Depois que o filme acabou, Mário desligou a televisão e logo viu que ainda estava chovendo, o que impossibilitava os dois times a saírem da cabana.

–Gente, até quando vai continuar chovendo?- reclamou Maria Joaquina.

–Se eu pudesse, entrava em um site de previsão do tempo pra saber isso.- falou Marcelina.

–Deve durar pouco, já tem uns raios de sol fracos vindo de lá.- respondeu Mário.

–Vocês que sabem, eu vou lá na cozinha pegar algo pra comer.- disse Jaime.

–Eu vou com você.- disse Laura.

Quando abriram a geladeira, Jaime e Laura sabiam que lá teriam pouca coisa pra comer, pois Seu Campos ainda não havia abastecido a geladeira e eles tinham que falar com ele sobre isso. Tentaram, mas não conseguiram. Só que Jaime já tinha visto a torta de maçã que estava lá dentro e queria muito saboreá-la. Mas, ao abrir a geladeira, um susto: a torta não estava lá. Alguém comeu a torta inteira.

–Quem poderia ter comido a torta inteira sozinho?- se perguntou Jaime.

–Não faço ideia.- respondeu Laura.

–Se não foi nenhum de nós dois, só pode ter sido o Nhonho.

–Com certeza, mas também pode ter comido junto com alguém.

–Também acho, mas quem?

Então, eles se dirigiram à sala.

–Ei, algum de vocês comeu a torta de maçã que estava na geladeira?- perguntou Jaime.

Todos negaram.

–Estranho, como pode uma torta sumir desse jeito?- estranhou Laura.

–Não sei, vamos ter que descobrir isso.- falou Jaime.

Os dois foram até os dormitórios, mas a torta não estava lá, nem um vestígio da torta. Procuraram embaixo das camas, evitando fazer barulho, no teto, quem sabe lá tinha um sótão, quem sabe também um fundo falso, mas nada.

Quando eles voltaram para a sala, todos olharam pra eles.

–Nossa, vocês demoraram.- disse Paulo.

–É mesmo, onde estavam?- falou Alícia.

Jaime e Laura notaram uma certa malícia no tom de voz deles, mas deixaram pra lá.

–Tentando descobrir quem comeu a torta de maçã que estava na geladeira.- respondeu Jaime.

–E conseguiram descobrir?- perguntou Paulo.

–Não - disse Laura.

–Vocês têm ideia de quem foi?- perguntou Jaime.

–Garanto que não fomos nós.- disse Daniel.

–Tudo bem Daniel, a gente confia em vocês, mas só queria descobrir quem foi.- falou Jaime.

–Se não foi nenhum membro de nenhum dos dois times, só pode ter sido alguém alguém da vila.- acusou Mário.

–Sim, mas mesmo assim é difícil de acreditar que alguém que more na vila tenha feito isso.- disse Marcelina.

–Você acha?

–Claro, porque lá na vila, todos têm boas condições de comprar comida.

–Então deve ter outra explicação pra isso.

–Bom, talvez... espera um pouco.- disse Paulo.

–O que foi?- perguntou Alícia.

–Agora me lembrei, antes de irmos procurar o Seu Campos, alguém disse que estava com fome lembram?

–Foi o Chaves.- lembrou Jaime.

–Exatamente.

–Então só pode ter sido ele.- concluiu Alícia.

–Vamos lá falar com ele.- sugeriu Paulo e Alícia concordou.

Paulo e Alícia acabaram encontrando Chaves lá na varanda, observando a chuva cair. E caía forte ainda.

–Chaves, foi você quem comeu a torta de maçã que estava na geladeira?- perguntou Paulo, mesmo já sabendo a resposta.

–Como assim?- disse Chaves.

–Calma Chaves, não vamos brigar com você.- garantiu Alícia- É que Jaime e eu queriam comer a torta de maçã, mas quando chegaram na cozinha, a torta não estava mais na geladeira. Aí, ficaram chateados, mas então nós lembramos que antes de irmos procurar o Seu Campos, você disse que estava com fome.

–Desculpe, eu até tentei resistir, mas não consegui, acabei comendo tudo.- lamentou Chaves.

–Tudo bem Chaves, só viemos perguntar pra ter certeza.- disse Paulo.

–Então tá bem.- Chaves respirou aliviado.

Depois disso, Paulo e Alícia chamaram Chaves para se juntar ao restante do grupo na sala.

–Assim você aproveita e brinca ou conversa com a gente, que tal?- disse Alícia.

–Tudo bem, vamos lá.- Chaves sorriu.

–Chega mais pessoal, vamos fazer uma brincadeira!- animou-se Daniel, assim que os três retornaram à sala.

–Que brincadeira?- quis saber Paulo.

–De um questionário de perguntas para nós quatro e quem acertar mais ganha.- explicou Jorge.

–Qualquer tipo de pergunta?- perguntou Marcelina.

–Sim, qualquer uma. E tem que ser pra nós quatro.

–E qual de nós quatro souber, levanta a mão primeiro.- falou Maria Joaquina.

–Nunca brinquei disso, parece legal.- disse Alícia.

–Então vamos lá, serão eu, Jorge, Maria Joaquina e Nhonho.- disse Daniel.

–Quem quer perguntara primeiro?- pediu Jorge.

–Eu.- falou Alícia.

–Manda ver Alícia.- animou-se Daniel.

–O que vocês estão achando do acampamento?

Todos os quatro levantaram a mão.

–Eu respondo primeiro- disse Maria Joaquina- Estou gostando de tudo até agora.

–Muito fácil essa.- falou Jorge.

–Então aqui vai outra mais difícil.- disse Paulo, sorrindo.

–Manda.

Após algum tempo naquela brincadeira, Marcelina se cansou de ficar lá e se levantou. Mário, sem perder tempo, foi atrás dela.

–O que foi Marcelina?- perguntou ele ao vê-la sentar no alpendre da cabana.

–Ah Mário, eu só estava lembrando da falta que faz a minha antiga vida lá na cidade.- respondeu ela.

–Você não está gostando daqui?

–Estou sim, muito. O problema é que eu já estava tão acostumada a fazer atividades logo ao acordar e tudo mais. E só em ficar na cabana o tempo todo por causa dessa chuva, acabo me sentindo um animal enjaulado.

–Entendi, você está querendo ser "livre" né? Cansou de ficar aqui na cabana.

–Isso mesmo.

–A chuva agora está bem fina, acho que dá pra darmos um passeio.

–Não Mário. Eu adoraria, mas está tudo um lamaçal só. É melhor não arriscarmos.

–É mesmo. Bom, só quis dar uma sugestão.

–Tudo bem Mário, até que não foi uma ideia tão boa assim. Eu iria se não fosse a lama.

–Ufa, que bom que gostou.

–Claro, não tem como não gostar de uma sugestão vinda de você.

–Concordo.- gabou-se Mário.

Ambos sorriem um pro outro e se beijam. Após uns minutos, se separaram e ficaram abraçados um ao outro, observando a chuva parar lentamente e sentindo aquele cheiro gostoso de planta molhada quando chove.