Open Wound escrita por littlelindy


Capítulo 14
Quimera?


Notas iniciais do capítulo

Oláa! Me perdoem a demora para postar essa capítulo, vou me explicar: eu estava postando a fic em outra plataforma e queria igualar com os capítulos daqui, mas dai deu tudo errado e etc. Além disso, eu estou de mudança, agarrada com a faculdade e era meu aniversário (por favor, eu merecia uma pausa né? kkkkk). ENFIM, voltei!!
OBS.: MUITO obrigada arizonas pela recomendação da fic, tô transbordando de alegria com vocês ♥



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Estávamos debaixo de uma imensa árvore a qual, infelizmente, não fui capaz de identificar. Killian estendeu um grande pano azul marinho para sentarmos e colocou toda comida sobre ele: suco de laranja, um pequeno isopor com gelo, sanduíches de queijo grelhado e alguns morangos, aparentemente, frescos – a julgar pela vermelhidão chamativa da fruta. Ele tinha pensando em tudo, não que tivesse alguma esperança de pôr em prática todos os planos, mas é digno destacar seus esforços.

Não sei, exatamente, por quê perdoei Jones, mas admito ainda sentir certa mágoa. Na noite anterior, sem me preocupar com o horário, passei horas conversando com meus pais no Skype. Depois da confissão da mentira, do porre, do quase estupro de Sebastian, de Killian me salvando, do beijo e do convite eu tinha muita coisa para desabafar e colocar em dia com minha família. As meninas me levaram para uma noitada? Sim, mas isso não me dá direito algum de lhes tomar horas e horas com meus pensamentos e angústias. Além disso, não sei se confiaria totalmente meus sentimentos em pessoas que acabara de conhecer, não por falha delas, mas pela minha visível dificuldade em quebrar barreiras e estabelecer laços íntimos.

Buscar em meus pais conforto e conselhos foi, de longe, a decisão mais sábia que eu tomei desde que cheguei à cidade. Embora não tenha permanecido até o fim da conversa, meu pai foi essencial para que eu tomasse iniciativa de ir ao encontro de Killian na casa de Graham. Argumentando de maneira a lembrar-me dos meus sonhos, objetivos e toda essa batalha, ele renovou em mim toda a coragem que havia perdido. Minha mãe, entretanto, conversou comigo por mais longas horas madrugada a dentro e foi responsável, especialmente, pelo assunto “Killian Jones” - ou “o bonitão” como decretou anteriormente. Segundo ela, me prendi demais ao que aconteceu com Neal e, desde então, afastei-me de todo e qualquer pretendente. Ela não estava errada, mas era tão assustador… E se ele não quisesse nada comigo? E se fosse somente satisfação carnal? Pior, e se ele fizer exatamente a mesma coisa comigo? Eu não queria ser jogada e reduzida ao lixo novamente. Contudo, conversar com minha mãe me fez perceber que eu, infelizmente, não sinto um simples afeto por Jones, trata-se de algo maior. E, agora sim, felizmente, posso afirmar que não é amor.

– Quer suco? – ele me ofereceu, estendendo-me um copo.
– Oh, quero sim. Obrigada. – aceitei pegando o copo de sua mão, observando-o pegar outro para ele e colocar gelo em ambos.
– Fiz queijo grelhado pra você, sei que você gosta. Só não está igual ao do Granny’s, mas acho que desce. – disse, apoiando-se no tronco de árvore.
– Aposto que está delicioso. – peguei um sanduíche e lhe entreguei outro antes de continuar – Toalha azul?
– Você esperava uma xadrez avermelhada, senhora dos clichês? – brincou, fazendo-me rir.
– Por que está fazendo isso?
– Isso o que? – perguntou indiferente, mordendo um pedaço do queijo.
– Killian…
– Modéstia à parte isso está muito bom! – ele disse, mordiscando mais uma vez o sanduíche.
– Killian Jones. – disse firmemente, arqueando a sobrancelha em seguida intimando-o a falar.
– Ok… – ele respirou fundo – Eu não suportava mais ficar brigado com você.
– E você tinha essa certeza toda de que eu viria?
– Pelo contrário… eu estou surpreso que esteja aqui.

Não lhe dei resposta alguma, não era necessário. Após certo tempo em um silêncio desconfortável, trocamos sorrisos tímidos e continuamos a comer. De fato, os sanduíches não estavam como o do Granny’s, mas estavam deliciosos e acompanhados de um bom suco de laranja gelado ficaram ainda melhores. Naquele dia, surpreendentemente, fazia sol em Storybrooke, não que estivesse quente, mas o clima era agradável: o céu aberto com poucas nuvens e o vento suave.

– Você vinha muito aqui? – quebrei o silêncio e, neste momento, já estava escorada na árvore ao lado de Killian.
– Bastante… acho Graham não gostavam muito de ficar sozinho.
– Bem irônico isso se você olhar a nossa história… – disse forjando um sorriso.
– Talvez ele só não quisesse te mostrar que tinha medinho do escuro. – Killan brincou e, ao olhar para mim, um feixe de sol iluminou seu sorriso e destacou ainda mais o mar azul de seus olhos, hipnotizando-me.
– Uau, por que eu não pensei nisso antes? – disse rindo após sair do transe.
– Um dia você aprende, Swan. – respondeu convencido.
– Seu ridículo. – empurrei seu ombro com o meu em brincadeira.
– Emma… – ele disse sério assim que deu fim a uma leve risada.
– Sempre que você me chama assim boa coisa não vem depois.
– É o seu nome, Swan. – tentou brincar, mas sua voz falhou demonstrando o nervosismo – Nós precisamos conversar sobre ontem.
– Ontem o que? – engoli seco. Eu sabia o que era, mas queria adiar ao máximo aquela conversa.
– Você sabe… nós. Eu quero falar sobre nós dois.
– Killian, não temos nada para falar.
– Claro que temos, Emma. – ele virou-se rapidamente, sentando um pouco mais a frente e voltado para mim. Fitou-me por um instante e segurou minhas mãos, prosseguindo – Eu sei que aquele beijo não foi um ato simples e puro pra você.
– Como você tem tanta certeza?
– Significou alguma coisa… nem que seja nojo.
– Eu não senti nojo, Killian. – disse com um sorriso tímido no canto de minha boca, como ele pensa que alguém poderia sentir nojo dele? – Eu… eu só não sei.
– Não sabe o que?
– Não sei o que senti. E também não sei se quero descobrir. – disse sincera, encarando-o.
– É seu ex, não é?
– Sim… – suspirei – Olha, eu não estou comparando você com ele, mas–
– Ei! – ele me interrompeu – Eu te entendo.
– Me desculpa. – abaixei minha cabeça, envergonhada por toda aquela situação. Como pode existir uma dualidade tão dolorosa quanto esse querer e o afastar?
– Você não deve me pedir desculpas por absolutamente nada. – Killian soltou uma de minhas mãos, levantou meu queixo para nos olharmos novamente e colocou uma mecha de cabelo atrás de minha orelha. Sentí-lo acariciando meu rosto ao manusear a mecha desencadeou ondas elétricas por todo meu corpo, como se queimasse e eu, assustadoramente, queria ser queimada. – Mas, se me permite, eu gostaria de falar. Posso?
– É claro, Jones. – sorri timidamente.
– Eu te contei sobre Milah, não foi? – afirmei com um gesto para que ele prosseguisse – Desde que ela morreu, eu não me envolvi afetivamente com ninguém… isso até você chegar. Olha, é assustador para mim também e, claro, nós temos razões diferentes, mas você me ensinou uma coisa.
– Ensinei? – perguntei confusa.
– Toda essa história do Graham e sua determinação em encontrar todas as respostas me fez ver o quão angustiante é um capítulo incompleto em nossa vida. Eu pensei que sentia isso com toda história do acidente de Milah, mas olha a sua história! Eu fico imaginando como foi para você acordar todos os dias com essas dúvidas pairando sobre você e, pior, chegar aqui e descobrir que tudo é ainda mais misterioso e estranho. Você foi forte demais e de um jeito que eu não sei se conseguiria ser. Eu te admiro demais por isso, Emma…
– Eu não sou tão forte assim.
– Pode não ser pra tudo mas, nesse caso, você foi. E ainda é. – ele apertava minhas mãos delicadamente, como se quisesse me transmitir toda verdade do que dizia de todas as maneiras possíveis – E eu não seria capaz de suportar tudo isso porque um dia longe de você, brigados, me causou uma dor insuportável que eu não soube administrar. E foi nisso que eu aprendi com você, aprendi a abrir e finalizar todos os meus capítulos… nós só vivemos uma vez.
– E o que você quer dizer com isso?
– Quero dizer que eu sinto sim algo maior por você. Seu sorriso, sua voz, seu jeito de ser, cada parte em você mexe comigo de uma maneira que eu não sei explicar. Isso me assusta, mas eu não ou deixar de viver isso por medo, não mais.
– Se você não sabe o que é, por que quer tanto arriscar?
– Porque existe alguma coisa e eu não vou reprimir isso mais, Emma. Olha… eu não sei o que aquele idiota fez com você, mas eu não sou ele. Ele pode ter dito milhares de vezes que te amava, mas não era verdade. Caso contrário quem estaria aproveitando esse dia maravilhoso com você seria ele, não eu. E é por esse motivo que eu estou sendo muito honesto com você, Swan. Eu não vou dizer aqui agora que amo você, e nem amanhã. Não vou dizer isso enquanto eu não tiver certeza. O que eu posso e quero te dizer é que eu preciso de você ao meu lado, eu gosto de estar com você e quero muito descobrir esse espaço que você vem ocupando no meu coração.

Killian havia escolhido as palavras exatas e as usado no momento correto, permitindo que um largo sorriso brotasse em meus lábios. Era incrível como a clareza e a sinceridade dele me traziam segurança. É certo que ele estava agindo tão corretamente devido ao segredo que guardara de David, talvez ele estivesse tentando me mostrar que aquele foi um momento ímpar e que não havia mais nada a ser escondido. Eu não queria arriscar e me enganar novamente, não queria dar a alguém a chance de agir como Neal agiu, mas não queria deixá-lo ir. Medindo, então, as duas medidas e suas consequências eu deveria chegar a alguma conclusão.

Encarando aqueles olhos tão azuis e serenos a minha frente não tive um momento sequer de dúvida, não dessa vez: eu queria ficar com Jones. Em resposta, aproximei-me dele e selei nossos lábios suavemente. Minha atitude o surpreendeu, de modo que, ao sentir o singelo selinho, seu corpo se contraiu mas, assim que retomou consciência, segurou-me pela cintura. Killian levou sua outra mão a minha nuca, iniciando um beijo mais aprofundado em que nossas línguas dançavam em ritmo próprio, lento e repleto de carinho. Deslizei minhas mãos para seu pescoço, repousando-as ali delicadamente. Eu estava completamente entregue ao beijo e às carícias de Jones e não desejava voltar atrás em minha decisão. Finalizando o momento, ele selou mais algumas vezes nossos lábios, entretanto, continuamos na mesma posição de antes, num abraço delicado.

– Isso é um sim? – ele sussurrou enquanto acariciava minhas bochechas.
– Depende da pergunta. – respondi sorrindo.
– Vamos tentar?
– Sim, juntos.

Ficamos um bom tempo depois trocando beijos e carícias, Killian elogiava-me em alguns momentos fazendo-me corar. Ele, ainda, tirou várias fotos minhas e de nós dois, dizendo ser "para recordação". Eu poderia explodir ali tamanha minha felicidade, desconheço algum outro momento em que me senti tão completa, mas não vou negar que por trás de tudo, eu ainda sentia medo. Sempre que as coisas estavam muito boas na minha vida algo devastador vinha em seguida.

Jones voltou a posição anterior, encostado no tronco de árvore, enquanto eu estava sentada entre suas pernas, apoiando minha cabeça em seu peito. As mãos dele me envolviam em um abraço apertado e, retribuindo o carinho, apoiava minhas mãos por cima das suas.

– Eu acho que agora eu quero aqueles morangos, hein? – disse desprendendo-me de seus braços para pegar a vasilha, mas assim que o fiz retornei à posição.
– Vamos lá, Swan. – ele pegou um dos morangos – Imagina só que esse é morango mais gostoso de todo mundo.
– Hmm, o mais gostoso? E se não for?
– Você tem que experimentar, como vai descobrir sem tentar? – ele sorriu.
– Ok, senhor. – disse rindo e mordendo o morango que ele segurava.
– E então?
– É, tem razão. – disse enquanto limpava o líquido da fruta que havia em meus lábios – Era o melhor morango do mundo. Quer um também?
– Claro!
– Esse pode ser o segundo melhor, que tal? – brinquei enquanto lhe oferecia o morango e ele o mordia.
– Justo. – ele riu e selou nossos lábios mais uma vez.


Alguns dias depois...


– Emma, você ainda não abriu o envelope? – David perguntou.
– Não... – respondi mordendo meu lábio inferior.
– Eu sinceramente não sei o que você está esperando, Emma. – Mary Margareth chegava com uma travessa de empadas.

Era uma quinta feira à noite, eu e Killian fomos à casa de David e Mary para conversar e passar um tempo juntos. Desde o dia na cabana de Graham, eu havia decidido tentar ao máximo explorar e aprimorar todos os laços que havia começado a criar em Storybrooke. Saí mais algumas vezes com Belle, Ruby e Regina, além de Mary que, agora, eu via com mais frequência. Para essa noite, ela chamou os amigos para uma pequena confraternização, sem motivo específico. Mary gostava de reuniões e, aparentemente, de cozinhar: sempre inventava ou testava uma nova receita.

Eu e Killian estávamos sentados num pequeno banco suspenso por correntes na varanda, como um balanço. David sentou-se no sofá em nossa frente e conversávamos sobre assuntos aleatórios, até que ele mencionou minhas investigações. Eu ainda não tinha lido o conteúdo do envelope que Regina havia conseguido para mim... Por medo, talvez. Eu estava feliz, me sentia bem! Eu não sabia o que poderia encontrar ali e eu simplesmente não queria correr o risco de destruir tudo de bom que estava vivendo.

– Eu só não quero mais uma decepção.
– Você não sabe o que vai encontrar lá! – David argumentou.
– Esse é o problema...
– Ei, uma hora você vai ter que abrir. Esse era seu objetivo, lembra? Faça no seu tempo, nós vamos estar aqui pra te ajudar, só não desista. – Killian, enfim, falou enquanto passava seu braço por cima de meu ombro em um pequeno abraço.
– Não vou desistir, prometo. – sorri.
– Oh, vocês são tão lindos juntos! – Mary disse com um enorme sorriso no rosto, fazendo Killian e eu cairmos na risada.
– Mas nós somos mais, não é amor? – David puxou a esposa para seu colo, dando-lhe um breve beijo.
– Ops, nesse caso, DAVE, eu acho que lindo mesmo são essas empadas. – Killian brincou.
– Não toca! – Mary disse rapidamente antes que Killian sequer se movesse para pegá-las. – Temos que esperar Regina e Robin ainda.

Regina e Robin chegaram pouco tempo depois e se sentaram ao lado de Mary e David. Eles eram casais tão felizes que causava-me certa inveja. Não aquela inveja corrosiva e auto destrutiva, mas uma inveja boa, saudável. Conversávamos sobre filmes e ríamos de algumas piadas de Robin, enquanto David e Killian disputavam quem comia mais empadas por minuto, até que Mary se levantou e pediu por um minuto de atenção.

– Eu queria falar uma coisa. – ela disse sem jeito.
– Não vai me falar que tinha alguma coisa errada com as empadas! – Killian comentou, fazendo todos rirem.
– Ei, claro que não! – Mary disse fingindo estar magoada, mas logo ficou séria para prosseguir sua fala – Eu queria compartilhar uma coisa com vocês.
– O que? – perguntei.
– Eu estou grávida. – ela disse rápido e tampo o rosto com as duas mãos. David que, na hora, estava bebendo um gole da cerveja cuspiu tudo na mesma hora e ficou a encarando boquiaberto por um bom tempo. Killian e Robin, também surpresos, nem se moviam, enquanto eu e Regina sorríamos e corremos para abraçá-la.
– Grávida? – David perguntou ainda atônito vindo na direção da esposa e "expulsando" eu e Regina dali.
– Sim. – mesmo que ela não conseguisse esconder o sorriso, o tom de sua voz denunciou sua aflição.
– Meu Deus... eu vou ser pai? – Mary assentiu com a cabeça – EU VOU SER PAI! – David gritou e pegou a mulher num abraço, levantando-a e rodando.

Aquela foi a cena mais linda que eu já havia visto desde que chegara (exceto pelos olhos azuis de Killian...). Era encantador como aqueles dois se amavam e como estavam felizes com a notícia. Os meninos, afastados do susto, comemoraram depois e eu não pude deixar de notar a alegria de Jones. Após o comunicado, o encontro tomou outro rumo e ficou ainda mais agradável, entretanto, tivemos que ir embora logo, afinal, no dia seguinte todos nós trabalharíamos.

– Killian... posso te pedir uma coisa? – disse segurando suas mãos quando paramos de frente ao hotel.
– O que houve? – perguntou preocupado.
– Sobe comigo? Eu queria abrir o envelope, mas não quero fazer isso sozinha.
– É claro que sim, eu disse que você não estaria só, não disse? – ele disse, segurando meu queixo com uma das mãos e selando nossos lábios suavemente.

Assim que entramos no quarto, ele sentou-se em minha cama e eu fui até a gaveta para pegá-lo. Sentei-me ao lado de Killian com os papéis em mãos e suspirei fundo.

– Você consegue. – ele sussurrou, incentivando-me.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Desculpem os possíveis erros e vamos torcer para que essa mudança acabe logo e eu possa ficar mais tranquila pra postar hahahah obrigada a todos que estão acompanhando a fic, vocês são uns lindos ♥