Blaine continuou andando pela floresta reclamando sobre Kurt. Ele mal chegou à Terra do Nunca e o castanho já estava estranho o tratando mal. Distraído chutando pedra pelo caminho, o moreno nem notou um homem com uma barba e cabelos fartos escorado em uma árvore o observando.

– Muitos problemas garoto?

– Gancho! – Blaine disse assustado e recuando.

– Parece que sou famoso, já sabe meu nome…

– Eu pensei que você ainda estava no estômago do Kraken! Como saiu de lá?

– Este é um fato que eu prefiro não lembrar meu caro. Enfim, porque está aqui sozinho perambulando pela floresta há essa hora descontando suas frustrações em uma pobre pedra?

– Sei da sua fama, Gancho, não sei se posso confiar em você…

– Ora garoto, vamos lá me dê uma chance! Agora que passei por aquele episódio horrível com o Kraken, resolvi ser uma pessoa melhor. Eu mudei!– Blaine torceu o nariz em dúvida - Não é muito justo não dar uma segunda chance a um homem.

– Okay gancho, te darei outra chance! Mas só porque eu sou um garoto muito justo.

– Ótimo, agora me conte, o que lhe assola nesse instante.

– É Kurt, quer dizer, Peter. Ele está estranho desde que chegamos aqui, antes nós estávamos bem lá no meu quarto e agora que ele me trouxe pra cá ficou esquisito, me tratando diferente, parece que ele está irritado comigo.

– Oh, você não é daqui?

– Não, eu sou de Westerville…

– Sim. Bem, eu conheço o Pan há algum tempo e ele é estranho assim mesmo, uma hora está bem, feliz e em questão de minutos está bravo, descontando sua raiva em qualquer um que vê pela frente! Infelizmente essa pessoa era sempre eu, Peter sempre descontava sua repentina revolta em mim e eu deixava sabe? Se não fosse eu, ele poderia descarregar tudo naquelas pobres crianças…

– Estranho, os meninos perdidos parecem bastante satisfeitos com Peter.

– Você não vê? Com certeza elas estão sob algum encanto daquela fada que vive no ombro dele!

– Sininho? Mas não é possível!

– Pense bem garoto, comece a reparar naquela fada. Ela pode ser bem temperamental também, talvez até pior que Pan.

Blaine ficou com uma expressão confusa no rosto e Gancho viu que estava conseguindo seu objetivo. Confundir o moreno sobre Peter Pan e Sininho.

– Eu tenho uma proposta a fazer…– Blaine saiu dos seus pensamentos e prestou atenção no velho pirata - Você gostaria de se tornar um pirata? Quer dizer, sair em grandes e incríveis aventuras em alto mar junto com a minha tripulação, meus marujos também adoram boas histórias e você sabe de algumas certo?– Anderson confirmou com a cabeça – Ótimo! Então o que me diz?

– Eu não sei, eu tenho meu irmão, não posso simplesmente abandoná-lo e sair por aí!

– Podemos levá-lo conosco!

– Eu posso pensar?

– Claro, leve o tempo que precisar! Fale com seu irmão, eu estarei bem aqui esperando por vocês!

Antes que Blaine pudesse agradecer ou dizer qualquer coisa, Gancho já havia sumido entre as árvores. O moreno deu de ombros e seguiu seu caminho até a casa de Kurt.

–------------------------------------------------------------------------------

– Hey Kurt!

– Eu já disse pra me chamar de Peter, Peter Pan!

– Okay cara, desculpa aí! Você viu Blaine?

– Não sei, pensei que ele já estava aqui, ele foi embora antes…

– Peter, posso lhe perguntar uma coisa?

– Pode falar…

– Porque você não gosta de ser chamado de Kurt?

Pan suspirou e se sentou em seu trono colocando as pernas pra cima em seguida. Cooper também procurou uma cadeira e se aconchegou. Aquela poderia ser uma longa história.

– Antes de eu vir pra cá, eu era mais um garoto normal de Ohio. Estudava, tinha minha família, porém não tinha amigos, eu era sozinho. A cada dia na escola era um inferno novo pra mim, tinha uns garotos que faziam questão de me atormentar todo santo dia sem nenhum motivo aparente. Então eu resolvi reclamar com meus pais e eles nunca acreditavam em mim porque eles iam à escola e os meninos simplesmente diziam que tudo que eu dizia era uma grande mentira, com isso a diretora achava que eu fazia aquilo apenas para chamar a atenção dos meus pais. Um dia farto de tanta coisa negativa, eu estava na janela chorando e então passou uma estrela cadente. Quando vi aquele pequeno rastro de luz cruzando o céu eu desejei com todas as minhas forças uma solução para tudo aquilo. Foi aí que Sininho apareceu, ela era a estrela cadente! No início eu fiquei assustado, mas depois eu comecei a contar tudo para ela e então ela me trouxe pra cá, desde então eu vivo aqui com ela e meus meninos perdidos que eram órfãos e viviam sozinhos pelas ruas. Para esquecer o que eu passei, decidi escolher outro nome, Peter Pan.

– Entendo, foi por isso que você ajudou Blaine?

– Digamos que sim, eu o ouvi chorando então resolvi ver o que ele estava passando. Sempre faço isso…

– Mas você sempre leva pra dar uma volta pela cidade e depois os trás pra cá?

– Não, nem sempre. Só os meninos perdidos porque eles eram órfãos…

– Então meu irmão foi uma novidade?

– Chega, você já está fazendo perguntas demais! Você disse que era apenas uma!

– Okay, desculpa, eu vou procurar por Blaine…– Cooper deu meia volta em direção à saída, mas parou no caminho - Aliás, obrigado.

– Pelo o que?

– Você sabe, ajudar meu irmão, ele estava passando por um momento difícil. Obrigado.

Cooper continuou andando até colocar a mão na maçaneta pra sair, mas antes disso Blaine abriu a porta quase batendo com a mesma no nariz do irmão.

– Céus, Blaine onde você estava?– Cooper disse com a mão no nariz examinando se estava sangrando - Eu estava indo te procurar…

– Andando pela floresta, ora! Onde mais eu poderia estar?

– Okay, eu não sei o que houve entre vocês dois, mas espero que resolvam! Esse mau humor já está me incomodando! Qualquer coisa estarei com os meninos perdidos, pelo menos eles me tratam bem!

Blaine revirou os olhos para o drama do irmão mais velho e seguiu até suas coisas. Os olhos de Kurt estavam sobre ele e o moreno sabia.

– Vai ficar me encarando?

– Algum problema nisso?

– Nenhum, só quero saber o que tenho de interessante pra ficar com os olhos grudados em mim! Ainda mais depois de me tratar daquele jeito mais cedo!

– Olha me desculpe okay?– Blaine levantou uma sobrancelha e Kurt levantou do trono onde estava - Vamos a um lugar comigo? Quero me desculpar com você direito. Aceita?

Kurt estendeu a mão e Blaine alternou entre olhar pra mão do Peter estendida e pros olhos quase suplicantes do menino.

– Tudo bem…

Blaine suspirou dando-se por vencido e pegou a mão de Peter que abriu um imenso sorriso e saiu puxando o moreno até a porta.