—Paulo?- chamou Alícia.

—O que foi Alícia?- sussurrou Paulo.

—Não consigo dormir.

—Não consegue? Por quê?

—Não consigo parar de pensar na prova que tivemos hoje. Era tão fácil para nós, como fomos perder? 

—Calma Alícia, a gente pode ter perdido essa, mas ainda temos chance de ficarmos à frente outra vez.- encorajou Paulo.

—Você acha?- Alícia encheu-se de esperança.

—Claro, é só continuarmos trabalhando em equipe como sempre e vamos vencer.

Alícia sorriu, ficou impressionada como Paulo conseguia continuar tão esperançoso e persistente mesmo depois de perder uma prova. Talvez fosse por isso que ela gostava tanto dele.

—É, acho que você tem razão. Boa noite.- ela disse, dando um selinho rápido nele e voltando pra cama.

—Boa noite Alícia.- respondeu Paulo, sorrindo.

Na manhã seguinte, os times voltaram para o lugar e logo receberam as instruções da próxima prova.

—Essa prova chamamos de "Gincana Olímpica". Os dois times correrão pelas duas raias ali, a roxa e a laranja, andando em ziguezague, saltando cavalete, passando sob arco, andando sobre o travessão. Depois de passarem pelos obstáculos, cada participante pegará uma bandeira e levantar para mostrar que já chegou ao fim. O time que conseguir pegar todas as bandeiras primeiro, vence.- explicou Seu Campos e Paulo olhou sorrindo para Alícia, pois eles eram ecléticos e poderiam vencer essa prova facilmente.

Quando se prepararam, Seu Campos e Alan explicaram um integrante de um time competiria com outro integrante do time laranja. No entanto, o primeiro a sair foram Jorge e Paulo. Eles já não eram amigos, agora estavam ali pelos times que representavam. Quando largaram, Jorge se saiu melhor e disparou na frente, mas Paulo o alcançou ao andarem em ziguezague, lado a lado e por pouco não apelavam tocando um no outro. Porém, ao saltarem sobre o cavalete, Jorge escorregou e Paulo pulou na frente. Quando Jorge percebeu que estava perdendo, apertou o ritmo e chegou a empatar novamente com Paulo, mas ao saltar sobre o arco, acabou arrancando-o do lugar. Quando se levantou, Jorge logo começou a tirar o arco e enquanto ele tirava, Paulo correu e abriu uma larga vantagem. Marcelina, ao ver a situação do irmão, ficou eufórica e animada por sentir que as chances dele vencer estavam aumentando. Assim como Alícia, que observava tudo. Quando eles passaram todos os obstáculos, Paulo correu e com muita folga, conseguiu pegar a bandeira do time laranja enquanto Chaves e Chiquinha, que ainda não estavam correndo, comemoraram.

—Isso Paulo, boa!- gritou Chiquinha.

—Mandou bem Paulo!- disse Chaves.

Quando Paulo pegou a bandeira, Seu Campos deu sinal para que o participante seguinte, que era Alícia, começasse a correr. Ela disparou na frente de Margarida, que nem sequer teve chance de alcançá-la. Não que Margarida não fosse boa corredora, mas Alícia era mais cheia de energia e adrenalina que ela, por isso, foi fácil de correr mais rápido. Quando Alícia pegou a segunda bandeira, foi para o lado de Paulo e sorriu, pois estava confiante que o time laranja venceria. 

No entanto, o time laranja não venceu confortavelmente, pois Jorge e Davi conseguiram chegar na frente de Cirilo e Daniel, seus rivais do time laranja, o que fez com que os outros membros do time roxo tivessem mais vantagem na hora de correr, vencendo por pouco, tornando a competição muito disputada e apertada. 

—Tô vendo que o final vai ser emocionante!- disse Seu Campos, animado.

—E muito.- concordou Alan.

—Que time vocês acham que vai ganhar essa?- perguntou Doutor Chapatín.

—Olha doutor, eu não faço ideia, o time laranja tem crianças atléticas e rápidas e o roxo tem crianças que andam rápidas só por um tempo, mas mesmo assim, fica difícil de saber, teremos que ver para crer.- falou Seu Madruga.

—Pela primeira vez eu tenho que concordar com o Seu Madruga.- disse Dona Florinda.

Assim, a competição ficou ainda mais apertada quando faltavam apenas duas: Malicha e Chaves defenderiam o time laranja e Pópis e Quico defenderiam o roxo. Quando Seu Campos autorizou a largada, Pópis arrancou melhor e saiu na frente, Malicha conseguiu se recuperar quando pularam o cavalete, já que Pópis perdeu um pouco de tempo ao derrubá-lo e ao voltar ao chão, se desequilibrou, mas não caiu, mas o tempo perdido foi o suficiente para Malicha passar na frente. Porém, ao passarem pelo arco, Malicha demorou um pouco mais para passar por ele e Pópis aproveitou para usar as últimas forças que tinha para passar na frente, mas não conseguiu, pois Malicha percebeu e também apertou o ritmo. Resultado: as duas chegaram juntas, empatando os dois times.

Todos ficaram no mais absoluto silêncio.

—Bom, parece que agora, só um desses dois poderá decidir qual time sairá daqui vencedor.- falou Alan.

—Claro que vai ser o Quico, meu tesouro.- Dona Florinda gabou-se.

—Eu discordo, será o Chaves.- disse Seu Madruga.

—Com certeza, meu neto é um vencedor.- falou Chapatín, apertando a mão de Seu Madruga.

Quando Seu Campos autorizou a largada, Quico disparou na frente, deixando Dona Florinda eufórica e Seu Madruga e Doutor Chapatin, decepcionados. Quico estava tão empolgado com sua liderança, mesmo não sendo tão grande, que quando ele foi pular o cavalete, não pulou alto o suficiente e a ponta de seu pé acertou a parte de cima do cavalete, derrubando o mesmo e fazendo Quico cair no chão. Quando Chaves viu a situação do amigo, logo pensou em ajudá-lo, mas ao olhar para Seu Madruga e seu avô ordenando para que ele seguisse em frente, pensou que talvez Quico entendesse que deixá-lo pra trás daquela forma, não só seria contra as regras, como também não era de propósito, já que se fosse na vila, ele realmente ajudaria. Mas se não entendesse, teria que entender de qualquer maneira. Então, deu as costas e continuou correndo sem parar, correu o mais rápido que pôde, mas só se sentiu aliviado ao pegar a bandeira, olhar para trás e ver Quico se levantando e correndo tentando alcançá-lo, mostrando que estava bem.

No entanto, ele só voltou a realidade quando ouviu um barulho de uma buzina tocar.

—O time laranja venceu essa competição!!- Seu Campos gritou.

Depois, a sensação de euforia dentro de Chaves foi substituído pela alegria de sentir todos o erguerem no ar e comemorarem a vitória. Logo depois, Seu Madruga, Chapatin, Seu Brancelha e todos os adultos que torciam para o time laranja, apareceram lá para comemorarem também, pois agora, finalmente as equipes haviam desempatado e o time laranja estava na frente de novo.