Á tarde, a festa do pijama deu-se por encerrada, já que segunda eles teriam aula e precisavam arrumar tudo pra chegarem prontos na escola. Maria Joaquina ainda estava triste pelas palavras de Cirilo, ainda não havia engolido aquilo que ele disse, mas Daniel ficou o tempo todo ao lado dela, tentando confortá-la.

Na manhã de segunda, todos estavam indo pra escola e ainda estavam fadigados, porque estavam cansados da festa do pijama e também não acreditavam que o fim de semana havia passado tão rápido. No caminho, eles vêem um cartaz anunciando um campeonato de ping-pong que começaria nos próximos dias.

–Olha gente, que legal.- disse Paulo.

–Vou entrar nessa!- Quico se exaltou, se lembrando de quando jogou ping-pong com Nhonho e Chaves na vila.

–Tem que colocar os nomes ali.- avisou Mário.

–Bora lá.- falou Chaves.

Então, os meninos foram até o cartaz, cujo o mesmo tinha escrito no fim: "Atenciosamente, Jaiminho e Seu Brancelha" e puseram seus nomes, que estavam entre os primeiros da enorme lista deixando as meninas entrarem na escola juntas, depois eles entraram na escolae foram em direção à sala. O tempo foi passando, a Professora Helena escreveu algo no quadro e depois, enquanto todos copiavam, ela se levantou calmamente e anunciou:

–Crianças, eu aproveito logo para anunciar que estou organizando um concurso de dança para o colégio, além de vocês, ainda faltam outras turmas a participarem, mas antes eu preciso saber se vocês querem participar pra colocar o nome de vocês. Quem topa?- ela disse e imediatamente as crianças, principalmente as da vila, começaram uma bagunça, as meninas queriam, mas os meninos não, aí a gerou a confusão.

–A gente topa!!- disse Marcelina, levantando a mão e apontando para as outras meninas.

–De jeito nenhum.- disse Paulo e todos os outros meninos assentiram.

A professora ficou pensativa por uns instantes e depois sugeriu:

–E que tal um sorteio?

Os meninos deram de ombros como que diz: "tanto faz" e ela decidiu que faria um sorteio antes de qualquer decisão. Então, à medida que a aula ia passando, ela escreveu os nomes dos alunos em um papel e depois picou o mesmo, deixando os nomes dos meninos ali. Em seguida, sacudiu os papéis em suas mãos e depois saiu o sorteio.

–Crianças, o sorteio ficou assim:

Par 1: Cirilo e Maria Joaquina

Par 2: Chaves e Paty

Par 3: Chiquinha e Quico

Par 4: Pópis e Godinez

Par 5: Nhonho e Laura

Par 6: Marcelina e Jorge

Par 7: Mário e Alícia

Par 8: Jaime e Bibi

Par 9: Adriano e Carmen

Par 10: Davi e Malicha

Par 11: Paulo e Valéria

Par 12: Kokimoto e Margarida

Maria Joaquina sentiu uma mistura de alívio com felicidade quando viu que dançaria com Cirilo. Felicidade porque pegou um garoto de bom coração como o Cirilo e claro, ele não faria nenhum mal à ela. E felicidade, porque viu uma oportunidade de mostrar à Cirilo que quer mesmo voltar a conquistar a amizade dele. Pura ilusão dela.

–O quê?- Cirilo disse, um pouco exaltado.

–O que foi Cirilo?- perguntou a professora, estranhando.

–Eu não vou dançar com a Maria Joaquina, não vou.- disse o garoto.

–É isso aí Cirilo!- Paulo apoiou.

A reação de Cirilo chocou toda a sala, pois todos esperavam que ele fosse pular de alegria, mas isso não aconteceu.

–Calma Paulo. Tudo bem Cirilo, senta aí, termine sua tarefa e se acalma tá? - disse Helena e Cirilo concordou, decidido a não voltar atrás, mas a Professora Helena pensava que era só o calor do momento e também que Cirilo só estava agindo daquela forma para que seus amigos não zombassem dele como da outra vez que ele ficou louco pra dançar com ela.

–E eu vou ter que dançar com a Valéria?- perguntou Paulo.

–Algum problema Paulo?- perguntou Helena.

–Não, nenhum, só não quero mesmo.

–Um concurso de dança professora? Isso é ridículo.- disse Jaime.

–Por quê é ridículo?

–Se fosse um baile, tudo bem, mas apenas um concurso? Tô fora.

–Pois eu acho bom todos vocês aceitarem o que foi sorteado, pois não tem como mudar mais.- disse a professora.

–Então não vamos!- falou Davi, se recusando a dançar pois seu par não seria a Valéria.

–É melhor cancelar professora!- disse Alícia.

–Não Alícia, é só o calor do momento, em breve eles aceitarão que seja assim.- afirmou Helena.

Mas na verdade, a professora estava enganada, os meninos realmente não queriam participar desse concurso independente das condições, mas era bem difícil de acreditar, até as meninas estavam inconformadas com isso, não só com a recusa dos meninos, como também com o resultado do sorteio.

Após o sorteio indesejado, o sinal do recreio tocou e os meninos foram para o intervalo, eles aproveitaram esse momento para procurarem um jeito de saberem mais do campeonato.

–Já sei o que vamos fazer. - disse Jaime.- Paulo e Mário, vocês vão atrás do Jaiminho e do Seu Brancelha e peçam à eles mais informações sobre esse campeonato, enquanto isso, nós vamos ficar aqui dando cobertura pra vocês.

–Olha, excelente plano hein Jaime?- ironizou Paulo e Mário concordou, assim formulando o plano.

E assim, Paulo e Mário foram à procura dos dois e enquanto todos estavam na vila, Chaves estava se deliciando com seu lanche, sozinho, no pátio. Mas, apesar de tudo, ele até que estava querendo mesmo participar do concurso, pois ele ia dançar com Paty, sua amada, ela poderia ficar impressionada com os passos de dança que ele desse na hora e quem sabe assim ele a conquistasse. Mas, por outro lado, era até bom que ele não dançasse, pois ele não entendia nada de dança e por mais que eles ensaiassem uma dança muitas vezes, ele não aprenderia nunca, se aprendesse, seria bem em cima da hora da apresentação. Essas questões todas deixavam ele em dúvida se devia ou não dançar, será?

Enquanto isso, Paulo e Mário encontraram Jaiminho perto da escola, pois ele estava chegando com sua bicicleta, então, eles aproveitaram e perguntaram:

–Jaiminho. É verdade que vai ter um campeonato de ping-pong que você e o Seu Brancelha tão organizando?- perguntou Paulo.

–Sim, eu até estava vindo aqui agora pra saber se alguém colocou o nome no cartaz.- respondeu Jaiminho.

–Nós fomos um de vários que colocamos, mas queremos saber como ele vai funcionar.- falou Mário.

–Tudo bem, anotem aí.- respondeu Jaiminho e Paulo pegou uma caneta e um bloco que Jaiminho emprestou para ele e anotou tudo que ele falava sobre o campeonato.

Depois que anotaram tudo, os meninos voltaram ao pátio e depois chamaram os meninos pra falar tudo que Jaiminho disse.

–Tudo que ele nos contou, as regras, o procedimento, o horário, tudo está aqui nesse papel.- disse Paulo.

Enquanto isso, Valéria e Marcelina estão saindo do banheiro e quando vêem os meninos reunidos no pátio, Marcelina começa a desconfiar que eles estejam falando do concurso e logo desabafa com a amiga:

–Valéria, estou começando a achar que os meninos estão tramando algo pra não irem para o concurso.

–Será? Depois do que aconteceu no sorteio, eu não duvido, mas mesmo assim eu acho que não seriam capazes de faltarem.

–Meu irmão sim, ele faltaria sem dúvidas.

–Isso é mesmo, mas se eles faltarem... não sabe o que eu sou capaz de fazer com eles.

–É melhor eu ir perguntar pro Jorge se ele realmente quer ir.- disse Marcelina se retirando.

O que elas não perceberam, é que Malicha passou perto delas no momento em que ela disse isso sem elas perceberem, então, ela decide aprontar com a Marcelina, seguindo-a de fininho e a vendo chegar até Jorge.

–Você topa ir ao concurso?- perguntou Marcelina ao garoto.

–Eu ia adorar.- respondeu Jorge.

–Ah legal. Acho que você vai ser o único menino a ir nesse concurso.

A conversa entre eles foi ficando cada vez mais animada, Malicha percebeu que essa é uma boa oportunidade pra colocar sua travessura em ação. Ela foi até o local onde Mário estava e o chamou:

–Mário, você namora a Marcelina?- perguntou ela.

–Sim, por quê?- ele estranhou.

–Eu acho melhor você dar um jeito, porque ela está conversando com o Jorge na sala animadamente. Parece que tá rolando um clima lá.

Nessa hora, Mário sentiu seu sangue ferver, mas procurou manter a calma.

–Vou lá dar uma olhada.- ele disse se levantando enquanto os amigos se entreolhavam fazendo uma cara de "Ferrou". Chegando na sala, Mário vê que a conversa entre eles estava mesmo animada, mas nada além disso, logo parte pra cima de Jorge.

–O que está fazendo?- pergunta Jorge ao levar um empurrão de Mário.

–Amor, calma. Não precisa ficar nervoso.- disse Marcelina.

–Ainda defende ele? O que eu te fiz Marcelina?- perguntou Mário.

–O que você quer dizer com isso?

–Ora, vocês estavam aqui conversando animadamente, parecia até que tinha um clima entre vocês, acha que eu sou bobo?

–Mário, escuta. Eu sei o que está pensando, confesso pra você que eu passei a respeitar a Marcelina, eu gosto dela, mas jamais seria capaz de fazer uma coisa dessas, não sou tão cruel assim não.- disse Jorge.

–Marcelina, por favor, não dance com ele.- implorou Mário.

–Só se você dançar comigo, mas o sorteio não permitiu.- afirmou Marcelina.

–Tá vendo Mário?- se meteu Malicha - Quando isso acontece, é porque ela está tendo um caso com ele.

–Cala a boca sua mentirosa!- berrou Marcelina, quase avançando nela.

–Que maluquice é essa Malicha? Ficou doida pra falar algo desse tipo?- disse Jorge.

Mas já era tarde demais, aquilo foi como uma facada no coração, os olhos de Mário se encheram de lágrimas e ele só pôde sair dali correndo, sem falar nada.

–Maldita!- gritou Marcelina e ela decide ir atrás de Mário, enquanto Jorge foi pra fora da sala esfriar um pouco a cabeça e Malicha ficou sorrindo, sozinha, pois o plano deu mais certo que o planejado.