A Seleção da Princesa escrita por Vic Scamander


Capítulo 2
Chiliques


Notas iniciais do capítulo

Então, amanhã terão mais capítulos, ok? Gostaria de avisar que a fic será narrada pelo Kile Woodwoork. Não pretendo colocar POVs dela, mas não é nada definitivo, posso acabar mudando de ideia e variando os pontos de vista.
Boa leitura!



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O despertador tocou no mesmo horário de sempre.

Fiz a minha higiene matinal e ao sair do pequeno banheiro, pisei em um pequeno caco de vidro que antes fazia parte de um copo. É, Kile, aquilo de madrugada não foi um sonho. Limpei o ferimento e peguei a caixinha de primeiros socorros para fazer um curativo.

Ao sair do quarto, Beatrice apareceu correndo no corredor.

– Bom dia, Kil.

– Oi, Bea. – Beatrice trabalhava na lavanderia nas horas vagas, quando não estava estudando no curso de enfermagem. Seu pai era o tratador de cavalos do palácio.

– Eu encontrei Mary no caminho da cozinha na hora que fui tomar café. Ela pediu para eu lhe avisar que hoje você irá comer com a Família Real. Parece que o rei tem algo importante para falar com seus pais e outros conselheiros mais próximos. – devia ser sobre a Seleção.

– Ok. Recado dado.

Sorri para ela, que retribuiu. Kaden vivia dizendo que eu roubava as garotas que ele se apaixonava, pois na cabeça fértil do príncipe ela gostava de mim, mas somos apenas amigos. Corri para o Salão das Refeições e um dos guardas abriu a porta para que eu entrasse. Fiz uma leve reverência para a Família Real e sentei-me ao lado de minha mãe e Kaden.

– Você viu como Beatrice estava? Ela cortou a franja ontem. – falou Kaden sonhador ao meu lado. Permiti rir baixinho. Dei uma olhada geral na mesa antes de pegar as torradas. Meu pai e tio Aspen ouviam atentamente rei Maxon falar sobre os problemas que ocorriam no país, ao passo que rainha America cochichava algo com Lucy, Mary e minha mãe. Os príncipes Ahren, Kaden e Osten estavam concentrados comendo. Não vi Eadlyn.

– Onde está sua irmã? – perguntei a Kaden.

– Sei lá. Me passa a geleia de framboesa?

Voltei minha atenção para as torradas no meu prato e poucos minutos depois, um guarda anunciou a entrada da princesa. Não fiz questão de me levantar para a reverência pois rei Maxon fez um sinal com a cabeça de negativo.

– Atrasaaaaadaaaaa. – cantarolou Osten.

– Não enche pirralho.

A rainha deixou a colher de chá cair no chão.

– Mas o que é isso Eadlyn Singer Schreave?

Virei minha cabeça para olhá-la. Meu queixo caiu: Eadlyn estava com um vestido preto. Em pleno café da manhã, a princesa aparece com um vestido preto!

– Achei que Silvia dissesse que deveríamos usar vestidos claros pela manhã, não sabia que a etiqueta tinha mudado tanto. – sussurrou minha mãe.

– Dona Marlee, não mudou. – sussurrei no seu ouvido. Mamãe fez cara de que tinha entendido e olhou para rainha America que havia acabado de se levantar da cadeira.

– Não admito essa rebeldia, Eadlyn. Vá agora para seus aposentos, ninguém morreu para você estar de preto! Quando tiver trocado de roupa, desça e se junte a nós.

– Na verdade, mamãe, alguém morreu sim. A minha dignidade.

O rei se levantou e tocou de leve o ombro da esposa.

– Meri, deixa ela e sua rebeldia juvenil. Quanto à você, Eadlyn, sente-se e nada de chiliques durante a refeição. Ah, e já deu bom dia para todos?

– Bom dia meus queridos irmãos, bom dia meus amáveis pais que se importam tanto comigo, bom dia tios e bom dia Kile. Desculpem-me o atraso, como bem lembrou Osten.

Eles se sentaram e tia America bufou olhando com desaprovação para a filha, que sentara à sua frente.

– Ehr, agora que Eadlyn chegou, gostaria de comunicar a todos aqui presentes sobre a importante notícia. Como vocês bem devem ter visto nos jornais, estão havendo alguns problemas entre patrões e empregados, além de desavenças entre pessoas que estão subindo de nível social contra aqueles que já estavam com boa estagnação financeira. Eu e America concordamos que para melhorar a situação criada com o fim completo das castas, seria bom propiciar algo que aumente a moral do povo.

– Achamos que seria uma boa ideia fazer com que Eadlyn tenha sua Seleção. Sabemos que é tradição as princesas se casarem com príncipes mas foi o melhor que pudemos pensar. – completou a rainha.

– Na verdade vocês poderiam ter um outro filho. Mais um príncipe! É uma ótima ideia, o povo se animou bastante com o nascimento de Osten, eu lembro que sim! Além do mais, tio Carter e tia Marlee são os meus padrinhos, tia Lucy e tio Aspen, do Ahren, tia Mary e tio Avery são do Kaden, e o tio Gerard e a tia May, padrinhos do Osten. A tia Kenna ainda não teve a oportunidade de ser madrinha de ninguém, por que não unir o útil ao agradável?

– Eadlyn...

– Calma, Maxon. Realmente é uma boa ideia. Acho que depois do Ahren, do Kaden e do Osten, pode ser que venha outra menina. Você gostaria de ter uma irmãzinha, não é, querida?

Ui, a tia pegou pesado. É de conhecimento de todos que Eadlyn adora ser a única princesa de Illéa. Ela gosta de toda a atenção que recebe e da exclusividade de ser a princesinha do papai, embora seja a primogênita. Eu até gostava um pouco desse jeito mimado dela.

– Eu ainda vou achar uma ideia melhor. – falou ela cerrando os olhos.

– Vamos pensar no lado bom, querida. Vão ter vários jovens aqui e você poderá fazer amizades também. Eu continuei sendo amiga do seu pai, apesar de tudo. – comentou minha mãe.

– Tia, não. Não tenta achar algo de positivo porque não tem. – engoli uma risada com a cara que Eadlyn havia feito.

Tia Mary pigarreou levemente.

– E quando será anunciado isso? Eu tenho uns sobrinhos em Waverly que são um pouco mais velhos que Ahren.

Eadlyn começou a tossir.

– Planejamos anunciar no próximo Jornal Oficial. Por falar em ser mais velhos, acho que está bom rapazes entre 18 e 22 anos, não acham? – perguntou tio Maxon.

– Acho que é uma boa faixa etária. – disse tio Aspen e meu pai concordou.

– Olha, o Kile pode participar! – exclamou Osten.

– Não pode não. – retorquiu Eadlyn.

– E por que não, maninha? Ele tem 20 anos e pode muito bem se inscrever.

– Concordo com você, Ahren. – acho que rei Maxon percebeu que era uma boa hora de concordar com os filhos, ele sabia que os garotos adoravam apostas e Ahren com certeza iria propor algo, de forma que desse para eu me inscrever como se fosse parte de uma aposta.

– Mas pai, o Kile é tipo um dos meus primos! Ele não vai participar, nem quer, não é Kile? Seria insano!

E assim finalizou a discussão.

***

– Ah, Mary você poderia falar com Avery para me procurar? Temos que começar a ver como vai ficar a segurança do palácio.

– Tudo bem, Majestade.

– Ah, meninos, quero que estejam prontos no hall de entrada antes do almoço, seus tios Gerard, May e Kenna virão nos visitar junto com sua avó.

– Está bem, mãe. Ei! Espere Kile!

Virei em direção à Ahren que me chamara. Ao lado dele estavam Kaden e Osten.

– Vamos para o Salão de Jogos?

Concordei já imaginando o que estava por vir.

No salão de jogos passamos um tempo disputando partidas de xadrez e bilhar. No xadrez eu acabei ganhando três vezes de Ahren, sendo que ele e a irmã eram os melhores nisso , e no bilhar percebi que estava claro o fato de Kaden ter errado propositalmente algumas tacadas.

– Nossa Kile, você está com sorte hoje! – falou Osten fingindo surpresa. Era a hora de eu atuar também.

– Pois é, estou superando vocês, ein Kaden e Ahren?!

– Que tal se você apostar com o Ahren? Ele perdeu três vezes seguidas no xadrez! – disse Kaden. – Se você ganhar...

–... e eu vou ganhar. – enfatizei sério. Eu queria era rir, eu já estava por dentro das coisas e eles nem sabiam! – Quando eu ganhar eu vou querer que o Ahren pinte o cabelo de rosa.

– Quando eu mostrar que ninguém vence um Schreave, vou querer que você preencha um formulário pra Seleção da minha querida irmã mais velha.

– Não, escolhe outra coisa. – ele deu um sorriso de lado.

– Acha que vai perder? Kile, você não tem nada a perder. Em Angeles tem o que? Uns quinhentos mil rapazes entre 18 e 22 anos? E se por um incrível azar você for sorteado, meu pai mesmo disse no café que não teria problema!

Concordei e logo sentamos nas cadeiras em frente à mesinha com o tabuleiro de xadrez em cima. Ele começou.

Mexeu o cavalo.

Eu mexi o peão.

Meia hora depois eu fiz cheque, e pouco depois ele fez um também, sendo que jogadas depois fizera um movimento dando cheque-mate no meu rei.

Ahren ganhou a partida.

E eu ganhei uma desculpa para me inscrever na Seleção.

***

Ninguém ficou sabendo da nossa aposta, era algo entre mim e os príncipes. Eu havia preenchido o formulário na frente do próprio Ahren e junto com Osten – disfarçado com uma peruca e óculos – fomos para o Departamento de Serviços Provinciais de Angeles, na qual eu tirei uma foto e confirmei os dados do formulário.

Tudo isso ocorrera semanas atrás. Hoje haveria o sorteio ao vivo durante o Jornal Oficial. Eu estava no estúdio junto com meus pais.

Após Theodore Fadaye dizer um longo discurso, a princesa Edlyn começara a pegar um formulário de cada uma das 35 caixas que representavam as 35 províncias de Illéa. Rei Maxon havia me assegurado que na caixa de Angeles só haviam formulários idênticos aos meus, ele havia posto homens de confiança para fazer a troca entre a caixa original e a caixa onde haviam apenas cópias do meu formulário.

Eu estava tremendo com a reação da Eadlyn. Será que ela ficaria muito zangada? Será que me expulsaria na primeira oportunidade? Será que ela acabaria com a amizade que temos desde que usávamos fraudas?

Enquanto eu estava distraído pensando nisso, Eadlyn já estava na antepenúltima caixa. Ela não estava tentando esconder muito bem a sua infelicidade ao fazer aquilo. Ou será que eu percebi isso porque a conheço muito bem?

– Calvin Write, de Yukon.

Então deram close na foto de um rapaz com o cabelo longo meio bagunçado, que estava anexada no formulário. Meio é eufemismo, na verdade. Olhei a expressão no rosto de Eadlyn. Com certeza ela faria questão de cortar ela própria aquele cabelo.

– O próximo é de Clermont. Senhor Fox Wesley.

A princesa fez uma cara de impressionada e quando a câmera deu close na foto dele, pude ver no telão que estava disponível para os empregados o motivo. O cara era bronzeado e tinha um cabelo loiro platinado, pra mim aquilo com certeza é tingido! Mas tenho que admitir que ele tinha um bom porte atlético. Se não é surfista, é ao menos um salva-vidas. Não gostei desse cara. Não gostei mesmo.

– Acho que vamos descobri What does the Fox say?, não é, Kile?

– Pois é, Ahren. – nem percebi que ele havia vindo para onde eu estava.

– Está nervoso? Quando a minha irmã e metade de Illéa limpar a baba que escorreu pela boca vamos saber se você teve o azar de se meter nessa roubada.

– Hm, por fim chegamos a última, mas não menos importante, província. – anunciou Eadlyn. – E o trigésimo quinto selecionado, de Angeles, senhor... Para tudo. Que tipo de brincadeira é essa?

– Alteza, conte para o povo o selecionado de Angeles...

Eadlyn nem se deu ao trabalho de responder a pergunta de Theodore, deixando-o sem graça. Ela saiu do palco e veio na minha direção, as câmeras a seguiram.

Plaft.

Senti meu rosto arder com o tapa que levei da princesa.

Kile Woodwook, que merda é esta? – dizendo isso, esfregou na minha cara o meu formulário.

– Fo-foi uma aposta com os seus irmãos! – respondi apressado enquanto massageava a minha bochecha direita.

Ahren, que estava ao meu lado, também não escapou do tapa dado pela irmã.

Eadlyn Singer Schreave, você não vai bater em mais ninguém, mocinha! – gritou a rainha America. Olhei para as câmeras e elas tinham sido desligadas. Mas será que Illéa toda viu o que acabara de acontecer?

Pior que ainda iria sobrar para mim. Poxa, Eadlyn! Não dava pra deixar o chilique pra depois?!


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Notas finais do capítulo

Não sei se apressei muito a história neste capítulo, queria saber a opinião de vocês. Eu ainda irei aprofundar mais a relação Kile/Eadlyn, está bem? Vamos indo com calma... :D
Beijos e até amanhã!