Open Wound escrita por littlelindy


Capítulo 36
O último fracasso


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores! Como estão?
Deixo com vocês agora o último capítulo da Open Wound. Eu iria utilizar esse espaço para os agradecimentos, porém, mais tarde irei postar o epílogo e farei isso lá. Confesso que não estou preparada para dizer adeus, mas grata por poder compartilhar essa história com vocês.
Espero que gostem do capítulo e que leiam as notas finais.
Boa leitura!



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Esperava que o dia amanhecesse com nuvens negras cobrindo o céu, como um anúncio da tragédia que viria ao anoitecer, mas me enganei. Observando pela janela, pude ver que o céu estava limpo, com poucas nuvens e um sol brilhando esplendoroso naquela manhã, apesar do frio constante da cidade. Ali mesmo no batente acrescentei, mentalmente, um lembrete: eu precisava parar de assistir filmes.

Olhei para trás e vi Killian ainda dormindo, enrolado dos pés aos ombros ao cobertor branco. A noite fora longa. Trocamos carícias e conversamos em alguns momentos, mas não conseguimos ir adiante com os afagos, algo sempre nos impedia e, sendo bem sincera, foi melhor assim. Sentiria-me extremamente culpada por ter encontrado tempo para deitar-me com Killian enquanto meus pais e minha cunhada estavam, provavelmente, sofrendo nas mãos de Gold e Dylan.

Eu adormeci antes de Jones, disso tinha certeza. Ao contrário dele, dormir não era o problema, mas sim manter-me nesse estado. Das cinco primeiras vezes em que acordei, pude sentir os músculos tensos de seu ombro e sua expressão sempre fechada fitando o nada. Não o interrompi, sabia que ele estava arquitetando algum plano para destruir a quadrilha, não tinha intenção alguma em atrapalhar.  

Embora a aparência cansada, agora, ele pelo menos descansava.

Depois de ir ao banheiro e finalizar toda higiene pessoal, desci para fazer o café da manhã. Jones não gostava do tradicional lanche americano repleto de carboidratos e gorduras, preferia algo mais “leve”, como torradas, queijo, leite, suco ou talvez um pouco de café. "Que estômago sustenta essa bomba toda manhã?", era o que ele sempre dizia rindo ao ver Belle comendo ovos fritos e bacon. Gostaria de preparar tudo aquilo que mais o agradava. E teria tempo, afinal, ele fora dormir bem tarde.

Tentaria agir como se nada fosse acontecer, me esforçaria para manter a tranquilidade e transmitir isso para as pessoas, não por tentar enganá-las, mas para dar-lhes conforto. Iria fazer tudo aquilo que pertencia a minha rotina, sem alterações e, talvez, isso ajudasse o tempo a passar rápido.

Duas horas depois tudo já estava na mesa, incluindo um bolo de cenoura que eu arrisquei fazer. Liguei para Regina e me certifiquei que ela, Robin e Roland estavam bem, afinal, não queríamos outro desastre. A garantia de que tudo estava em ordem para a família Mills dissipou um pouco da tensão que sentia, pois eu também sabia que Mary, David e Zachary estavam a salvo em casa. Eu poderia sofrer danos da noite de hoje, mas a satisfação e o alívio de ver meus amigos em posições favoráveis já era o suficiente para me acalmar.

Ouvi passos no andar de cima e, em seguida, o som da água do chuveiro caindo no piso.  Killian demoraria algum tempo no banheiro, então, resolvi ligar para Ruby já que todos haviam me dado notícias, menos ela.

— Emma? – ela atendeu.

— Oi, Ruby! Como está?

— Bem e você?

— Tranquila.

— Já encontraram algum plano para Dylan e Gold?

— Não, Killian acabou de acordar e está tomando banho, ainda não conversamos. Como sabia que iríamos fazer algo hoje? Bom, você sumiu por um tempo e...

— Eu sei. – disse rapidamente me interrompendo – Eu tive que me afastar. Emma, eu e você sabemos o quão difícil é desenterrar Graham. Literalmente! Eu posso ter esse meu jeito meio torto e errado de agir e levar a vida, mas o que eu e ele tivemos foi forte demais. Eu achei que conseguiria ignorar isso, que poderia lidar com toda essa situação e com você de forma tranquila, mas eu não consegui. Estou sempre na cabana, todos sabem disso, mas desde que você chegou e esse assunto voltou à roda de amigos eu tenho ido mais e mais para lá. Às vezes fico dias naquele lugar e sequer percebo o tempo passar. – ela fez uma longa pausa – Ontem eu voltei e vi David com Mary na lanchonete. Ele acabou me contando que estava aflitos sobre hoje e colocaram-me a par de tudo o que está acontecendo. Emma, eu quero participar. Eu quero acabar com isso.

— Eu sinto muito lhe causar tudo isso, Ruby. Eu nunca pensei que... – dei um longo suspiro, não adiantaria de nada pedir perdão, eu baguncei a vida de todos naquela cidade – É muito perigoso.

— Emma não venha me dizer o que é ou não perigoso. Você sabe, você me entende. Eu e você somos as únicas pessoas as quais Graham se abriu completamente, você sabe exatamente o que eu estou sentindo. Eu demorei para entender e aceitar isso, mas eu preciso finalizar essa história tanto quanto você. Por favor, não me priva disso.

Eu não respondi. Ela estava certa, eu não podia proibi-la. Sei exatamente o que ela sentiria caso eu o fizesse, não era justo. Aliás, estava um pouco estranha a ausência dela e o fato de que ela estava sempre alheia aos acontecimentos, afinal, ela era namorada de Graham! Sim, gostaria da presença de Ruby, mas acredito que ela chegou em um péssimo momento. O que seria de mim se algo lhe acontecesse? Eu jamais me perdoaria.

— Eu nunca te pedi nada... quer dizer, tirando aquelas duas, ou três, bebidas no bar. – insistiu brincalhona, embora mantivesse certo tom manhoso implorando-me para inclui-la nos planos.

— Tudo bem. Vou conversar com Killian e depois nos falamos, pode ser? – cedi contrariada.

— Promete que não vai me enganar?

— Eu prometo.

Encerrei a ligação e fiquei encarando o aparelho em minhas mãos. O que eu faria agora? A inclusão de Ruby não era esperada. Killian passou uma noite inteira, provavelmente, arquitetando cada passo que iríamos dar e uma pessoa a mais poderia arruinar tudo.

— O que você promete? – a voz masculina veio por trás de mim e, em instantes, senti dois braços envolverem minha cintura.

— Bom dia! – respondi sorrindo e repousando minhas mãos sobre as dele – Era Ruby.

— Ela está bem? O que ela queria? – questionou naturalmente, depositando um beijo em minha bochecha e se dirigindo à mesa – Uau, e essa mesa? Querendo me mimar, senhorita Swan?

— Mais ou menos isso. – respondi sorrindo – E, sobre a Ruby, conversamos após o café, tudo bem?

— Aconteceu algo com ela? – perguntou preocupado.

— Não. Agora, por favor, prova meu bolo. – disse colocando uma fatia em um prato e entregando-lhe.

— Que Deus me proteja... – Jones murmurou antes de experimentar.

De acordo com meus desejos, o café da manhã transcorreu de maneira tranquila e leve, sem quaisquer sinais de tensão. Eu sabia que, embora tivesse essa meta, estaria constantemente pensando e justificando nossas ações com relação ao confronto que teríamos com a quadrilha.

Eu realmente não sei qual das possibilidades era mais inacreditável: ou meu bolo estava bom ou Killian era um maravilhoso ator! Ficaria contente com ambas, sendo bem sincera.

— E então... vai me contar o que está acontecendo? – ele perguntou após levar sua xícara à pia, finalizando a refeição.

— Ruby quer ajudar. - respondi rapidamente.

— Agora? Mas isso é totalmente inviável eu—

— Não contou com a presença dela, eu sei. – o completei – Amor, por favor, eu sei como ela está se sentindo. Eu demorei anos para tomar alguma atitude sobre Graham, compreendo a distância dela de antes, mas também entendo essa aproximação súbita. Não é possível que uma pessoa a mais, essa ajuda extra, seja tão prejudicial assim!

— Não é que é prejudicial, é só que... – ele parou, apoiou-se na pia e suspirou – Tudo bem, eu vejo o que posso fazer. Pede ela para ir para a delegacia e encontrar a gente lá. Eu vou subir e terminar de me arrumar para irmos.

— Certo. E ei! – chamei sua atenção, já que ele estava saindo da cozinha, fazendo-o virar e me encarar – Obrigada.

— Só se você fizer outro bolo. – brincou, fazendo-me rir, e retirou-se do cômodo em seguida.

Seguindo o exemplo de meu namorado, subi para me arrumar já que, provavelmente, passaríamos o dia na delegacia com Sidney e, agora, Ruby. Estava um pouco frio, aliás, o clima estava semelhante ao que encontrei em Storybrooke pela primeira vez. Naquele dia, e no seguinte, conheci e aproximei-me de Killian... E minha vida inteira mudou. Bom, e se eu vestisse a mesma roupa? Poderia trazer-me a mesma sorte. Não que eu fosse muito supersticiosa, mas que mal me faria?

Peguei a mesma calça preta, blusa de manga cinza e minha bota. Após coloca-las, desci e encontrei Jones já pegando as chaves do carro. Assim que me viu, ele abriu um largo sorriso e veio em minha direção para beijar-me rapidamente.

— O casaco azul. – disse, simplesmente, após separar seus lábios dos meus.

— Oi? – perguntei confusa.

— Essa é a roupa que você estava no seu primeiro dia na delegacia. Eu lhe mostrei as minhas fotos com Graham, fomos almoçar juntos a deliciosa lasanha da Granny e, depois, você aceitou ser minha.

— Sua?

— Secretária. – replicou em brincadeira.

— Sei... Vou pegar meu casaco!

Dei-lhe um selinho rápido e subi as escadas correndo para pegar a peça que faltava.

Durante todo o percurso, Killian falava sem parar e sugeriu, no mínimo umas três vezes, de que deveríamos almoçar lasanha no Granny’s. Eu até tentava acompanhar o ritmo de suas sentenças, mas fracassava miseravelmente e agradeci aos céus quando chegamos e encontramos Thomas já na porta.

Enquanto os meninos adentraram, permaneci do lado de fora, pois iria ligar para Ruby e a esperaria ali, afinal, o restaurante de sua avó era próximo e ela não demoraria para chegar.

— Olá, Emma! E então, conversou com seu namorado? – ela atendeu a ligação.

— Sim, você pode vir para delegacia?  

— Claro, já estou indo.

— Certo, vou ficar aqui na porta te esperando.

Pude ouvir Ruby me agradecer antes de desligar o telefone... ou algo do tipo. Estava com a sensação constante de ter alguém me observando, mas era apenas isso, mera percepção. Entretanto, minhas suspeitas foram confirmadas quando vi Neal Cassidy do outro lado da rua, escorado à parede e olhando diretamente para mim. Nenhum sinal de ação ou diálogo, ele não parecia querer se comunicar ou agir, era como se somente seus olhos pudessem se mover.

Acreditei que pudesse ser algum tipo de alucinação já que, após certo tempo, uma van passou na avenida, bloqueando meu campo visual, e ele já não estava mais lá. Observei todo o lugar que me cercava e não encontrei nenhum sinal de Neal. É, só poderia ser paranoia após saber da fuga do hospital. Se Cassidy teria planos para o dia de hoje esse, com certeza, não seria me vigiar.

Dez minutos depois, Ruby já estava ao meu lado e, então, fomos ao escritório ouvir o que, finalmente, Killian tinha planejado para a noite.

O sol já havia sumido e o momento do encontro se aproximava. Nesse tempo, Dylan fizera uma ligação marcando o encontro às vinte horas no galpão vizinho ao do senhor Smee.

Thomas andava desesperado de um lado para o outro da sala enquanto apertava suas próximas mãos de nervoso, Ruby fitava o nada e, por vezes, roía as unhas. Killian permaneceu ao meu lado, brincando com os dedos de nossas mãos que estavam entrelaçados, mas não dizia uma palavra sequer. Seus músculos mantinham-se enrijecidos e o olhar imitava os de minha amiga.

Esquecemos completamente da lasanha no Granny’s, aliás, nenhum de nós sequer se lembrou de fazer alguma refeição.

Não posso dizer, certamente, o que eu estava sentindo. Eu migrava entre os polos de pânico e calmaria.

O plano de Jones fora um pouco alterado devido a presença de Ruby, mas já tomava forma. Colton e Oliver foram encarregados de posicionar câmeras de vigilância noturnas em todas as saídas do local demarcado, enquanto David se dispôs a conversar com todos os trabalhadores das docas, incluindo William Smee. Eles precisariam ficar atentos e impedir quaisquer tentativas de fuga. Na delegacia, Killian ligava para todas as cidades vizinhas alertando para a possibilidade de escape via transporte terrestre.

Quanto à ação, Jones recusou todas as hipóteses que surgiram em que eu não fosse escoltada e observada – plano que fora por água abaixo com a escolha do galpão. Sendo assim, além de ordenar a instalação das câmeras, ele firmou algumas posições: Colton se esconderia no depósito de William, Oliver tomaria conta da saída dos fundos, enquanto ele e Thomas vigiariam o portão principal. Ruby ficaria com eles, porém, sua responsabilidade era fazer o que fosse preciso para escoltar Belle e meus pais.

Nos preparativos, Killian deu um colete à prova de balas para todos, menos para ele.

— Amor, aqui na sala só tem três coletes.

— Eu sei, estou vendo.

— Onde está o seu? – perguntei preocupada.

— Eu vou pegar, agora eu só preciso que vista isso por baixo do seu casaco. Não deixe que eles vejam que você está com isso, por favor. - dizia enquanto ajudava-me a ajeitar o colete.

Eu não estava convencida de que ele iria pegar um para ele, havia algo no olhar de Jones que não estava de acordo com suas palavras. Talvez o problema não fosse com essa sentença em si, mas era um geral: tudo o que ele falava, seus gestos diziam o contrário.

Após colocar novamente o casaco, Killian pegou-me pega mão e, pedindo licença para os outros, guiou-me até a sala de depoimentos.

— O que é isso? – questionei assustada vendo-o tirar uma pistola do bolso interior do casaco.

— É uma arma. Quero te ensinar como usar.

— Eu não quero usar isso! Eu não vou matar ninguém!

— Não disse que iria. Por favor, pegue. – ofereceu, esticando o objeto para mim.

— Desculpa, amor, mas não posso. Não me sentiria bem com isso e sequer conseguiria esconder que estou com isso! Eu vou ficar nervosa e não—

— Ei, fica calma. – interrompeu – Era só uma sugestão. Posso te pedir para levar, ao menos, uma faca ou algum objeto que possa te dar segurança até chegarmos? Quero dizer... caso algo saia do esperado.

— Oh, então estamos entre atirar e cortar? – ri nervosa – Ok, eu prefiro a arma.

— Certo... sabe como funciona?

— Mais ou menos. – respondi sinceramente.

Jones, então, ensinou-me onde a munição ficava e, também, a posição que deveria segurá-la. Alertou-me para sempre mantê-la a certa distância do rosto pois, com o disparo, o suporte poderia ir para trás e atingir meu rosto. O básico que já havia visto em filmes... Desejava, apenas, não usá-la.

— Está tudo bem? – Killian perguntou, tirando-me de meu pequeno transe.

— Sim, por quê?

— Você ficou encarando a arma. Amor, olhe para mim. – ele aproximou-se e segurou meu queixo com uma de suas mãos enquanto a outra acariciava minhas bochechas – Foi apenas uma sugestão para que eu ficasse tranquilo sabendo que, durante o tempo que ficarmos separados, você terá algo com que se proteger. Se não quiser usar ou levar, não há necessidade.

— Eu quero, só tenho medo de como irei agir... Mas eu não quero pensar nisso agora. Será que posso te pedir algo em troca?

— O que quiser.

— Me abraça?

Ele abriu um pequeno sorriso e envolveu-me em seus braços. Sentir seus músculos finalmente relaxarem por um instante, as mãos acariciando meus cabelos e costas e ter aquele cheirinho tão familiar era tudo o que eu precisava. Ficar ao lado de Killian era o mesmo que sentir todas as preocupações e problemas indo embora sem deixar qualquer rastro.

Sussurrando “como desejar” e beijando-me a testa, ele afastou-se e ficou um tempo a me encarar.

— O que foi?

— Nada... É só... Eu já disse o quanto eu sou grato por tê-la na minha vida?

Não respondi. Aproximei-me e depositei um breve beijo em seus lábios.

— Isso não é uma despedida. – respondi sorrindo. – Nós vamos conseguir. E vamos logo, está na hora! Onde está seu colete?

Fora a vez dele de não responder.

— Killian, onde está seu colete? – repeti.

— No carro. Vamos? 

Assenti e saímos da sala de mãos dadas. Jones acenou para Ruby e Thomas de que estávamos prontos e então saímos todos juntos.

Eu estava dirigindo, pois, segundo o plano, deveria deixa-los no quarteirão anterior às docas. Killian disse que eu deveria chegar ao local sozinha, como o combinado, em caso de algum capanga estiver de vigia. Além disso, eles iriam tirar algumas fotos no The Rabbit Hole, um bar bem movimentado por ali, em caso de dúvidas quanto ao cumprimento do trato.

Eu rezava para as inovações cinematográficas de Killian darem certo. E, depois que isso tudo passasse, eu tinha uma única certeza: ele iria parar de ver filmes. Sem discussão.

Minhas mãos tremiam e esfriavam a cada metro que eu aproximava das docas. Mal conseguia segurar o volante de maneira firme, meus dedos pareciam tamborilar propositalmente e eu poderia jurar que, a visão de fora, seria de uma motorista que sequer conseguia manter-se em linha reta.

Estacionei e, evitando olhar para trás, segui em direção ao galpão. A arma que Jones me dera estava presa em minha cintura coberta não só pelo colete, mas pelo casaco azul marinho que eu vestia. Eu deveria evitar a denúncia de duas coisas: da pistola e do resgate.

Meu olhar estaria fixado somente no galpão iluminado se não fosse por, mais uma vez, sentir-me observada. Ao lado dos contêineres na área externa, Neal estava parado encarando-me e, novamente, sem qualquer intenção de falar ou mover-se.

Ignorei, afinal, ele era um dos homens de Gold e Dylan, não? Continuei meu trajeto e adentrei o local, passando por Neal sem sequer encará-lo de novo. A luz amarela brilhava forte do teto, iluminando as várias caixas de madeira encontradas ali. Os numerosos caixotes empilhados reduziam o espaço útil do galpão, preservando apenas a área central. Isso, portanto, facilitou o encontro. Um pouco ao fundo, meus pais e Belle estavam sentados em cadeiras com as mãos e pés amarrados e, ao lado, os dois homens de terno.

Assim que me viram, todos os olhares prenderam-se nos meus: três pares assustados e dois intimidadores.

— Você já pode soltá-los. Eu já estou aqui.

— Emma! – Robert fingiu alegrar-se com minha presença.

— Eu estou aqui, parte do acordo, agora cumpram a de vocês. Eu não tenho muito tempo.

— Não tem muito tempo? – Dylan questionou debochado.

— Vocês pediram para eu vir sozinha não é? Deixei meus amigos no bar e disse que precisava passar em casa rapidamente. Não tenho tempo. – repeti.

— E quem nos garante?

— Tira a prova. – disse rapidamente jogando-lhe meu celular.

— Vocês trocam mensagens? – Gold perguntou sério.

— Quem troca mensagem hoje em dia? Existe uma coisa chamada whatsapp, você deveria tentar.

— Obrigado por me lembrar da razão de odiá-la... – Robert murmurou.

Não rebati. Enquanto isso Dylan estava brigando com a tecnologia e enviando mensagens para Killian. Não seria difícil para que ele soubesse que era o seu próprio plano entrando em ação, afinal, eu quase nunca usava o aplicativo. Sempre que precisava falar com ele, eu ligava... sem mensagens.

Após algum tempo, ele devolveu meu celular e, silenciosamente, aproximou-se de meus pais e Belle para desamarrar os nós que os prendiam. Assim que foram soltos, vieram me abraçar ignorando completamente a ameaça que aqueles dois homens eram.

— Minha filha! Por que está aqui? É perigoso demais. – meu pai me alertou.

— Eu sei, podemos falar disso depois? Quero resolver isso logo. – falei rapidamente, evitando qualquer contato visual. Eles eram minha fraqueza ali, encará-los seria abraçar minha própria derrota.

— Como nosso acordo, eles podem ir, mas você fica.

— Imaginei que iria dizer isso, Humbert. – vire-me para encarar Josh, Ginny e Belle e, com um breve sorriso, prossegui – Vão logo! Killian está no The Rabbit Hole, French sabe onde é.

Eu sabia que Ruby estaria no meio do caminho e os guiaria para casa, mas começava a duvidar de que eu teria o mesmo destino que eles.

Em poucos segundos os três já estavam correndo porta a fora, embora meus pais estivessem resistentes quanto ao ato – mas acredito que meu olhar fora bem informativo. Tudo estaria bem, Killian estava por perto. Esse era o fim.

E não era mentira, não para eles...

— Acredito que queiram falar sobre os ter—

Comecei, ainda de costas, observando-os até desaparecerem de meu campo visual e quando, finalmente, virei para encarar os dois homens, deparei-me com Dylan apontando sua arma em minha direção e os dedos prontos para puxar o gatilho. Gold permanecia ao seu lado sem dizer uma palavra sequer, porém, o sorriso torto em seus lábios denunciava o gozo perante a situação.

Em um reflexo, levantei minhas mãos em rendição. Thomas estava certo, eles fariam comigo exatamente o que fizeram com Graham. Não era um acordo, era queima de arquivo.

Killian P.O.V

Dormir foi um desafio. Todo e qualquer plano tinha um risco extremo. Qualquer tentativa de invasão ameaçaria não somente Emma, mas Ginnifer, Josh e Belle. Confiar no cumprimento do acordo também era ridículo, jamais aconteceria. Eu não seria responsável ou me conformaria com a repetição da história de Graham.

Eu não iria perder ninguém.

Eu não iria perder Emma.

David havia dito que eu era capaz de lidar com esse tipo de situação e, ainda, acrescentou que eu deveria apenas ser honesto comigo mesmo e os outros. Está ai a questão, eu deveria admitir que eu não conseguia arquitetar plano algum, eu deveria ir pelo simples, o básico: emboscada, interceptação de saídas e manipulação de informações. 

Emma iria até Gold e Dylan e teria que fazê-los acreditar ter pouco tempo para o resgate. Como eles sabem, estamos em um relacionamento sério e, agora juntos depois de um tempo, não iríamos nos separar, logo, o sumiço de Emma durante a noite iria despertar minha curiosidade. Para camuflar isso, ela precisaria convencê-los de que estávamos em um encontro e pediu para ir ao banheiro, não sei. Talvez, então, poderíamos incluir o nome de David e Mary. Um encontro entre amigos no The Rabbit Hole, point noturno para adultos, algumas fotos e selfies da noitada e bem próximo às docas. Seria perfeito. Emma inventaria alguma desculpa para ter se afastado da roda de amigos e nisso fora correndo ao encontro dos dois.

Quanto às armadilhas, Colton e Oliver me auxiliariam bem nesse ponto, eles poderiam fazer uma vistoria pela manhã e, então, instalar algumas câmeras para usarmos no inquérito, além de denunciar a direção em que eles iriam - caso, infelizmente, acabem fugindo.

Minha maior prioridade é proteger Emma, meus sogros e Belle a qualquer custo. Colete à prova de balas, homens em suas posições devidamente armados e eu estaria sempre à frente deles, seria o primeiro a levar um tiro se fosse necessário.

Confesso que a inclusão de Ruby nos planos me deixou em pânico, eu não sabia qual função daria para ela. Entretanto, devo afirmar que não poderia, em hipótese alguma, negar sua participação. Vi o que Emma foi capaz de fazer para desenrolar essa história, se elas se conectavam a esse ponto, poderia facilmente imaginar até onde Ruby iria.

Eu tentei passar a manhã da forma mais natural que poderia. Levantei-me sem pressa, fui ao banheiro tomar banho e até experimentei uma das receitas loucas de minha namorada. Era visível as inúmeras tentativas de Swan para que nenhum de nós tocássemos no assunto e, mesmo sendo pega ao final da ligação, ela não quis falar até que nós dois já tivéssemos finalizado a refeição. Ela não queria criar um clima de despedida ou de apreensão e serei sincero ao dizer que isso era tudo o que eu mais precisava.

Dormi extremamente mal e em uma quantidade mínima que provavelmente castigaria meu corpo mais tarde, mas era inevitável. Meus pensamentos pareciam bombardear minha cabeça e não deixaram-me descansar, mas, quando o faziam, era atormentado por pesadelos. 

Em todos alguém morria. E, em sua maioria, esse alguém era eu.

Confesso que ficava menos apreensivo quando eu era o alvo pois, nas outras vezes, eu sempre via Emma ou Belle na frente de uma arma pronta para ser disparada. Eu morreria pelas duas e faria isso sem pensar duas vezes. 

Sabem quando lhe dizem algo e, mesmo que você julga não acreditar, ainda assim você sente aquele frio na barriga com medo de que seja, de fato, real? Eu sou assim com os sonhos. Meus avós e os de Belle sempre diziam-nos que quando sonhamos algo mais de uma vez, e de maneira idêntica, isso pode ser um presságio. Devido a isso, passei minha infância inteira acreditando que um dinossauro iria destruir minha casa e nada disso aconteceu. Hoje, vejo-me na mesma situação. Contudo, sinto que deveria passar o dia inteiro ao lado de Emma já que, angustiado com a crença de meus avós, eu morreria naquela noite tentando salvá-la de Neal.

Sonhei repetidas vezes a mesma cena: Neal chegando como um item surpresa, armado, encurralando-a e, por fim, tentando atingi-la. Porém, eu sempre chegava a tempo de empurrá-la e levando o tiro em seu lugar.

Eu morri por ela inúmeras vezes em uma noite e faria novamente se fosse necessário.

Eu morreria por Emma Swan mais uma vez.

Quando fomos para a delegacia, agradeci por minha namorada ter permanecido no estacionamento esperando por Ruby, assim poderia contar meus planos para Thomas sem que ela soubesse dos meus medos.

— Certo, então você vai colocar Ruby como escolta? - Thomas questionou repassando as últimas informações que eu havia lhe dado.

— Sim, acho que ela pode ficar escondida um pouco mais à frente e assim que Ginnifer, Josh e Belle saírem, ela os encontra e leva para longe do galpão.

— Acho que ela deveria ter uma arma em mãos também... Nunca se sabe.

— Verdade. Bom, eu já estava planejando entregar uma para Emma, quando eu fizer isso você pode pegar a de David na gaveta e orientar Ruby por mim?

— Claro.

— E ah, quase me esqueci! Coletes, vocês vão precisar usá-los.

Segui para os armários e retirei três deles, um para cada policial de Storybrooke: eu, David e Graham. Eles estavam meio empoeirados, afinal, não tocamos neles desde a época em que Humbert ainda estava por aqui. 

Retirei-me de meu momento nostálgico e virei-me para Thomas, entregando-lhe dois dos coletes.

— Use isso quando formos para as docas. Entregue o outro para Ruby.

— E Emma?

— Ela vai usar esse aqui. - balancei o outro item que havia sobrado - Vou pedir para ela colocar debaixo do casaco.

Ah, o casaco azul! Swan pode não ter pensado em tudo, mas o fato de que ela estava com a mesma roupa do seu primeiro dia na delegacia já dizia muito sobre o que estava pensando. Naquele dia nos conectamos pela primeira vez. A minha vida mudou depois que uma mulher atrapalhada com suas malas chegou à cidade e, no dia seguinte, usando um casaco azul marinho apoderou-se do meu local de trabalho e me encantou de uma forma surreal com toda a história que corajosamente compartilhou. Era como se eu tivesse renascido ali mesmo vendo-a folhear o álbum de fotografias de David. 

Era engraçado pensar que da mesma forma que Emma fora responsável por uma possível ressurreição minha, ela também poderia ser a causa de meu declínio definitivo. 

— E você? - Thomas perguntou após fitar-me por um bom tempo, como se tivesse escolhendo as palavras.

— Não vou usar.

— Killian, porque não?

— Não temos mais nenhum colete aqui. Thomas, Storybrooke é uma cidade pequena, desde que David e eu assumimos isso aqui não tivemos nenhuma operação necessitou de coletes e sequer armas. Tínhamos um para cada um, só por obrigação. Colton e Oliver estarão com o deles, você com o de David, Ruby com o de Graham e Emma com o meu.

— Vocês são loucos? Não tinham nenhum reserva? Não fizeram pedido de materiais para reposição? - questionava desesperado.

— Não para todas as perguntas. Aliás, tecnicamente, o reserva era o do Graham já que ele faleceu...

— Quem administrava essa porcaria? 

— Eu. E não, não lembrei de colete algum. Agora será que dá pra aceitar o maldito colete calado ou vai me dar aulas de empreendedorismo e gestão?

— Eu quero é te dar um soco! - esbravejou.

— Guarde sua raiva para Gold e Dylan. E fale uma palavra sequer sobre isso com Emma que eu mesmo lhe dou esse soco.

— E você ficará desprotegido? 

— Thomas, essa noite eu sonhei que Neal tentava matar Emma e, em todas as vezes, eu pulava na frente e recebia o tiro em seu lugar. Ruby ter entrado para a operação e com isso usado o último colete é apenas mais uma prova. É só mais um sinal do que está por acontecer.

— Então você acha mesmo que vai morrer? Você acredita mesmo que isso foi uma visão?

— Uma mulher sai de Nova York para desvendar os mistérios da morte do melhor amigo em Storybrooke, ela revira a cidade por conta disso e, então, descobre que tudo é muito pior do que aquilo que ela imaginava. Todos descobrem, por ela, que um dos homens mais conhecidos estava envolvido com toda história e também com coisas tão repugnantes que me recuso a repetir em voz alta. Essa mesma mulher tirou do luto e mostrou a luz novamente para um cara que vivia encostado esperando a morte chegar e tirá-lo da monotonia dos seus dias. Ela trouxe para a cidade quieta e pacata assuntos como tráfico de pessoas, escravidão, desmatamento e assassinato por queima de arquivo, de uma só vez, enquanto todos estavam acostumados a lidar apenas com pequenos furtos e crimes por embriaguez. E tudo isso em menos de um ano! Você acha mesmo que, nessa posição, estou errado em duvidar de algo?

— Ok... E como você está lidando com o fato de que, segundo sua cabeça, você vai morrer por ela hoje?

— Sendo bem sincero, eu estou tranquilo. Eu falei sério quando disse que Emma me deu luz novamente. A luz que ela precisa é o fim desse mistério e eu serei imensamente grato por ser responsável por trazer a paz para ela novamente. Ela trouxe a minha, por que não retribuí-la igualmente? 

— Mas se você morrer por ela, Emma não se perdoaria.

— Ela é mais forte do que você pensa, Grabeel.

Eu iria acrescentar que, talvez, Swan se culpasse e sofresse por isso por um tempo, mas logo se reergueria e seguiria em frente, mas me privei das palavras ao ouvir vozes femininas vindas do corredor. Em troca, olhei para Thomas suplicando-lhe segredo quanto à história dos coletes e, para meu alívio, ele apenas assentiu serenamente.

Assim que Emma chegou, nos sentamos e lhes contei sobre o plano. Pude ver uma rápida expressão de alívio no rosto das meninas, mas fora tão breve que sequer posso afirmar se estou certo disso. Ruby fez algumas perguntas, mas Swan permaneceu calada.

Esquecendo-nos de sequer comer ou beber algo, passamos o dia daquela forma, todos em silêncio. Exceto quando ligaram para Emma marcando o horário e local e pelas vezes em que eu estava transmitindo alguma informação, seja com Oliver e Colton ou conversando com as delegacias dos municípios vizinhos. Eu queria cercá-los de todas as formas possíveis. Liguei, também, para David pedindo-lhe ajuda para conversar com os pescadores ou qualquer pessoa com envolvimento ou atividade no cais: nenhum barco poderia sair até a manhã seguinte. Nolan saberia explicar-lhes que eram por questões de segurança. Enquanto ele fazia isso, meus dois funcionários instalavam nossas câmeras com discrição. 

Depois de ajudar Emma com o colete e o casaco, levei-a até a sala de depoimentos e, fazendo um sinal para Thomas, alertei-o de nosso combinado, ele seria responsável pelas orientações de Ruby. 

Eu não sabia como iniciar um diálogo do qual eu oferecia uma arma para que minha namorada se defendesse. Por isso, optei por, apenas, entregar-lhe o objeto e esperar que ela fizesse as perguntas.

O que foi um grande erro, ela parecia terrivelmente amedrontada com aquilo.

— O que é isso? – questionou assustada encarando a pistola em minhas mãos.

— É uma arma. Quero te ensinar como usar.

— Eu não quero usar isso! Eu não vou matar ninguém! - falou com um lampejo de desespero em sua voz.

— Não disse que iria. Por favor, pegue.

— Desculpa, amor, mas não posso. Não me sentiria bem com isso e sequer conseguiria esconder que estou com isso! Eu vou ficar nervosa e não—

— Ei, fica calma. – interrompi – Era só uma sugestão. Posso te pedir para levar, ao menos, uma faca ou algum objeto que possa te dar segurança até chegarmos? Quero dizer... caso algo saia do esperado.

— Oh, então estamos entre atirar e cortar? – brincou para tentar disfarçar o nervosismo – Ok, eu prefiro a arma.

— Certo... sabe como funciona?

— Mais ou menos. – respondeu sinceramente.

Apresentei-lhe o básico: posição, força, distância do rosto, além do local para recarregar munição (o qual ela não usaria) e o gatilho. Mas, como ela mesmo disse, isso ela já tinha visto nos filmes.

— Está tudo bem? – perguntei após vê-la perdida em pensamentos com o objeto em mãos.

— Sim, por quê?

— Você ficou encarando a arma. Amor, olhe para mim. – aproximei-me e segurei seu queixo com uma de minhas mãos enquanto a outra acariciava suas bochechas – Foi apenas uma sugestão para que eu ficasse tranquilo sabendo que, durante o tempo que ficarmos separados, você terá algo com que se proteger. Se não quiser usar ou levar, não há necessidade.

— Eu quero, só tenho medo de como irei agir... Mas eu não quero pensar nisso agora. Será que posso te pedir algo em troca?

— O que quiser.

— Me abraça?

Era a primeira vez que seu olhar demonstrava medo. Entretanto, não era um medo que beirava o pânico, era de certa forma puro, ela como uma ansiedade em querer ver tudo acabando de uma vez por todas, era o desejo de voltar pra casa e resgatar quem amava. Eu sabia o que ela estava sentindo porque me senti assim esses dias, era o medo de falhar. Medo de ter iniciado uma missão da qual não seríamos capazes de finalizá-la. E eu queria prová-la, mais do que nunca, de que somos capazes.

Dei-lhe um pequeno sorriso e a enlacei num abraço apertado. Aquele poderia ser meu último abraço, meu último momento de paz e carinho com a mulher que eu mais amava no mundo. Seria egoísta de minha parte se dissesse que eu não poderia perdê-la, mas que estava de acordo com a ideia de que eu iria morrer por ela e, com isso, fazendo-a me perder. Contudo, seria falsidade se eu dissesse que não estava pensando de tal maneira egoísta.

Minhas mãos deslizavam levemente por suas costas e eu acariciava seus cabelos como sempre fazia antes de dormir. Sussurrei-lhe "como desejar" e afastei-me após depositar um beijo em sua testa.

— O que foi? - ela questionou, provavelmente por ter percebido o longo tempo que a observei após nos afastarmos.

— Nada... É só... Eu já disse o quanto eu sou grato por tê-la na minha vida?

E não respondeu, apenas se aproximou e deu-me um breve beijo.

— Isso não é uma despedida. – respondeu sorrindo, como se pudesse ler a minha mente. – Nós vamos conseguir. E vamos logo, está na hora! Onde está seu colete?

Não consegui esboçar nenhuma resposta para iniciar aquela mentira.

— Killian, onde está seu colete? – repetiu.

— No carro. Vamos? 

Eu não menti. Tecnicamente o meu colete estaria no carro já que ela está usando ele e, consequentemente, entraria no automóvel. Sem mentiras, apenas verdades incompletas... Era melhor, não?!

Emma nos deixou em frente ao bar e seguiu seu caminho sozinha. Ela estava firme e determinada com aquilo, embora sempre estivesse verificando e espiando o local em que colocamos a arma escondida. Essa era outra preocupação que eu adquiri com o decorrer do dia, eu poderia apenas torcer para que ela conseguisse controlar as desconfianças e ignorar o fato de estar armada pela primeira vez.

E última, eu desejava.

Ruby, Thomas e eu entramos no The Rabbit Hole e logo encontramos David e Mary. Eles sabiam do plano e, por isso, não demoraram para chegar ao lugar marcado, deixando o pequeno Zachary com Granny por alguns minutos. Não compramos nada, apenas pedimos licença para um grupo de amigos e explicamos que estávamos em uma operação policial, com isso, utilizamos sua mesa e bebidas como cenário. Tiramos algumas fotos, em caso de Dylan ou Gold duvidarem do que Emma iria contar, e logo saímos do bar.

Embora as mensagens fossem prova de que Swan não conseguira, inicialmente, enganá-los com a história de um encontro no bar, o fato de que um deles ter utilizado o tão esquecido whatsapp de Emma, era um sinal positivo. E, não somente pelo uso do aplicativo, mas receber uma notificação de “Emma” chamando-me de “meu querido” era algo extremamente impossível de acontecer. Quando ela iria me chamar daquela forma? Por Deus! Às vezes eu ficava impressionado com os furos que eles davam, não conseguiria jamais compreender como homens são maleficamente inteligentes eram capazes de cair em armadilhas tão estúpidas.

Sim, todo o meu plano era estúpido e não havia nenhuma garantia de que ele daria certo. Tudo o que eu havia criado tinha apenas um objetivo: salvar Emma, seus pais e Belle sem nenhum efeito colateral para eles.

“Vai dar tudo certo”, era o que Dave repetia inúmeras vezes enquanto não tentava me convencer de que a presença dele iria me ajudar. Talvez a insistência de Nolan era apenas a confirmação de que meu plano era ridículo, junior e otimista demais. Mas agora não dava para voltar atrás, o tempo acabou.

Ao chegarmos nas docas e nos posicionarmos corretamente, esperaríamos o sinal de Colton, já que eles observaria tudo do galpão de William Smee, e somente depois disso entraríamos em ação. Contudo, fomos surpreendidos pela rapidez dos acontecimentos. Poucos segundos após o posicionamento, vi meus sogros e minha irmã saírem correndo desesperados pelo portão principal. Senti uma vontade imensa e impulsiva de correr e abraçar Belle, mas Ruby fora mais rápida e, cumprindo o combinado, retirou-os dali antes de caminhassem ainda mais pelo local.

Ela sequer me viu. Se meu sonho estivesse correto, se eu morresse naquele dia, eu jamais teria me despedido de minha própria irmã. Não haveria último abraço, última brincadeira ou um último “eu amo você”.

Não poderia pensar muito nisso, deveria apenas ter certeza de que ela estava bem e que Emma havia conseguido salvá-la e retirá-la das mãos daqueles monstros.

Agora era a hora do resgate de Swan.

Colton estava demorando para dar o sinal, Thomas encarava-me com terror nos olhos e, antes que eu pudesse tomar alguma decisão, vi Neal surgindo por trás do galpão recarregando sua arma e seguindo em direção ao portão de maneira determinada.

Aquele era o meu sonho. Ele iria acontecer e, se eu quisesse ter o mesmo êxito, eu deveria correr. E foi o que eu fiz, porém, involuntariamente soltei um grito de “não” que mais pareceu um urro, sendo o suficiente para que Cassidy voltasse sua atenção para mim. Ele não esboçou nenhuma preocupação quanto a minha presença, não se espantou com meu berro estrondoso, apenas alinhou sua arma e mirou em mim. O tiro veio segundos depois, e eu só posso afirmar que ele havia puxado o gatilho por ter sentir a queimação e dor em meu ombro e peito, além de uma força enorme puxando-me para chão. A quadrilha era tão monstruosa que até mesmo em momentos baixos, como essa queima de arquivo, eles conseguiam trapacear e nos enganar: Neal utilizava um dispositivo silencioso. Ninguém nas docas jamais iria desconfiar de qualquer ação criminosa no galpão, nenhum barulho seria emitido. Nem mesmo os gritos de Emma seriam suficientes para chamar atenção de alguém, ela morreria sozinha e desprotegida sabendo que seu namorado havia falhado miseravelmente.

O suor frio pingava por minha testa e a dor aumentava a cada movimento que eu tentava fazer, mas eu precisava levantar, precisa correr e salvar Emma. Senti as mãos de Thomas puxarem-me para o chão, ignorando todo o meu esforço para continuar e fazendo-me deitar novamente. Logo a visão começou a embaçar e eu via apenas vultos correndo pelo cais. A última coisa que eu me lembrava era do som de mais dois disparos. Outra arma.

A última coisa que eu ouvi naquele dia fora a sentença de Emma Swan. Nenhum pedido de socorro, nenhum som. Apenas a culpa e a vergonha em ter falhado gritando em meu peito.


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Notas finais do capítulo

Bom, antes de tudo, gostaria de anunciar que eu mudei o twitter de anúncios, adicionem o @zjollymari se vocês quiserem ficar a par de todas as atualizações e futuras fanfics. Eu tenho alguns planos em mente, mas já posso lhes adiantar que uma nova história virá chamada "Depois da curva". Postarei todas as novidades lá e, claro, responderei todos!
Então é isso, espero que tenham gostado do capítulo e, por favor, NÃO ME MATEM! Eu juro que sou uma pessoa legal HAHAHA
Vejo vocês no epílogo ou no twitter?
Grande beijo e obrigada por acompanharem a Open Wound.



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