Open Wound escrita por littlelindy


Capítulo 37
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Bom, esse é realmente o fim da Open Wound.
Não estou pronta para dizer adeus, mas espero que gostem do final dessa história e deixo-lhes, nas notas finais, meus agradecimentos!
Tenham uma boa leitura ♥



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Um mês havia se passado desde o conflito nas docas. Um mês desde que minha vida realmente começou.

Naquele dia, após meu quase rendimento perante Gold e Dylan, eu poderia jurar que em poucos minutos iria sentir a dor de uma bala atravessando meu corpo, mas isso não aconteceu. Ouvimos um grito vindo do lado de fora, uma súplica tão escandalosa que desprendeu nossa atenção. Em questão de segundos, Neal adentrou o local com sua arma posicionada em nossa direção. Pela expressão de surpresa dos dois homens, pude perceber que nada daquilo estava de acordo com seus planos, Neal não fazia parte de seu ciclo. Não mais. Ele fora descartado, da mesma maneira que Killian havia previsto.

Sem pensar duas vezes, Dylan ameaçou atirar nele, caso ele se aproximasse, mas ele não ligou. Somente após mudar o alvo do tiro para mim que ele demonstrou hesitação. Não consigo descrever muito bem o que aconteceu depois, foi tudo muito rápido. Dylan disparou, mas Neal entrou na frente e levou o tiro em meu lugar. Por ele ter se jogado perto de mim, perdi o equilíbrio e a arma que Killian havia me dado caiu ao chão. Gold e Dylan saíram correndo mas, num impulso, consegui disparar contra um deles. Não sei onde o atingi, mas Gold desapareceu mancado pela porta dos fundos.

Minutos depois, Thomas apareceu e me retirou do lugar, eu ainda estava com Neal em meu colo sem entender o que havia acontecido. Ele não disse nada, faleceu no exato momento da ferida. Não se despediu, não se justificou ou teve tempo de receber meu perdão. Eu o perdoaria, de todo meu coração, não somente por ele ter me salvado, mas eu não queria mais perpetuar sentimentos tão ruins dentro de mim.

Quando sai, acompanhada pelo senhor Grabeel, vi Killian estirado ao chão desacordado. Vivi um momento de desespero e pânico durante a corrida até o corpo de meu namorado, mas, chegando lá, pude ver que ele ainda possuía respiração. Fraca, mas já era suficiente.

Uma ambulância chegou rapidamente e o levou ao hospital onde foi submetido a uma cirurgia para retirada da bala. O procedimento não teve nenhuma complicação, entretanto, durante um certo tempo, Jones deveria fazer sessões de fisioterapia para melhorar os movimentos do braço - já que seu ferimento atingiu dois músculos do ombro.

Os dias seguintes foram extremamente tensos já que eu sequer conseguia dormir lembrando-me de tudo o que acontecera e, constantemente, a imagem de Neal morto vinha em meu pensamento. Além disso, tive que ir à Nova York contar para a família dele tudo, desde o envolvimento de Cassidy com a quadrilha até sua morte. Confesso que voltei três vezes pior por ter feito isso, mas eu precisava estar presente, afinal, aquela bala era pra ter perfurado o meu corpo, não o dele.

Neal não foi de tudo um cara ruim, ele tinha suas qualidades. Acredito que o fato dele ter se sacrificado por mim fora um ato heroico, que não apaga os erros do passado, mas não deixa que sua lembrança seja somente de erros.

Com Killian no hospital, David tomou conta da delegacia mais uma vez e reuniu todas as provas coletadas durante nossa investigação, incluindo a maleta fornecida por Thomas, para entregar ao FBI. Aliás, Killian havia dito que pediu a Regina para esconder todas as provas e devo dizer que estaríamos perdidos caso algum deles tivesse ido atrás da prefeita, já que ela apenas enfiou as provas na gaveta e as esqueceu lá. "Estava com preguiça", ela alegou. Típico.

Gold não conseguiu ir muito longe com a perna ferida e Colton o interceptou assim que tentou sair do galpão. Oliver teve um pouco mais de trabalho pois correu alguns quarteirões atrás de Dylan mas, claro, a juventude venceu.

Hoje era o grande dia: iríamos todos à capital ver o julgamento de Robert Gold, Dylan Humbert e Thomas Grabeel. Sabíamos que este último iria ter sua pena reduzida por toda a contribuição, mas também tínhamos consciência de que sua maior punição viria da família - fomos informados que apenas um de seus filhos iria ao julgamento, o restante dos parentes se recusou a comparecer. Gold fora obrigado, três dias atrás, a assinar os papéis do divórcio. Belle, agora, era uma mulher livre! Enquanto isso, Georgina, ex-mulher de Dylan, não teve a mesma sorte já que fora investigada como possível cúmplice do ex-marido.

Storybrooke inteira confirmou presença. Era como um evento, todos queriam ver de perto a sentença que levariam os homens que, por anos, maltrataram crianças e prejudicaram nossos recursos naturais. E, como se isso já não fosse suficiente, assassinaram uma das pessoas mais queridas que já haviam passado por ali.

Graham sempre seria lembrado.

Ruby estava radiante por, finalmente, colocar uma pedra por cima desse assunto. Ela resolveu mudar-se para Boston e convidou Belle para dividirem um apartamento e recomeçarem a vida. Seria ótimo para as duas e torço muito para que elas consigam, finalmente, ter a vida que sempre sonharam. De qualquer forma, nenhuma das duas se afastaria por muito tempo. Elas já tinham planos para um retorno, nem que fosse para passar férias! 

E, oh, Ruby não conseguiu se desfazer da cabana. Era, em suas palavras, uma lembrança incontestável e preciosa demais.

Enquanto faço, mentalmente, todo esse resumo do último mês, tentava também concentrar minha atenção em minhas mãos. Era a primeira vez que estava no cemitério em frente ao túmulo de Graham, havia levado algumas flores e estava limpando a lápide suja por terra e areia. 

Estava decidida a voltar sempre naquele lugar pois, por incrível que possa parecer, aquele local me trazia paz. Eu sempre senti saudade de minhas conversas com meu melhor amigo e essa era a única maneira de tornar isso possível agora.

Contava-lhe o quão feliz estava, o quão satisfeita em saber que justiça seria feita e que os nossos amigos estavam bem. Contei-lhe também do avanço que Killian havia feito nas sessões de fisioterapia e que, agora, ele já conseguia vestir suas camisas sozinho. Aliás, mantive-me na "pauta Killian Jones" por um longo tempo assim que mencionei o quão encantada estava por ele ter me pedido em casamento. Sim, agora eu era noiva do xerife de Storybrooke e nada (nem ninguém) poderia tirar a minha felicidade.

Estava tão entretida com a lápide que sequer lembrei-me que tinha combinado com Jones para irmos juntos à capital. 

— Sabia que ainda iria encontrá-la aqui! 

Ele estava bem arrumado, usava calça jeans, o cabelo bagunçado e uma jaqueta de couro em tons de marrom e cinza. Pelo visto meu namorado fora às compras e não pensava isso apenas pela jaqueta nova, mas também pela caixa azul em suas mãos.

— O que é isso? - perguntei curiosa vendo-o sentar ao meu lado e passar a mão direta na lápide, como se estivesse cumprimentando o amigo.

— É pra você. - ele disse serenamente entregando-me a caixa com um enorme sorriso nos lábios.

Assim que desfiz o laço e abri o pacote, vi um pano cinza no meio de todas as folhas de seda que enfeitavam a parte interior do presente. Tomando a peça em mãos, vi que tratava-se de uma jaqueta de couro, idêntica à que Killian estava usando.

— Agora você resolveu que nós somos do tipo de casal que usa a mesma roupa? Qual o próximo passo, dividirmos uma conta no Facebook? - perguntei brincando, mas logo prosseguindo - Ela é linda. Eu iria comentar quando te vi com a sua... Comprou no mesmo dia?

— Eu não comprei, amor. - respondeu divertido - Consegue se lembrar da gaveta 1? 

— Aquela que você não me deixava limpar? Sim. O que tem?

— Você não acreditava mesmo que ela estava repleta de papéis e algumas cartas não é? Eu iria te entregar antes, mas sabia que iríamos ter sucesso e esperava muito por esse momento.

— O que é isso, então?

— Era do Graham. Eu e David temos uma igual, mas nunca mais a usamos. Assim que ele começou a estagiar na delegacia nós mandamos fazer uma igual. Olha ai no bolso, cada um de nós tem uma figura diferente: a minha é uma âncora, Dave tem uma espada e a de Graham--

— Um lobo. - o completei sorrindo. - Esse é o melhor presente do mundo! Obrigada, amor.

Joguei-me nos braços de Killian esquecendo-me completamente de seu ombro e, mesmo soltando um pequeno gemido de dor, ele enlaçou seus braços em minha cintura e deu-me um beijo apaixonado. Sem qualquer pressa nossas línguas dançaram segundo sua própria melodia, não tínhamos mais tempo marcado ou medo de nada, não precisávamos correr. Lentamente nossos lábios se separaram, restando-nos apenas as testas coladas.

— Eu iria dizer que você chegou em boa hora, mas agora posso acrescentar que esse presente também veio em um excelente momento.

— Ah é? E por quê? - perguntou curioso.

— Espera um momento. 

Disse enquanto retirava o casaco que estava para colocar o que Killian havia me dado. Antes de dobrar o antigo, retirei de seu bolso um papel amarelado. Deixei de lado a peça e posicionei-me entre as pernas de Jones, repousando minha cabeça em seu ombro e rapidamente recebendo seu abraço apertado. 

— O que é isso? - questionou enquanto eu desdobrava o papel.

— A última carta de Graham. Eu iria ler para ele, quer ler comigo também?

— Eu adoraria. - respondeu sorridente e depositou um beijo em minha têmpora.

Retribuindo-lhe o carinho, comecei a ler em voz alta a carta, alternando meu olhar entre Killian e a lápide de meu melhor amigo.

 

"Querida Vevé, 

 

Lembro-me de dizer na primeira carta que eu gostaria de lhe entregar em mãos essas palavras, mas acredito que não será possível. Thomas me encontrou, está em Storybrooke já faz alguns dias, mas eu não sabia. Ele foi até a delegacia e tentou me alertar do perigo que eu corria, mas apenas David estava lá. Embora eu tenha gritado com ele minutos atrás, não o culpo inteiramente por não acreditar no recado que Thomas deixou. Entretanto, acredito que essa seja minha última carta.

 

Eu, sinceramente, espero voltar a escrever-te e rir dessas minhas últimas linhas, mas eu não sei o que posso esperar. Talvez eu volte a trabalhar com meu pai, juntando-me a toda sujeira como castigo e punição. Ou, talvez, esse seja meu último dia. Eu sabia, desde o começo, que estava mexendo com pessoas perigosas e foi por esse motivo que poupei-lhe inicialmente. Preciso dizer que cometi um enorme erro ao confiar em Neal, especialmente por deixá-la sozinha ao lado dele. Entretanto, fiquei contente em saber que vocês se separaram - por favor, não leve-me a mal, mas você merece coisa bem melhor! Confesso que estou preocupado em como está reagindo. Não esperaria vê-la pulando de alegria como fiz ao receber a notícia, mas também não quero vê-la como Killian. Lembra dessa história? Devo tê-la lhe contado lá para a quarta carta... Enfim, não cometa o mesmo erro. Não crie barreiras e feche-se para o mundo. Saia, viva!

 

Pretendo arrumar alguém para entregar-lhe essas cartas. David, certamente, não me ouviria agora... Poderia pedir a Ruby, mas ter que me despedir dela faria com que eu perdesse todas as minhas forças. Provavelmente, você receberá minhas últimas palavras através de Killian. Espero que vocês tornem-se amigos, ele é um cara incrível! Você irá adorar conhecê-lo melhor, vocês tem muitas coisas em comum. Talvez ele possa te aconselhar da mesma forma que eu o aconselhei. Talvez essa seja a melhor forma para estarmos juntos, mesmo indiretamente. Se ele fizer isso, por favor, agradeça-o em meu nome. Diga que ele, assim como David, foram os melhores irmãos que alguém poderia ter nessa vida. E, por favor, cuidem uns dos outros.

 

 

Você, minha Emma Sorriso, esteve comigo nos momentos mais difíceis, e nos mais fáceis, nos terríveis e nos maravilhosos. Você esteve ao meu lado, dia e noite, 24 horas: em meu pensamento, meu coração, meu olhar, meu sorriso, de qualquer forma, mas você esteve aqui. Aonde quer que você esteja, pra onde quer que eu vá, eu estarei com você e você comigo. Eu sei disso pois estamos ligados, ninguém nos separa.

 

Lembra quando assistíamos filmes de super-heróis? Recordo-me bem o seu ódio pelo meu preferido: Superman. Mas, agora, uma frase daquele filme passa em minha cabeça e eu quero que você a guarde para sempre: 'Uma boa morte é em si uma recompensa'. Mortes literais ou figurativas são sacrifícios e os heróis, o lado bom, vivem por isso.

 

Eu amo você. Obrigado por me encorajar a ser um super homem e eu espero ser, em sua concepção, melhor que o original.

 

Com amor,

Graham Humbert."

 

Por longos minutos nem eu ou Killian dissemos uma palavra sequer. Eu chorava descontroladamente e, em alguns momentos, soluçava. Quase o agradeci por ter tido a paciência por me deixar terminar de ler mesmo com toda dificuldade e não ter me interrompido, mas ele também não estava melhor que eu. Ficamos ali um tempo encarando o papel em minhas mãos, até que ele rompeu o silêncio.

— Ele esperava que eu e você fôssemos bons amigos. - comentou brincalhão enquanto limpava algumas lágrimas.

— Acho que ele ficaria decepcionado. - dei continuidade à brincadeira rindo.

— Vamos? Temos que ver essa recompensa acontecer. - ele disse já levantando-se e estendendo a mão para me ajudar.

— Sim, nós precisamos. 

Ficamos parados observando a lápide por um tempo, de mãos dadas. Algumas pessoas que passavam por ali olhavam-nos com curiosidade pensando, talvez, o quão estranhos nós éramos por sermos um casal que combinava roupas. Essas pessoas sequer imaginavam o imenso significado que cada linha daquelas jaquetas carregavam. 

Despedi-me de Graham prometendo um retorno, já Killian optou por brincar dizendo-lhe que acompanharia a "amiga" dele no próximo encontro.

Jones ofereceu-me o braço sadio para que eu entrelaçasse o meu e seguíssemos juntos até o carro. Fomos andando devagar e em silêncio, seria um dia cheio, mas um dia de libertação.

Talvez mortes não fossem feitas para serem levadas somente para o lado negativo. Existia a possibilidade de toda dor e saudade ser convertida para algo bom e sadio. A morte de Graham abriu feridas nos corações de muitas pessoas, mas também foi o elo que permitiu a salvação de inúmeras outras. Ele não se sacrificou em vão, seu legado seria maravilhoso. A "Emma Sorriso", ou "Vevé", pode ter morrido junto com ele, mas uma nova Emma estava nascendo e, para ela, eu previa um caminho cheio de luz.

Não havia obstáculo algum que pudesse me impedir de ser feliz agora. [...]

— O que você acha de Colin? - Killian disse subitamente.

— Oi? 

— Nome. Um nome para o nosso filho. - respondeu naturalmente abrindo a porta do carro para que eu entrasse.

— Uau, me pediu em casamento agora e já quer ter filhos? 

— Um homem pode sonhar, não é? - replicou após dar a volta e, finalmente, entrar no automóvel.

— Não sei se gostaria... O que acha de Henry? - sugeri alegre fazendo-o esboçar o mais lindo sorriso.

— Bonito, mas muito comum. - ele fez uma pausa para pensar - Liam?

— Liam Swan Jones. É, eu gostei! Vai ser Liam.

— Nosso Liam. - repetiu feliz com o resultado e deu partida.

[...]

Todo meu futuro estava em minhas mãos e eu jamais desistira dele. Afinal, quando eu desisti de algo?


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Notas finais do capítulo

Então... Acabou.
Eu programei postar aqui todos os nomes das pessoas que sempre estava aqui para compartilhar comigo suas reações e opiniões e, também, daquelas que maravilhosamente me deram de presente uma recomendação. Mas eu sou um desastre e, provavelmente, me esqueceria de metade. Portanto, não quero magoar ninguém mas quero deixar claro que adorei cada um de vocês. Foi um prazer ENORME ler cada um dos comentários/recomendações, e uma alegria ainda maior ao respondê-los e vê-los cada vez mais por aqui - alguns mais cedo e outros mais tarde, mas faz parte. Eu não esperava tamanho carinho e reconhecimento por essa história, eu a escrevi, inicialmente, para limpar de mim todos os pensamentos negativos que o luto me trouxe. Mas vocês fizeram da Open Wound algo MUITO maior e eu não tenho palavras para agradecer.
Peço desculpas por todos os atrasos, erros ortográficos e mancadas quanto ao enredo, mas tudo o que eu fiz foi de coração. Eu realmente espero que tenham gostado da história e torço para que venham falar comigo pois vocês foram incríveis todo esse tempo!
Eu realmente estou sem palavras para agradecer.
Espero encontrá-los por aqui nos comentários, em outras fanfics (como a "Depois da curva" que irá chegar) ou no Twitter (@zjollymari).
Obrigada por me deixarem compartilhar a Open Wound e obrigada por nos receberem de braços abertos.
Com amor,
Marina. ❤