Depois da vitória, os dois times foram para suas cabanas descansar, já que não teria mais provas naquele dia. Mas, apesar disso, o único que não estava animado era Paulo.

—O que foi Paulo?- perguntou Alícia.

—Nada, só estou entendiado.- respondeu ele.

—Então vamos procurar fazer alguma coisa.

—Tipo o quê? Não tem nada de importante pra fazer no meio de um lugar desse.

—Pior que é verdade.

Chiquinha, que estava passando pelo quarto, ouviu tudo escondida e logo percebeu que poderia fazer alguma travessura em uma brincadeira. 

—O que foi Chiquinha?- disse Malicha, surgindo atrás dela e lhe assustando.

Chiquinha então, explicou toda a situação e pediu ajuda da amiga pra aprontar.

—Bom, vamos falar com o Kokimoto, ele pode ajudar.- disse Malicha.

—O que tem eu?- falou Kokimoto, aproximando-se com Nhonho.

—Nada Koki, é que a Chiquinha precisa de uma ajudinha pra aprontar com uns amigos nossos.- respondeu Malicha.

Quando todos ficaram cientes da situação, bolaram juntos um plano para começarem a brincadeira. Assim que já estava tudo acertado, Chiquinha foi à sala e depois chamou todos na cabana para brincarem do lado de fora. 

—Vamos brincar de quê para precisar ser aqui fora?- perguntou Maria Joaquina.

—De Verdade ou Desafio, quem topa?- disse Chiquinha.

Maria Joaquina, Daniel, Mário, Marcelina, Alícia, Paulo, Malicha, Kokimoto e Nhonho levantaram a mão. 

—Vocês não vêm?- Malicha perguntou, mas todos confirmaram com a cabeça que não. Logo, todos foram para um local aberto próximo à cabana e se sentaram.

—Cadê a garrafa?- perguntou Alícia.

—Eu trouxe uma.- respondeu Malicha.

—Quem começa?- perguntou Daniel.

—Bom, como eu tive a ideia, eu giro primeiro.- respondeu Alícia.

Alícia girou a garrafa e ela foi parar nela e Kokimoto.

—Verdade ou Desafio?- perguntou Alícia.

—Verdade primeiro.- ele respondeu rápido.

—Então tá: você já teve um crush por alguém?

Nessa hora, Paulo e Mário arregalaram os olhos com a pergunta de Alícia. Ele ficou pensando por uns segundos antes de responder.

—Se eu responder "sim", terei que dizer quem é?- perguntou ele.

Alícia fez que "não" com a cabeça. 

 -Então... sim, eu já gostei de uma pessoa.- respondeu o japonês- Agora eu giro.

Kokimoto girou e a garrafa foi parar nele e Chiquinha.

—Chiquinha, verdade ou desafio?- perguntou Kokimoto.

—Verdade.- respondeu ela, aparentemente nervosa.

—Você já beijou alguém?

—Selinho, beijão ou no rosto?

—Não, beijão, claro.

—Então não, ainda não.

Depois de responder, Chiquinha respirou fundo e girou a garrafa. Ela girou tão perfeitamente que a garrafa deu várias voltas, ficou um minuto inteiro girando, até que finalmente a garrafa parou em Chiquinha e Mário. 

—Verdade ou desafio?- perguntou ela.

—Desafio.- respondeu ele, que queria mostrar que era corajoso o bastante pra ser o primeiro a querer desafio, sendo que os outros preferiam apenas contar a verdade.

E foi aí que Chiquinha viu a oportunidade de aprontar.

—Então, seu desafio será... beijar a Maria Joaquina.- disse ela com um sorriso travesso.

—O QUÊ??- Mário e Daniel perguntaram juntos enquanto Maria Joaquina e Marcelina arregalaram os olhos.

—Isso mesmo, é um desafio não é?- ironizou Chiquinha.

—M-ma-mas a Maria Joaquina é namorada do Daniel, eu jamais faria isso com eles.

—É só um jogo seu bobo, não vai valer nada.

Mário mordeu o lábio inferior.

—Quem não aceitar o desafio, o que acontece?- Mário perguntou.

—Normalmente se paga um mico, bem pesado.- respondeu Nhonho, sorrindo maleficamente.

Mário engoliu em seco.

—Tá, então, qual o mico eu terei que pagar caso eu não beije a Maria Joaquina?- perguntou Mário, já suando frio.

—Bom, você terá que arrancar aquela colmeia ali e colocá-la na cabeça.- respondeu Chiquinha, apontando para a árvore um pouco atrás deles, o pior é que a colmeia estava com abelhas.

Mário não teve escolha. Ele olhou para Marcelina, que suava de nervosa, Daniel estava imóvel olhando pra ele e Maria Joaquina o olhava como se estivesse com medo do que acontecesse caso ele colocasse aquilo na cabeça.

—Daniel, Marcelina, me perdoem por isso, mas eu não tenho escolha.- Mário estava tão nervoso que chegava a tremer. Mesmo assim, ele rastejou até Maria Joaquina.

—Espera aí, não deve ser selinho não tá? Tem que ser beijo mesmo.- Chiquinha completou.

Nessa hora, Marcelina e Daniel olharam para Chiquinha, fuzilando-a com os olhos.

—EU VOU MATAR VOCÊ!- murmurou Marcelina.

Mário procurou não demorar muito com o beijo, mas também não aprofundou tanto, foi um beijo sem língua, sem toque nas costas, apenas um beijo simples e um pouco demorado.

Após uns dez segundos, Mário parou e voltou para o seu lugar mais nervoso do que estava antes. Marcelina sorriu ao ver que o amado não aparentou gostar do momento e ainda foi o que teve a iniciativa de parar, enquanto Maria Joaquina estava vermelha. Não se sabe se era de raiva ou de vergonha, mas estava. Quando o desafio acabou, Mário girou a garrafa.

Quando ele girou, a boca da garrafa parou em Paulo.

—Verdade ou Desafio?- ele perguntou.

—Desafio.- Paulo respondeu, certo que Mário não faria uma brincadeira de mal gosto com ele.

—Desafio você a beijar Alícia apaixonadamente.- ele disse, sorrindo e Paulo retribuiu, nessa Mário mandou bem. Paulo não hesitou e beijou Alícia de um jeito apaixonado, todos chegaram a aplaudir. Assim que acabou, Paulo girou e caiu em Malicha e Mário. Se ele já não confiava muito nela, imagina como ele ficou quando a garrafa apontou pra ela. Malicha e Chiquinha trocaram um olhar cúmplice.

—Verdade ou Desafio?- ela perguntou.

—Verdade.- ele respondeu imediatamente, pois não queria ter que beijar outra pessoa que não fosse Marcelina novamente.

—Você já gostou de outra pessoa, que não fosse a Marcelina? Se sim, quem?

Para Mário, aquilo poderia ser uma coisa bem pior, pois verdade dói muito, além de que nesse jogo, ninguém descobre quando você conta uma mentira. Mas ao mesmo tempo, Paulo e Kokimoto o conheciam bem, então, se ele mentisse, com certeza eles descobririam.

—Bom... já sim.- ele respondeu, ainda nervoso- Foi no quarto ano, e era pela Alícia.

—FILHO DA MÃE!!!- berrou Paulo, partindo pra cima de Mário.

Enquanto Maria Joaquina, Daniel, Alícia e Nhonho separavam os dois, Chiquinha, Malicha e Kokimoto ficaram sentados em seus lugares, sorrindo satisfeitos, pois era justamente isso que eles queriam. 

Quando finalmente Daniel e Maria Joaquina conseguiram apartar a briga, Paulo e Marcelina ficaram olhando furiosamente pra Mário, que abaixou a cabeça e girou a garrafa novamente. Com certeza, ele e Marcelina teriam uma conversa longa e séria quando essa brincadeira acabasse.

Depois, Mário girou a garrafa mais uma vez, caiu em Kokimoto e Daniel.

—Verdade ou Desafio?- perguntou Kokimoto.

—Verdade.- respondeu Daniel, achando que Kokimoto faria o mesmo desafio que fez com Mário.

Kokimoto sorriu de canto quando ele respondeu.

—Você sabia que a Margarida era apaixonada por você no terceiro ano?- perguntou ele.

Maria Joaquina arregalou os olhos e observou Daniel para ver o que ele responderia.

—Sabia, não é à toa que eu... ah, você sabe a história toda.- Daniel respondeu, deixando Maria Joaquina indignada.

Quando Daniel ia girar a garrafa, Paulo bufou.

—Ah gente, essa brincadeira tá mais chata do que eu pensei. Chega. - disse ele, se levantando.

Aos poucos, todos foram desistindo do jogo e quando iam voltando à cabana, Mário tentou pegar na mão de Marcelina, mas ela tirou a mão e apertou o passo, tentando ficar longe dele. 

—Espera.- Mário disse à Marcelina, mas ela o ignorou, correu até Paulo, que o levou para o quarto. 

—Alícia, você não vai fazer nada?- ele perguntou.

—Não, porque é por sua culpa que Paulo e eu estamos brigados.- ela respondeu com raiva.

—Culpa minha? Mas foram a Chiquinha, Malicha e Kokimoto que tiveram a ideia dessa brincadeira.

—Mas você tinha que confessar que já gostou de mim? 

—Claro, porque assim é o jogo, se eu minto na hora, mais tarde eles descobrem, não tinha jeito.

—Chega, não quero mais ouvir sua voz, some daqui!!!- Alícia gritou e foi pra dentro do dormitório feminino, mas Marcelina e Maria Joaquina não estavam bravas com Malicha e Chiquinha. Pelo contrário, elas queriam agradecer às duas por terem aberto os olhos dela e de Marcelina, mostrando quem os meninos realmente são. Ela não estava de mal com elas, estava apenas chateada por estar brigada com o Paulo. Ela então, deitou-se na cama e fechou os olhos, tentando dormir para esquecer do ocorrido.