Foi numa manhã cinzenta de inverno que Gambit teve seu apartamento invadido pelos seus ex-colegas X-Men.

Wolverine, Psylocke e Fera não economizaram na entrada triunfal ao apartamento do cajun. Gambit fora pego desprevenido.

Ser ameaçado por um mutante feroz com poderosas garras de Adamantium não constava nos seus planos para aquela manhã.

–Pode ir abrindo o bico, meu chapa, o que foi que cê fez com a guria?

–Non tenho a menor ideia do que está falando!

Remy também estava furioso.

Os X-Men nunca deixariam de acusá-lo?

Se Wolverine não tivesse suas garras apontadas para seu pescoço, Gambit não hesitaria em energizar algumas das cartas escondidas em seu bolso.

–Acalme-se, Logan.

A voz de Psylocke estava calma.

Ela e Fera permaneciam parados junto à porta, como que para impedi-lo de fugir, caso ele tivesse a ideia.

A última vez em que Remy vira os dois fora durante seu julgamento na Antártica. Tanto antes quanto agora, ambos pareciam saber manter a calma e situações difíceis.

Logan, por outro lado, parecia esforçar-se para manter-se sob controle e ouvir seu lado humano ao invés do animal, que até pouco tempo quase o dominava por completo.

–Nós estamos aqui para conversar, Remy. – continuou Psylocke.

–Ah, é? Pois eu não! – Wolverine realmente parecia querer matar o cajun. – Pode responder, seu francês metido. O que você fez com a Vampira?

A simples menção ao nome dela fez que suas entranhas se retorcessem dentro dele.

Algo de ruim havia acontecido com Vampira.

Sua raiva se esvaíra quase por completo.

–Pensei que o combinado era termos uma simples conversa com Remy, estou certo, Logan?

Gambit surpreendeu-se com a entrada inesperada do Professor Xavier.

Para sua sorte, Wolverine soltou seu pescoço e encolheu as ameaçadoras garras, não sem fazer uma careta de desagrado.

Remy apoiou as mãos nos joelhos, ofegante. Ele não só tremia pelo fato de ter quase sido sufocado até a morte, mas também por preocupação.

–O que... aconteceu... com ... a Vampira?

–Sente-se, Remy.

O pedido de Xavier só serviu para deixar o francês mais ansioso ainda.

Sentar-se? Algo de ruim havia realmente acontecido.

–Há dois dias, Vampira sumiu do Instituto, quase sem deixar vestígios. Empenhamos-nos ao máximo para tentar encontrá-la, mas nossos esforços foram em vão.

–Ela não pode simplesmente ter decidido partir? Já fez isso antes.

–Não dessa vez. – continuou Psylocke, aproximando-se dele – A última pessoa que a viu foi Bobby, que disse que ela estava no lago. Nós procuramos, e tudo que conseguimos foi um buraco no gelo e uma carta do Ás de Espadas.

–A carta da morte... – Remy completou em voz baixa.

Gambit tinha em mente mil causas para o desaparecimento de Vampira. Nenhuma apresentava um desfecho bom.

–E o Cérebro? – perguntou, com uma pontada de esperança – Não é possível rastreá-la através dele?

–Essa é a parte mais preocupante – respondeu Fera – O Cérebro simplesmente não conseguiu fazer um rastreamento dos poderes dela.

–Quer dizer que... ela perdeu os poderes?

Remy realmente não sabia se a hipótese deveria deixá-lo confuso, feliz ou preocupado.

Quem sabe, um pouco de cada.

–Ou esbarramos em alguém que possui tecnologia suficiente para ocultá-los do Cérebro. – Xavier agora o olhava nos olhos – A questão é: temos uma sugestão de quem poderia ser. E o possível seqüestrador da Vampira possui uma ligação antiga com você, Remy.

O francês permaneceu atônito, sem pronunciar uma única palavra.

Wolverine rosnou algo de um canto:

–O que o Charli quer saber é se a gente pode contar com você pra salvar a guria ou não. E então? Cê tá dentro ou fora?

–Eu vou salvá-la. – respondeu, com convicção.

Nada mais no mundo importava. Naquele momento, só havia sua Vampira.

Já estava na hora de Remy lutar por aquilo que amava.