Depois de perceberem que não tinham como escapar das brincadeiras dos moradores da vila, as crianças se reuniram novamente pra tentarem encontrar uma solução pra curtirem o acampadentro sem serem atingidos pelas brincadeiras dos meninos.

–Gente, o que acham de ficarmos o tempo todo, até acampadentro acabar, fingindo que não ligamos para as brincadeiras deles? Assim, mais cedo ou mais tarde eles vão desistir.- sugeriu Daniel.

–Legal, mas vamos ficar sem fazer nada? Porque aqui não pega internet.- disse Paulo.

–E se a gente brincasse de alguma coisa? Eu trouxe aqui um jogo pra jogarmos.- disse Cirilo.

–Que jogo é?- perguntou Adriano.

–Banco Imobiliário.

–Adoro esse jogo!- disse Maria Joaquina.

–Então vamos jogar!- falou Carmen.

Logo, as crianças começaram a se reunirem para jogar, fizeram uma rodinha enorme e colocaram o tabuleiro entre eles. Chaves e Quico, que não sabiam que as crianças estavam jogando tabuleiro, tiveram uma outra ideia: para fazê-los pensar que estava chovendo, eles jogaram uma mangueira em cima deles e também usaram o ventilador da casa do Seu Madruga para bater nas plantas e daria a ideia de uma ventania.

–Ainda bem que esse guarda-chuva é seguro. Nem o vento é capaz de balançar ele.- disse Cirilo.

–É mesmo, imagine o que aconteceria se a água molhasse o tabuleiro.- falou Marcelina.

–É por isso que eu acho bom ninguém sair daqui.- disse Mário.

–Mas ninguém aqui é louco de sair. Vamos é ficar esperando eles desistirem.- afirmou Paulo.

–É mesmo.

Todos olharam pra cima e viram que Chaves estava desapontado por isso não ter feito eles saírem de lá. Será que ele e os outros meninos da vizinhança ainda tinham uma outra carta na manga pra fazê-los saírem de lá?

–Gente, vamos nos concentrar no jogo e esquecer isso, vai?- pediu Daniel e todos concordaram.

Assim que todos voltaram a jogar, o tempo foi passando e todos foram se cansando de sabotar o Acampadentro pra fazer os alunos saírem dali. Ao mesmo tempo, as crianças estavam começando a se cansar de jogar o Banco Imobiliário.

–Ai, cansei.- disse Cirilo.

–Eu também, vou parar.- falou Davi.

–Vamos todos parar então?- perguntou Daniel.

–Sim.- disseram todos e Cirilo guardou o tabuleiro.

–Vamos contar histórias agora?- perguntou Laura.

–Que tipo de história?

–De preferência, românticas.

–Ah não. Tô fora!- disse Paulo, tentando sair da roda e se levantando.

–Calma Paulo, fica aqui. Não precisa ser histórias românticas. Cada um conta uma história do gênero que quiser.- sugeriu Alícia.

–Pode até ser, mas eu não sou boa em contar histórias.- disse Valéria.

–Não vamos deixar ela de fora. Temos que fazer alguma coisa que todo mundo possa participar também.- falou Davi.

–Mas o que todos nós gostamos de fazer juntos? Deve ter alguma coisa então.- falou Maria Joaquina.

Eles ficaram pensando, até que Carmen teve uma ideia:

–Que tal um concurso de desenho? Cada um desenha uma coisa e três pessoas ficam de jurados. Quem tiver maior voto ganha.- ela disse.

–Eu acho uma boa ideia.- concordou Jaime.

–É, desenhar até que não é mal nenhum.- disse Paulo.

–Paulo!- repreendeu Marcelina.

–Vamos nessa então. Tem muito papel e caneta aqui pra nós.- falou Mário.

Então, todos começaram a fazer seus desenhos. Enquanto a brincadeira rolava, Chaves, Quico, Chiquinha, Nhonho e Godinez estavam se sentindo cansados de ficarem ali.

–Ai gente, tá tão chato e cansativo ficar aqui. Não importa o que fazemos eles não saem nunca.- disse Chaves.

–É mesmo, já tô começando a ficar cansado de esperar.- falou Quico.

–Vamos então desistir e fazermos alguma coisa divertida.- sugeriu Godinez.

–Que tipo de coisa divertida?- perguntou Pópis.

–Sei lá, fazermos como eles, jogando jogos de tabuleiro.

–Detesto jogos de tabuleiro. - disse Chiquinha.- São jogos viciantes e de azar.

–Que tal jogarmos videogame na minha casa?- perguntou Nhonho.

–Táaa legaaall!!- disse Quico.

–Zás e zás!!!- falou Chaves.

–É isso!!- gritou Chiquinha.

–Vamos lá.- disse Godinez.

–Eu topo.- disse Paty.

–Eu também.- falou Malicha.

Nisso, os garotos foram até a casa de Nhonho e logo iniciaram uma partida de GTA SA, o jogo favorito dos meninos.

Em certo ponto do jogo, enquanto carregava a próxima fase, Chaves pausou e disse:

–Gente, sabe o que eu percebi, aos poucos, enquanto estávamos aqui?

–O quê?- todos perguntaram juntos.

–É bem melhor estarmos aqui, jogando uma coisa que gostamos, nos divertindo como amigos, do que ficarmos lá na vila tentando sabotar uma coisa divertida dos nossos amigos.

–É verdade Chavinho. Estávamos perdendo tempo à toa.- disse Nhonho.

–E olha que eles tiveram tantas dificuldades em se tornarem amigos daqueles meninos.- completou ele.

–Tem razão. Será que eles vão perdoar a gente?- perguntou Quico.

–Não sei, tomara que sim. Mas se não perdoarem, acho que a professora Helena poderá nos ajudar.- falou Chiquinha.

–É, mas ela provavelmente também está brava pela nossa tentativa de sabotagem. Mas se eles ficarem sem falar com a gente e ela não quiser nos ajudar, que se dane. Nós sim, somos amigos inseparáveis!- falou Nhonho.

–Isso aí.- falou Paty e todos sorriram um pro outro por alguns segundos, só voltando à realidade quando o barulho do jogo carregado foi ouvido. Então eles voltaram a se divertir com o jogo.