Open Wound escrita por littlelindy


Capítulo 11
Afinal, o que é verdade?


Notas iniciais do capítulo

Oláaa! Desculpem a demora, inclusive pra responder os comentários, mas faculdade tá me matando. E, como se já não fosse o suficiente, ainda estou mega gripada. Queria agradecer por todos comentários, vocês são incríveis! E, em especial, pela minha primeira recomendação aqui: obrigada Be ♥ (inclusive, a fic dela tá ótima, vou postar nas notas finais, vale muito a penas conferir)



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Minha cabeça estava começando a latejar de tantas coisas que estavam passando por ela. Seria incrível se Regina conseguisse o contrato da antiga casa de Graham, assim, eu poderia analisar os dados que ele usou e, inclusive, quem havia pagado pelo imóvel. Algo me diz que seus pais tem grande influência nisso, mas não vou tirar conclusões agora e nem me animar, afinal, Regina não me deu garantia alguma. Pensava, também, na tal “noite das meninas” e, claro, em Killian. Por falar nele, eu devo dizer que nosso encontro na delegacia foi extremamente desconfortável. Nenhum de nós dois sabíamos o que falar ou como agir. Demos nosso “bom dia” de sempre e, quando ele se aproximava mais de mim, meu telefone tocou. E, mais uma vez, era minha mãe.

– Desculpa, Killian… - disse sem jeito, forçando um sorriso - Preciso atender.
– Tudo bem. - ele respondeu tímido, encostando-se na parede ao lado da porta e me olhando.
– Alô? Mãe? – ao ouvir a última palavra, Killian fechou os olhos e tombou a cabeça para trás, sussurrando um “Por que, meu Deus?” que me fez rir.
– Oi minha filha! Tudo bem? Está ocupada?
– Não, mãe. Estava chegando agora no trabalho. E sim, estou bem e ai em casa como vão as coisas?
– Estamos bem, querida. Espera, você está trabalhando? Emma, você abandonou sua faculdade aqui para ir trabalhar nessa cidadezinha pequena?
– Eu disse que iria fazer isso. O dinheiro não era suficiente, mãe. Você sabia disso. E eu não abandonei a faculdade!
– vendo que a conversa tomaria um rumo mais sério, Killian que antes estava me esperando desligar, fez um sinal de “depois conversamos”, beijou minha bochecha e entrou para o escritório. Ele, provavelmente, iria procurar pela papelada de Leroy, sorri em resposta para ele e prossegui - Eu apenas tranquei. E “trancar” significa dar uma pausa. Falta apenas um semestre, eu vou voltar para terminar.
– Eu sei… – ela suspirou - O que está fazendo?
– Então, eu consegui um emprego aqui na delegacia com dois amigos do Graham. Se eu contar para a senhora que a história dele é mais confusa do que parecia, você acreditaria?
– E quem não acreditaria? Querida, Graham sempre foi um pouco estranho, você precisa admitir isso.
– Sim, mãe, mas ele era bom pra mim.

– Eu sei que era, filha… Mas, então, sobre esses amigos do Graham… Algum deles era o que estava com você ontem?– era perceptível o tom perverso na fala de minha mãe. Era quase impossível enganar dona Ginnifer.
– Mãe! – a repreendi, segurando o riso - Não. Eu disse que estava sozinha.
– Sei… Juízo viu? Só espero que ele seja bonitão.– ela riu, fazendo-me acompanhá-la.
– Ele é. – assim que reparei o que havia acabado de falar, tampei minha boca assustada e torcendo para que ela não tivesse percebido. O que, claro, não aconteceria.
– Ah ha! Eu sabia que você estava com alguém.– ela disse de maneira divertida, podia até imaginar ela dando um pulo e apontando na minha cara, sorri imaginando a cena.
– Ok, a senhora venceu tá? Sim, era um deles que estava comigo. Sim, ele é bonitão. E quer mais?
– Claro! - ela disse animada.
– A senhora atrapalhou de novo.– falei entre dentes.
– É um preço a se pagar por ter mentido para a mãe.– disse indiferente.
– Ha-ha, muito engraçado. Mãe, eu preciso desligar.
– Tudo bem, minha filha. Vai lá trabalhar e encontrar com o bonitão, depois me liga para contar sobre Graham.

– Ok, ligo sim! E, definitivamente, a senhora precisa parar de chamar ele de “o bonitão”.– disse séria ela, entretanto, riu.
– Fica com Deus, minha filha.
– A senhora também. Te amo.

Desliguei o telefone. Às vezes eu acho que minha mãe tenta ao máximo ser o mais próxima possível de mim e acaba parecendo uma irmã, mas eu gosto desse jeito maluco dela. Eu sentia sua falta, tanto dela quanto do meu pai, Josh. Em todos os momentos da minha vida eles estavam ao meu lado, especialmente nos acontecimentos recentes (Neal e Graham). Em dias como hoje, com Regina dando-me uma esperança extra, eu sentia saudade de chegar em casa e ter alguém para desabafar e contar tudo o que sentia. Eu iria voltar logo, afinal, como minha mãe havia lembrado, tenho um semestre restante para me formar em Psicologia. Esse sempre fora meu sonho e eu havia conseguido, Graham ficaria orgulhoso.

Entrei no escritório e Killian estava de pé, pegando as chaves do carro e com um envelope em mãos o que, suponho, ser os papéis que David pedira.

– Desculpa agora mais cedo… era minha mãe.
– É… eu ouvi. - ele disse atrapalhado e com um sorriso tímido - De novo.
– De novo… - retribui o sorriso e o encarei.
– Eu… Eu preciso entregar esses papéis para o… - ele me encarava e falava devagar, perdendo-se em sua própria frase.
– David? - mordi meu lábio inferior. Eu sabia que aquele clima era incômodo tanto para mim quanto para ele que, visivelmente, demonstrava isso. Entretanto, eu não queria que ele soubesse que eu estava tão desnorteada quanto ele.
– É. David. Me espera?
– Eu trabalho aqui, Killian. - sorri e comecei a apertar minhas unhas contra a palma da minha mão, tentando aliviar a tensão.
– Ah… é. - ele passou a mão nos cabelos e coçou a orelha - Eu já vou.
– Tchau.

Quando Killian saiu, soltei um longo suspiro. Era uma sensação de extremo incômodo ficar ao lado dele, mas não pelo lado ruim da palavra. É tão complicado explicar o que estava sentindo quanto era o sentir propriamente dito. É um sentimento ruim de querer algo e não poder ter, no caso, querer Killian Jones e lutar contra a razão, afastando-me.

Nessa bagunça toda, percebi que ele não havia me dito nada para fazer. Teria, então, que ficar por conta dos telefonemas – que dificilmente aconteciam ali em Storybrooke. Logo, ficaria sozinha sem tarefa alguma, momento perfeito pra cabeça ser invadida por milhões de pensamentos desnecessários.

Killian P.O.V

Considerando tudo o que havia acontecido entre eu e Emma e que nenhum de nós dois sabíamos o real significado de tudo, temos, então, o que eu defini como a sensação mais angustiante de todas. Era evidente que Swan mexia comigo de formas extremas e que eu a desejava – hipótese corroborada quando eu não só a beijei, como também a agarrei pela cintura e a provoquei quando ela atendera ao telefonema da mãe na noite anterior. Entretanto, o que não estava claro eram meus pensamentos. Ora eu havia certeza de que estava me apaixonando, ora julgava ser cedo demais para um sentimentos se apoderar de mim de tal forma. Conflitos à parte mas ainda dentro do tópico “verdades”, sabia de uma coisa: David ainda não estava em sua melhor forma.

Tudo bem que ele havia se arrependido e se desculpado de maneira sincera na noite anterior, mas ele não havia tocado no ponto mais importante de nossa briga: seu erro com Graham. Hoje de manhã, quando ele me pediu a papelada de Leroy, reconheci a deixa para a conversa. Entretanto, antes de tal discussão, teria que passar por Emma Swan. Digo, teria que dizê-la que estava saindo, o que parecia bem fácil e tranquilo, mas eu fui um tremendo desastrado. Esse, portanto, é um momento que não gostaria de relembrar. Assim que sai da delegacia, resolvi ligar pra David.

– Killian?– ele atendeu.
– Onde você está?
– Saindo da casa da Nova, por que? Encontrou os papéis?
– Nova era a namorada de Leroy. O caso dele era bem simples, nada demais para ser bem sincero, um mês atrás ele dirigiu bêbado e acabou batendo em um poste. E por decisão do juiz pagaria apenas 40 horas em serviço comunitário além de, claro, consertar o estrago físico.
– Sim. E queria conversar com você.
– Imaginei.
– Vou fazer assim: eu passo ai e então entregamos os papéis para ele começar logo e dai seguimos para as docas. Pode ser?
– Pode.

Em menos de meia hora havia passando na casa de Nova, entregado-lhe os papéis e levado David para conversarmos. Andamos até metade do pier e, então, sentamos um ao lado do outro encostados na grande, como fazíamos desde criança.

– É sobre aquele assunto, não é? - ele começou.
– Sim. Por que não disse nada para Emma ontem?
– Eu.. não sei. - disse quase num sussurro, abaixando a cabeça.
– Às vezes você, finalmente, sentiu vergonha do que fez.
– Não é só isso. Você sabe… - ele estava desconfortável, mas eu deveria ter aquela conversa. Afinal, era a primeira vez que tocávamos no assunto e não brigávamos.
– Eu sei, mas eu quero ouvir de você.
– Killian, eu e você sabemos que o último acontecimento marcante antes da morte dele foi a minha decisão.
– E você acha que, talvez, tenha sido responsável pela morte dele?
– Talvez? Não… - ele estava com as mãos entre as pernas e balançava a cabeça negativamente, quando me olhou pude ver que lágrimas se formavam em seus olhos e ele lutava para terminar de falar sem se render ao choro - Eu tenho certeza.
– Você não é o culpado pela morte dele.
– Mas é como se fosse. Desde aquele dia, não teve um momento sequer que eu não me senti o próprio assassino. Eu sinto como se eu mesmo tivesse dado os tiros nele.
– David, não foi você. - disse, simplesmente. As lágrimas começaram a se formar em meus olhos também. Era doloroso demais reviver aquele momento.
– Mas eu agi como se tivesse sido eu. Killian, você tem noção do quão grave foi o que fizemos depois? Nós mentimos sobre a morte dele. Eu fiquei apavorado quando Emma chegou, ela veio com a mesma história que eu inventei.
– Ela precisa saber, Dave.
– Eu sei.

David, finalmente, se permitiu chorar. Desde que Graham se fora, ele havia se fechado para esse sentimento e guardou toda dor que sentia. A verdade era que, semanas antes da morte de nosso melhor amigo, um cara bem vestido veio até a delegacia. Apenas David estava no escritório no momento, portanto, só sei o que ele mesmo me contou. O sujeito em questão queria conversar com Graham e alertá-lo sobre alguém que estaria o perseguindo, pois havia dito “ele já sabe onde Graham está”. David não ligou, achou que era mentira e simplesmente ignorou o alerta do homem. Passaram-se alguns dias e David nada havia dito, entretanto, na véspera do assassinato, ele resolveu dizer durante uma de nossas brincadeiras.

Flashback

– Você é idiota ou o que, David? ME EXPLICA. - disse Graham, já exaltado.
– Como assim, cara? O que houve? - David respondeu confuso.
– Quem você pensa que é pra julgar o que é verdade ou não? Você deveria ter me dito. - o tom de voz dele havia mudado de nervoso para uma espécie de desespero que eu não compreendia.
– Ele era um cara estranho?! Eu nunca tinha o visto em Storybrooke?! - David respondeu como se fosse um raciocínio óbvio.
– Nossa, que belo motivo! De repente só informações de pessoas internas contam.
– Qual é a sua? Fala o que tá acontecendo. Por que eu deveria tanto te dar esse recado? - David o provocava.
– Por qual motivo eu diria pra você? Pela sua frase deu pra perceber que só as pessoas de Storybrooke falam a verdade, e adivinha? Eu não sou daqui. - Graham disse sarcástico antes de pegar sua jaqueta de couro marrom e sair.

Aquela havia sido a última vez que falamos com Graham. O aviso era real e, no dia seguinte, encontramos o corpo dele próximo à saída da cidade, com dois tiros no peito. David entrou em desespero e foi ai que ele tomou a pior decisão da vida dele: alterar a autópsia. Como ele havia conseguido eu jamais vou descobrir e, sinceramente, não desejo saber. Ele, então, pediu para que eu o ajudasse a espalhar que Graham havia morrido enquanto dormia na antiga casa na floresta. E assim eu fiz, seguindo a grande besteira de David. Como os tiros haviam atingido o peito de Graham, ficara ainda mais fácil para David esconder toda a verdade. Eu consigo compreender o desespero que ele sentiu na hora e, também, a grande culpa que tomou conta dele. O que eu não podia deixar acontecer, de novo, era um estranho chegar e ele ignorar, julgar inválido/mentira ou simplesmente mentir. E era, exatamente, o que ele estava fazendo com Emma que, à propósito, não veio alertar ninguém.

Fiquei um bom tempo ao lado de David vendo-o chorar. Assim que o vi limpando as últimas lágrimas que rolavam por seu rosto, o abracei. Ele sabia que deveria contar a verdade para Emma e eu sabia que ela me odiaria por isso, mas era o correto a ser feito. Ela merecia saber a verdade. O ajudei a se levantar e fomos, em silêncio, para a delegacia. David estava, provavelmente, se preparando para contar seu mais profundo e escuro segredo, enquanto eu estava em processo de aceitação do grande ódio que Emma iria adquirir por mim. Naquele momento, tive a certeza de que eu realmente estava gostando dela, afinal, o que significaria, então, todos aqueles calafrios e tremores?

Quando entramos no escritório, vimos Emma sentada na poltrona folheando uma revista. Assim que nos viu, ela se levantou com um sorriso no rosto, que logo desapareceu ao ver David com o rosto inchado – causado pelo choro – e meus olhos já cheios d’água.

– O que aconteceu? - ela perguntou preocupada, vindo em nossa direção.
– David precisa falar com você. - eu disse, evitando olhar em seus olhos.
– O que está acontecendo aqui? - perguntou um pouco nervosa.
– Emma… Eu… - David se esforçava bastante para dizer e eu sabia que ele lutava internamente contra vários fantasmas do passado até que, enfim, ele suspirou lentamente e prosseguiu - Eu menti pra você. E o Killian também.

Ótimo, David, maravilhoso. Muito obrigado, eu realmente não tenho palavras para agradecê-lo por essa sua frase. Ele, então, olhou para mim buscando suporte e eu apenas o repreendi pelo que havia dito anteriormente.

– Quer dizer, eu menti. E forcei o Killian a fazer o mesmo. - ele completou, tentando corrigir o que havia feito. Um fiasco.
– Como assim?
– Emma, senta um pouco pra ele te contar. - eu disse, me aproximando dela e encostando em seu braço, fazendo menção de acompanhá-la até a poltrona novamente.
– Eu não vou sentar. - ela disse afastando-se bruscamente de mim. - Me fala. Agora.
– Emma… A história que você ouviu sobre a morte do Graham não é verdade, eu inventei ela.

David contou a ela toda a história, nos mínimos detalhes. Emma apenas ouvia, sem dizer nada, mas com um olhar que misturava toda sua raiva e decepção. Ao final da explicação, Swan já chorava. Fez-se um silêncio incômodo antes que ela dissesse algo.

– O tempo inteiro vocês sabiam da verdade e não me contaram? Estavam escondendo isso de mim enquanto me pediam confiança? – ela dizia quase que gritando e, então, aproximou-se de David – Você é baixo. Fez o que fez e depois quis me julgar por simplesmente aparecer aqui e PERGUNTAR sobre as coisas. E você… – Swan virou-se para mim e eu pude sentir todo meu corpo se contrair – Eu pensei que fosse diferente… e se você não for igual, então é pior que todos os outros.
– Emma… por favor. - eu disse, tentando pegar em suas mãos, mas ela desviara, dirigindo-se à sua mesa e pegando a bolsa.

Ela não disse mais nada, apenas passou por nós dois e foi embora chorando. Eu queria ir atrás dela, acalmá-la e pedir desculpas, mas David me segurou. Ele estava certo, ir atrás de Emma nesse momento não era a escolha mais sábia. Agora que Emma sabia da verdade, ela precisava do seu tempo. O lado bom em todo esse inferno, é a certeza de que poderia dormir sem peso algum na consciência. Mas quem eu quero enganar? Eu sabia que não iria dormir, não suportaria mais um minuto sequer sabendo que Emma me odiava – e com razão.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!! Obrigada por me acompanharem (link da fic da be: http://fanfiction.com.br/historia/614949/We_Found_Love_-_Fanfic_Captain_Swan/)