– Sininho, quem é esse garoto?

A fada apenas encolheu os pequenos ombros indicando que não fazia ideia.

– Estranho, eu o ouvi chorando e não sei por que quis vir pra cá…

Enquanto Peter falava com Sininho, Blaine ainda um pouco assustado, se arrastou até a cama do irmão.

– Coop…– sem tirar os olhos do Peter Pan e sua fada, o moreno balançava o ombro do irmão sussurrando querendo o acordar - Cooper, acorda!

– Mas o que é Blai-… Woow!

– Shh, vai acordar a mamãe!

– Quem é você?– Cooper perguntou apontando para o garoto de verde que ainda flutuava.

– Eu sou Kurt, mas prefiro que me chame de Peter Pan. E essa é a Sininho.

Sininho fez uma pequena reverência puxando os lados do vestidinho verde como as roupas do seu amigo.

– Cooper, é o Peter Pan que a mamãe nos conta! Ele está no nosso quarto, na nossa frente!

– Não é possível, a gente deve estar sonhando. Dizem que irmãos as vezes tem sonhos em comum… Ai! O que você está fazendo?

– Te beliscando e se doeu isso significa que não estamos sonhando!

– Vocês vão ficar aí discutindo ou vai nos dizer quem são?!

– Oh me desculpe– Blaine foi o primeiro a levantar e chegar perto de Peter que agora estava no chão - Meu nome é Blaine Anderson– estendeu a mão - E aquele ali é meu irmão, Cooper Anderson.

Peter apertou a mão de Blaine de volta que quase não acreditou quando sentiu o toque das suas mãos. Peter Pan era mesmo real e ele estava ali. Depois de soltar a mão do menino pálido, o moreno estendeu seu dedo mínimo para a fada a fim de cumprimenta-la.

– Sininho, você realmente é muito bonita, se me permite dizer!

A fadinha sorriu em agradecimento ao elogio e segurou a ponta do dedinho do moreno balançando lentamente pra não machuca-la.

– Coop, você não vai vir falar com eles? Ande, você é o mais velho e está com medo?

Cooper, muito impressionado, levantou cauteloso da sua cama e chegou perto de Peter estendendo sua própria mão. Vendo tudo aquilo Pan fez "Bu!" assustando o garoto que quase pulou de onde estava fazendo ele, Blaine e Sininho cair na gargalhada.

– Me perdoe, não resisti…– disse Kurt tentando engolir o riso e estendeu a mão pra outro rapaz apertar - Cooper certo? Prazer… E então Blaine, porque você estava chorando na janela?

– E-eu... Você ouviu?

– Sim, eu estava voando por ai com a Sininho para procurar uma torta qualquer dando sopa em alguma janela pra levar aos meus meninos perdidos quando nós ouvimos um choramingo e foi aí que te achamos.

– Então aquele rastro de luz não era uma estrela cadente, eram vocês!

– Provavelmente…

– Que coincidência, eu estava desejando que você viesse me visitar…

– E de onde vocês me conhecem?

– Nossa mãe…– Cooper começou - Toda noite antes de dormir, ela nos conta a historia sobre Peter Pan. Um menino que mora na terra do nunca junto com sua fada, sininho e outros garotos. Os meninos perdidos. Lá eles nunca crescem e seu pior inimigo é um pirata que sempre leva a pior, o Capitão Gancho.

– Mas essa é a minha historia! Minha vida!

Kurt estava pasmo como dois meninos que ele nunca havia visto em toda sua vida, sabiam de tudo sobre ele e seus amigos.

– E-e quem é a sua mãe?

– Pam. Pam Anderson, ela está dormindo agora. Coisa que também devíamos estar fazendo, não é Blaine?

Blaine estava calado, processando tudo aquilo em sua mente. Ele sempre acreditou que Peter realmente existia, mas nunca pensou que um dia ele viesse o visitar. Bem, tecnicamente ele não veio o visitar, ele estava de passagem e decidiu parar ali, pois o ouviu chorando. Agora que Peter Pan, ou Kurt, estava ali na sua frente do jeito que sua mãe sempre descrevia, ele não sabe o que fazer.

– Bom, eu preciso ir…

Peter começou a flutuar e brilhar outra vez por conta do pirlimpimpim que Sininho jogou nele. Mas rapidamente, Blaine saiu de seus pensamentos e quase pulou em cima do garoto encantado o assustando.

– Peter, por favor, espere...– Kurt virou e voltou sua atenção ao moreno curioso - E-eu queria lhe pedir um favor, quer dizer, a você e à Sininho.

Kurt e Sininho se entreolharam, deram de ombro e esperou o baixinho continuar.

– Eu queria voar com vocês… Só uma vez. Se não der tudo bem!

– Sininho, você quem sabe!

A fada ficou alguns minutos olhando o menino com olhos de cãozinho perdido até que sorriu e voou sobre a cabeça de Blaine despejando o pó encantado até ele começar a brilhar.

– Agora tenha pensamentos felizes…

Blaine seguiu a orientação de Peter, fechou os olhos e começou flutuar de repente abrindo os olhos assustado.

– Oh meu Deus, eu estou voando!

Como Blaine estava ficando de ponta cabeça no ar, Kurt pegou sua mão para endireitá-lo. Quando suas mãos se tocaram, um sorriu para o outro.

Sininho despejou um pouco do seu pó mágico também em Cooper que observava o irmão caçula com os olhos brilhando. Coop logo começou a flutuar também fazendo o máximo para ficar certo no ar.

– Vem, vamos olhar a cidade de cima.

Pan puxou Blaine para janela até que saíram do quarto e começaram a voar noite adentro. A vista das luzes das casas acesas lá embaixo era incrível, tudo pareciam miniaturas. A lua parecia mais próxima. Ao ver aquela paisagem e Peter Pan, sininho e seu irmão voando juntos, os olhos de Blaine encheram-se d'água. Ele achou que depois da morte de seu pai, ele e Cooper nunca mais teriam um motivo para sorrir outra vez. Mas estavam tendo agora.

Depois de alguns minutos, Peter Pan os guiou de volta a janela do quarto deles. Blaine não poderia estar mais feliz e Cooper também estava por ver o belo sorriso que o irmão tinha no rosto, que logo enfraqueceu depois de ouvir de Kurt que ele estava indo embora.

– Precisamos ir agora...

– Ah, obrigado por ter atendido meu pedido...– Blaine estava outra vez cabisbaixo e Kurt percebeu isso.

– Olha vou fazer o seguinte, amanhã eu volto e levo vocês a um passeio melhor. Tudo bem?

Blaine assentiu rapidamente com um sorriso de volta a sua boca.

– Obrigado Pan!

Kurt sorriu e enfim voou pela janela noite adentro com Sininho. Blaine e Cooper correram pra janela e observaram seus rastros mágicos no céu. Logo em seguida amanheceu.

– B, acho melhor voltarmos pra cama e fingir estávamos dormindo. Daqui a pouco mamãe vem nos despertar para escola.

Blaine assentiu e obedeceu ao mais velho, deitou-se e fechou os olhos para reproduzir aquela madrugada em sua mente até sua mãe entrar no quarto e chamar para mais um dia comum.