Depois da aula, Chaves, Quico, Nhonho e Godinez combinaram de irem à vila com os meninos para resolverem a participação no campeonato de ping pong enquanto Chiquinha, Paty, Malicha e Pópis combinaram de brincar de casinha também na vila, mas no segundo pátio. Porém, pouco antes da hora do jogo começar, Quico percebe que esqueceu a bola e vai até em casa pra buscá-la, enquanto os meninos esperavam, Chaves vê Mário entrando no pátio cabisbaixo, triste, chorando, alguém com certeza fez algo pra ele.

–O que foi Mário?- perguntou ele.

–Ah Chaves, aconteceu uma coisa horrível!- respondeu Mário, quase chorando.

–O que houve?

–A Marcelina me traiu com o Jorge.

–Como assim?

–Sim, eu estava no pátio com vocês e aí a Malicha falou que eles estavam conversando na sala bem animadinhos. Fui lá e era verdade, estava rindo um pro outro.

–Mas será que eles não estavam conversando sobre o concurso? Se não me engano, o Jorge foi sorteado para dançar com a Marcelina.

–Sim, mas eu meio que avancei nele e a Marcelina o defendeu. Ainda por cima o Jorge confirmou que gosta dela e a respeita.

Chaves ficou impressionado com a valentia do Jorge de dizer aquilo, mas não ia deixar barato.

–Onde eles estão agora?- perguntou Chaves.

–Não sei Chavinho.- respondeu Mário.

–Estão falando de quem?- perguntou Kokimoto, se metendo na conversa.

–No Jorge e na Marcelina. Você os viu?- disse Chaves.

–Eu vi os dois na praça ensaiando uma dança enquanto vinha pra cá.- respondeu Kokimoto.

Então Chaves saiu andando furiosamente até a praça e Kokimoto foi atrás dele.

–Você fique aqui, vou resolver isso com ele sozinho.- disse Chaves, deixando Kokimoto na esquina.

A suspeita de que só ela e Jorge estariam lá se confirmou quando os dois viram Jorge com Marcelina dançando alguns passos na praça.

–Chavinho, o que faz aqui?- perguntou ela, mas Chaves simplesmente passou por ela e deu três socos, nocauteando Jorge, exatamente como fazia com o Quico.

–Boa Chavinho!- sussurrou Kokimoto, observando tudo de longe.

–Chavinho, o que está fazendo?- perguntou Marcelina, desesperada, segurando os braços do Chaves.

–Isso é por ter traído o Mário com a Marcelina!- gritou Chaves.

–Do que está falando?- perguntou Jorge, cinicamente, passando a mão pela boca pra conferir se saiu sangue.

–Pensa que eu não fiquei sabendo? O Mário me contou tudo sobre o que aconteceu com vocês hoje.

–Ah Chaves, você sempre entende tudo errado.- zombou Jorge.

–Não quero ouvir nada! Sai da frente Marcelina.

Então Chaves foi caminhando de volta à vila com Mário enquanto Marcelina ajudou Jorge a se levantar.

–Desculpe Jorge, amanhã a gente ensaia de novo, é que agora eu preciso resolver essa situação tá?- disse Marcelina.

–Claro, vai lá. Tchau.- respondeu Jorge.

–Tchau.- Marcelina disse acenando e correndo na direção que Chaves havia saído. Ela sabia que depois da briga, Chaves estava indo à vila, então foi correndo até lá.

Enquanto isso, Quico está sentado ao lado de Mário na escada da vila, tentando consolar o amigo, em vão. Apesar de ser muito amigo do Jorge, ele havia ficado muito chateado com o que ele fez e estava com muita pena do Mário. Vê-lo triste daquele jeito o deixava mal, mas enquanto ele tentava consolar o amigo, os dois ouviram uma conversa entre Chaves e Marcelina na porta da vila.

–Onde o Mário foi Chavinho?- perguntou Marcelina.

–Ele tá aqui na vila. Foi aqui que ele me contou o que aconteceu.- respondeu Chaves.

–Meu deus, eu preciso falar com ele.

Então, Mário resolveu se esconder de Marcelina, olhou rapidamente por todos os lugares, mas não encontrou, até que Quico fez sinal pra que ele se escondesse dentro do barril do Chaves e Mário achou uma ótima ideia e foi.

Poucos milésimos de segundo depois de se esconder, Marcelina apareceu no pátio.

–Quico, você viu o Mário?- perguntou ela.

–Sim, ele tá no outro pátio com os meninos.- respondeu Quico com firmeza para não entregar Mário.

–Obrigada.- falou Marcelina, mas na verdade, ela não acreditou que Mário realmente estava no outro pátio, porque ela viu quando Quico estava virado para o barril e do nada se virou na direção da porta da vila, ou seja, ele estava escondendo alguém ali e poderia ser Mário. Por isso, ela fingiu que ia ao outro pátio, se escondeu e esperou.

–E aí, ela já foi?- perguntou Mário.

–Já sim.- respondeu Chaves.

Mas quando Mário saiu do barril, ela também saiu do esconderijo e ele percebeu que foi visto. Sem a menor vontade de falar com ela, Mário saiu correndo e Marcelina foi atrás.

–É, não deu pra esconder o Mário.- falou Quico e Chaves concordou.

Enquanto Chaves e Quico iam até a casa de Jaiminho para conversar com os meninos sobre o campeonato, Mário desiste de correr e Marcelina o alcança.

–Mário espera.- diz ela, ofegante.

–Sai fora Marcelina.- disse ele.

–Mário espera, o meu envolvimento com o Jorge é mentira. A Malicha falou aquilo só de brincadeira, assim como você e o Paulo faziam com os outros.

–Tá dizendo que a Malicha também gosta de aprontar assim como o Paulo?

–Claro. Eu também não esperava que ela fosse dizer aquilo, mas é mentira, não rolou nada entre mim e o Jorge. Nem nunca vai rolar.

–Jura?

–Claro.

–Então a Malicha é pior do que eu pensava.

–Sem dúvidas. Mas esquece isso, quero saber se você me perdoa.

–Claro que sim amor.

Os dois se beijam e se reconciliam, Mário torcia pra que a partir de agora, os dois não se deixariam levar pelos outros e não brigariam mais por nada.

–Sabe de uma coisa? Acho que vou participar do campeonato junto com você e a Alícia.- disse ela.

–Como assim amor?- pergunta ele.

–É Mário. Prefiro ficar com você no jogo do que no concurso com o Jorge. Ele me respeita como amiga e eu também o respeito, mas depois de tudo que ele fez pra nós, acho que vou me sentir completamente insegura ao lado dele se esse concurso realmente acontecer.

–Mas você não joga ping pong.

–Você pode me ensinar. Não pode?

Ele ficou pensativo. E por fim, concluiu.

–Posso sim. Vamos lá.

Então, eles já estavam saindo da praça quando Nhonho aparece por ali, mas o jovem casal de namorados nem desconfia que ele ouviu tudo.

–Marcelina, vai mesmo participar do campeonato?- perguntou Nhonho.

–Vou sim. Prefiro isso do que dançar.- respondeu ela.

–E agora eu vou levá-la pra treinar um pouco de ping pong lá na escola pra nós dois arrasarmos.- falou Mário, super animado.

–Lá na escola não tem mesa de ping pong, esqueceram?- disse Nhonho.

–Ih, é mesmo. E agora?- preocupou-se Mário.

–Acho que eu posso ajudar, sei exatamente onde conseguir uma mesa de ping pong.- falou Nhonho.

–Jura? Obrigada.- disse Marcelina.

–Venham comigo.

Então Nhonho levou Mário e Marcelina até a sua casa, onde tinha uma mesa de ping pong que seu pai jogava com ele de vez em quando, então, deixou os dois treinarem lá.

–Será que a Alícia te ensinaria melhor que eu?- perguntou Mário.

–Acho que não. Ela é esportista, mas não deve saber ensinar essas coisas.- respondeu ela.

–É verdade.

Eles praticaram por mais um tempo até que decidiram que era hora de ir pra casa.

–Apesar de tudo, você até que foi bem.- disse Mário.

–Acha mesmo?

–Claro, vai ficar em terceiro atrás de mim.

–Palhaço.

E seguiram abraçados e felizes pra suas casas.