Depois que todos acabaram seus trabalhos, logo foram para suas casas e esperarem até o dia seguinte pra entregarem os trabalhos.

–Bom, pelo que eu estou vendo, os trabalhos devem ter ficado ótimos.- disse a Professora Helena quando os alunos deixaram seus trabalhos em cima de sua mesa. Ela passou uma atividade e quando o seu tempo acabou, ela saiu da sala levando os trabalhos com ela e os alunos foram para o recreio.

–Aí pessoal, amanhã é aniversário do Seu Barriga?- disse Quico.

–Quem te disse?- perguntou Chaves.

–Minha mamãe.

–Quem é Seu Barriga?- perguntou Jorge.

–É o pai do Nhonho e dono da nossa vila. Ele que cobra o aluguel.- respondeu Quico.

–E sempre é recebido de forma dolorosa por alguém.- ironizou Nhonho olhando para Chaves, que desviou o olhar.

–O que você faz quando ele entra na vila Chaves?- pergunta Cirilo.

–Ah, sempre acerto ele com alguma coisa. Já acertei nele um sapato, já acertei jogando futebol, já acertei jogando tênis... Nossa, já acertei tantas vezes que nem lembro mais.

–O Seu Barriga devia usar uma sirene ou buzina pra avisar quando chega, assim você podia saber quando ele vinha e não o acerta.- respondeu Paulo.

–Podia até ser, mas ele sempre pega o Seu Barriga desprevenido.- disse Godinez.

–Impossível, como você sabe a hora que ele chega?- perguntou Mário.

–Eu nunca sei, acerto sem querer querendo.

Todos acham engraçado e riem, mas Chaves pensa que estão rindo dele e sai de perto. Sem entender, Mário é o primeiro a parar de rir, se levanta pra ir atrás de Chaves, mas Nhonho o impede e explica o motivo dele ter saído.

–Coitado dele. Mais tarde vamos explicar tudo.- disse Mário.

–Claro.- concordou Quico.

Depois disso, o sinal do fim do recreio tocou e todos voltaram pra sala. O resto das aulas foi até bastante tedioso, mas quando finalmente eles foram liberados, Nhonho aproveita pra convidar todos para irem à vila.

–Cara, eu não posso ir, pois combinei de sair com a Marcelina, além disso, eu já conheço a vila, mas valeu.- disse Mário, ao ver que não tinha ninguém em volta além dele, Nhonho, Godinez, Chaves e Quico. E de fato, na porta de saída, Marcelina apareceu.

–Tudo bem Mário, eu também ia convidar o Jaime, mas ele também já foi.- disse Nhonho.

–Vamos convidar o resto do pessoal então.- disse Quico.

–Claro, vamos lá.

Então, na saída, os quatro convidaram o resto da turma pra conhecer a vila e eles aceitaram numa boa. Chegando lá, eles foram mostrando as casas e todos os melhores lugares da vila, inclusive a fonte, o barril do Chaves, os pátios e as casas, enfim, tudo. Enquanto eles estavam no outro pátio, Jurandir está indo acertar os últimos detalhes com Seu Barriga pra conseguir se tornar seu inquilino.

–Bom, eu tenho várias exigências e regras para deixar alguém morar aqui, mas vou te falar a mais importante e as outras eu passo depois.- disse Seu Barriga.

–Claro, e qual é?

–Não pode atrasar o aluguel. Tenho um inquilino aqui que já atrasou 14 meses, ele foi o que mais atrasou até hoje.

–Não se preocupe, eu até posso não atrasar um mês, mas o meu salário é justamente o mesmo valor do aluguel daqui, desde que eu receba na hora exata de pagar, está tudo bem. Mas se eu demorar pra pagar, é porque o Seu Rafael, dono da oficina onde trabalho, não me pagou.

–Tudo bem, mas você vai se comprometer?

–Claro que vou.

–Então tá. Só me faz um favor, não chegue aqui na vila com essas ferramentas, pode ser perigoso.

–Tudo bem. Vixi, agora que eu percebi que essa aqui está muito velha. Sai fora, já não tô mais.- e Jurandir jogou a ferramenta pra trás, só que ele não conseguiu ver que a mesma atingiu uma janela. Só quando ele ouviu o barulho do vidro quebrando que ele se deu conta.

–Olha aí, já me causou um prejuízo danado!!- disse Seu Barriga.

–Desculpa.- disse Jurandir.

–Bom, não é só comigo que você tem que se desculpar, é com ela também.

Então Jurandir virou e viu Dona Florinda com sua ferramenta na mão com aquela cara de emburrada que sempre fazia. Jurandir ficou paralisado no lugar, como fugir dali se nem pedir desculpas adiantaria?

–Agora você vai ver!!- disse Dona Florinda chegando perto dele e ameaçando bater nele com aquela ferramenta.

–Desculpa dona, desculpa!- disse Jurandir, que ao ver que não tinha jeito, começou a correr enquanto Dona Florinda ia atrás.

As crianças, ao ouvirem o barulho, voltaram para ver o que estava acontecendo, quer dizer, como estava acontecendo, pois eles sabiam que Dona Florinda estava mais uma vez dando bronca em Jurandir e sabiam que ia ser engraçado, por isso, resolveram segui-los para não perderem o "espetáculo" e saíram correndo atrás dele.

Enquanto isso, Mário e Marcelina estão na praça tomando sorvete. Eles sentam em um banco de madeira que tinha ali, Mário abraça sua amada de lado e quando eles trocam um olhar apaixonado, o clima é quebrado pelo som da confusão entre Jurandir e Dona Florinda. Sem entender nada, eles vêem os amigos andando atrás deles e decidem perguntar o que houve.

–O que está acontecendo dessa vez? Por quê aquela moça está perseguindo o Seu Jurandir?- perguntou Mário.

–Nós não sabemos, só sei que ela apareceu gritando com ele segurando a ferramenta dele na mão e saiu correndo atrás.- respondeu Nhonho.

–Então vamos lá ver.- disse Marcelina e todos continuaram correndo.

Eles só perderam os dois de vista quando chegaram na esquina da casa de Jaime, e quando estavam prestes a dar meia-volta, o mesmo apareceu exausto e esbaforido.

–Gente, não sei o que houve... mas o Jurandir... entrou correndo em casa... tem uma mulher atrás dele!- ele falava e parava pra respirar.

Todos foram lá ver, mas só puderam escutar os "paft's" e "poft's" que Dona Florinda dava em Jurandir, foi ali que a diversão acabou.