Open Wound escrita por littlelindy


Capítulo 34
Thomas Grabeel


Notas iniciais do capítulo

Olá meus seguimores!
Devo dizer que estou envergonhada do atraso, mas a explicação e alguns avisos estão nas notas finais.
Espero que aproveitem esse capítulo e sinto muito se não está muito bom!
xx



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– Então é você mesmo o cara que me alertou sobre a morte de Graham? - David perguntava pela milésima vez.

– David, se ele não te bater dessa vez eu juro que eu mesmo faço isso. - Killian respondeu impaciente.

– Está tudo bem, Killian. - Thomas disse educadamente, porém visivelmente exausto de Nolan.

Eu já tinha ingerido mais de três copos de água e digo-lhes que essa história de que a mistura com açúcar nos faz acalmar é ridícula. Esse é um dos mitos mais estúpidos que eu já ouvi e, a cada vez que fico nervosa e alguém me sugere isso, eu tenho vontade de gritar. É como se, agora, isso fizesse o efeito contrário. Aliás, acredito que seria extremamente terapêutico e sedativo transferir todo esse nervosismo para a cara de alguém. Talvez Gold. Não, com toda certeza seria Gold. E como se já não bastasse tamanha preocupação, vinha-me a culpa: eu deveria ter ligado mais vezes. Deveria ter me preocupado mais com meus pais, deveria ter ficado mais tempo com eles. Estava com a sensação de que havia falhado miseravelmente com eles.

Os minutos sequer se passavam, eu não parava de encarar o telefone, como se isso tivesse o poder de fazê-lo tocar, e torcia para que os meninos calassem a boca. David em especial. Será que era tão difícil assim acreditar que Thomas fora o homem que ele ignorou dias antes do assassinato de Graham? Por Deus! E Killian não estava fora disso, ficar calado diante do drama de Nolan não ajudava em nada, ele poderia muito bem mandá-lo parar ao invés de ficar dizendo para eu tomar mais e mais copos d'água.

– Vocês vão ficar ai discutindo ou vão resolver logo o que fazer? Até agora Thomas não disse uma palavra sequer! Não uma útil.

– É, você realmente tem o "gênio forte". - o homem, enfim, comentou enquanto colocava a maleta por cima da mesa.

– Não é questão disso! Meus pais estão nas mãos daqueles monstros e Belle também, será que NINGUÉM consegue ver a gravidade disso? Ninguém aqui está nem um pouco preocupado ou com medo? Não parece! - disse a última antes que Jones começasse a falar, já que ele havia aberto a boca em sinal de que iria iniciar alguma sentença com "mas".

– Emma, eu compreendo sua frustração e desespero, mas não podemos agir por impulso. Killian também foi cercado, afinal, levaram Belle. Temos que ser cautelosos.

– Thomas tem razão, amor. - revirei os olhos impaciente.

– Então diga algo. Útil, de preferência.

Vi meu namorado olhar de relance para Grabeel como quem dissesse para prosseguir pois não adiantaria discutir. Ele estava correto, mas iríamos ter uma pequena conversa depois de tudo.

– Acredito que Gold e Dylan estão na cola de você e seus pais faz tempo. Aliás, a senhorita não deveria ter ido atrás de informações sozinha, esse tipo de coisa é feito com extrema discrição e, se possível, com alguém de confiança ao seu lado.

– E adiantou falar? - Jones questionou.

– Juninha. - David brincou.

Eu vou matá-los, é oficial.

– A quadrilha deles não se resume simplesmente à dupla, muito menos a Neal. Esse coitado é apenas a isca, a qualquer momento e oportunidade será descartado.

– Como fizeram com Graham. - completei.

– Não. O pequeno Humbert foi queima de arquivo, Neal seria largado e exposto às acusações. Ele não tem como provar sua inocência, mas os outros dois sim. Como eu disse, a quadrilha é bem maior.

Não sei se parece-me correto iniciar esse tipo de pensamento nesse momento, mas notei certo carinho ao ouvir Thomas chamar Graham de "pequeno Humbert". Não era como se ele falasse de um mero conhecido, fora uma frase repleta de afeto. Iria sondar isso mais tarde, com mais calma, mas tinha a leve impressão de que Thomas e Graham eram mais próximos do que aquela carta havia me dito.

– Você acha que Gold faria algo para Belle?

– Não sei, Killian. Sendo bem sincero, não tive muito contato com Gold. Tudo o que sei é aquilo que conheci e conheço sobre Dylan. Quanto a ele devemos nos preocupar, mas se sua irmã era esposa de Gold, acredito que ele não teria coragem de fazer isso.

Eu duvidaria.

– De qualquer forma temos que evitar novas ameaças e desastres. David, eu quero te pedir algo.

– O que?

– Deixe-me no comando desse caso, vá para casa e tome conta de Mary Margareth e Zachary.

– Eu não posso te deixar sozinho, e se acontecer algo?

– Por favor.

– David, ele tem razão. Zachary acabou de nascer, pelo amor de Deus vá cuidar dele e de Mary. Eles precisam de você.

– Tudo bem. - suspirou profundamente - Eu não vou insistir mais por saber que ficaria destruído caso algo acontecesse com os dois, mas não quero que algo aconteça com vocês.

– Não estou entendendo essa sua despedida. Ninguém aqui vai a lugar algum. - comentei.

– E nem sabemos o que vamos fazer, Dave.

– Claro, vocês saem do assunto! Thomas não pode falar nada que vocês já desviam completamente daquilo que ele estava falando.

Eu podia jurar que, se olhasse para aquele homem durante toda a conversa, ele estaria com os braços cruzados e amaldiçoando céus e terras por se envolver com pessoas tão estúpidas. Mas eu estava enganada. Thomas estava distante, alheio a tudo e sequer estava prestando atenção. Seu olhar estava fixo na alça da maleta preta, a qual seus dedos alisando de um lado para o outro em um momento um tanto quanto nostálgico, eu diria. Sim, eu poderia estar fantasiando por ainda acreditar em um relação maior entre ele e Graham, mas que existia algo maior ali.... ah, existia sim!

– Thomas? – chamei, despertando-o – Está tudo bem?

– Sim, está sim... Podemos voltar ou vocês tem mais algum assunto para colocar em dia?

– Não temos não, senhor. – os meninos responderam em uníssono.

– Ah, que fofo!

– Continuando... Tudo o que sei é aquilo que veio de Dylan, tudo o que está nessa maleta eu consegui enquanto éramos próximos e eu ainda trabalhava para ele.

– Você estava nisso também? – perguntei.

– Infelizmente sim, Emma. Desisti no momento em que Dylan começou a ameaçar Graham, ainda em Nova York.

– Por minha culpa.

Que ótimo, mais um para me lembrar que tudo isso que estava acontecendo era por minha causa. Realmente, recordar que eu sou o ponto inicial de tudo o que aconteceu com Graham era tudo o que eu queria. Uau.

– Não, amor. Não é sua culpa, já conversamos sobre isso. Humbert faria o que fez de qualquer forma, mas ele tinha você e quis lhe poupar disso.

– E resolveu, Killian? Adiantou de alguma coisa? Eu estou na exata situação da qual ele lutou tanto para que eu não entrasse.

– E vamos sair dela. Juntos.

Permiti que ele me abraçasse e que me envolvesse completamente em seus braços. Sentia-me frágil e vulnerável de uma forma que não me sentia desde pequena, ou desde a morte de Graham. Meus pais estavam em perigo, Belle também e tudo o que eu conseguia sentir era culpa. Culpa por ter me desligado de meus pais e por ter sido algo que meu melhor amigo quis proteger – e pagou o preço por isso.

– Vamos sim, Emma. Dentro dessa maleta tenho mapas com as rotas, fotos, e-mails, conversas de celular por mensagem e o registro de três anos de transações e operações bancárias.

– E como conseguiu isso? – David perguntou surpreso.

– Dylan fazia tudo na minha empresa. Eu disponibilizava para ele uma sala e simulava para todos que ele era meu funcionário.

– Se ele não era por que você deu pra ele uma sala? Tipo... na sua empresa.

– Killian! – o repreendi, batendo em seu estômago com certa dificuldade, já que ainda estávamos abraçados.

– O que é?

– Seja um pouco discreto. – sussurrei.

– Emma, ele está certo. Se Thomas está disposto a nos ajudar, ele deve conquistar nossa confiança, deve falar a verdade. E, sinceramente, nada disso está fazendo sentido. Você disse que conhece Dylan e, pela forma que falou, pareceram íntimos, não só permitiu que ele usasse a sua empresa, como também deu uma sala para ele, fingiu para todos que ele era seu funcionário e agora me diz que quer usar tudo isso contra ele?

– Fora que, se isso tudo for verdade, quando entregarmos os dois, você não estará salvo. Talvez tenha uma pena reduzida por colaborar, mas ainda assim vai com eles para julgamento. – Killian completou.

– Eu sei. Estou ciente que, ao entregar tudo isso para vocês eu estarei dando minha própria sentença, mas eu não posso fugir.

– Por que não? – perguntei.

Thomas parou por um momento e nos encarou. O olhar dos meninos não era nada amistoso e não ofereciam suporte algum e, posso estar enganada, mas parecia-me que aquele homem estava lutando severamente em seu interior. Parte dele desejava falar, mas a outra o boicotava e o fazia recuar. Procurei, através de um sorriso de canto de boca, dar-lhe o único apoio daquela sala e torcia para que fosse suficiente.

O homem nada fez por algum tempo. Ele pegava a maleta e a analisava por longos minutos, passava seus dedos pela alça e, às vezes, fazia menção deque iria abri-la. Mas logo desistia. Será que eu estava certa quanto ao “pequeno Humbert”? Ou existiam ainda mais podres nessa história?

Após um longo, e visivelmente doloroso, suspiro, ele resolveu falar.

– Vocês estão corretos. Sinto muito vir aqui e imaginar que poderia simplesmente entregar tudo isso sem nenhuma explicação. Acontece que... é difícil para mim. O que vou lhes contar agora não deve, de forma alguma, sair dessa sala. É tudo o que eu peço, deixe para que seja revelado apenas no dia do julgamento. Por favor.

– E por que faríamos isso?

– Nem mesmo meus filhos sabem disso, Nolan. Existem coisas que fazemos às vezes que nos causam arrependimento, mas outras nos causam apenas vergonha. Não me sinto arrependido, sinto-me envergonhado. E isso é tão forte dentro de mim que eu sequer posso compartilhar com meus próprios filhos.

– O que há de errado?

– Conheci Dylan em um jogo de golfe em uma das viagens que ele fez com a família para Orlando. Estávamos hospedados no mesmo hotel, afinal, eu também estava passando as férias com minha família. Depois de descobrir que éramos basicamente vizinhos em Nova York, passamos a nos ver com mais frequência e tudo chegou a um ponto que eu não pude controlar.

– Espera ai... Você está me dizendo que—

– Eu tive um caso com Dylan Humbert. – ele confessou me interrompendo. De alguma maneira, falar aquilo era algo que ele sentia necessidade.

– Oi? – falamos todos juntos.

– Graham sabia disso? – Jones perguntou.

– Há quanto tempo isso? – Nolan prosseguiu com o questionário.

– Sim, ele sabia. – respondeu cabisbaixo e falseando um pequeno sorriso – Ele fora o único que eu tive coragem de contar sobre.

“Pequeno Humbert”, eu sabia!

– Ele não reagiu mal, embora a notícia fosse um pouco pesada, até porque tanto eu quanto Dylan continuávamos casados.

– Dylan continua. – acrescentei.

– Eu sei. – ele sorriu de maneira triste – Foi por isso que eu fiz tudo o que fiz para Dylan. Ele não queria desistir do casamento e não suportava a ideia de que aquilo estava acontecendo conosco.

– Te assumir, então, era algo que assustava ele. Certo?

– Sim. Eu só o queria perto de mim... Quando contei a Graham, tínhamos combinado que faríamos uma troca de segredos e foi nesse dia que ele me contou o que o pai estava fazendo com ele. Dylan sequer teve a coragem de me contar o que estava tramando contra o próprio filho e isso, de alguma forma, me fez abrir os olhos. Poderiam ser os meus filhos dentro de uma mata cortando árvores e morrendo por falta de atendimento médico. Poderiam ser os meus filhos sendo ameaçados de morte por ai. E eu considerava Graham... ele era um garoto incrível. – disse saudoso.

– E como conseguiu sair da quadrilha? Quer dizer, você ainda está vivo... – questionei.

– Dylan não queria se expor. Nenhum deles sabia da minha existência, nenhum deles tinha consciência do nosso pequeno romance. Eu poderia sair desde que ficasse de boca fechada, para tudo.

– Típico. – Killian comentou revirando os olhos.

– Sei que vou para a cadeia depois disso, não foi uma decisão fácil, mas é algo que venho pensando a um bom tempo. Acredito até que tentar alertá-los sobre o assassinato fora um primeiro sinal.

– Mas e seus filhos? Sua esposa?

– Emma, às vezes é preciso fazer coisas escondidas daqueles que amamos. Sim, tive uma história com Dylan e estaria mentindo se dissesse que superei, mas ainda amo minha esposa e meus filhos. A chance de eles me odiarem assim que descobrirem é enorme, mas é necessário. Ficarei feliz em saber que serei responsável por alguma parcela no fim dessa quadrilha.

– E qual seu plano?

– Eles vão entrar em contato, isso é certo. Espere que eles liguem e não se surpreendam que já estejam cientes da minha presença, apenas arrumem lugar para essa maleta.

Se eu soubesse que o plano dele era esperar por uma maldita ligação eu nem tinha implorado tanto para que ele falasse. Como pode, numa hora dessas, ele pedir para que eu sente e espere? Será que ele entendeu a parte em que dissemos que eles levaram meus pais e Belle? E outra, onde guardaríamos aquela maleta? A delegacia estava fora de cogitação, casa de Jones seria muito óbvia, com Ruby também e um seria um risco enorme deixa-la com David.

– Dave, vá para casa agora que eu, Emma e Thomas cuidamos do restante. Você já sabe tudo agora, assim que eles entrarem em contato eu te chamo.

– Killian, não faz nenhuma besteira enquanto eu estiver fora.

– Ei, confia em mim. Só dessa vez, por favor. – implorou.

– Tudo bem, Capitão Jones.

Nolan sorriu e bateu levemente no ombro de meu namorado antes de sair. Imagino o quão divido ele estava naquele momento, o filho acabara de nascer e o caso resolvera se desembolar justamente agora. Contudo, não podíamos arriscar e simplesmente deixar Mary e Zachary desamparados. David voltaria, mas na hora certa.

– Alguma ideia? – Thomas perguntou.

– E se escondermos a maleta na Jolly? Deve ter alguma tábua solta pela cabine onde possamos guarda-la. – sugeri.

– Melhor que a Jolly Roger, tem alguém que pode ficar com essa maleta e não será nunca um alvo na mente daqueles dois.

– Quem?

– Regina Mills. – ele respondeu sorrindo. – Vou levar essa maleta, a verdadeira, para a prefeitura, lá a Regina resolve o que fazer com ela e onde guarda-la. Será até bom que assim, caso nos perguntem, não temos conhecimento algum do paradeiro das provas. Enquanto isso, preciso que você e Thomas levem uma maleta falsa para a Jolly Roger. Começando pela porta da cabine principal, conte cinco passos em direção reta e vai pisar em uma madeira podre, arrumem um jeito de guarda-la por lá.

– Tem uma madeira podre lá? Killian, eu andei naquele lugar!

– Se você tivesse só andado por lá... Você tava um pouco ocupada aquele dia, amor.

Jones brincou e recebeu meu olhar incrédulo em resposta. Eu não acredito que ele estava falando isso na frente de Thomas! Este, por sua vez, não conteve o sorriso malicioso que surgira em seus lábios, despertando em mim uma raiva ainda mais de Killian.

– E eu ia trocar, mas eu sempre esquecia. – ele completou.

Depois disso, liberamos todo o conteúdo da maleta por cima de uma das mesas para olharmos alguns papéis. Jones achou melhor colocar alguns documentos velhos dentro da maleta de Thomas que levaríamos para a Jolly. Sairíamos na frente, como iscas, até porque a presença de Grabeel era algo que intimidava Dylan de alguma forma. Quanto as provas seriam colocadas dentro de uma caixa de papelão e Jones simularia uma limpeza na delegacia. Disse-nos que desceria para o carro, primeiramente, com uma caixa com objetos velhos e, depois, com a que levaria para Regina. Segundo ele, isso minimizaria as suspeitas, mas tenho quase certeza de que isso era proveniente dos milhares de filmes que ele andava assistindo. Não questionei, apenas o deixei brincar de “As Panteras” novamente.

Antes de sair, Killian beijou-me docemente e repetiu inúmeras vezes para que eu tomasse cuidado. Além de basicamente obrigar Thomas a me proteger. Eu não era uma boneca de porcelana, ele sabia disso, mas compreendia seu medo de que algo de ruim poderia me acontecer. Imagino que não deve estar fácil para ele lidar com a tortura de ter alguém que ama sob as ameaças daqueles monstros – aliás, não imagino, eu estou sentindo isso.

Assim que saí da delegacia com Thomas, notei certo movimento do outro lado da rua. Killian estava correto, eles iriam nos vigiar por tempo integral.

– Obrigado. – Thomas disse, talvez tentando desviar o foco de meu olhar.

– Oi?

– Obrigado por não terem comentando tanto a história que contei para vocês. E nem por terem feito alarde nenhum.

– Você diz sobre seu relacionamento com Dylan?

Ele assentiu com a cabeça.

– Não tinha motivo algum para isso. Thomas, eu sei que você teme a reação dos seus filhos e de sua esposa, eu entendo isso. Também compreendo que você tenha esperado o pior de nós, mas acredite, isso não é motivo para agradecer. De verdade.

– Tudo bem. Graham me disse muito sobre você...

– Verdade?

– Sim. Depois daquele dia nós dois passamos a conversar bastante.

– Eu imaginei... a forma como você disse “pequeno Humbert” foi um pouco marcante para mim.

– Os outros nem perceberam.

– Não os culpo, eu fui um pouco “treinada” para ouvir e observar na faculdade. Não que eu faça isso o tempo inteiro, Deus me livre disso, mas em alguns momentos é inevitável.

– Você é uma boa mulher, Emma. Disso eu nunca duvidei quando Graham me falava, mas ver isso de perto é ainda mais honroso.

O que eu poderia falar em resposta a tão adorável elogio?

Killian P.O.V

Eu não tinha certeza daquilo que estava fazendo, devo confessar, mas estava esperançoso e positivo. Eu sempre quis comandar um caso e ter as responsabilidade de Dave por um dia, isso não é nenhuma novidade, mas parecia muito mais fácil quando ele fazia. Tudo encaixava-se com maestria e nada parecia ser um obstáculo grandioso demais que ele não pudesse ultrapassar. Eu sequer sabia que o meu início iria dar certo.

Contudo, deveria transmitir segurança e confiança para Thomas e Emma. E isso era algo que, inclusive, estava me dilacerando por dentro: como eu tive coragem de enviar minha própria namorada como isca para algo que eu não estava certo de que teria êxito? Se Emma voltar com um arranhão sequer eu me culparia por uma eternidade.

Assim que desci com a caixa de velharias para coloca-las no banco de trás da viatura, vi dois homens estranhos encarando-me. Não fiz nada, subi como se nada tivesse acontecido para pegar a caixa com as provas e repetir o processo da caixa anterior. Entrei no carro e segui em direção à prefeitura.

– Regina! – a cumprimentei entrando na sala, deixando as provas disfarçadas no chão, próximo à porta.

– Killian! Aconteceu alguma coisa? Fiquei preocupada com a sua ligação. É algo com Emma? Eu sinto muito por estar tão ausente. – disse vindo me abraçar.

– Não, não. Está tudo certo. Quer dizer, mais ou menos. Conseguimos descobrir tudo sobre Gold e Dylan e agora precisamos da sua ajuda.

– Como assim? Espera, me conta tudo antes.

Ela, docemente, puxou-me pela mão e levou-nos para sentar em um dos sofás do grande escritório da prefeitura. Contei-lhe com detalhes tudo o que havíamos descoberto, afinal, se ela iria nos ajudar deveria saber de tudo. E, além disso, ela era a prefeita, uma vez que isso fosse a julgamento, ela estaria ciente de que uma grande quadrilha havia se iniciado em sua cidade.

– Eu sinceramente não sei por onde começar a comentar. Ou o que comentar...

– Terrível não é?

– Eu quero matar Gold! Muito mais do que antes. Eu dizia que ele mau caráter, mas não imaginava que estava tão certa disso. E Belle sabe disso? Meu Deus, só de imaginá-la nas mãos desses homens!

– É... – respondi de maneira triste – Vamos encontra-la e ela não sofrerá mais com Robert Gold.

Eu estava dizendo aquilo mais para mim mesmo que para Regina. Eu queria me convencer de que aquilo tudo iria dar certo, de que eu poderia ser um bom líder e salvar minha irmã e meus sogros. Eu iria conseguir.

– E como posso ajudar?

– Preciso que guarde as provas que Thomas conseguiu aqui na prefeitura. Eles jamais virão aqui.

– Claro! Estão naquela caixa que você trouxe?

– Sim, estavam em uma maleta, mas pedi para os dois levarem para a Jolly Roger. Sei que iriam me seguir se me vissem com uma maleta.

– E colocou homens para seguir sua namorada? Killian, onde você está com a cabeça? – me repreendeu.

– Olha Regina, muito obrigado por estar colaborando com a tortura mental que estou passando no momento. Eu realmente precisava entrar em desespero, nossa!

– Vá atrás dela agora e eu cuido da caixa.

– Tem certeza que não precisa de ajuda?

– VAI LOGO.

– Tudo bem.

Disse rapidamente saindo do escritório e acenando em forma de agradecimento. Embora Mills tivesse aquele jeitão fechado e tentasse sempre manter a postura que a prefeitura a exigia, ela tinha um coração enorme e a preocupação com Emma era prova disso. Eu sabia que ela não se recusaria a fazer esse favor e eu espero que eles não desconfiem dela, pois seria o nosso fim caso isso acontecesse. E, ainda mais, eu estaria colocando mais uma família na mira de Gold e Dylan.

Vivia uma série de declínios. A cada nova informação, uma nova preocupação e, assim, enfiava-me em um buraco sem saída e eu não poderia compartilhar isso com ninguém. Fico pensando agora em quantas vezes Dave já se sentiu dessa maneira, perdido e tendo que manter a pose para que eu e os outros não perdêssemos a confiança em sua capacidade de liderar. Nota mental: eu deveria ter essa conversa com ele para que jamais zombasse dele.

Sério.

Saindo da prefeitura, não notei nenhum homem me espionando. Mais tranquilo quanto à vigilância, resolvi ligar para Emma.

Chamava até desligar.

Quarta chamada e absolutamente nada.

Dirigi o mais rápido que pude para o cais e, correndo para a Jolly Roger, vi dois pescadores por ali e resolvi pergunta-los se haviam visto uma jovem loira com um homem mais velho de terno. Os dois senhores afirmaram tê-la visto saindo de minha embarcação, mas não viram o sentido que tomaram depois.

Seria um alívio?

Liguei novamente e, ao terceiro toque, ela atendeu.

– Por Deus, Emma! Que susto.

– Eu estava comendo, Jones. Qual o problema?

– Onde você está?

– Onde mais eu estaria? Estou na delegacia, Killian. Estamos esperando o telefonema, esqueceu?

– Por que não me avisou que iria voltar?

– E não era óbvio?

– Claro que não!

– Killian, o que está acontecendo? Por que está tão nervoso?

– Nada... Desculpa, amor. Eu já chego ai, tudo bem?

– Tá, né? – disse desconfiada.

Eu precisava conversar com alguém ou iria explodir. Não poderia descontar nos outros sempre que algo me assustasse ou pegasse desprevenido, não era justo. Eu iria para a delegacia, mas havia um lugar que eu deveria ir primeiramente.

Estacionei em frente a casa com a pequena varanda com um balanço e, encostado no carro, girava as chaves nervoso sem saber se era uma boa ideia ou não.

Eu deveria deixar meu orgulho de lado e buscar ajuda. Faziam menos de quatro horas? Sim. Isso era vergonhoso? Talvez, mas mais do que o meu título e reputação, vidas estavam em jogo. Subi as escadas lentamente e bati três vezes na porta de madeira.

– Killian? – a voz perguntou assim que a abriu.

– Olá, Dave. Tem um minuto para conversar?


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Notas finais do capítulo

Eu preciso dizer que estou imensamente envergonhada pelo atraso. Quem me acompanha desde o começo sabe que eu não costumo atrasar tanto e em todos os casos eu justifico. Dessa vez não será diferente.
O segundo semestre foi conturbadíssimo na minha vida, passei por um período horrível de notas na faculdade (matemática/estatística....), logo depois problemas familiares grandes invadiram minha casa. Em seguida tive problemas graves de saúde e quando consegui me recompor um pouco mais, fiquei de dependência/recuperação na maldita matéria de estatística. Espero que entendam esse atraso, mas veio realmente tudo de uma vez só e eu não soube coordenar, todo o tempo que eu tive livre (e energia também, devido ao problema de saúde) eu gastei com a minha paciente. Ela precisava de mim.
Enfim, gostaria de agradecer pela paciência e pelas palavras doces das leitoras Brendha e Bela Figueiredo que foram uns AMORES quando contei para as duas do meu problema de saúde. Agradeço também à Be, Adri e as meninas do CS Squad Brasil (aka Finisquad) que me animavam sempre que eu pensava em desistir e que achava que não daria conta.
E ah, eu fiz esse capítulo durante esse período conturbado, por isso, devo confessar que não estou muito segura com relação a ele, mas prometo melhorar no próximo.
Por fim, três avisos:
1) em um dos capítulos não notei que coloquei que GoT passava na Netflix, já fiz a correção. Agradeço a leitora Lisa por isso!
2) essa semana terá mais um capítulo para compensar tudo.
3) Estamos no final da história. Teremos apenas mais dois capítulos de Open Wound :(