeira, fazendo-nos rir.
— Bom dia, Killian. - disse sorrindo.
— Bom dia, Swan. - disse retribuindo o sorriso.

Depois disso nos sentamos nas poltronas da delegacia e começamos a conversar. Enquanto David me fazia algumas [várias] perguntas e contava quando Graham havia chegado, como havia se tornado xerife e tudo mais, Killian fora ao Granny’s pegar café e rosquinhas.

— Espera. Então, segundo o que você disse, Graham veio para Storybrooke porque seus pais haviam falecido?
— Sim.
— Mas isso é mentira. Dylan e Georgina ainda estão vivos, estão separados, mas ainda estão vivos. E, mais uma vez, não são da Carolina do Norte.
— Eu não consigo acreditar que ele tenha mentido pra todos nós… - disse desapontado enquanto Killian chegava com nossas bebidas e rosquinhas.

— Então, Graham mentiu pra gente?
— Não sei, Killian. A versão da Emma é bem diferente da nossa. Idade, data de nascimento, características físicas, tudo isso bate até o momento. Mas em outras coisas, como cidade natal e a relação com os parentes, as histórias se diferem bastante.
— Ele pode ter mentido para mim, também. Não para vocês. - sugeri.
— Vocês tem certeza que estão falando da mesma pessoa? - questionou Killian.
— É bem provável que sim. - respondi.
— Provável? Dave, você não mostrou nenhuma foto pra comprovar? - disse incrédulo.
— Não… Ela o descreveu bem.
— Espera… Killian tem razão, eu fiquei anos sem falar com ele. Eu o descrevi como ele estava em Nova York, não em Storybrooke. A gente poderia fazer isso o dia inteiro que andaríamos em círculos. Precisamos de uma foto.
— Certo, vocês tem razão. Eu tenho algumas fotos dele em casa, vou buscar e já volto. Podem me esperar?
— Dave, só pra lembrar: eu trabalho aqui. E espero que não se esqueça disso no dia do pagamento. - disse ao companheiro, me fazendo rir.
— Eu te pedi a foto, então…
— Ok, volto logo! E sério Killy? Juro que não sabia, obrigada por me avisar. Acho que vou nomeá-lo funcionário do mês. - disse em tom sarcástico.
— Não me chame de Killy, Dave!
— Não me chame de Dave, Killy!
— DAVE.
— Eu te odeio… e já vou. Qualquer coisa me liga, KILLY.

Eu ria sozinha enquanto observava aquele jogo de provocação, eles pareciam irmãos. Assim que David saiu da delegacia um silêncio incômodo surgiu. Eu e Killian nos olhávamos às vezes, mas ninguém dizia nada, ele apenas mexia em alguns papéis na mesa, dividindo-os em três pilhas distintas.

— Então quer dizer que me ouviu falando com Regina? - resolvi quebrar o silêncio.
— Na verdade, não! - disse me encarando com um sorriso travesso - Mas acredito em você.
— Você mentiu para o seu chefe por minha causa? - disse incrédula.
— Ei! Quem disse que ele é meu chefe?

Era um pouco óbvio, David tinha uma postura muito mais autoritária que Killian. Apenas o encarei de maneira desafiadora e divertida, fazendo-o rir.

— Ok, ok, você me pegou, é verdade. - disse levantando as mãos.
— De qualquer forma, eu agradeço. De verdade.
— Imagina, não foi nada. Sabe… - ele suspirou, desviou o olhar dos papéis por um instante e sentou-se na mesa de frente para mim - Graham, eu e David fazíamos tudo juntos. Ele era nosso melhor amigo: saiamos juntos, trabalhávamos juntos e até morávamos juntos, antes do David casar, claro.
— David é casado?
— Sim. A esposa dele é incrível, formam um belo casal. O nome dela é Mary Margareth, vai gostar de conhecê-la.
— Aposto que sim. - sorri. - Mas, você estava dizendo.. ele era seu melhor amigo também?
— Sim, era sim. - disse sorrindo nostálgico.
— Aparentemente ele era bom em fazer “melhores amigos”.
— É.. - sorriu um pouco nervoso.

O silêncio voltou, mas logo David chegou com um álbum de fotografias em mãos: era um álbum de fotos grandes, bem cuidado e bonito. A capa era coberta por veludo preto e, no centro, havia um barquinho soltando fumaça em cor branca. Antes de me entregar, David fitou o álbum e suspirou nostálgico, depois olhou para Killian que sorria tímido apoiado na mesa. O peguei delicadamente e suspirei antes de abri-lo. Logo na primeira foto vi Killian, David e um homem de barba muito bonito em frente a um barco, provavelmente, nas docas de Storybrooke. Embora estivesse sorrindo pela bela imagem, demonstrei certo nervosismo: eu não estava reconhecendo o rosto do homem de barba.

Olhei para Killian e David que esperavam ansiosos pela resposta, apenas sorri e logo retornei meu olhar para o álbum, passando a página. A segunda foto era mais nítida: Killian e o homem estavam no timão do barco, ambos sorriam e pareciam estar se divertindo bastante. Permiti que uma lágrima deslizasse sobre meu rosto, enquanto passava a mão pela fotografia. Era ele. Era meu Graham, meu melhor amigo. Sem que percebesse, as lágrimas se intensificaram e desciam por meu rosto, dificultando minha visão. Fechei os olhos e senti duas mãos me tocarem: uma delas era de David que segurava meu antebraço com suavidade, e a outra era de Killian que acariciava levemente meu ombro. Assim que abri os olhos procurei limpar rapidamente as lágrimas, não queria chorar na frente deles.

— Ei, tá tudo bem. Deixa sair, melhor pra fora que pra dentro. - disse David tentando me consolar.
— Obrigada, David.. - me permiti sorrir sutilmente.
— Quer um copo d'água?
— Não, Killian, obrigada… Eu estou bem. - sorri novamente.

Continuei a olhar o álbum. Era, com toda certeza, a lembrança mais preciosa que eles tinham de Graham. Ali estavam várias e várias fotos do tempo que eles passaram juntos: Natal, Ação de Graças, brincadeiras na neve como se fossem crianças e até dia dos namorados. Espera…

— Graham namorava a Ruby?
— Oi? É tudo o que você vai falar? - Killian disse rindo.
— Mas gente, olha essa foto! - disse rindo mostrando a foto.

Na foto estavam Graham e Ruby em frente ao Granny’s vestidos com roupa social e ela segurava um lindo buquê de rosas vermelhas. Ao lado deles, David estava abraçado com uma mulher linda de cabelos negros.

— Quem é ela? - perguntei.
— Minha esposa! - David respondeu sorrindo. Foi lindo como seus olhos brilharam ao falar dela, não pude conter um sorriso em resposta.
— Ela é linda! E ei - me virei para Killian - cadê você?
— Eu tirei a foto. E ei, vamos deixar a história do dia dos namorados pra lá, vamos? - disse para desviar o assunto.

O clima pesado do início do dia fora amenizado com as brincadeiras e histórias que Killian e David contavam. Estávamos tão entretidos na conversa que sequer vimos o tempo passar: eram quatro da tarde e nem ao menos havíamos almoçado. Ao olhar o relógio, David saiu apressado, pois tinha compromisso com Mary Margareth, sua esposa. A delegacia, portanto, seria “fechada” por Killian, digo, o escritório. A segurança noturna ficaria por conta de dois funcionários: Colton e Oliver, mas não era algo necessário. Por ser uma cidade pequena, quase nada realmente acontecia e, quando acontecia, todos se conheciam e tinham o contato de David e Killian.

Como havia ocupado o dia de Killian e David na delegacia, resolvi ajudar a organizar as coisas ali no escritório para que ele a fechasse. Meu estômago murmurava de tanta fome que sentia e tudo o que eu mais queria era comer.

— Vai “almoçar” no Granny’s hoje?
— Existe outro lugar aqui pra comer? - perguntei surpresa enquanto empilhava alguns papéis.
— Qual é! - ele riu - Aqui não é tão pequeno assim!
— Desculpa! - ri também. - Mas sim, vou sim. Por que?
— Posso te fazer companhia?
— Claro! Seria ótimo, detesto almoçar sozinha.
— Então vamos, senhorita? - disse depois de guardar os últimos papéis na gaveta.
— Claro, senhor. - disse rindo.

Ele fechou as portas e fomos andando, rindo e conversando sobre assuntos aleatórios até chegarmos ao Granny’s.

— As damas primeiro. - Killian disse abrindo a porta para que eu entrasse.
— Obrigada!
— Eu sugiro a lasanha da vovó, é incrível. - ele disse vindo atrás de mim para uma mesa no canto, perto da janela.
— Eu amo lasanhas então, com toda certeza, vou seguir sua sugestão.
— Ei, Ruby! Duas lasanhas, por favor. - disse para Ruby que estava no balcão.

Nesse momento, percebi que algumas pessoas estavam olhando para mim e que comentavam algo também. Killian demonstrou-se desconfortável, por isso, deduzi que ele também havia percebido os olhares.

— Por que todos estão olhando pra mim? - perguntei.
— Não é bem pra você…
— É o que então?

Ele suspirou antes de me responder.

— Lembra quando eu disse pra esquecer a história do dia dos namorados? - assenti com a cabeça para ele prosseguir - Eu estava noivo. Millah, minha noiva, adorava a lasanha da vovó… a gente sempre vinha aqui comer, ao menos uma vez na semana.
— E ai vocês terminaram e você está aqui comendo lasanha com outra mulher? É isso?
— Antes fosse. - ele sorriu um pouco nervoso - Millah também morreu… anos atrás. Graham ainda estava vivo.
— Eu… Eu sinto muito, Killian.
— Está tudo bem. - disse sorrindo de maneira sincera - Digo, eu sinto falta de Millah, era uma boa mulher, tinha um coração bom. Claro que sinto saudade, mas a vida tem que seguir uma hora. Graham me ajudou muito nisso. - suspirou. - E bom, as pessoas estão olhando porque eu nunca mais comi a lasanha da vovó.
— E resolveu quebrar isso logo comigo?
— Ei, você acabou de chegar, merece o melhor de Storybrooke… E eu sinto falta daquela lasanha deliciosa. - completou brincando.

Ruby chegou com a lasanha e pedimos nossas bebidas. Comemos em silêncio, exceto pela parte em que Killian me perguntou o que eu tinha achado da lasanha. Não tive como esconder que era a melhor lasanha que eu já havia provado em toda a minha vida.

— Killian, é sério, não precisa pagar a conta toda, a gente pode dividir!
— Eu insisto, Swan.
— Mas eu…
— Vamos fazer assim, então - disse me interrompendo - eu pago hoje e você paga a próxima. Que tal?
— Fechado!

Gostava da ideia de ter um próximo almoço com Killian, ele era divertido, delicado e notavelmente lindo. Já enfatizei que ele era lindo? Saímos do restaurante e ele me acompanhou até os fundos, no hotel da vovó.

— Obrigada por tudo, Killian. O “almoço”, as informações, as fotografias… Não tenho como agradecer.
— Imagina… Se você era amiga do Graham, mereceu tudo isso. Te vejo amanhã?
— Eu adoraria, Killian, mas não posso. Tenho que procurar emprego ou meu dinheiro acaba antes de eu encontrar qualquer outra resposta da vida do Graham. Ainda estou angustiada com todas as divergências entre o que eu sei e o que vocês sabem sobre ele.
— Foi por esse mesmo motivo que eu perguntei. Aliás, esses motivos.
— Motivos?
— Motivo 1: divergências entre as histórias. Motivo 2: seu emprego.
— Emprego?
— É, você viu, tem muitos papéis lá na delegacia… Pensei que você pudesse me ajudar.
— Como sua secretária?
— É, tipo isso, se não for problema, é claro. Porque se tiver problema não precisa sabe? Você deve conseguir outra coisa e… - ele dizia rápido e gesticulava muito quando não coçava a orelha de nervosismo. Estava até engraçado, acho que ele pensou que me ofendia com a proposta, vai saber?!
— E quando eu começo, chefe? - disse sorrindo.
— … vai estar tudo bem, eu não vou ligar sabe? - disse ele continuando a sentença sem perceber o que eu havia dito.

Quando percebeu o que eu disse, parou e me encarou por um tempo.

— Oi? O que disse?
— Perguntei quando começo. - disse rindo.
— Que ótimo que aceitou! - ele suspirou aliviado e se permitiu rir também. - Pode ir amanhã, oito horas está ótimo.
— Mas você não precisa falar com David antes não?
— Ele não vai te negar emprego e, além disso, você será minha secretária.
— Sua secretária? Ah claro, ótimo, mas só um recadinho, Jones: eu nunca vou fazer “cafézinho” pra você, entendido? Nunca. Eu posso, no máximo, pegar um no Granny’s antes de vir, mas fazer? Nunca.
— Ok, entendido! - levantou as mãos rendendo-se em brincadeira.
— Ótimo! - sorri. - Boa noite, Killian.
— Boa noite, Swan.

Antes de entrar, porém, virei-me para Killian, que me observava.

— N-u-n-c-a! Só pra reforçar. - brinquei e entrei rindo.

Killian P.O.V

Esse tinha sido um dia atípico para mim: a presença de uma terceira pessoa na delegacia que não fosse algum suspeito ou Mary Margareth; novatos em Storybrooke; e eu comendo lasanha da vovó novamente. Tudo estava fora do normal e isso tudo graças a Emma Swan. Alguma coisa naquela mulher me chamava a atenção de uma forma incontrolável. Não, não era somente pela notável beleza física dela. Ela realmente possuía algo diferente.

Ficamos o dia inteiro na delegacia vendo imagens antigas e, de maneira completamente natural, estava compartilhando as melhores lembranças de Graham com outra pessoa; e, também, minha história com Millah e isso jamais havia acontecido. Além disso, eu não me senti mal ao comer a lasanha da vovó como achei que me sentiria, devido a todas as lembranças, pelo contrário: eu me sentia bem.

Emma era uma pessoa realmente especial, ela tinha alguma coisa que me prendia. De alguma forma ela me dava segurança e conforto. Entretanto, não posso negar que ainda tenho dúvidas sobre sua ligação com Graham. Embora ela falasse dele de maneira tão dócil e verdadeira, o que poderia, então, explicar tanta divergência nas histórias? E Graham nunca havia falado sobre nenhuma Emma. Em um certo dia, Graham me contou sobre um tempo que passou em Nova York: muito trabalho, algumas festas, muitos problemas, um tal de Neal e sua melhor amiga, Vevé. Nenhuma Emma Swan.

Por um lado, sinto-me mal por desconfiar de Emma, mas também não me culpo por estar na defensiva tentando blindar todos de uma mentira. Outra contradição existente dentro de mim é que meus sentimentos oscilam entre os pólos da distância e proximidade com ela: ao mesmo tempo em que gosto de estar com ela, quero, também, me afastar por precaução.

— Oi? O que disse? - não podia acreditar, ela aceitou mesmo trabalhar comigo?
— Perguntei quando começo. - ela disse rindo.
— Que ótimo que aceitou! - suspirei aliviado, retribuindo com um sorriso. - Pode ir amanhã, oito horas está ótimo.
— Mas você não precisa falar com David antes não?
— Ele não vai te negar emprego e, além disso, você será minha secretária.
— Sua secretária? Ah claro, ótimo, mas só um recadinho, Jones: eu nunca vou fazer “cafézinho” pra você, entendido? Nunca. Eu posso, no máximo, pegar um no Granny’s antes de vir, mas fazer? Nunca. - ela disse cerrando os olhos e gesticulando autoritária me fazendo rir.
— Ok, entendido! - levantei as mãos em brincadeira.
— Ótimo! Boa noite, Killian.
— Boa noite, Swan.

Fiquei observando-a fechar a porta. Ela era tão linda, parecia uma boneca, mas ao mesmo tempo, demonstrava-se tão firme… tão forte. Interrompendo meus pensamentos, ela virou-se novamente para mim antes de entrar, dizendo:

— N-u-n-c-a! Só pra reforçar. - brincou e adentrou.

Naquele momento, naquela noite, ali na porta do quarto dela eu tive uma certeza: seja lá quem fosse “Emma Swan”, eu a queria por perto. Ela me fazia bem, me divertia e me dava segurança suficiente para que eu me abrisse sem julgamentos. Ela era verdadeira comigo, podia ver em seus olhos. Trabalharmos juntos e compartilharmos nossas histórias sobre Graham poderia gerar alguns problemas, mas seja o que for e aconteça o que acontecer, eu a queria por perto.


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Notas finais do capítulo

E então o que acharam??? Comentem
PS.: quem notou as referências pra Arrow? HAHAHAH



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