Open Wound escrita por littlelindy


Capítulo 27
Novo enigma


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores! Como vão?
Devo dizer que esse capítulo estava pronto antes, mas eu precisava da revisão e a pessoa que faz isso para mim estava indisponível esses dias devido à comemoração de aniversário. Então, gostaria de dedicar esse capítulo ao meu revisor e moderador da conta do Twitter, Lucas. Fica sendo meu presente público de aniversário, obrigada por tudo!

Queria agradecer a todos que me desejaram coisas positivas durante meu período problemático e dizer que guardei todas as energias boas comigo. Obrigada por serem tão carinhosos!

E ah, espero que tenham gostado da nova capa ♥

Espero que tenham uma boa leitura e que chequem as notas finais para mais uma dica.



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Killian P.O.V

Devo dizer que, graças aos bons ventos, permaneci pouco tempo a mais na casa de Gold, só o suficiente para que minha irmã arrumasse uma pequena mala com seus pertences mais importantes. O trajeto para minha casa fora silencioso, ouvia-se apenas os soluços e suspiros de Belle, que sequer olhou para mim, mas a julgar pelo corpo encolhido e braços cruzados, tinha plena consciência de que não seria um bom momento para conversar.

Ao entrarmos em casa, levei-a ao quarto que ela ocupava quando éramos mais jovens. Depois do tempo que passei com Graham e David no apartamento, decidi viver com Belle, aproximar-me mais da pequena família que me restava – o que durou pouco, pois ela já estava de casamento marcado. Entretanto, mesmo com sua saída, eu jamais toquei em um móvel ou decoração: estava tudo da maneira que ela havia deixado. As roupas de cama eram lavadas e trocadas frequentemente, juntamente com as minhas. Era como se eu estivesse esperando por esse momento, como se eu quisesse (desde sempre) que ela se separasse de Gold e voltasse para casa. Aquele lugar fora onde eu cresci, o lugar em que eu e meu pai nos acomodávamos para jantar todos os dias e que, depois de sua morte, passou a ser meu lar também. Todas as lembranças estavam ali e pareciam esperar pela volta de Belle. Isso soa um tanto quanto egoísta e, às vezes, ciúmes, mas posso assegurar que não se tratava de nenhuma das opções. Eu nunca gostei de Robert Gold, sempre detestei a forma prepotente de se dirigir às pessoas e a pseudo-fama que ele havia construído, ou melhor, achava tê-lo feito, afinal, posso assegurar que tudo isso fora completamente autodeclarado e jamais nomeado por mérito. Além dos vários momentos de irritação – que me causaria exaustão em elencar – havia o fato de que Gold era bem mais velho que minha irmã. Pode ser preconceito de minha parte? Talvez, mas que culpa eu tenho se cresci sendo um irmão super protetor? Não, definitivamente eu não gostava ou aceitava a ideia daquele romance e todo e qualquer fato seria sim um argumento contra.

Ela andou lentamente pelo quarto e, algumas vezes, passava os dedos delicadamente por fotos ou simples objetos de decoração. Seu quarto era quase todo em tons de branco, havia um papel de parede com singelas listras em rosa claro. A delicadeza de minha irmã estava em cada pedaço daquele cômodo: os móveis feitos sob medida para que ela pudesse organizar seus livros e bugigangas da Disney – um amor antigo e, aparentemente, imortal –, fotografias em porta-retratos por todos os lados e diversos DVD’s de musicais antigos. Deixei sua mala em cima da cama, depositei um beijo em sua cabeça e desci para fazer o jantar. Sabia que ela não queria conversar naquele momento, portanto, resolvi deixá-la sozinha para pensar, tomar banho e se acalmar um pouco. Enquanto isso, cuidaria de que ela, pelo menos, não ficasse sem comer. Preparei, ou tentei, a macarronada que o pai dela fazia quando éramos pequenos e nós amávamos, especialmente quando o cheiro do alho invadia toda a cozinha.

– Eu conheço esse cheirinho! – ela apareceu na cozinha com o cabelo preso num coque e vestindo pijama.

–Fiz macarrão para você. – anunciei o óbvio, mas apenas para criar um ambiente mais confortável para iniciar o diálogo inevitável – Vejo que tomou banho, tá se sentindo melhor?

– Melhor não seria exatamente a palavra, mas estou mais leve sim.

– Quer comer agora ou depois?

– Agora, estou faminta! – respondeu, sentando-se num banco na mesa de centro.

– Como desejar, senhorita. – falei enquanto colocava os dois pratos com macarrão na mesa e indo até a geladeira pegar o suco. – Belle, só tem de caixinha, pode ser?

– O que a falta de uma mulher aqui não faz com você, não é? Mas me surpreende que tenha algo aqui, afinal, você estava em Nova York com Emma. Aliás, como ela está?

– Irmãzinha, faz um favor? Come logo e para de desviar o assunto, não vamos falar disso agora.

Da mesma maneira que fiz mais cedo, após o jantar, deixei que Belle tomasse seu próprio rumo e sentisse, acima de tudo, livre para isso. Não queria força-la a nada, mesmo que precisasse ter a tal conversa. Imagino que, para ela, ter que se encolher num canto da casa enquanto vê o “marido” basicamente a atacar, tenha sido uma experiência mais que traumatizante. A visão que tive era de que ela estava enjaulada, não quero que ela se sinta pressionada para iniciar um diálogo que não está pronta para ter, isso apenas agravaria a situação. Enquanto lavava a louça a vi indo para a sala e, em seguida, o barulho da televisão ecoou pelo andar de baixo.

– Posso ficar aqui com você? – perguntei assim que me aproximei do sofá, fazendo-a virar bruscamente em minha direção.

– Eu adoraria. – respondeu dando-me um pequeno sorriso, embora tristonho.

– O que está assistindo? – sentei-me ao seu lado e passei meu braço por seu ombro, abraçando-a. Ela, por sua vez, apoiou a cabeça em meu peito.

– Cake Boss. – disse simplesmente.

– Sério? Não tem mais nada passando?

– Ter até tem, mas eu não estou em clima pra isso. Na verdade... – ela parou e suspirou, em seguida, jogou o controle do outro lado do sofá – Eu não estou em clima pra nada, quem eu estou querendo enganar? Eu odeio ele, Killian. – continuou sinceramente e esbravejando na última parte, enquanto iniciava o choro.

– Ei, calma. Belle... olha para mim. – pedi, levantando seu queixo e fazendo-a me encarar – Eu estou aqui agora. Seu irmão. Nada de ruim vai te acontecer, ele não vai te machucar.

– Eu juro que eu tentei, Killian. Eu juro. – ela dizia entre os soluços do choro.

– Tentou o que?

– Desde que eu soube do envolvimento dele na história do Graham, não conseguia mais agir normalmente com ele. Eu contava os dias para a próxima viagem dele e já não conseguia mais fingir felicidade quando ele voltava. – começou a explicação e, embora estivesse falando de forma embolada devido ao choro, eu conseguia compreender – Eu não conseguia mais... você sabe, agir como a mulher dele.

– Você não está me dizendo que ele tentou...

– Não. – me interrompeu. – Não, mas não tenho dúvidas de que ele tentaria hoje devido à fúria.

– O que, exatamente, fez ele ficar daquele jeito? – perguntei de maneira cautelosa.

– Acho que foi acúmulo, não sei. – respondeu rapidamente e limpou o rosto antes de prosseguir – Eu estava sentada lendo quando ele me chamou para dormir, eu disse que iria mais tarde, pois queria terminar ao menos o capítulo. E, então, ele veio me beijar, mas eu desviei o rosto.

– Desgraçado! – esmurrei a lateral do sofá – Quem ele pensa que é? Desde quando isso é motivo para toda aquela cena? Ele ficou louco de vez?

– Killian...

– Tudo bem, desculpa. Olha, não vamos falar disso hoje, pode ser? Está tudo muito recente, você ainda está assustada e eu, com certeza, vou perder a cabeça e ao invés de ajudar, vou atrapalhar. Prefere dessa maneira? – propus enquanto limpava algumas lágrimas de seu rosto e colocava a franja solta do coque por trás da orelha.

– É tudo que eu mais quero. – respondeu e sorriu aliviada. – Podemos falar da Emma? Acho que isso iria me distrair um pouco.

– Tem certeza?

– Absoluta. Me conta como foi a viagem, como são os pais dela, como ela está...

– Nova York é aquela loucura de sempre, disso eu nunca vou mudar de opinião, mas Emma me mostrou uns lugares bem diferentes. Rio Hudson, Central Park, tem até uma pracinha lá perto da casa dela. Os pais dela são umas figuras. – eu contava sorridente, não só pelas lembranças, mas por saber que aquilo estava, realmente, distraindo Belle – Sério, eles são loucos! Acredita que a mãe dela me apelidou de “o bonitão”?

– Não brinca! Sério isso? – perguntou divertida.

– Sério. – respondi rindo – E no último dia ela ainda chamou a família toda da Emma para me conhecer, mas ela jura por todos os santos que foi tudo uma “surpresa” para ela.

– E você foi aprovado? – questionou em tom brincalhão.

– Qual é, Belle. Olha para mim! – disse convencido – Tem como me reprovar?

– Você é um ridículo! – falou rindo e bateu em meu ombro. – E ela? Como está?

– Está bem, embora tenha mentido esse tempo todo. Ela foi atrás de pistas do Dylan e do... – parei ao perceber que iria falar o nome do proibido – Deixa pra lá essa parte.

– Eu entendi. – disse carinhosa e pegou em minha mão – Mas vejo que mais coisas aconteceram, mocinho! – disse travessa indicando a aliança.

– É, você sabe... não estava certo levar isso sem oficializar as coisas, afinal, eu estava na casa dela com os pais dela!

– Você sempre foi o certinho não é? Não tem jeito! – disse bagunçando meu cabelo – Desculpa ter estragado seu momento feliz.

– Ei, deixa disso. Eu amo a Emma, sim isso é verdade, mas se fosse preciso eu abandonaria meu casamento para te ajudar. Se no meio da cerimônia me dissessem que você estava em perigo e precisando de mim, eu não pensaria duas vezes.

– Você abandonaria Emma no altar para me ajudar?

– Claro. E ela faria o mesmo pela família dela. Você é tudo o que eu sempre tive, nós só temos um ao outro agora, se eu não cuidar de você... quem vai?

– Eu te amo, irmãozinho.

– Eu também te amo, pirralha. – disse abraçando-a e beijando o topo de sua cabeça.

– Posso te pedir uma coisa?

– Claro que pode.

– Promete não rir?

– Fala logo.

– Lê uma história para eu dormir? Do jeito que mamãe fazia com a gente.

– Está com saudade de ser criança, mocinha?

– Mais ou menos. – respondeu rindo – Eu só sinto falta daquela proteção, não quero dormir por ter medo dele aparecer aqui.

– Eu vou cuidar de você, Belle. O bicho papão não vai te pegar essa noite, fica tranquila. – brinquei enquanto apertava sua bochecha. – Então, já para casa e vá escolher o livro!

A mãe dela, ou “nossa” como ela sempre me corrigia, contava-nos histórias ou escolhia livros para que dormíssemos, todas as noites. Em geral, eu sempre parava na metade, pois ficava sonolento e ia para o meu quarto, mas Belle e sua mãe passavam mais um bom tempo juntas. Acredito que aqueles era os minutos preferidos do dia de minha irmã. Fiz tudo que estava ao meu alcance para trazê-la a mesma sensação de segurança e conforto, embora tivesse consciência de jamais atingiria tal nível.

Belle dormiu rapidamente, sequer esperou que eu chegasse ao final do segundo capítulo e, como estava deitado abraçado a ela, permaneci por ali, afinal, ela não se importaria com a minha presença. Na manhã seguinte, levantei-me sem que a acordasse, me arrumei e deixei pronto o café da manhã antes que fosse à delegacia. Antes, porém, resolvi passar no Granny's e saber notícias de Ruby.

– Bom dia, Granny! - disse encostando-me no balcão.

– Bom dia, Killian! Como vão as coisas?

– Encaminhando e a senhora como vai?

– Perfeitamente bem. - respondeu sorridente - Oh, quase me esqueci! Ruby queria falar com você, topou com ela pelo caminho?

– Caminho? Não e, na verdade, eu vim conversar com ela.

– Bom, querido, ela saiu agora a pouco para a delegacia. Imaginei que estivesse vindo de lá...

– Eu ainda não fui, estava com Belle. Mas agredeço, vou direto para lá então!

[...]

Assim que cheguei no escritório, Ruby e David encararam-me em sincronia e denunciando o nervosismo.

– O que foi dessa vez? - questionei, optando pelo caminho direto.

– A carta que você me entregou... Tinha isso aqui no meio das folhas. - Ruby começou e entregou-me um pedaço de papel pequeno.

"RDN, Kansas Indiana Delaware South-carolina" e um desenho de buzina? O que é isso? - perguntei confuso.

– Não fazemos ideia. - David disse pela primeira vez.

– Eu acho que Graham tentou mandar uma mensagem. - Ruby explicou.

– E se isso for verdade, RDN só pode ser Robert, Dylan e Neal. - Nolan completou-a.

– Faz sentido. - disse pensativo, analisando o papel em minhas mãos.

– E tem mais. - meu amigo advertiu antes de prosseguir - Eu achei muito estranho a presença e o sumiço repentino do tal do Neal, e resolvi investigar e mexer alguns pauzinhos. - explicava gesticulando - E então eu descobri que o caminhão da encomenda de Gold estava com documentação falsa, ou seja, ilegal.

– Eu sei o que significa, não sou burro, Dave. - disse impaciente, fazendo-o revirar os olhos - Talvez isso explique a buzina, não?!

– Não fazemos ideia. - ele respondeu soltando um longo suspiro em seguida.

– Bom, era isso que eu precisava falar com vocês. Acho melhor eu voltar, não quero deixar minha avó sozinha. - a morena comentou.

– Ah, claro. Obrigado por isso, Ruby. Eu passei lá hoje antes de vir e ela me disse que você estava aqui, queria saber como está. Digo... depois de ler a carta. - perguntei.

– Estou bem, Killian. Me senti triste, a saudade bateu, mas isso passa não é? Foi bom ler tudo o que ele sentia... e você estava certo, essa pareceu ser a última carta mesmo. Ele parecia se despedir de mim... - comentou com voz triste. - Mas espero ter sido útil.

– Claro que foi. Muito obrigado. - David agradeceu fazendo-a sorrir em resposta.

Após a saída de nossa amiga, o lugar foi invadido por um silêncio total. Entretanto, não eram aqueles momentos desconfortáveis, eram necessários: tanto eu quanto Nolan estávamos totalmente compenetrados em desvendar o novo mistério jogado por Graham. Parei apenas para ligar para Belle e saber como ela estava, sequer almocei, não conseguia pensar em outra coisa. O que "Kansas Indiana Delaware South-carolina" queria dizer? Por qual motivo o último estado estava escrito daquela maneira? Talvez ele estivesse com medo de ser pego, mas isso não faria nenhum sentido se considerássemos que ele "se despediu" de Ruby naquela carta. Se ele sabia que seria capturado, por quê o uso de enigmas?

Poderíamos nos desesperar por ficarmos diante de uma nova incógnita, mas algo me dizia que estávamos bem próximos de obter algumas respostas. Era como se a esperança estivesse pulsando dentro de mim e ela, claramente, estava em briga com meu nervosismo.

Emma P.O.V

– Eu vou sentir falta dele. - comecei com voz manhosa.

Eu estava deitada no colo de minha mãe e com os pés por cima da perna de meu pai. Já era noite do dia seguinte à partida de Killian e resolvemos assistir novela juntos - eu e meu pai não estávamos entendendo nada, mas sabíamos que minha mãe gostava e, se quiséssemos ficar juntos naquele horário, deveríamos segui-la.

– Percebi, agora você acha que eu e sua mãe temos que ficar te dando carinho vinte e quatro horas. - o mais velho brincou.

– Que mentira! - protestei com a voz mais aguda que o usual.

– Minha filha, olha como você está no sofá! - Ginny disse entre risadas.

– Killian não reclamaria. - murmurei levantando-me para sentar entre os dois. - E vou ficar aqui no meio também, ninguém vai namorar nessa casa mais! - disse firme, entretanto, provocando sonoras e longas gargalhas dos dois.

– Olha, filha, nós realmente gostamos dele, mas acho que você tem que esperar o semestre terminar.

– Droga, esqueci disso. - resmunguei de olhos fechados e curvando a cabeça para trás, porém, logo retomei a posição anterior - Espera... sério que gostaram dele?

– Claro! Ele é um rapaz adorável, muito bem educado e parece gostar muito de você. - meu pai respondeu.

– É amor, Josh. Os olhinhos dos dois brilhavam o tempo todo, enchia meu coração de felicidade te ver assim, minha filha. - a mais velha falava de maneira encantada e sorridente.

– É, eu percebi. Mancada chamar todo mundo né, mãe? - comentei.

– Já falamos sobre isso, Emma Swan.

– Uh, acho que tem alguém brava. - meu pai provocou fazendo-me rir.

– Eu já contei como foi e mostrei a minha... - eu dizia estendendo a mão para frente e observando meu anel.

– ... aliança. - ambos completaram entediados.

– Sim, Emma. Pela milésima vez, nós já vimos a sua aliança. - Josh disse.

– Filha, acho melhor você andar com uma placa na rua só para mostrar isso. - Ginny brincou.

– Vocês são terríveis! - fingi ofensa e, antes que eu continuasse, ouvi meu celular tocando em meu quarto. - Já volto.

Subi as escadas correndo, sabia que era Killian. Aquele telefonema era muito importante por dois motivos: primeiro, a explicação que ele estava me devendo e, segundo, eu já estava com saudades.

– Oi amor. - atendi animada.

– Boa noite, amor. Como estão as coisas?

– Estão bem e por ai? Pode me contar agora o que houve?

– Sim, agora eu posso. - suspirou antes de prosseguir, indicando-me que coisas boas não eram - Gold e Belle tiveram brigas feias esses dias e, sinceramente, se eu não tivesse chegado aqui naquele momento, eu não sei o que ele teria feito com minha irmã.

– Como assim? O que ele fez? Ela está bem? - disparei preocupada.

– Sim, ela está bem, amor. Quando cheguei, vi Gold num ataque de nervos e quebrando a casa inteira. Belle estava num canto encolhida... eu tive que me segurar muito para não fazer nenhuma besteira. - confessou.

– E o que você fez?

– Trouxe ela para morar comigo de novo. - respondeu de maneira cansada.

– Aconteceu alguma coisa? Digo... além disso.

– Por quê a pergunta, amor? - questionou tentando alterar o tom de voz e disfarçar o ato falho.

– Geralmente, quando você me conta as coisas que acontecem, sua voz parece mais leve e até aliviada, mas não aconteceu isso agora. Tem mais coisa te incomodando, não é?

– Quando é que você passou a reparar tanto assim, Swan? - brincou.

– Desde sempre, Jones. - respondi no mesmo tom.

– Enfim, junto com suas cartas, havia uma para Ruby e eu a entreguei. Mas parece que Graham tentou mandar uma mensagem, sinal, não sei... E David também descobriu que o caminhão que Neal trouxe para Storybrooke estava irregular.

– Eu queria tanto estar ai. - desabafei, mas logo prossegui - E eu sei que não posso. Sei que devo me concentrar no trabalho final. E sim, também lembro da promessa, não precisa me cobrar nada disso.

– Eu não ia dizer nada. - disse rindo.

– Sei, claro que não ia. - comentei sarcástica - Mas o que tinha na mensagem?

– Não vou te contar, Swan!

– Claro que vai.

– Não vou não. - respondeu firme.

– Killian Jones, fala agora. - esbravejei.

– Pra você desviar o foco e acabar atrasando o trabalho de novo? Não senhora.

– Por favor, amor. - pedi manhosa - Me dá esse voto de confiança, eu prometo não errar de novo. - jurei, mesmo sabendo da grande possibilidade de falhar nessa missão.

– Metade da informação, então.

– Tudo! - insisti.

– Metade ou nada feito, Swan. Pegar ou largar.

– Ok. - me rendi irritada.

– "Kansas Indiana Delaware South-carolina". - disse simplesmente.

– O que é isso? - perguntei.

– Eu disse que era só metade. - disse gargalhando, provavelmente, gostando do acordo às escuras que eu tinha acabado de topar.

– Eu odeio você.

– Sei, odeia mesmo. Repete isso olhando para a aliança do seu dedo. - provocou.

– Isso é jogo baixo, Jones.

Tentei inúmeras vezes retornar ao assunto da informação que ele havia me dado, em vão. Killian estava relutante e nada nesse mundo o faria liberar novos detalhes sobre e, embora ficasse brava, sabia que ele estava com a razão. Eu não podia, novamente, errar com todos eles e destruir minha graduação. Eu lutei muito para chegar onde estou, deveria fechar com chave de ouro. Não seria fácil, claro, haveriam sacrifícios e esse era um deles. Por hora, contentei-me em "investigar" apenas interrogando meu namorado por telefone, até mesmo sugeri que fosse um anagrama e recebi um "Emma, vá dormir" como resposta. Embora fosse uma brincadeira, ele estava correto, eu precisava descansar. Antes da visita de Killian eu havia prometido para meus pais uma nova postura, reafirmei meu juramento duas vezes para Jones e, agora, sabia que tinha que restaurar um compromisso antigo comigo mesma. Seja lá o que fosse "Kansas Indiana Delaware South-carolina", eu deveria, apenas, confiar em Jones e David e aceitar a indisponibilidade de Emma Swan.

Acordei no dia seguinte determinada a finalizar todo meu trabalho, se algo havia surgido com a visita de Jones fora, com certeza, a saudade. Não sentia falta apenas de meu namorado, pensava em Mary e no bebê, em Belle, Ruby e até mesmo Regina. Eu queria minhas amigas de volta. Aquela vida pacata me encantou de uma forma inexplicável, e ter Killian em Nova York comigo me fez perceber a dimensão do papel de Storybrooke em minha vida. Quantas vezes havia saído desde que retornei? Quantas amigas me ligaram? Quantas vezes sorri verdadeiramente? Não, meus pais não contavam. Eu pensar estar satisfeita com minha vida, imaginava Graham como meu único problema, mas era algo muito mais profundo que isso. Sentia-me, agora, descobrindo um machucado negligenciado por muito tempo. Havia coberto-o com band-aid e fingido uma cura. Eu precisava encontrar um rumo em minha vida, a morte e saudade de Graham fora apenas o canal pelo qual eu o descobriria.

Perdida em pensamentos não ouvi quando um homem chamava-me pelas costas, apenas o notei quando suas mãos tocaram meus ombros.

– Querida, Em! - disse animado.

– Neal. - cumprimentei-o friamente.

– Abaixa essas barreiras, Em. Pensei que estávamos resolvidos depois da nossa conversa no aeroporto.

– Sim, claro. Por quê não? Olha, são menos de nove horas, não espere por um bom dia.

– Eu posso esperar.

– Esperar o que? - perguntei impaciente.

– Você me prometeu um café, podemos tomá-lo agora e assim que der nove horas, você me deseja bom dia. - propôs com sorriso malicioso nos lábios. Entretanto, como negaria? Eu realmente estava em dívida.

– Tudo bem. - disse por fim.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de indicá-los a fanfic da minha amiga Bella, "Conquiste-me" dentro da classificação Captain Swan. Não consigo colocar o link por aqui, mas você pode encontrá-lo no twitter da Open Wound (@zzzvote) e, também, pelo perfil da autora (@jenswanlive). Acho que vocês conseguem visualizar a história pelo meu perfil na aba de "Estou acompanhando", mas não tenho certeza hahaha enfim, espero que passem lá para conhecer a primeira fic dela!

Vejo vocês nos comentários? Espero que tenham gostado s2