Open Wound escrita por littlelindy


Capítulo 19
Você?


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores! Como vão? Espero que gostem do capítulo de hoje e, por favor, não me matem hahahah
Esse capítulo eu vou dedicar pra linda da Be! Eu amo escrever, mas amo ainda mais conhecer pessoas através disso e não foi diferente com a Be, inclusive, levei essa lindeza pra minha vida todinha



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Killian P.O.V

Ver Emma chorar da maneira que vi fez meu coração se quebrar em mil pedaços. Era como se uma lágrima dela fosse um tipo de botão para minha própria dor. Eu não a culpo, de forma alguma, por se sentir daquela maneira, afinal, que espécie de ser humano Gold e o pai de Graham eram? Aliás, será que eu posso chamá-los de seres humanos? Se, algum dia, eu senti ódio do marido de minha irmã, hoje eu tive a comprovação de que eu estava correto. Eu não sabia se me preocupava com a conversa que ouvira entre os dois monstros ou com Belle. A verdade é que eu me sentia desamparado e impotente: as duas mulheres da minha vida estavam cercadas por Robert Gold e seu inferno e eu não tinha a mínima ideia do que eu deveria fazer.

Emma iria embora em pouquíssimos dias, eu queria aproveitar todo e qualquer tempo que tivesse com ela – já que ela insistia em não me deixar ir para Nova York. Resolvi, portanto, preparar-lhe uma surpresa e, para isso, precisaria da ajuda de Belle e Regina. Aproveitaria desse momento, também, para conversar com minha irmã. Swan, com certeza, seria contra essa conversa, mas eu precisava fazer isso. Não seria fácil, tinha consciência disso, mas era a única coisa que eu poderia fazer para ajudá-la – e saber que ela havia começado a desconfiar do marido aliviava meu coração. A presença de Regina ajudaria nisso, elas sempre foram próximas e eu confio plenamente que ela saberia complementar o conforto que eu tentaria oferecer.

Pela dificuldade que teve em dormir, sabia que Swan demoraria para acordar e isso seria ótimo para que eu conseguisse preparar toda a surpresa. Entretanto, antes de começar, fui até a casa de Regina e pedi para que ela chamasse minha irmã, afinal, não iria falar de Gold na casa dele e com medo de que ele aparecesse a qualquer momento.

– Bom dia! Me chamaram? – Belle disse entrando na sala com a empregada de Regina ao seu lado.
– Quer que eu sirva alguma coisa, senhora Mills? – a mulher perguntou.
– Por mim não, vocês querem alguma coisa meninos?
– Não, não. Obrigado. – respondi rapidamente. Nada desceria por minha garganta até saber que Belle e Emma estariam bem e livres daqueles monstros.
– Por mim também não, mas obrigada! – Belle disse sorrindo e, retribuindo o sorriso, a empregada saiu da sala. – O que aconteceu? Vocês parecem tensos.
– Senta aqui, Belle. – eu a chamei, puxando seu braço fazendo-a sentar ao meu lado.
– Aconteceu alguma coisa? – ela perguntou nervosa – É a Emma? O que houve com ela?
– Não, não é a Emma. – Regina disse delicadamente e depois arqueou a sobrancelha para que eu começasse a falar.
– Ontem eu e Emma fomos passear pelas docas e encontramos o seu marido lá.
– Mas o Bob não foi às docas ontem, isso é impossível.
– Deixa eu terminar. – disse sério enquanto apertava suas mãos – Ele não estava sozinho. Gold conversava com o pai de Graham, Dylan, e o que ouvimos não é nada fácil de ser dito. Eles falaram sobre “apagar registros”... – dei uma pequena pausa para suspirar, eu deveria ser muito cuidadoso com as palavras, não queria tornar tudo ainda pior para ela – ... e se referiam à Emma. Irmãzinha, eu não sei o que o seu marido e aquele outro monstro pretendem fazer, mas não acho justo que isso seja escondido de você.
– Você está me dizendo que Bob queria matar a Emma? – ela dizia com dificuldade e lágrimas nos olhos.
– Não sabemos se era realmente isso, mas Dylan estava muito nervoso e foi o próprio Gold que disse que não poderia ter feito nada com ela na delegacia porque você estava por perto.
– Olha, querida, não queremos que isso te faça mal, mas você consegue entender o motivo de te contarmos? – Regina disse sentando-se do outro lado de Belle e acariciando seus cabelos.
– Eu não acredito que ele teria coragem de... – Belle não conseguiu dizer, apenas abaixou a cabeça e permitiu-se chorar. Eu e Regina não tínhamos nada mais a dizer, apenas a abraçamos.

Assim ficamos por longos minutos e, depois, respondemos a algumas de suas perguntas, afinal, era extremamente normal que ela tivesse dúvidas. Entretanto, não tínhamos muitas respostas, o que eu e Emma ouvimos nas docas era insuficiente para responder a todos os questionamentos. Acabei desistindo de pedir ajuda com a surpresa de Emma, me contentaria apenas com Regina já que esta já havia aceitado participar, mas assim que disse que deveria ir embora para conseguir organizar tudo, ela prontamente se apresentou para ajudar. Belle acreditava que isso a ajudaria a distrair um pouco e, segundo ela, “fazer compras nunca é ruim”. Durante nosso passeio ela sorriu várias vezes e realmente lutava para ter um bom momento já que, mais tarde, teria que encarar o marido. Eu não esperava que ela desse bandeira sobre nossa conversa ou acabasse fazendo algo errado, ela era esperta e teria cuidado. Me senti mais tranquilo quanto a minha irmã, mas nada me garantia a segurança de Emma. Em Storybrooke eu poderia me assegurar que ela estaria salva, mas e em Nova York? Quem a protegeria?

Pretendia jantar com Emma em um lugar único e que significasse algo para mim, eu queria que ela se sentisse especial. Eu não sabia mais como era toda esse processo de conquista, havia perdido toda e qualquer habilidade que tive um dia, portanto, seguia apenas o meu coração. Milah me ensinou uma vez que tudo o que fazemos para os outros deve sair de dentro de nós com toda verdade que possuímos, com isso, qualquer mínimo ato se tornaria gigante. Emma sabia apreciar a vida de uma forma distinta, mas ainda assim admirava os detalhes e conseguia retirar de todo pequeno ato um significado diferente. Escolher a Jolly Roger significava, para mim, convidá-la para minha segunda casa. Ali eu tinha as melhores lembranças da minha vida e desejava incluir Swan nisso. Sempre me senti parte do mar e não havia som melhor do que as ondas batendo nas madeiras da embarcação de meu pai, aliás, a Jolly Roger não só foi arquitetada por ele, quanto feita.

Na época em que meu pai construía a Jolly, nós costumávamos brincar de marinheiros e até mesmo piratas. Eu amava aquela sensação e, como fazia tempo que não pisava naquele convés, fui atacado por todas essas memórias. Não havia planejado nada além de um presente (escolhido por mim e aprovado pelas meninas) e um jantar romântico, mas com aquelas lembranças resolvi dar a Swan um pouquinho de mim e "brincar" de caça ao tesouro, como eu fazia com meu pai. Não havia escondido o presente, mas conhecendo-a bem como eu já conheço, sabia que ela não iria repará-lo no sofá. Eu não poderia ter ficado mais satisfeito com o resultado: ela amou tudo o que eu preparei. E, em adição, ela ficou deslumbrante no vestido que eu tinha escolhido. Meu coração estava batendo forte de tanta alegria que estava sentindo em vê-la feliz e, melhor, ao meu lado! Não preciso sequer dizer que o restante da noite foi ainda mais especial. Passamos nossa primeira noite juntos, nos amando sem qualquer temor de consequências ou pesares passados. Emma confiou em mim cada pedaço de sua alma e, agora, de seu corpo também. Eu sabia da sua experiência anterior e, por isso, tenho plena consciência de que esse ato – embora hoje em dia banalizado – foi o mais puro e verdadeiro de todo nosso relacionamento. Eu também tive minhas barreiras quebradas naquele momento, mas nada se compara ao que Emma havia ultrapassado. Com tudo isso, me vi dizendo que a amava, sem premeditações, como se estivesse ligado ao automático – era meu coração quem falava. Ouvi-la dizer que também me amava foi a confirmação de toda a alegria e realização que senti durante toda a noite. Eu era feliz de novo, finalmente.

P.O.V Emma

Acordei abraçada à Jones na cabine da Jolly Roger, ele dormia como um anjo. Eu sentiria tanta saudade dele... sentiria falta da forma como é fácil conversar, confiar e brincar com ele. Killian não era apenas meu namorado, era um melhor amigo. Vir para Storybrooke foi calculado, eu planejei tudo o que deveria fazer e tinha um único objetivo. Mas hoje sairia da cidade pensando em voltar e levando na bagagem novos objetivos para a minha vida. Planejei me formar e me tornar especialista em Psicologia Jurídica, trabalhar em algum lugar qualquer de Nova York, ganhar meu dinheiro e nada mais. Um ciclo monótono que não me agradava mais. Volto para casa de meus pais com o mesmo objetivo quanto minha vida acadêmica, mas pretendendo exercer minha profissão em Storybrooke. Além de trabalhar com David e Killian no escritório, me perguntava como poderia uma cidade não possuir um psicólogo na área? Eu estaria onde me sinto bem e, ainda, estaria contribuindo para o desenvolvimento e melhoria do município. Era perfeito.

Eu estava perdida em meus pensamentos, acariciando a bochecha dele com meu polegar e nem percebi quando ele acordou e começou a me chamar.

– Emma! Você tá bem? Estou te chamando tem séculos. – ele dizia rindo um pouco.
– Ai meu Deus, me desculpa! Eu estava pensando.
– Está tudo bem?
– Está sim, eu só não queria ir embora... – suspirei.
– Eu poderia dizer para você não ir, mas eu sei da importância do seu retorno. Aliás, você precisa ver seus pais! E, claro, preparar o terreno para eu me apresentar. – ele brincou e soltou uma deliciosa gargalhada.
– Seu bobo! – disse rindo e bati em seu ombro – Meu pai não vai arrancar seus rins, fica tranquilo.
– Nossa, acho que agora estou mais aliviado! – disse rindo.
– Você percebeu que não acordamos como os outros casais com aquele “bom dia, meu amor”?
– Talvez seja porque seu namorado sabe que não conseguiria nunca um bom dia antes das nove horas.
– É verdade. – respondi rindo – Mas como sabe que ainda não são nove horas?
– A posição do sol e o feixe de luz que está entrando aqui na cabine. – ele disse olhando para a janela. Fiquei encantada em como ele conseguia analisar o horário apenas pelo feixe de luz que entrava no quarto, era incrível como ele conhecia cada pedacinho dali.
– Você gosta mesmo desse navio não é? – perguntei sorrindo.
– Eu amo. É tudo o que eu tenho dos meus pais, todas as minhas melhores lembranças estão aqui. Isso aqui vale mais que qualquer tesouro no mundo. – ele respondeu com os olhos brilhando.
– É lindo ver você falando assim, capitão. Por falar em tesouro, você deveria aprender a esconder um presente melhor ok? Eu poderia ver ele ali sem dificuldade nenhuma.
– Poderia, mas eu sabia que não ia ver. Estava perfeitamente escondido, considerando que Emma Swan deveria encontra-lo. – Killian disse rindo e me apertando pela cintura.
– Ah é assim, Jones? – fingi estar ofendida.
– Sim. – ele respondeu e depois selou nossos lábios.
– Amor... você vai me levar no aeroporto?
– Repete a primeira parte, por favor. – ele sorriu e arqueou a sobrancelha. Eu ia sentir falta dessa maldita!
– Meu amor! – disse sorrindo.
– Claro que eu vou, meu amor. – sorri ao ouvi-lo enfatizar a última palavra e ele prosseguiu – Aliás, todos nós vamos.
– Como assim todos?
– Eu liguei pra todo mundo, vamos nos encontrar no aeroporto. Ou você achou que seus amigos iriam deixar você ir embora sem se despedir?
– Vocês são loucos!

Era sério aquilo? Eles iriam mesmo se encontrar em outra cidade só para se despedir de mim? Não tinha nenhum aeroporto em Storybrooke, não consigo acreditar que eles iriam fazer tudo isso por mim. A cada segundo nesse lugar eu tinha certeza de que eu pertencia àquele mundo, eu precisava voltar. Eu iria voltar!

Horas depois estava abraçando meus amigos na sala de embarque, todos estavam ali: Mary, David, Belle, Regina e Ruby. Eu estava tão feliz por tê-los ao meu lado, mas era insuportável a dor que eu estava começando a sentir. Não contive minhas lágrimas e sabia que ainda faltava uma pessoa que deveria dar adeus; alguém que estava calado até então e atrás de todas as outras pessoas: Killian Jones.

– Promete que vai mandar notícias? – Mary disse pegando em minhas mãos.
– Com certeza! Prometo ligar ou, pelo menos, enviar algumas fotos já que vocês não conhecem Nova York. – respondi sorrindo.
– Não conheço mas vou conhecer! Você acha mesmo que eu vou ficar incubada em Storybrooke pro resto da vida? O mundo que me segure. – Ruby brincou fazendo todos rirem.
– Eu vou sentir falta de vocês...
– Mas você disse que volta. – David veio me abraçar novamente mas, dessa vez, apertou-me de lado – Aliás, se você não voltar é capaz de matar o meu melhor amigo do coração. – ele, então, apontou para Jones que estava atrás de Regina com as mãos nos bolsos. Desvencilhei-me do abraço de David e andei em direção à ele.

– Chegou a hora não é? – ele disse num sussurro enquanto me abraçava.
– Eu vou voltar.
– Promete tomar cuidado? Me ligar, mandar notícias... por favor. – seus olhos estavam cheios d’água, o que dificultava (e muito) que eu impedisse que mais lágrimas rolassem pelo meu rosto.
– É claro que sim. Você é meu namorado, eu vou falar com você todos os dias.
– Eu só não quero que nada aconteça com você. Tudo o que eu puder fazer daqui eu juro que vou fazer, mas você precisa me prometer que vai se cuidar lá. Se afaste de qualquer estranho... e até o idiota do Neal.
– Esquece ele, por favor. – eu disse com a voz falha, acariciando sua bochecha com uma mão, enquanto a outra estava em sua nuca. Ele, entretanto, limitou-se a segurar-me pela cintura.
– Eu amo você. – Killian disse encostando nossas testas e fechando os olhos em seguida.
– Eu também te amo, Jones. – respondi de olhos fechados, porém nos afastamos assim que ouvimos a última chamada para meu voo. – Eu preciso ir.
– Tenha uma boa viagem, amor. Assim que chegar, por favor, me ligue. Eu te amo.

Depois de selarmos nossos lábios, me afastei e sorri para meus amigos dando-lhes adeus com as mãos. Virando-me novamente para Killian, apertei suas mãos e sussurrei novamente que o amava e sai dali para embarcar, sem tirar os olhos de meu namorado. Minha última imagem foi dos olhos de Killian, sem vida, expulsando lágrimas que tomavam conta de todo seu rosto. Ele estava tentando segurar, não queria chorar na minha frente ou na presença dos amigos, a cada vez que a dor aumentava um pouquinho ele apertava a mandíbula e fechava o punho. Assim que David se aproximou dele e o abraçou de lado, eu me virei de costas. Sabia que ele iria chorar ao lado do melhor amigo e eu, definitivamente, não gostaria de ver aquela cena.

A viagem foi a mais cansativa de toda a minha vida, era como se a cada metro que eu me afastava daquele lugar uma estrela se apagasse. Eu chorei o tempo inteiro, não queria voltar – embora fosse necessário. Assim que cheguei, procurei por meus pais, mas não os encontrava em lugar algum. Deveriam estar atrasados, como sempre. Liguei várias vezes, em vão e então optei por enviar uma mensagem que fora respondida dois minutos depois com “me desculpa, estamos presos no trânsito, logo chegamos”. Trânsito, tá ai uma coisa que não existe em Storybrooke.

Resolvi procurar algum lugar para me sentar e esperar. Por um segundo me distrai com o celular, tentando enviar uma mensagem para Killian, e acabei esbarrando em alguém, fazendo com que a pasta que ele carregava caísse no chão. Abaixei para pegá-la pedindo desculpas milhares de vezes e torcendo para que não tivesse nada quebrável ali dentro.

– Meu Deus! Eu não o vi, perdão. – peguei a pasta no chão e assim que me levantei para entrega-la foi como se meu mundo tivesse parado ali. Tudo ao meu redor congelou, em todos os sentidos, inclusive a temperatura (a julgar pelo grande arrepio que senti percorrer meu corpo). Isso só poderia ser brincadeira, uma das piores, inclusive.
– Emma? – ele disse meu nome com o maldito sorriso falso de sempre.
– Olá, Neal.


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Notas finais do capítulo

E ai, lascou ou não lascou? KKKKKKKKKK
Obrigada por acompanharem!!!