POV FELIPE

Era o mais rápido que eu conseguia. Podia até ouvir meu coração bater quase saindo pela boca.

As emoções eram como uma festa dentro de mim.

Medo. Pânico. Adrenalina.

Apesar de saber os riscos, olho mais uma vez para trás. O que seria aquilo, afinal?

Aquela sensação veio mais uma vez. Continuei a correr, tentando ao máximo alcançar o grupo que estava à minha frente.

Era como se, ao invés de sentir o peso da garota que eu mesmo carregava, um ainda maior havia em minhas costas por ter aquela sensação novamente.

Sei que não deveria, mas, me sinto culpado por permiti-la me tomar mais uma vez.

_ CADÊ ELA? – Alguém grita do grupo – Gente! A MENINA SUMIU!

Todas as pessoas, sem exceção, olha para trás e param de correr, surpresos e assustados.

Olho, então, e ela realmente sumiu. Aquela garotinha de vestido branco simplesmente se foi.

_ MEU DEUS! ELA ESTÁ BEM? – ouço alguém chegar, depois de desmontar no chão.

Só então percebo Nana desacordada, jogada no chão.

_ O que aconteceu?! – Lúcia chega desesperada.

_ Eu... Não sei! – Aquela sensação me atinge como um soco no estômago.

_ NANA! – Uma garota grita se ajoelhando no chão.

Então todas as amigas dela chegam preocupadas.

_ Meu Deus! – Uma outra menor exclama tampando a boca – Ela está respirando?!

_ Calma, Isa, ela está bem.... Foi só um susto – Um garoto responde.

Assisto tudo boquiaberto, sem entender a situação.

_ Preciso de alguém, perto da casa assombrada, agora! – Lúcia diz em um Walkie-Talkie

_ Entendido. – Alguém responde do outro lado da linha.

_ Ela vai ficar bem – finalmente, pergunto.

_ Vai. Vai sim... – Lúcia responde. Mas sei muito bem quando as pessoas estão mentindo.

[...]

_ Não.

_ Por quê?

_ Porque você não pode entrar aqui.

_ POR. QUE. NÃO? – Insisto.

_ NÃO. VAI. ENTRAR – ela continua.

_ Quer saber?! Eu. Não. Ligo – digo empurrando-a e entrando no dormitório feminino – Onde ela está?

_ Você acha mesmo que eu vou falar? – Isabela responde como se fosse óbvio.

_ Eu mesmo procuro – digo abrindo a porta do primeiro quarto.

Vazio... Caramba! Mais bagunçado do que o dos garotos!

Abro bruscamente a porta do segundo quarto e dou de cara com dezenas de garotas enfurnadas nas beliches.

Todas viram as cabeças rapidamente em direção à porta quando a abro.

_ Esperando alguém? – brinco.

_ Na verdade, sim – Reconheço ser a irmã de Nana.

_ Por que não trouxeram os garotos antes? – uma delas fala se levantando da cama e vindo em minha direção – Muito prazer, sou a Camila – ela diz tentando ser sedutora.

_ Felipe. – digo rindo

_ Espera. Você não era o garoto que dançou com a Nana na balada? – uma menina pergunta sentada em cima da beliche – e foi você quem carregou ela.

Dou um sorriso amarelo em resposta.

_ Hummmm.... – elas fazem.

Lúcia abre a porta, entra e se assusta comigo. Droga, e agora?

_ Bem... – murmuro e ela, milagrosamente, dá de ombros.

_ Garotas, está na hora de deitar, vão para os seus quartos se empanturrar de chocolate e amanhã vocês conversam, ok? – ela diz e depois olha para mim – está esperando o quê?

_ Quê??

_ O seu dormitório é longe! Pode ir!

_ Não! Eu vou ficar aqui! Se alguém tentar me tirar, eu... Eu vou... Vou fazer alguma coisa! Mas vou fazer! – ameaço brincando.

_ Ah! Tanto faz, estou cansada mesmo... Dorme aí no chão. – ela responde saindo.

As outras garotas também começam a sair e avisto Nana adormecida em uma cama mais isolada.

Vou até ela e sento na cama.

Contemplo seu rosto, pálido, mas, mesmo assim, era lindo.

Pego sua mão delicadamente e me deito ao seu lado. Descanso sua cabeça em meu ombro, sentindo sua leve respiração em minha nuca.

Puxo o fino cobertor e cubro-a deixando um beijo em sua testa.

E com um longo suspiro, finalmente adormeço.