No dia seguinte, após sair de casa pra ir para a escola, Cirilo está indo para escola quando passa em frente à casa de Maria Joaquina, que está saindo também, mas ele prefere tentar ignorar.

–Oi Cirilo.- diz ela o abraçando, que retribui sem vontade.

–Oi Maria Joaquina.

–Tá tudo bem com você?

–Tá sim, por quê?

–Parece tão triste, aconteceu alguma coisa?

Ele poderia dizer: "Claro, eu encontrei você."

–Não, eu só não dormi bem essa noite.

–Mas você não está com cara de noite mal-dormida, só com cara de triste mesmo.

–Impressão sua. Estou ótimo.

–Então tá.

Depois disso, Maria Joaquina foi conversando com ele, colocando o papo em dia como eles falam hoje em dia, mas Cirilo apenas sorria e assentia com a cabeça, mas na verdade, ele nem estava prestando atenção no que ela dizia. Claro que ele não queria ser grosso com ela, mas ele não queria também ser tão bobo e apaixonado como era antes.

Chegando na escola, as meninas viram os dois entrando juntos e no início, pensaram em implicar perguntando se eles estavam namorando, mas ao verem a expressão de Cirilo, mudaram de ideia. Quando Maria Joaquina veio na direção deles, Marcelina perguntou:

–O que houve com o Cirilo?

–Não sei, eu também perguntei pra ele, mas ele não quis me contar.

–Estranho.

Mesmo com essa dúvida na cabeça, elas preferiram deixar isso pra trás, descobririam isso depois. Quando as meninas começaram a caminhar pra dentro do colégio, puderam ouvir uma voz desesperada, dizendo:

–Cuidado, saiam da frente!- era Paulo, que vinha com sua bicicleta e provavelmente estava sem freios. Na hora, Maria Joaquina se desesperou tanto que só conseguiu se encolher e esperar pelo pior, mas justamente naquela hora, por pura coincidência, Daniel passava por lá também e quando viu o que estava pra acontecer, instintivamente correu até Maria Joaquina e a puxou pra si a poucos milésimos de segundo antes de Paulo alcançá-la com sua bicicleta. Assim que Daniel a salvou, Paulo bateu com sua bicicleta no meio-fio da calçada e levou um tombo da mesma.

–Se machucou?- perguntou Marcelina, ao ver o irmão caído no chão.

–Tudo bem?- perguntou Alícia, que vinha com seu skate e viu a cena.

–Sim, estou bem.- respondeu Paulo, ainda assustado.

Enquanto isso, Maria Joaquina olhava para Daniel completamente impressionada com a agilidade dele em conseguir tirá-la do caminho da bicicleta tão depressa, ao contrário dele, que apesar de um pouco assustado, conseguiu permanecer firme:

–Está tudo bem?- ele perguntou.

A garota apenas assentiu. Em seguida, Daniel se levantou e a ajudou a levantar enquanto todos os alunos que viram a cena foram correndo até ela pra saber como ela estava. Sem ter como continuar perto de Maria Joaquina devido à multidão, Daniel saiu dali e foi pra sala.

–Daniel, o que foi aquilo?- Mário perguntou.

–Só um quase-acidente. Sorte que eu pude evitar.- disse ele.

Enquanto os dois seguiram para a sala, Marcelina consegue ir com Paulo até o corredor e vai até seu armário pegar algo para limpar o braço dele, que arranhou um pouco na queda da bicicleta. Quando ela abre, ela vê a carta de amor que Mário escreveu pra ela, mas primeiro prefere cuidar de seu irmão. Depois que conseguiu resolver o básico, ela deixou que Paulo fosse até a sala e pegou a cartinha. Abriu, leu e reconheceu a letra.

–Mário, eu também te amo.- ela sussurrou sozinha, sorte que não tinha ninguém por perto. Animada, ela colocou a carta de volta no armário e foi até a sala, preferindo fingir que não sabia de nada ainda sobre a carta.

Enquanto Mário conversava com Chaves sobre a carta, Daniel conversava com os dois sobre como salvou Maria Joaquina de ser atropelada pela bicicleta do Paulo.

–Muito bem, esse é um pequeno passo que você deu. Continue se preocupando com ela assim que você vai conquistá-la.- disse Chaves.

–Será?

–Claro.

–Ok.

Então, eles continuaram a conversar até que o Professor Renê entrou na sala pra começar a aula.

Durante a aula, Marcelina não conseguia parar de encarar Mário, que estava tão concentrado na aula que não prestou atenção, além disso, ela se sentava um pouco atrás dele, então ele não podia vê-la, mas mesmo assim, ela havia adorado a carta, conseguiu ler ela toda sem ser interrompida por ninguém e adorou, ela também era apaixonada por Mário mas nunca soube ter coragem pra dizer, agora que ela encontrou essa carta de amor no armário dela, tinha certeza que podia se declarar para Mário porque ele também gostava dela. Mas agora, o problema era como dizer isso diretamente à ele, precisava preparar um discurso e faria isso assim que a aula acabasse.