A Seleção da Princesa escrita por Vic Scamander


Capítulo 5
Circo particular de Eadlyn


Notas iniciais do capítulo

Hey Puf Pufs, então, esse capítulo eu achei bacana, mas vocês podem ter opiniões bem diferentes... é que eu não sei se consegui demonstrar direito em palavras o que eu queria.
Bem, ao capítulo!
Boa leitura!
Ah, uma das minhas leitoras pediu pra eu divulgar a fic dela: http://fanfiction.com.br/historia/608212/My_Crazy_Life/
Se vocês se interessarem vão lá dar uma olhadinha e deixar um review, ok? É com personagens de A Seleção também.



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– Kile, pode vir aqui um instante?

Juliet apareceu na porta da enfermaria. Me distanciei de Gunner e Holden e fui ao encontro da minha amiga da cozinha. Mas ela não estava só, consigo vinha o rei Maxon. Fiz uma leve reverência e Juliet nos deixou a sós.

– Conte-me o que aconteceu no Salão, uma criada veio me avisar de um desentendimento, então resolvi vir te procurar.

Falei que não havia presenciado a discussão, mas que perguntei a um dos rapazes que estavam do lado. Avisei ao rei que Holden se mostrara um cara bacana e comentei que os garotos que acompanharam Ean no avião não tiveram uma boa impressão dele.

– Se ao menos fosse você a ter visto, eu poderia eliminar esse Ean, mas não posso confiar nas palavras dos outros. Permitirei que ambos fiquem mas se houver algo parecido no decorrer da competição... Eadlyn não poderá opinar. São as regras. E você, tente não se meter em confusões Kile.

– Sim senhor.

Voltei à Ala Hospitalar e Holden já estava com o nariz melhor, pronto para outra. Como demoramos mais do que devia, perdemos o tour pelo palácio, mas eu prometi aos rapazes que levaria eles para conhecer tudo na manhã seguinte, depois do café.

Mostrei apenas o básico e como eu me lembrava do mapa que os criados receberam indicando os quartos de cada um, não foi difícil mostrar a Gunner e Holden seus aposentos. Logo depois fui para o meu próprio.

O que posso resumir dos quartos de hóspedes? São um luxo.

Além dos móveis de delicada fabricação e riqueza de detalhes, havia um jogo de baralho no criado mudo e uma mesinha para jogar xadrez, além de uma estante com alguns livros, também em outras línguas – eu tive as mesmas aulas chatas de língua estrangeira com Silvia, achei que fosse escapar quando Ahren e Eadlyn começaram a aprender italiano e logo em seguida outros idiomas, mas minha mãe conversou com tia America que achou que seria bom que eu aprendesse também.

Tomei um banho e vesti a roupa que estava pendurada no armário, com certeza daqui a pouco seria o jantar. A roupa era um terno azul anil, com um lenço no bolso do peito, no qual tinha o meu nome bordado; na época das selecionadas, elas usavam um broche por cima dos vestidos, estava curioso para saber como seria nossa identificação e até que a ideia dos lenços de bolso foi bem criativa.

Quando termino de ajeitar a gravata, alguém bate na porta.

– Ah, já está pronto senhor? Perdoe-me o atraso, iria avisar sobre o jantar apenas agora. Mas vejo que já sabia dos horários.

– Ah, sim.

– Desculpe-me, sou novo aqui, é claro que você sabe os horários, você é filho da dama de companhia da rainha! Desculpe-me novamente, senhor, não me apresentei. Sou Martin Foster, seu mordomo. Irei cuidar para que suas roupas fiquem sempre engomadas, sapatos engraxados, e para que não se atrase para os compromissos, embora eu não esteja fazendo meu papel muito bem até agora.

Dei um sorriso tranquilizador para Martin, ele falava engraçado e estava meio atrapalhado. Eu o perdoava por ser novato.

– Prazer, Martin. Me chame de Kile, ok? Bem, acho que devo ir logo para o jantar.

– Ah, sim, sim. Já está na hora, mesmo.

Os rapazes estavam se amontoando no corredor, muitos ainda não haviam aparecido. Notei que Ean estava com um pouco de pó no rosto pra esconder o machucado e Holden estava do outro lado conversando com Issir, o outro já usava um novo par de óculos.

Tentei me entrosar em uma conversa com Fox e Nolan Carr, Nolan ao que parece, estava se adaptando as lentes de contato, pois não parava de esfregar os olhos de leve. Fox era bem engraçado. Ele havia tingido seu cabelo para um loiro mais escuro, que ficou bacana.

– Caras, só lembrando aqui de algo... me chamem de Foxie. É que soa mais animado que Fox, ah e por favor, não façam que nem aquele Ean que não para de cantar aquela música antiga do Ylvis. Já encheu o saco.

Olhei ao redor e já estavam todos os rapazes juntos. Não tardou para que um mordomo aparecesse e nos guiasse até o Salão de Refeições. Pelo que Foxie comentou, ele se chamava Jerome e seria tipo uma Silvia pra gente.

– Cavalheiros, hoje vocês não conhecerão a princesa Eadlyn, apenas os reis e os príncipes. Seus lugares estão marcados na mesa.

Fomos entrando e meu lugar ficava ao lado de Arizona e Blakely, em frente à Holden, o que agradeci mentalmente. Jerome nos deu algumas instruções de como se portar à mesa e coisas do tipo. Quando ele saiu, rainha America e rei Maxon entraram.

Nos levantamos para fazer a reverência e saudar os monarcas com um “Boa noite.” Pouco depois dos reis se sentarem, eu e os demais íamos voltar aos nossos lugares quando Kaden, Osten e Ahren entraram. Eles estavam com cara de que haviam acabado de rir até faltar ar. Eles passaram por mim e cada um fez um fiu-fiu que só eu escutei.

Aposto que Ahren que deu a ideia. É incrível como ele tem a mentalidade do irmão Osten, de dez anos. Ao menos o país não está nas mãos dele, se bem que a França não tem como escapar, com o casamento dele com a princesa Camille...

Nos sentamos e começamos a comer. Dorothea havia definitivamente caprichado no salmão com molho de maracujá e no risoto de frutos do mar.

Rainha America avisou que comeríamos o café da manhã acompanhados da princesa.

Eu não falava com Eadlyn desde o dia que fui sorteado. Como ela me trataria na frente dos demais? Será que já eliminaria alguém? Será que já me eliminaria?

***

Não estava conseguindo dormir, já havia bebido o copo de água que Martin deixara no meu criado mudo, mas a sede voltara. Tirei os lençóis de cima de mim e decidi ir andando para a cozinha buscar água. Não vi problema nenhum em sair do quarto com a calça moletom e a camiseta, que deixava meus ombros descobertos.

Ao chegar à porta da cozinha, vi um vulto mexendo na despensa.

Liguei a luz e dei de cara com Eadlyn.

– Mas o que...

– O que você está fazendo, Eadlyn?

– É Alteza a partir de agora e cadê a reverência? – esperneou enquanto se levantava. Ignorei-a e me aproximei, deixando-a levemente corada por algum motivo. Devo tê-la pego no flagra fazendo algo que não devia. Olhei a despensa e no chão estavam algumas caixas com alimentos vencidos, lembro de tê-las levado para fora da cozinha semanas atrás, como Dorothea havia pedido.

– Você quer que os rapazes tenham infecção estomacal, sua doida?

– Olha como fala comigo. E não está nas malditas regras o que eu posso e o que eu não posso fazer. Eu li e reli aquela droga diversa vezes.

– Você está agindo de forma infantil.

– Eu sou infantil? Você está falando com a herdeira do trono de Illéa, sabia disso?

– Já entendi a sua. Quer tornar a estadia desse pessoal um inferno, não é? Quer que eles vão embora por vontade própria até não sobrar nenhum disposto a se casar com você. Vossa Alteza não é uma má pessoa e eles também não são. Tem rapazes aqui que dariam bons amigos, sabia? Eu mesmo já fiz amizades! Essa é a sua chance de conhecer mais pessoas! Quando éramos crianças você vivia reclamando que gostaria de poder conhecer gente, além dos criados do palácio, aproveita pra saber mais sobre o seu país também, cada província tem um representante aqui.

– Não, não e não. Olha, eu nunca pedi pra ter uma Seleção, eu não quero me casar, Kile. E eu não vou dar o braço a torcer, eu não vou ser obrigada a conviver com vocês.

– Isso é ser infantil. Não percebe? A todo momento fica se fazendo de a princesa mimada! Porque não muda de estratégia?

– Como assim? – perguntou num sussurro.

– Não os faça parecer inimigos, pois não são. Pense que todos eles são hóspedes comuns, mas que ficarão por tempo indeterminado, não tente nos ver, quer dizer, não tente vê-los como seus pretendentes, mas como companhias agradáveis. Faça amigos. Se for pra ser, você verá em um de nós, digo, um deles, alguém que você não se importaria de contar suas aflições, suas alegrias e afins, se for pra você arranjar um marido, você vai arranjar. Dê uma chance a tudo isso! Deixe que tudo flua naturalmente, como aconteceu com seus pais. Talvez no fim das contas você acabe com nenhum desses selecionados...

Deixei a frase no ar enquanto ela as absorvia.

– Sabe que eu sempre preferi a história dos seus pais aos meus? – comentou timidamente olhando para seus pés.

– Quer saber? Eu também. – sorri. – Então, o que me diz?

– Eu vou dar uma chance pra esse meu circo particular. Satisfeito?

– Circo particular? Sério?

– É, meu circo particular. – riu – Mas antes tenho que pedir pra alguém retirar as formigas que eu espalhei pelas roupas dos rapazes quando estive no ateliê.

– Ah, você não fez isso, Eadlyn!

– Você sabe que sim. – sorriu ela. – Ah, eu quero te falar uma coisa, desculpa por ter te tratado meio mal. É que eu estou com muita raiva guardada e acabei descontando em você, nem sei por que fiquei chateada com o fato de ter se inscrito, é só que é coisa demais pra eu assimilar e você foi o bode expiatório. Kile, eu estou ficando sobrecarregada! Eu espero que aceite minhas desculpas.

– Tudo bem. Somos amigos, não? A dupla de pestinhas que não deixavam esse palácio quieto quando éramos pequenos!

– Pois é. Eu sei que eu sempre fui mais legal que o Ahren, por isso que você preferia brincar comigo ao invés de com ele. – riu se lembrando dos velhos tempos. – Ah, mais uma coisa, o negócio de Alteza... com você participando da Seleção, terá que realmente me chamar assim, ao menos em público. O mesmo para os meus irmãos e os meus pais. Nada de tio ou tia ou pirralho, embora o Osten seja um pirralho.

– Anotado! Agora vai arranjar alguém pra limpar a sua bagunça no ateliê, embora eu pudesse te dizer quais smokings não seriam necessários retirar as formigas...

– Kile, pra onde foi parar o senhor “Dê uma chance”?

– Teve que ir ali rapidinho.

Ela riu e foi se dirigindo para a saída da cozinha.

– Ah, e obrigada. Por continuar do meu lado, não desistindo da nossa amizade mesmo depois de tempos sem falar direito.

Então foi aos poucos desaparecendo no corredor.

– Sempre. – sussurrei para mim mesmo.

Voltei para meu quarto a passos lentos, enquanto refletia. Eadlyn tinha um gênio forte, mas eu nunca deixaria de lembrar que por baixo de uma casca grossa, tinha uma cigarrinha confusa com tudo, com as decisões que tem que tomar, as escolhas fazer...

Era uma cigarrinha bem coberta, mas que estava lá. Já foi a época em que a casca era apenas uma fina película. Mas a essência permanece, bem escondida.

E cabe a mim não esquecer disso.

E fazer com que ela também não se esqueça.

Acabou que nem bebi água. Mas também não sentia mais sede. Acho que na verdade o que eu precisava era por os pratos limpos em cima da mesa.


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Notas finais do capítulo

Então... ficou confuso ou vocês entenderam o que eu quis dizer e talz?
Bem, eu postaria um quarto capítulo hoje, mas eu passei um pouco mal e não deu tempo de terminar, fica pra amanhã.
Beijos!