–Qual era o nome da sua pretendente?- perguntou Chiquinha.

–"Borboletinha cor-de-rosa". - respondeu Jaiminho.

–Achei muito infantil.- disse Chaves.

–Muito bizarro.- respondeu Nhonho.

–Sem essa, até que era um apelido bonitinho.- retrucou Chiquinha.

–Prefiro o dele.- disse Chaves.

–Verdade, "Senhor Bombom" é muito melhor.- concordou Nhonho.

–Que seja, temos que arrumá-lo para o encontro. Onde vai ser?- perguntou Chiquinha.

–No "El Pancita", aquele restaurante muito falado.

–E que horas vai ser?- perguntou Chaves.

–Às vinte horas.

–Puxa, já são seis e meia, temos que arrumá-lo rápido, me ajudem aqui.- disse Chiquinha.

Para o encontro, foi escolhido uma roupa diferente do que Jaiminho estava acostumado a vestir. Ao invés do uniforme de carteiro, eles escolheram um terno pra ele vestir. Camisa branca, paletó azul-marinho, gravata preta, calça social preta e sapato social que ele mesmo já usava.

–O que foi Jaiminho?- perguntou Chiquinha ao ver que ele estava parado em frente ao espelho.

–Nada. É que eu estou me sentindo diferente com esse terno.- disse ele.

–É porque você nunca vestiu um desses.- Nhonho deduziu.

–Tem razão.

–Mas enfim, está pronto?- perguntou Chiquinha.

–Um pouco nervoso, mas sim.

–Relaxa, vai dar tudo certo.- Chaves tentou tranquilizá-lo.

Então, os três levaram Jaiminho para o portão da vila, onde um táxi ia levá-lo, assim que o encontro acabasse, Jaiminho chamaria outro táxi pra voltar para a vila ou pegaria na rua mesmo.

Enquanto isso, Olívia está nervosa em casa para o encontro com o misterioso "Senhor Bombom", apesar da ajuda de Matilde em escolher uma roupa.

–Tem certeza que estou bem assim?- perguntou Olívia após experimentar um vestido roxo que Matilde indicou.

–Está linda Olívia.- disse Matilde, enquanto a maquiava.

–Não exagera na maquiagem!

–Não estou exagerando, é que os seus olhos estão meio irritados por causa do lápis e está fazendo você ver tudo embaçado.

–Tá bom, mas será que dá pra você ir mais rápido com isso? Marquei com ele às vinte horas no El Pancita.

–Tá bom, já estou terminando. Só mais um toque aqui e...pronto. Agora vamos.

Olívia, ao contrário de Jaiminho, foi de carona no carro de Matilde, ela agora tinha um carro e o usava frequentemente. Matilde havia prometido buscá-la na porta do restaurante quando o encontro acabasse. Entrando no restaurante, Olívia sentiu o coração disparar, estava louca pra que esse encontro desse certo e ela finalmente conseguisse alguém com quem pudesse conversar, já que em casa ela é muito sozinha e Oliver não pode falar.

Depois de alguns minutos, Jaiminho finalmente chegou no restaurante. O trânsito não ajudou muito, por isso, quando ele chegou, o relógio indicava o horário marcado. Quando ele chegou, foi caminhando devagar pelos espaços entre as cadeiras até que encontrou uma vazia, poucos metros à frente de onde Olívia estava, mas a mesma não o viu, pois estava com os olhos grudados no cardápio para que pudesse fazer seu pedido. No entanto, logo de cara Jaiminho percebeu que era a sua pretendente, pois ela havia prometido estar com uma flor rosa presa na parte direita de sua roupa, para que ele pudesse identificá-la melhor. Quando ele viu que aquela era sua pretendente, ele se levantou para ir em direção à mesa, mas enquanto se levantava, Olívia baixou o cardápio e procurou por um garçom, foi então que lhe caiu a ficha: era a Olívia, diretora da Escola Mundial, que entrou no site e havia marcado um encontro com ele naquele site.

Horrorizado, ele abafou o grito com sua mão e seguiu em direção ao banheiro, onde lavou o rosto, jogando água nele três vezes e em seguida respirou fundo duas vezes.

–Eu não acredito que marquei um encontro com a Diretora Olívia. Justo ela? A mulher mais arrogante e impaciente desse universo. Não, claro que não acho, mas pelo que o pessoal da vila me contou, ela é isso mesmo. Eu não acredito nisso, que azarado eu sou!- ele pensou com ele mesmo, olhando para seu reflexo no espelho.

Decidido a não participar daquele encontro, ele olhou mais uma vez em seu relógio e percebeu que já tinham se passado cinco minutos do horário marcado. Então, ele se retirou do banheiro e aproveitou para sair de fininho, a porta de saída do banheiro ficava de costas para a cadeira de onde Olívia estava, assim ele pôde sair sem ser visto por ela, pelo que ele ficou sabendo, se ela o visse indo embora, iria fazer um chilique daqueles.

Quando saiu, viu um táxi parado na esquina com uma luz verde escrito "Livre" e decidiu usar o dinheiro que pagaria o jantar no restaurante para pagar a corrida do restaurante até a vila. Ele foi até o táxi, o motorista abriu a porta pra ele gentilmente e logo que ele passou o endereço, o carro começou a andar.

–Brigou com a namorada meu senhor?- perguntou o taxista?

–O quê? Como assim?- perguntou Jaiminho, assustado.

–Ora, você está vestindo um terno, saindo de um restaurante caríssimo e com uma cara nada boa. Só pode ter sido isso.

–Bom, é quase isso.

No caminho, enquanto o taxista dirigia, Jaiminho contou tudo pra ele, que ouvia atentamente sem tirar os olhos da estrada. Quando ele acabou, chegaram na porta da vila.

–Puxa, que confusão hein? Ainda bem que você conseguiu sair dessa.- disse o taxista pegando o dinheiro da corrida.

–É verdade. Bem, obrigado pela carona.- disse Jaiminho, abrindo a porta e saindo do carro.

Quando ele entrou na vila, viu Chaves, Quico e Chiquinha conversando com Nhonho, ele não conseguiu ouvir o que eles conversavam, mas teve certeza que eles estavam falando do encontro.

–Ué Jaiminho, voltou cedo. O que houve?- perguntou Chaves.

–Ah, vocês não vão acreditar. A Borboletinha cor-de-rosa era a diretora da escola de vocês.

Todos ficaram boquiabertos.

–E você fugiu de lá?- perguntou Nhonho.

Ele apenas assentiu com a cabeça.

–Pois fez muito bem viu Jaiminho?- disse Quico.

–É, o senhor também teve muita sorte de ter conseguido escapar.- falou Chaves.

–Concordo.- Jaiminho concordou e foi subindo as escadas.

Depois que ele entrou em sua casa, as crianças estavam com uma pergunta na cabeça: como será que a diretora deve estar agora com esse bolo que levou de Jaiminho?