– Tudo bem, venham aqui meninos perdidos!

Os meninos fizeram um circulo envolta do garoto de verde que agora pousava sobre uma rocha para ficar um pouco mais alto que os outros.

– O que aconteceu Kur-, Peter?

– Bem, como vocês já devem ter ouvido por ai o Gancho está voltando!– todos se entreolharam - Sim, também não sei como ele conseguiu escapar do estômago do Kraken e como fui eu que o joguei lá, ele está voltando com tudo para se vingar! Por isso nós vamos precisar de um bom plano para revidar quando ele e seus marujos vierem. Alguém tem alguma ideia?

Foi então que os meninos perdidos fecharam mais a roda junto com Peter e Sininho para discutirem algum plano contra o Capitão Gancho.

Gancho era um típico pirata com uma vistosa barba negra e no lugar de sua mão, comida pelo Kraken de quem ele tanto fugia, ele possuía um brilhante gancho. O Capitão vivia atrás de Peter Pan, pois sabia que ele escondia o seu tesouro que um dia o garoto travesso junto com os outros e sua fada descobriram o paradeiro e mudaram de lugar apenas por diversão, fazendo-o se perder por aquela enorme terra.

Desde então a vida de Capitão Gancho e seus marujos resumiu-se em capturar Peter Pan e tortura-lo até descobrir o paradeiro de seu precioso tesouro.

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– Bom dia meus amores, vamos acordar? O café já está na mesa…

Pam abriu as cortinas do quarto de Blaine e Cooper para que o brilho do sol os despertasse. Ela sempre dizia que acordar com aquela bela claridade em seus rostos traria novas energias e seu dia seria melhor.

– Bom dia mamãe…– disse Blaine se esticando para se espreguiçar.

– Bom dia mãe!– Cooper fez o mesmo.

– Não demorem muito para descer, o ônibus em breve irá chama-los para irem á escola…

Os irmãos assentiram e levantaram sonolentos de suas camas para começar mais uma rotina. Após estarem arrumados e alimentados, sua mãe os levou até a porta para se despedir de seus filhos.

Quando a tarde chegou preguiçosa, Pam ouviu sua campainha tocar e então foi receosa até a porta atender. Ela quase não recebia visitas e para mulheres com seus maridos em combate, aquilo não era um bom sinal.

Com a mão trêmula, Pam abriu a porta e encontrou o que não queria. Dois homens fardados, com semblantes não muito simpáticos em suas faces e um telegrama em mãos. Uma lágrima escapou automaticamente de seus olhos quando um dos homens lhe estendeu o envelope.

Ainda com um pingo de esperança em seu coração, ela abriu lentamente o telegrama e após ler o conteúdo, a mulher caiu de joelhos abraçando a carta contra o peito agora aos prantos.

– Nós sentimos muito Senhora Anderson.– um dos oficiais se pronunciou - Seu marido foi bravo até o fim protegendo nossa amada Pátria! O governo entrará em contato com a senhora em alguns dias para acertar alguns detalhes sobre a ajuda financeira.

E assim os dois homens viraram as costas sem mais nenhuma palavra. Não que eles fossem tão cruéis ao ponto de não ter compaixão com a recém-viúva, mas era por eles estarem acostumados com aquele tipo de situação e sabiam que qualquer palavra naquele momento não a confortaria.

Quando os oficiais iam entrando em seu carro, o ônibus escolar encostava logo atrás trazendo com ele Blaine e Cooper que ao ver a cena dos soldados e sua mãe ainda ajoelhada aos prantos na porta de casa entenderam o que havia acabado de acontecer.

Os irmãos desceram rapidamente do veículo e correram em direção a sua mãe para abraça-la.

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Mais tarde, o clima na casa dos Anderson era obviamente de puro luto. Ninguém conseguia se comunicar sem derramar ao menos uma lágrima. Por isso, mãe e filhos optaram pelo silêncio.

Quando estava na hora de ir pra cama, Blaine decidiu falar alguma coisa para tentar ajudar sua mãe.

– Mamãe?

– Sim meu filho?

– Olha, eu sei que a senhora está muito triste, mas tente não ficar tanto, pois eu e Coop vamos sempre estar aqui com a senhora. Nós prometemos amar a senhora até o fim!

– O Blaine tem razão, nós jamais vamos abandonar a senhora!

Os dois abraçaram Pam que agora chorava outra vez, porém um choro diferente dessa vez.

– Muito obrigada meus pequenos... Eu vou tentar não ficar tão triste tá bem? Eu também amo vocês e vou amar pra sempre!– Pam deu um meio sorriso - Vocês se importariam se hoje mamãe não contasse uma história pra vocês? Eu estou um pouco cansada...

– Tudo bem mamãe, vá dormir. Boa noite.

Blaine e Cooper beijaram a testa de sua mãe e foram pra cama. Pam devolveu o beijo e os cobriu, saindo do quarto em seguida para ir até o seu chorar pela saudade de seu marido que agora era maior, pois ela sabia que ele jamais retornaria.

No meio da madrugada, Blaine acordou sobressaltado e resolveu levantar de sua cama para ir até a sua janela. Quando se debruçou no parapeito da janela, Blaine encontrou um céu extraordinariamente enfeitado de estrelas o fazendo abrir um pequeno sorriso. De repente o moreno viu algo brilhando no céu, era uma estrela que brilhava mais que as outras. Então ela começou a riscar o céu com seu rastro de luz. Era uma estrela cadente.

No mesmo instante Blaine lembrou-se das palavras de sua mãe e fez um desejo com toda sua fé.

– Pequena estrela cadente, eu estou tão triste, dá-me a felicidade de conhecer Peter Pan e voar com ele apenas uma vez.

Quando Blaine abriu seus olhos, ele percebeu que aquela estrela cadente estava ficando cada vez mais perto, ele começou a ficar curioso e ao mesmo tempo receoso.

O clarão finalmente chegou a sua janela e então começou a se apagar revelando o rosto de um menino de pele pálida, trajando uma roupa verde e um chapéu da mesma cor com uma pena vermelha no topo dos seus cabelos castanhos. Era Peter Pan.

Blaine incrédulo caiu no chão sentado enquanto Peter o encarava curioso com as mãos na cintura em uma perfeita postura.