Open Wound escrita por littlelindy


Capítulo 32
Um acordo com Neal Cassidy


Notas iniciais do capítulo

Olá seguimores! Eu iria postar antes mas devo dizer que me enrolei com a revisão.
Espero que gostem e tenham uma boa leitura.

♣ Dedico esse capítulo ao CS Squad e pras minhas lindas meninas leitoras de lá! Obrigada por serem esse grupo fantástico, amo vocês.



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Eu tremia bastante, meus membros chacoalhavam e eu suava frio. Ver Neal ao chão com sangue pelo corpo e se contorcendo de dor não era algo que eu gostaria de ver – mesmo sendo ele, era uma cena horrível. Não sai do lugar, não conseguia. Meus músculos estavam rígidos e impediam-me de dar qualquer passo naquele momento, portanto, apenas me abracei e, com os olhos arregalados, observava o movimento dos dois homens de Killian.

– Levem Cassidy ao hospital, escondam e não deixem ninguém saber que ele está lá. – ordenou para Oliver e Colton. – Você está bem?

Jones perguntou virando-se para mim pela primeira vez desde os disparos. Não soube ler o que sua expressão transmitia, culpa ou medo... Preocupação talvez. Costumava definir o olhar de Jones como “um lindo mar azul”, entretanto, naquele momento, suas íris passavam-me nada além de tormenta. Assim como meus pensamentos.

Balancei a cabeça negativamente e ele aproximou-se para me abraçar. Eu não sabia se gostaria de abraça-lo, mas acredito que se titubeei já deveria ser um sinal da resposta. Dei um passo para trás, evitando-o, e virei-me em direção à cabine, dando-lhe apenas um aceno com a cabeça.

– Um na perna e outro no ombro. – disse por fim.

– O quê? – perguntei.

– Um tiro na perna para que ele não corresse e outro no ombro para que sentisse dor e dificultasse a fuga.

Jones explicou, assenti em resposta e finalmente adentrei.

Sentei-me na cama de Killian e abracei-me novamente, porém, dessa vez, chorando. Permiti que as lágrimas saíssem em tentativa de ao menos amenizar o pânico que sentia. Agora, finalmente, a ficha estava caindo e eu estava percebendo onde havia me metido. Acabara de ver um homem levando dois tiros e, dentre os envolvidos, o baleado era meu ex e o atirador, meu namorado. Dylan, Gold e Neal deveriam ser os vilões, no entanto, nós - os supostos “heróis” - é quem demos o primeiro golpe. Além disso, Cassidy era apenas o fantoche dos outros dois, estes sim eram as grandes mentes por trás de todo o mistério. E, tendo a certeza disso, uma pergunta não saía de minha cabeça: se a marionete foi capaz de causar tudo o que aconteceu essa noite, o que os outros seriam capazes?

Já estava deitada, fitando a parede de madeira do barco sem conseguir conter o choro. Fazia frio e o cheiro da madeira úmida estava um pouco forte, o mar parecia nervoso e balançava a Jolly Roger um pouco mais que o de costume. Ou talvez fosse apenas uma percepção distorcida causa pelo meu próprio humor.

– Posso ficar aqui? – a voz de Killian ecoou no local por trás de mim.

– O barco é seu.

“Barco”, está ai algo que ele questionaria e me corrigiria em tempos normais. Mas ele não faria isso, afinal, não estávamos em uma situação rotineira ali. Ele apenas bufou, talvez tentando manter a paciência.

– Quero saber se quer a minha companhia.

Eu queria, mas desejava-a não desejando. Não respondi e esperei que o silêncio transmitisse a ele que eu precisava de um tempo para falar. Ou decidir. Killian não saiu, mas também não pressionou uma resposta – o que agradeci imensamente em pensamento. Ele, então, puxou uma das cadeiras e sentou-se ao lado da cama acariciando meus cabelos.

Não me virei.

– Por quê? – perguntei com a voz embargada.

– Se eu não fizesse, ele teria feito. E, provavelmente, seria um de nós dois no hospital agora.

– É sempre assim?

– O que?

– A sua vida e a do David.

– Mais ou menos, isso foi diferente. – disse em tom suave, mas liberando um longo suspiro ao final.

– Diferente como?

– Quando estamos em uma situação de ameaça, basta esperar o outro titubear, mirar e puxar o gatilho. Essa não é a única saída, claro, mas considerando como ocorreu a de hoje... Bom, é assim que acontece.

– Não vejo diferença.

– A diferença está no refém, Emma. Quando ameaçam alguém que você não conhece, ficamos livres dos afetos e lembranças, mas quando se trata de alguém que você ama... É tudo uma bagunça.

Não respondi, ele continuou.

– Foi a minha primeira vez também.

– De que? – questionei finalmente virando-me para encará-lo.

– Nunca tinham ameaçado alguém que amo. Ver você nos braços dele e ele com aquele olhar enlouquecido foi... Eu não sei explicar. – Killian contava comprimindo os lábios, como se sentisse nojo da situação, mas também apertava a mandíbula com força, o que demonstrava sua raiva.

Eu não sabia ao certo. Essa minha primeira vez em não conseguir decifrar seus sentimentos parecia não ter fim e incomodava. Era bom olhar para meu namorado e encontrar alguma resposta, seja ela de conforto ou até de alarme. Mesmo suas feições negativas seriam melhores do que essa incerteza, pois tornaria tudo real, me faria acreditar que aquilo tudo estava verdadeiramente acontecendo. Os tiros, o sangue, o grito de dor, o silêncio da cabine e todas aquelas palavras soltas no convés pareciam mais um pesadelo do qual nem mesmo Killian Jones conseguia me despertar.

– Eu estou com medo. – confessei percebendo meus olhos marejarem novamente.

– Eu te protegi hoje, não foi? – assenti em resposta fazendo-o prosseguir – Vou fazer isso sempre que for necessário.

– Mas você quase foi atingido. Digo, quase foi você no lugar do Neal.

– Contando que você ficasse bem depois, seria um pequeno preço a se pagar.

– Eu não ficaria bem com você ferido, Killian.

Jones sorriu brevemente e, saindo da cadeira, pediu lugar na cama, ao meu lado. Assim que se deitou, envolveu-me em seus braços e depositou um beijo em minha bochecha.

– Que tal não falarmos disso agora? - propôs.

– Ótimo. - sorri aliviada - Me promete uma coisa?

– O que?

– Me promete que não vai sair desse barco hoje. Eu não quero ficar sozinha.

– Sim, eu prometo. E é um navio, Emma. Navio. - ele repetiu, fazendo-me revirar os olhos.

– Mas navios para mim são aqueles luxuosos, brancos e que saem por ai com turistas em cruzeiros. - expliquei-me, não por querer discutir o que de fato era a Jolly Roger, mas por desejar um clima menos pesado que, talvez, me fizesse descansar por um tempo.

– Emma... vá dormir. - falou impaciente.

– E ah, tem aqueles de filmes também, tipo o Titanic! - continuei provocando-o.

– Swan, dorme agora! - ele disse mais alto em meio aos risos que escapavam de sua garganta e bagunçando meu cabelo.

– Para, Jones! - respondi tentando retirar suas mãos, em vão.

– Se reclamar mais eu começo a fazer cócegas!

– Ah, não! Cócegas não. Por favor. - supliquei rindo.

– Então dorme e para de ofender a Jolly.

– Uau, você sabe que "a Jolly" é só um ba... vio, não é? - disse rapidamente torcendo para que ele não notasse mais um ato falho.

– Um "bavio"? - ele perguntou rindo - Ok, sei sim. Acho que ficou bom, dá pra satisfazer sua teimosia e o orgulho dela assim.

– Idiota. - revirei os olhos novamente ao vê-lo personificando a maldita embarcação pela milésima vez. É, eu teria que me acostumar com isso.

Ele sorriu, divertindo-se com minha impaciência e incompreensão, ficou por um tempo fitando-me, mas logo segurou meu queixo e deu-me um beijou suave. Era como se, naquele momento, Jones buscasse em mim a segurança que eu sempre procurei nele.

– Me desculpa por ontem. - Killian disse colando nossas testas.

– Está tudo bem, amor. Quer dizer, eu fiquei com raiva sim, você precisa controlar isso! Mas depois de tudo o que aconteceu hoje, isso virou um problema tão pequeno.

– Não, não é pequeno, Swan. Eu sei que eu peguei, e pego, pesado nesse ponto. Eu não posso te prometer que vou parar, pois eu não tenho certeza se vou conseguir e não quero te enganar. Tudo o que eu posso oferecer é minha vontade e desejo de mudar.

– Tudo bem. Eu vou tentar não te pressionar, só não posso afirmar que vou parar de reclamar quando você der uma de Josh pra cima de mim ou de Belle.

– Qual é, Swan! Seu pai é legal.

– É? Mas eu não beijo meu pai. - comentei rindo.

– Sério? Ufa, estou mais aliviado agora. - brincou.

– Que bom. - respondi em meio às risadas - Mas, enfim, por falar na sua irmã... ligou para ela de novo?

– Sim, vai passar a noite com David no hospital e ajudar a levar Mary para casa amanhã cedo.

– Certo... me leva lá amanhã?

– Quer ajudar Mary também?

– Não é isso, eu quero falar com Neal.

– Está preocupada, não é? - perguntou cabisbaixo.

– Sim. Quer dizer, não desse jeito, amor. Eu estou preocupada porque eu vi ele no chão cheio de sangue, sentindo dor e... Killian, eu nunca vi isso antes, estou assustada. Mas agora, mais do que nunca, é uma ótima chance dele ajudar a gente.

– Você acha mesmo que ele vai fazer isso?

– Killian, você pediu para que ninguém soubesse que ele deu entrada no hospital. Ninguém saberá que ele está lá, o que inclui Dylan e Gold. Esses dois provavelmente nem sentirão falta dele, podemos usar isso a nosso favor.

– Amor, mas você sabe que não pode interrogar ninguém. - contestou.

– Eu não, você pode.

– Sim, mas Neal não vai me falar nada. Emma, eu não sei se você percebeu mas estávamos com armas apontadas um para o outro hoje.

– Ah jura? Eu nem tinha percebido. - repliquei sarcástica - Presta atenção. Eu e você entramos no quarto dele, você usa sua autoridade para fazer o interrogatório mas quem faz as perguntas sou eu.

– E se ele comentar que foi você quem fez as perguntas?

– Vão acreditar em um cara que, no mínimo, é suspeito de formação de quadrilha ou no xerife da cidade?

– Bom, tecnicamente David é o xerife e...

– KILLIAN! - o repreendi antes de completar a frase - Você estava brincando esse tempo todo comigo não é? Estava fingindo não entender o plano? - perguntei cerrando os olhos.

– Estava bonitinho ver você arquitetando todo esse esquema. - respondeu contento o riso.

– Vai dormir, Jones! - esbravejei e ele soltou a gargalhada reprimida.

Não dormimos depois disso, ainda conversamos por mais algum tempo fazendo-me ter vontade de matá-lo outras vezes. E, embora Killian me irritasse, era algo que eu simplesmente não conseguia mais viver sem. É bom ver que ele continua agindo como o cara que conheci do lado de fora do Granny's, gentil e cavalheiro, mas também como ele estava deixando-me entrar mais e mais em sua vida. Enquanto olhava para o homem que carregava minhas malas naquele dia, jamais poderia imaginar como era o som de sua gargalhada ou do quão brincalhão ele poderia ser. Não poderia sequer pensar em vê-lo segurando uma arma, mas também não tinha noção do quão acolhedor seu abraço poderia ser. Ele não era perfeito, estava longe disso, mas era uma imperfeição necessária. Eu não completaria minha jornada sem ele e, talvez, não sobreviveria a ela também.

Tive certa dificuldade em dormir, confesso, a imagem e os sons da noite anterior pareciam flutuar pela cabine. Entretanto, sempre apertava-me ao abraço de Killian e tentava acalmar-me, muitas vezes, tentando fazer com que meu coração batesse no mesmo ritmo que o dele ou imitando sua respiração.

Jones me acordou cedo e fomos ao Granny's tomar café antes de seguirmos para o hospital. Passando pelos corredores, encontramos Belle e David encolhidos nas poltronas desconfortáveis da sala de espera e optamos por não acordá-los, afinal, não queríamos explicar a situação para ninguém. Não ainda.

– Olá, bom dia. - Killian disse para uma das enfermeiras que passava.

– Bom dia, posso ajudá-lo, xerife?

– Gostaria de ver o paciente Neal Cassidy.

– Ah sim, o homem baleado que o senhor enviou noite passada, correto?

– Sim.

– Ela tem permissão de vê-lo também? - a moça perguntou referindo-se a mim.

– Sempre. - ele respondeu com um sorriso e pegando em minha mão.

– Desculpem, mas eu precisava perguntar. Afinal, o senhor pediu discrição. Acompanhem-me, por favor.

A enfermeira gentilmente nos levou por um longo trajeto até o quarto em que Neal estava, 2004. Ele estava acordado observando uma outra funcionária preparar uma injeção ao seu lado.

– O que é isso? - perguntei assim que entrei.

– É apenas um remédio para amenizar a dor, senhorita. Algum problema?

– Suspende. - ordenei.

No entanto, ela apenas olhou-me com descrença e não interrompeu sua tarefa. Só então percebi que eu não podia mandar nada ali, mas meu namorado poderia. Olhei para Killian, suplicando para que ele reforçasse meu pedido.

– Vocês ouviram. Cancelem a medicação. - Jones falou.

– Desculpe senhor, não podemos.

– Qual o seu nome, senhorita? - perguntou.

– Evelyn. - respondeu prontamente.

– Então, senhorita Evelyn, eu sou o xerife e estou aqui à trabalho. Gostaria de ter uma conversa com o suspeito e creio que a medicação irá atrapalhar, pode causar sono ou outros efeitos colaterais. Preciso dele acordado. Talvez a medicação venha como recompensa por ter colaborado nas investigações. - ele completou olhando para Neal.

– Tudo bem, esperaremos do lado de fora. Ela ficará?

– Emma é a vítima. - disse simplesmente e as mulheres saíram do quarto.

– Que espécie de vítima ela é se quem está nessa cama com dor sou eu? - Neal resmungou.

– Ah, cala a boca. - eu disse impaciente.

– Eu preciso daquele remédio.

– Eu gostaria de começar antes de passar a palavra para Emma. - Killian começou, ignorando-o - Você estuda, não é?

– Sim.

– E quem paga sua faculdade?

– Eu mesmo. O que isso tem haver?

– E sua família? Onde está? - Jones prosseguiu com o interrogatório, eu apenas observava.

– Em Nova York. E meu pai está morto.

– Hm, interessante. Seu pai faleceu de que? Como era a relação de vocês?

– Infarto fulminante. E não conversávamos muito. - Cassidy respondia rapidamente sem sequer olhar para nenhum de nós.

– Por que não?

– Digamos que assistir basquete e futebol enquanto bebia cerveja era mais interessante. Escuta, isso é mesmo necessário? - Não era.

– Sim, preciso conhecer seu histórico. - Não precisava. E Killian continuou - Gosta de esportes, Neal?

– Você quer mesmo uma resposta, Jones? - replicou entre dentes.

– Terminei aqui. Emma, pode começar, amor.

Assim que me deu a palavra, ele afastou-se e apoiou-se no pequeno móvel que havia ali e cruzou os braços, observando-nos.

– Estava com saudade, Emma. - disse sorrindo fazendo-me revirar os olhos.

– Oh, poupe-me.

– Não sabia que viria me visitar tão cedo, Em. Estou surpreso em ver que você se preocupa comigo mais do que eu imaginava.

– Se essa ilusão te faz bem, fique com ela. Não sou responsável por sua loucura, aliás, seria ótimo vê-lo sair daqui e ir direto para a ala psiquiátrica.

– Por que você trouxe o mala ali?

– O "mala" é o xerife da cidade e meu namorado. Não sei se você se lembra, mas ontem você enlouqueceu e veio com essas mão sujas pra cima de mim. E ainda o ameaçou com uma arma!

– Desculpa, querida, mas ele me fez de alvo primeiro. Você deveria me agradecer, eu salvei sua vida.

– Ah, salvou? - perguntei rindo em deboche. Ele não podia estar falando sério. Ou poderia? Estava começando a considerar a transferência para a ala psiquiátrica...

– Eu poderia ter acertado ele de olhos fechados, mas preferi que você visse o monstro que seu namorado é.

– Eu namorei um monstro, anos atrás. Sabia que ele se parece muito com você? O único que fez algo por mim ontem, foi o Killian. Aliás, o único que fez algo por mim.

– Sério isso? Agora vai dizer que eu era um péssimo namorado?

– Quando é que nossa conversa virou um momento para lavar roupa mesmo? Desculpa, Neal, nosso tempo de conversar sobre o erro que foi nosso "relacionamento" já passou.

– Mas eu não falei tudo o que queria. E não quero que pense em mim como um monstro.

De canto de olho pude ver Killian revirando os olhos e impaciente com aquela conversa. O admiro por permanecer calado, eu provavelmente já teria interferido se estivesse no lugar dele.

– Você já pode começar a falar.

– Eu só quero que entenda que eu não fiz tudo isso para...

– Não! - o interrompi - Quero que fale sobre você, Gold e Dylan. Isso é tudo o que realmente me interessa.

– Não tenho nada para falar.

– Que tal começar por onde conheceu Dylan e Gold? O que diabos passou pela sua cabeça quando me ameaçou ontem? E, então, poderia terminar me contando qual o grande segredinho de vocês.

– Espera, ele ficou com essas perguntas ridículas e você que vai fazer o trabalho pesado? - debochou - Pensei que fosse melhor que isso, xerife.

– Pelo que me contou sei que seu pai não fez isso, mas acredito que sua mãe também não te ensinou a nunca subestimar uma mulher, não é mesmo? - Killian respondeu sem sair do lugar.

– Fala logo, Cassidy.

– E se eu não quiser?

– Bom, eu posso fazer doer ainda mais. - disse encostando rapidamente em seu ombro, fazendo com que ele curvasse o corpo pela dor.

– O que eu ganharia com isso?

– Talvez uns anos a menos de prisão. Olha, Dylan e Gold não sabem que você está aqui, você é carta branca, é descartável. Você faz o trabalho sujo deles, você é substituível.

– Eu já falei que foi por Gold.

– Continua.

Ele bufou.

– Gold queria saber qual era o plano de vocês contra eles. Disse que você esteve com ele e o ameaçou. Pediu para que eu desse uma olhada no que vocês tinham em mãos e no quão verdadeira você havia sido quando o enfrentou.

– Pode continuar.

– Vocês não estão tão longe de descobrir, tem boas pistas.

– Essa é a parte que você fala, Cassidy.

– Ainda não vejo vantagem nisso.

– Confirme uma de nossas teorias então que nós te deixaremos em paz.

– Por hoje. - Killian completou.

– A madeira ilegal. - ele confessou fechando os olhos e movendo a cabeça para trás, mais por cansaço e dor que por arrependimento - O material que o Gold usa na loja dele não é regulamentada.

– Acho que por hoje é só. - disse sorridente - Comece a pensar no segredinho que vai nos contar amanhã!

– Eu não vou contar mais nada. Vocês não podem me prender aqui por muito tempo.

– Você pode contar por partes ou pode revelar o mistério todo, a escolha é sua. São essas as duas opções, camarada. - Jones começou - Pensa sobre isso. Quando estiver pronto para nos contar tudo, chame a enfermeira Evelyn e peça para ela nos chamar, certo? Temos um acordo? - ele dizia em tom amigável, embora estivesse ao pé da maca dando leves tapas na perna de Neal, causando-lhe espasmos.

Ele não respondeu, mas Killian confirmou.

– Sim, eu sei que temos. Você não tem muitas escolhas no momento.

Abri a porta e fiz um sinal para que Evelyn retornasse, afinal, aparentemente o hospital havia lhe pedido para ter dedicação exclusiva a Neal. Talvez fosse até um pedido do próprio Killian e eu não tinha conhecimento sobre.

– Senhorita Evelyn, o paciente fez pequenas colaborações hoje e eu gostaria de avisar que a qualquer momento ele pode se prontificar a confessar. Quando ele sinalizar, por favor nos ligue. Vou deixar o telefone na recepção.

– Sim, senhor.

Já estávamos saindo do quarto quando Jones retornou e dirigiu-se à enfermeira novamente.

– Ah, acho que ele merece um prêmio pela contribuição de hoje. Poderia providenciar uma televisão?

– É sério isso? - Neal perguntou surpreso.

– Sim, deixe ligada 24 horas, sem interrupções, na ESPN. Tenho certeza que ele irá gostar. - Jones sorriu de forma travessa apoiando a língua no palato.

– NÃO! - Cassidy urrou desesperado.

– Ora, não faça cerimônias, Neal. É só um bônus, aceite.

– Por favor, não!

– Evelyn, por favor, providencie a televisão o mais rápido possível ok? Tenha um bom dia de trabalho.

– Bom dia, Evelyn. - disse - E aproveite o prêmio, Neal.

Saímos rindo e de mãos dadas e fomos até Belle e David para ajudar com Mary e nosso afilhado. Sabia que todas aquelas perguntas não eram em vão, mas não pensava que ele usaria aquilo contra Neal ou para torturá-lo de alguma forma. Se isso era permitido, bom... não sei. Provavelmente não, mas Killian não demonstrou arrependimento algum enquanto ria comigo pelo corredor.

Já no quarto com nossos amigos, enquanto eu e minha cunhada dobrávamos as roupas e organizávamos a mala, Nolan auxiliava a esposa no banho e Jones cuidava do pequeno Zachary. Pensamos em comemorar o nascimento do pequenino, mas Mary Margareth estava bem fraca e, além disso, todos nós precisaríamos de certo descanso.

Killian optou por não contar com detalhes o ocorrido da noite anterior, apenas o alertou da presença de Neal no hospital e, quanto a parte da ameaça no antiquário, Belle já havia o contado durante a madrugada. Ao passarmos pela recepção, meu namorado deixou nossos números de celular e autorizou-os a ligar a qualquer momento, afinal, ele estava certo de que Cassidy iria ceder.

Naquela noite, resolvemos não sair de casa para evitar qualquer confusão. A casa estava bem trancada e não haviam muitas luzes acesas, afinal, eu havia implorado para Belle dormir no mesmo quarto que eu e Killian. Estávamos no chão do quarto e comendo pipoca quando o filme terminou.

– Esse filme foi horrível. - ela comentou.

– O final conseguiu ser pior que o resto. - falei colocando um pouco de pipoca na boca.

– Vamos rir um pouquinho. - Jones propôs pegando o controle remoto - Vamos ver o que nosso amigo Neal Cassidy está assistindo.

Ele sorriu malicioso e mudou para a ESPN soltando uma gargalhada quando olhamos a programação.

– Sabe o que é pior do que uma partida de beisebol para quem não gosta do esporte? Reprise de uma partida de beisebol. - ele disse rindo.

– Você é a pior pessoa do mundo! - Belle disse assustada.

– Mas vai funcionar. - falei.

– Ok, vamos mudar. Podíamos começar uma série nova, que tal?

– Ótimo! Netflix vai ser nosso melhor amigo agora.

Demoramos mais de meia hora para definir qual delas iríamos iniciar e, por fim, acatamos às suplicas de Killian e optamos por House of Cards. Estávamos no terceiro episódio quando o celular dele vibrou e o visor anunciou o nome "Hospital". Ele pegou o celular e, vitorioso, virou-se para nós duas.

– Acho que nosso amiguinho não aguentou a pressão por um dia. Vocês me devem 20 dólares.


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Notas finais do capítulo

E então pessoas o que acharam? Será que o Neal vai contar tudo mesmo? Enfim, espero ver vocês no próximo para descobrir!

♣ Para quem não conhece, o CS Squad é um grupo criado para unir Captain Swan shippers, evitando todo e qualquer envolvimento com shipwars. Você pode nos encontrar no Twitter e Tumble por "finisquad". Quem quiser conhecer, dá uma passadinha lá.

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