Open Wound escrita por littlelindy


Capítulo 31
Efeito Graham


Notas iniciais do capítulo

Olá seguimores (adorei isso haha), tudo bom?
O capitulo está aqui e espero que gostem muito dele! Eu iria postá-lo ontem, mas preciso dizer que me recusei. Ontem o meu melhor amigo que falecer, o qual o Graham é inspirado, completaria 22 anos. Era um dia um pouco pesado para eu postar um capítulo como esse, espero que entendam. Entretanto, dedico essas palavras a ele de onde ele estiver ♥



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EMMA P.O.V

Era uma sala de espera com cores neutras, alguns vasos de flores espalhados pelas mesinhas, dando um ar mais aconchegante, e um silêncio absoluto. Minutos antes, o lugar estava movimentado, mas agora havia apenas eu e Killian, separados por uma cadeira.

Regina nos deixou sozinhos para que pudéssemos conversar porém, sendo bem honesta, eu não queria isso. Não queria falar ou discutir o ocorrido por saber que tanto eu quanto ele passamos dos limites. Ainda acredito que Jones não tinha (ou tem) direito algum de mandar nas minhas ações, ou nas de Belle, mas eu confesso que não poderia ter falado tudo aquilo - pelo menos não daquela maneira rude. Eu o encarava com seriedade, assim como ele que, em adição, tamborilava os dedos em tentativa de aliviar a tensão.

– Emma, eu... Eu não sei por onde começar. - disse por fim.

– Não vamos conversar aqui, por favor. - pedi dando-lhe um sorriso fraco de canto de boca.

Killian abaixou a cabeça e sorriu sem graça. Após alguns segundos, ele balançou-a afirmativamente e anunciou que iria ao corredor ligar para saber como Belle estava. Assim que ele saiu, Regina retornou com a água que eu havia pedido e, sentando ao meu lado, analisou-me por um tempo.

– Tiveram uma conversa ruim?

– Não.

– Então onde está Killian? Eu sinceramente achei que encontraria vocês dois no meio de uma discussão ou então se agarrando em cima de uma das macas do corredor.

– Regina! - repreendi - Nós apenas não conversamos e, então, ele saiu para ter notícias da irmã. Além de tudo, aqui não é lugar para isso. Não será apenas um simples pedido de desculpas que irá resolver a situação, nós precisamos sentar e conversar direito. Hospitais não servem para isso.

Ela não disse nada. O que mais admirava em Regina era a seriedade e a postura, ela sabia quando e como deveria começar um diálogo. E, apesar de sempre colocar um toque sarcástico em suas piadas, nesses momentos, ela preferia optar em não dizer nada a simplesmente abrir a boca sem qualquer fala construtiva. Sua lógica e competência aplicava-se aos relacionamentos e, em ocasiões como essa, nada seria melhor.

– Obrigada por isso, Emma. - falou após um longo período, recebendo como resposta meu olhar confuso - Obrigada por chegar e mudar as coisas. Você veio e colocou em cheque o homem que o grupo mais odiava, libertou Belle de uma prisão emocional horrível e, além disso, reviveu Killian. E como se já não bastasse você, sem perceber, o coloca nos eixos sempre que ele se esquiva. Jones é um doce, um amor de pessoa, alguém que sempre estará por perto quando precisarmos, mas ele tem dificuldade em controlar esse instinto protetor. Obrigada por ajuda-lo.

Ela sorriu sinceramente ao fim e, como sempre, havia planejado tudo aquilo para dizer. Não era tão próxima de Regina quanto poderia ser (ou como queria) mas, sem dúvida alguma, ela fazia parte da grande família que eu havia encontrado em Storybrooke. Suas palavras eram sempre bem postas e, mesmo que distante, ela sempre procurava acréscimos e melhorias para aqueles que ama. E era ótimo saber que eu estava em sua lista. Eu queria agradecê-la por aquilo, mas não tive tempo. Antes que eu pudesse abrir a boca para dar continuidade ao diálogo, ouvimos os passos pesados e tensos de Killian vindos do corredor.

– Regina! Que bom que voltou, Roland está com dificuldades em ir para a cama. Robin disse que não sabe mais o que fazer já que o garoto chama por você o tempo inteiro. - ele começou - Pode ir tranquila, eu fico aqui.

– Oh, Killian, eu vou ter que aceitar sua proposta sem contestar dessa vez. Quando Roland começa a fazer pirraça para não dormir é um caos só! - disse revirando os olhos e se levantando.

– Quer ir com ela? - Jones perguntou olhando para mim. Foi estranho ver que ele não me chamou de Emma, Swan, amor ou qualquer outra coisa. Ver Killian dirigindo-se a mim sem nenhum referencial fazia-me pensar coisas horríveis, seriam esses os efeitos dessa primeira briga?

– Não, não. Eu vou ficar com você.

Enquanto eu olhava apreensiva para Jones esperando por uma reação, Regina nos observava calada. O telefone dele tocou no exato momento em que iria me responder.

– Tudo bem então. - disse rapidamente enquanto olhava para o visor do celular - Desculpa, é o Oliver, vou atender. - justificou e saiu dali.

– Seja paciente, Emma. - Regina disse.

– Eu serei, prometo.

– Qualquer coisa me liga, tá?

Antes de ir embora, Regina abraçou-me e, num sussurro, provocou-me a conversar com Killian ali mesmo. Ela sabia que eu não iria fazer isso, portanto, lancei apenas um olhar reprovador antes que ela saísse rindo pelo mesmo corredor em que Jones havia passado.

Se existe uma coisa que me deixa muito entediada é esperar por algo. E, pior do que isso, considero o aguardar por algo enquanto se está sozinha. Esse sentimento tedioso estava em mim hoje mais cedo quando ignorava os meninos no escritório ao lado, rezando para que alguém ligasse para a delegacia dando-me algum serviço a ser feito. Contudo, agora estava numa sala de espera desejando apenas ter alguma notícia de Mary.

Eu tenho uma grande tendência, também, a encontrar uma válvula de escape para toda a ansiedade que o momento de espera me causa, geralmente mordendo algo ou até comendo. Mas como não poderia fazer nada disso ali fiz, então, a única coisa que poderia ser feita: mudei de cadeira várias e várias vezes. Eu estava literalmente sozinha, não apenas pela ausência de Killian ou Regina, não havia ninguém naquela ala do hospital.

Quando Jones chegou, eu estava numa poltrona ao canto da sala tentando me distrair com o celular. Antes de se sentar - dessa vez, com dois assentos de separação -, ele olhou-me confuso como quem dizia "eu te deixei aqui sentada em outro lugar, que diabos está fazendo ai?", mas nem assim se prontificou para falar algo. Estava claro que ele havia ficado chateado por eu não querer conversar, mas precisava me ignorar completamente? Pior era perceber e sentir aquele mar azul encarando-me o tempo inteiro em total e absoluto silêncio, aquilo estava realmente me incomodando. E, como se já não fosse o suficiente, o celular desligou por falta de bateria. Ótimo, era tudo o que eu precisava! Sem saber o que fazer para passar o tempo, escorei todo o meu corpo na poltrona, tentando encontrar uma posição confortável para dormir.

– Ei, vem aqui. - Killian ofereceu-me seu abraço após observar todas as minhas tentativas falhas.

Sabia que estávamos agindo de forma diferente um com o outro e eu não queria ceder até que conversássemos, mas estava preocupada com as consequências desse nosso joguinho. Portanto, aceitei a oferta e me aconcheguei em seus braços, mas logo ele me posicionou deitada em seu colo e pediu para que eu esticasse as pernas sobre as outras cadeiras, já que estavam vazias.

– Killian, eu ainda não quero conversar aqui.

– Está tudo bem, nós não vamos. Eu só quero que você descanse.

Estava mais que claro que tanto eu quanto ele estávamos lutando internamente contra toda aquela situação, aquele momento que estávamos dividindo era mais que proteção e aconchego, era também esperança. Era a sensação de que poderíamos passar por essa e outras brigas, mas sempre estaremos juntos. Esse não era o nosso fim ou declínio como eu imaginava, era apenas mais uma comprovação de que juntos éramos melhores. Após sentir sua mão delicadamente tocar em meus cabelos, fechei os olhos e, sentindo as carícias de meu namorado, dormi rapidamente.

Não sei quanto tempo passou desde que havia adormecido, mas fora o suficiente para que eu pudesse descansar e dissipar toda aquela ansiedade. Acordei com algumas vozes, mas não consegui identificá-las, eram como sussurros ao longe e que, aos poucos, foram se aproximando. Eu não queria abrir os olhos para me certificar se aquilo era ou não um sonho, portanto, resolvi esperar que as vozes chegassem nítidas até meus ouvidos.

– ... linda. Sério, eu nunca vi coisa mais maravilhosa, Killian! Cabe na mão de tão pequeno. Eu fiquei com tanto medo de segurar e acabar machucando. - um David animado falava.

– Shhhh! Emma está dormindo! - repreendeu firmemente.

– Não estou mais. - levantei-me devagar e coçando os olhos. - O que aconteceu?

Ao encarar meu amigo com um largo sorriso no rosto, percebi que não se tratava de um sonho, Mary já havia dado a luz e era um menino. Oh, ele estará perdido com David e Killian! Como num impulso, pulei de alegria e abracei fortemente Nolan que tirou-me do chão por alguns segundos num grande abraço de urso.

– Eu estou tão feliz por você! – exclamei.

– Agora que a Emma acordou nós podemos vê-lo? - Killian pediu animado como se David estivesse controlando a entrada e saída do quarto da esposa.

– Ainda não, os médicos estão cuidando de Mary e do meu filho agora, disseram para esperar aqui e que me chamariam para o quarto quando terminassem.

– Não precisa esperar mais, papai Nolan! - Whale disse, aparecendo atrás de nós - Mary já pode receber as visitas.

– Todos nós? - perguntei esperançosa.

– Sim, todos vocês, senhorita Swan. - respondeu sorrindo.

– Eu vou na frente!

Dizendo isso, David saiu correndo ao encontro da esposa e do recém-nascido, me deixando com Killian ali. Peguei minha bolsa e fomos andando até o quarto, ao entrarmos nos deparamos com uma das cenas mais lindas: um abraço triplo entre uma mãe cansada, mas deslumbrada, um pai babão e o bebê com maior probabilidade de ser mimado por todos. Ficamos ali apenas os observando com sorrisos estampados nos rostos.

– Olha filhão, olha quem chegou! - David dizia ao bebê de maneira carinhosa.

– Como ele chama? - Jones perguntou com os olhos brilhando.

– Zachary. - ele respondeu.

– Meu amor, quero que conheça duas pessoas muito especiais agora. - Mary disse finalmente, mas suavizando a voz ao conversar com o filho - Olha quem veio te ver, anjinho, são Emma e Killian! Abra os olhinhos, meu príncipe, quero que veja seus padrinhos.

Ao ouvirmos a última palavra de Mary, nós nos entreolhamos boquiabertos. Como assim nós éramos os padrinhos? Quer dizer, por ele eu já esperava isso, mas e enquanto a mim? Eu achei que seria "madrinha por tabela" apenas por estar junto a Jones, nunca pensei que seria uma primeira opção.

– Isso é sério? - perguntei.

– Ih, meu filho, sua madrinha já está ficando surda! - David brincou.

– Ele é tão lindo! - disse ignorando a brincadeira e me aproximando da criança cada vez mais, sendo acompanhada por Killian.

– Olha só essas perninhas gordinhas! - ele comentou sorridente.

– Pode segurá-lo, Emma. - Mary ofereceu de bom grado.

– Eu não sei fazer isso, M. - respondi com sinceridade, afinal, eu poderia machucá-lo.

– Ande logo, pegue seu afilhado! - insistiu.

Acabei cedendo e pegando o pequeno Zachary, mesmo que tivesse recebido um olhar de reprovação da enfermeira que estava ali. Tentei com o máximo de cuidado possível aconchegá-lo em meus braços e, sorrindo, brincava com a pequena mãozinha que segurava meu dedo indicador. Jones chegou devagar por trás, apoiou uma mão em minha cintura e, com a outra, fazia carinho na barriga do bebê.

Incomodadas com aquilo, as enfermeiras logo pediram para levá-lo ao berçário, alegando ser necessário mais alguns cuidados. Um bando de estraga prazeres, devo dizer. Mary pediu para que David as acompanhasse e ele obedeceu, levando Jones de acompanhante.

– Ele é a coisa mais linda que eu já vi! - repeti alegre para Mary assim que os garotos saíram do quarto.

– Sim! Emma, eu não poderia estar mais feliz. Você viu aquelas pernocas e os bracinhos? Meu Deus, eu já quero mimá-lo e agarrá-lo para nunca mais soltar! - ela disse animada com olhos brilhantes.

– Obrigada, M.

– Pelo quê? E você está me chamando da mesma forma que o Killian. – comentou rindo.

– Deve ser convivência. - respondi dando de ombros - Obrigada por ter me chamado para ser madrinha. Eu, na verdade, esperava que fosse chamar Belle, não eu. Nos conhecemos faz pouco tempo e... Sei lá.

– Espero que pense, então, nesse pouco tempo e nessa confiança que é entregar meu filho a você, para medir o quão importante você é para mim. - eu sorri em resposta, segurando a mão de minha amiga e ela prosseguiu - Mas e você e Killian?

KILLIAN P.O.V

Péssimo dia até então: havia brigado com as duas pessoas mais importantes da minha vida, Belle sequer tinha me dado atenção durante a ligação e havia um abismo entre eu e Emma. Reconheço culpa e exagero em meus atos para protegê-las e entendo a reclamação delas, porém é extremamente difícil controlar todos os meus impulsos.

Tentei conversar com Swan no hospital, mas ela se recusou. Confesso que fiquei chateado, mas apenas por querer resolver rapidamente essa questão e acabar com esse vazio entre nós dois. Ela estava certa, como na maioria das vezes, hospital não era lugar para aquilo, eu deveria ter paciência.

Aliás, por falar em hospital, eu não poderia estar mais feliz por David e Mary, além de maravilhado com a ideia de ser padrinho do pequeno Nolan. Quando ela disse "abra os olhinhos, meu príncipe, quero que veja seus padrinhos", eu não sabia se era realidade, sonho ou até devaneio pela noite mal dormida na poltrona da sala de espera. Claro que, bem no fundo, eu sabia que não havia possibilidade de não ser escolhido como padrinho, mas inferências não causam as mesmas emoções e reações que a confirmação em si. Zachary era, de longe, o bebê mais encantador que eu já havia visto, não que tivesse me deparado com muitos, mas com toda certeza ele era o meu favorito.

Embora estivesse enlouquecendo com a notícia, no bom sentido, não pude deixar de notar o quão natural Emma era com bebês. E, ao abraçá-la com Zachary no colo, senti algo estranho percorrer o corpo, talvez uma vontade de ter e viver aquilo. Era algo bom, eu só não sabia exatamente o que era, mas esse pensamento tomou conta de mim por todo o trajeto que fiz com David até o berçário.

FLASHBACK

– ARGH! – Graham exclamava repetidamente dando voltas pelo convés, fingindo ser manco ou ter uma perna de pau, não sei, ele não era um bom imitador.

– Ahoy, mateys! – David gritou da proa, ajeitando o chapéu tricórnio na cabeça.

– Calados! Ou farei os dois andarem pela linda prancha e servir de banquete para as piores criaturas dos mares. – falei encarando-os seriamente.

– Quem você pensa que é para falar assim com o capitão Le Clerc, marujo? – Graham questionou fingindo um sotaque.

– Capitão Le Clerc? Por favor, eu sou o Capitão Jack Sparrow, você não é nada perto de mim. – Nolan disse.

– Vocês são patéticos. Eu sou o capitão, eu dou as ordens por aqui e qualquer um que desobedecer já pode pensar no encontro que terá com o baú de Davy Jones!

– Ah, pronto. Killian já começou a bancar o filho de Davy Jones. – Humbert resmungou.

– De novo. – David revirou os olhos.

– Eu não estou bancando nada. E eu sei que ele vai ficar muito orgulhoso em saber que o filho é o verdadeiro capitão da Jolly Roger. – rebati.

– E que tem uma mão só. – Graham debochou.

– Ei, mais respeito com o Capitão Gancho!

Gostávamos de usar o navio do meu pai para “brincar” de piratas, era uma espécie de tradição que mantínhamos desde que éramos crianças. E embora agora, já jovens adultos, isso fosse um pouco embaraçoso, era algo que fazíamos com frequência. Contudo, algumas coisas foram mudando com o tempo, nós, por exemplo, sempre parávamos quando alguém se machucava, hoje, acabamos quando o rum chega ao fim.

E era exatamente como estávamos, sentados ao lado do bote, dividindo a bebida do cantil e cantando em uníssono “yo ho, yo ho, a pirate’s life for me”. Não, nenhum de nós tinha alguma pretensão em ser um “rato do mar”, apenas gostávamos da ideia de liberdade – e do rum.

– Sabe... – Graham começou - Daqui a pouco teremos nossos filhos e eu não me importaria de fazer tudo isso com os pequenos marujos. Já imaginaram isso? Pequenos Davids, Killians e Grahams por esse convés, pendurados no timão ou correndo ao redor do mastro.

– Ei, vamos com calma, imediato Humbert! – falou um David claramente bêbado – Crianças? Ainda não abaixamos nossa âncora, parceiro.

Estava parado ao lado de Nolan, em silêncio, observando os recém-nascidos através do grande vidro da maternidade. Encarávamos um a um, entretanto, é claro que tínhamos um preferido, uma criaturinha especial e que estava sendo colocada entre todos os outros.

– Bem vindo ao mundo, pequeno marujo.

Dissemos em conjunto após um longo suspiro. E, naquele momento, pudemos sentir que não falamos por nós mesmos, fora Graham se manifestando de alguma forma. Ele sabia o tempo inteiro que aconteceria, que estaríamos juntos com a mesma amizade forte de sempre. Nos entreolhamos e, com um grande sorriso – talvez por compartilharmos do mesmo sentimento -, nos abraçamos. Não, não somente eu e David, mas Graham também pois era assim que deveria ser desde o começo.

EMMA P.O.V

– Responde, Emma! – Mary disse impaciente.

– O quê?

– Como você e Killian estão, oras.

– Eu já respondi.

– E respondeu “ah, estamos bem”. – ela tentava imitar minha voz – Você acha mesmo que me engana?

– Nós brigamos. – falei soltando um longo suspiro – Mas não se preocupa! Não foi nada demais e logo resolveremos isso.

– O que houve?

– Não foi nada, M. Por favor, não fique com isso na cabeça, você acabou de ganhar seu filho, deve estar cansada.

– Eu estou bem, Emma, fale logo!

– Eu só não suportei ele tentando controlar cada passo meu e de Belle. Só isso. – justifiquei tentando, ao máximo, resumir a história.

– Emma, senta aqui um minutinho. – ela pediu, batendo na lateral da pequena maca e assim eu o fiz – Não seja tão dura com ele nesse ponto. Killian perdeu toda a sua família, já imaginou o medo que ele sente em perder Belle também? E, além disso, ele perdeu Milah. Não acho que suportaria perder quem ama novamente. E eu, do fundo do coração, acredito que o que vocês dois tem é muito maior do que ele sonhava em ter com ela. Eu sei que é complicado e que é até um pouco injusto pedir isso para você, mas tente ver por esse lado. Questione e tente consertá-lo aos poucos, mas não espere que seja do dia para a noite ainda mais com...

– Gold. – completei dando-lhe um sorriso fraco. Ela estava certa, nós dois precisávamos equilibrar essas necessidades.

– Obrigada por isso, M.

– O que você ainda faz aqui?

– Como assim? – perguntei confusa.

– Vai logo conversar com ele! – exclamou – E chame David.

Ela não sabia, mas tinha acabado de me dar a melhor de todas as ideias. Um hospital não era local para conversarmos, logo, precisaríamos de um, certo? Era impossível fazer isso em casa agora que Belle está conosco, contudo, a Jolly Roger estava vazia. Sai correndo do quarto, deixando Mary Margareth rindo, e fui de encontro aos meninos.

– David, ela está te chamando! - disse assim que os avistei de frente ao vidro do berçário, tocando-lhe no ombro em cumprimento. Passei por ele e, depois de dar um beijo rápido em Killian, prossegui somente para que ele escutasse – Te encontro na Jolly para o jantar.

Não dei tempo para que nenhum dos dois perguntasse nada, afinal, não queria me comprometer a dar respostas ou explicações de algo que eu sequer sabia direito se daria certo. Não precisava de um jantar romântico como fora em minha primeira noite no barco, queria apenas construir um ambiente confortável suficiente para que eu e Jones tivéssemos uma boa conversa. Lembro-me sempre de procurar briga com Neal por todo e qualquer motivo e, além disso, sequer me importava com o momento de nossas discussões. Acredito que, dentre os milhares de erros, esse era um deles: a pressa, o impulso. Eu não sabia esperar ou processar os fatos antes de contestá-los, apenas desejava ardentemente dar um ponto final ao “assunto chato”. Mas agora acredito que eu apenas os cobria com uma camada fina de ilusão, nada além disso.

Com Jones seria diferente, em todos os quesitos, teríamos (e temos) amor, confiança e não haveria problemas ou obstáculos camuflados, todos eles seriam devidamente resolvidos. Killian já havia me provado que faria de tudo para que déssemos certo, estava na minha hora de demonstrar o mesmo.

Eu não fazia ideia do que cozinhar e estava um pouco em cima da hora para aprender a fazer algo, portanto, optei em comprar a lasanha da vovó que ele tanto amava. Peguei a encomenda e fui até as docas, pois, apesar de ainda estar cedo, eu queria limpar o local que deveria estar coberto de poeira. Diferentemente do plano de Jones, eu queria que dessa vez jantássemos dentro da cabine.

Estava mudando a mesa de lugar quando ouvi uns passos, vindos do andar de cima, no convés. Não acredito que Killain já estava aqui, eu não demorei um dia inteiro para dar faxina em um cômodo! Subi furiosa, pronta para xingá-lo até a quinta geração por destruir duas surpresas em menos de 72 horas, até que avistei um homem de costas.

– Ei, quem é você? – perguntei firme, embora estivesse morrendo de medo. Ser assaltada em um navio antigo não era uma coisa que eu imaginaria que fosse acontecer.

– Ora, Emma, pensei que fosse se lembrar de mim mesmo de costas. – a voz respondeu virando-se.

– Neal. O que faz aqui? – esbravejei. – Saia daqui agora.

– Oi para você também. E não, não vou sair. – ele andava pela lateral passando os dedos pela madeira.

– Isso é uma propriedade privada, se não tem autorização para entrar configura-se como um crime. Não me faça chamar Killian.

– Oh, que linda! Chamaria o namoradinho para acertas as contas com o “criminoso” aqui?

– Ele é a polícia, imbecil.

– Colton e Oliver também, mas são tão estúpidos... – disse com um sorriso perverso nos lábios.

– O que você fez com eles? O que foi fazer na delegacia?

– Muitas perguntas, Emma. Muitas! Mas veja, estou de bom humor, irei responder todas. – Neal parou bem próximo a mim e me encarando continuou – Bom, acho que você mesma causou isso.

– Gold. – disse entre dentes.

– Eu só fui dar uma olhadinha no que vocês descobriram. Vocês acharam mesmo que estavam com alguma vantagem com aquelas “pistas” ali? – riu em deboche.

– Eu sabia que alguma hora você iria tirar essa sua máscara. Você é nojento.

– E você é burra! – gritou – Não me admira em nada que fosse amiga do idiota do Graham, como ele achou que aqueles enigmas ridículos levariam vocês a algum lugar?

– Lave a boca antes de pronunciar o nome dele! – falei em tom mais alto.

– O que você viu nele, Emma? – iniciou enquanto começava a caminhar em círculos ao meu redor – Digo, por quê logo Graham? Não é possível que você não via a maldade que existia dentro dele também.

– E você pergunta isso por qual motivo? Queria que fosse você o “escolhido”?

– É, talvez. – deu de ombros.

– Você não é metade do homem que um fio de cabelo dele era capaz de ser.

– E você não sabe metade da história! Como você acha que ele sabia de tudo? Acredita mesmo que o papaizinho dele sentou para ter uma conversa séria? Me poupe, Emma! Ele trabalhou por meses com a gente. – retrucou cuspindo as palavras.

– Tenho certeza que era isso ou uma morte precoce. Mas eu agradeço por confirmar seu envolvimento e a existência de uma organização entre vocês.

– Você gosta de ser otária, Emma Swan? Tem prazer nisso? – ele gritava – Mesmo com a confirmação de que Graham estava conosco você ainda insiste em vê-lo como santo?

– Abaixa o tom de voz para falar comigo, Cassidy! – ordenei - Eu nunca disse que ele era algo do tipo. Ninguém é perfeito, todos cometem erros, mas existem pessoas que escolhem o lado ruim e outros que não tem o mesmo privilégio. Ou você acha que eu não sei que fui usada como atalho para que você pudesse pagar a maldita da sua faculdade?

– Ao menos para alguma coisa você serviu.

Senti meus dedos arderem e somente assim percebi que havia dado um belo tapa na cara de Neal. Não me arrependo, eu estava devendo isso a mim mesma por anos. Eu poderia estar sentido dor agora, devido à força utilizada, mas valia a pena.

– Escuta aqui! – sua voz saia como um rosnado e a face transpirava ódio, as mãos quentes seguravam-me pelos ombros e chacoalhavam sem dó – Você é patética. Acha que pode vir para uma nova cidade e reconstruir sua vidinha medíocre? Acha que poderá manter a ilusão de que Graham era um homem bom em tempo integral enquanto faz sexo com o melhor amigo dele? Aliás, que homem burro! Como pode ficar com alguém que transa tão mal assim?

– Bom, talvez ela tenha usado uma dublê tamanho o nojo que sentia por você.

Uma voz masculina ecoou um pouco mais distante, Killian chegaria para estragar a surpresa de qualquer forma e eu não poderia estar mais feliz por isso. Entretanto, sua expressão não estava melhor que a de Neal. Jamais havia o visto com tamanha raiva, nem mesmo perto de Gold. O maxilar estava duro, as sobrancelhas curvavam-se formando um V perfeito e o olhar era direcionado a Neal, não por mera observação, mas como se estivesse marcando um alvo.

– Eu poderia dizer que tenho pena por não conhece-la na cama da mesma forma que eu conheço, mas eu estaria mentindo. Não sinto pena, eu agradeço. – ele continuou enquanto chegava mais perto – Agora, largue os braços dela.

– Olha, a polícia de Storybrooke atende às emergências sem nenhum chamado agora? – debochou.

– Eu disse: solte-a agora. – Jones repetiu um pouco mais alto.

– E se eu não quiser? – provocou.

– Me solta logo, Neal. – eu queria ter dito de maneira firme, mas estava com tanto medo que tenho certeza que minha voz havia falhado de tal forma a parecer um simples pedido manhoso.

– Oh, não mesmo, querida. Agora que ele disse aquilo eu vou querer experimentar a nova Emma na cama. – respondeu-me direcionando um sorriso malicioso.

– Solta agora!

Dessa vez Killian havia gritado e a voz tão carregada de ódio mais pareceu um trovão. Contudo, o que mais me assustou fora vê-lo com a arma em sua mão e o barulho da bala se ajeitando enquanto ele mirava em Cassidy. Nenhum ato falho, nenhum remorso, as mãos de Jones eram firmes e pareciam decididas em acertá-lo a qualquer custo. Agora eu estava, definitivamente, apavorada.

– Amor não, por favor. – supliquei, sentindo as primeiras lágrimas rolarem pelo meu rosto. – Não faça isso, você não é assim.

– Agora está do jeito que eu gosto! – Neal comentou com os olhos brilhando em divertimento e, com uma das mãos, puxando da cintura uma pistola que passou a apontar para meu namorado – Atira, policial.

– Solte-a. Agora.

– Por favor. – eu disse num sussurro, tentando controlar a respiração e o volume do choro que se intensificava rapidamente.

Ao ver Jones posicionando seu dedo sobre o gatilho eu sabia que ele não voltaria atrás. O outro fizera o mesmo. Eu não queria ver isso, não desejava ver a expressão dele quando fizessem o que estavam corporalmente prometendo, bem como não queria ver o corpo de meu namorado no chão, sangue ou até mesmo Neal. Optei, então, por fechar os olhos e concentrar-me apenas em acumular forças para continuar de pé.

– Ande, Jones.

– Eu não quero fazer isso, Cassidy. Só quero que solte Emma.

– Você é um covarde. – disse.

– Cala a boca! – gritou.

– Eu esperava mais de você, xerife. Você é tão covarde quanto Graham um dia foi. – respondeu no mesmo tom.

Ouvi dois disparos somados ao som de uma das armas caindo ao chão e, levando as mãos tremulas ao rosto, gritei o mais alto que pude. Abri os olhos e percebi dois homens saindo de trás de uns caixotes do convés e passando por mim – eram Colton e Oliver. Na minha frente, Killian estava de cabeça baixa olhando para a arma em suas mãos. Antes que pudesse falar algo, um gemido atrás de mim me fez mover a cabeça e encará-lo: Neal estava vivo. Feliz ou infelizmente, estávamos para descobrir.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Desculpem se existe algum erro de digitação, esse eu não pude revisar tanto quanto gostaria e não estou segura com ele pois, como disse, veio carregado de lembranças.
Espero que tenham gostado! Vejo vocês no próximo?