A Prometida escrita por Giovannabrigidofic


Capítulo 7
A nossa "relação"


Notas iniciais do capítulo

Hey! Descupem a demora; amei os comentários!! São vocês que me motivam a escrever, obrigada!!
Boa Leitura!



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Quando entramos, Jason acompanhou o pai até o escritório, enquanto as mulheres me bombardeavam de perguntas sobre o casamento e comentavam sobre o mesmo.

Elas mais falavam do que ouviam, e sempre que eu tentava me "incluir" na conversa, elas falavam o que eu tinha acabado de dizer. Elas eram loucas. Elizabeth queria uma festa gigante com oitocentos convidados; Victória concordava e Sophie colocava mais lenha na fogueira, dizendo que oitocentas pessoas era pouco e mil estaria melhor; agradecia mentalmente por Clary não estar aqui e falar que o bolo podia ser no formato de unicórnio.

Elisabeth convidou Victória, meu avô e eu para passarmos a tarde lá; Meu avô só almoçou, ficou alguns minutos conversando com David e depois foi embora. Mais tarde Victória voltaria para o hotel comigo.

– O que acha de irmos pintar as unhas? - Sophie me puxou pelo braço.

– Pode ser - respondi como se tivesse outra alternativa.

Subimos as escadas e entramos no corredor cheio de quadros. Senti pena dos empregados, que tinham que limpar aquela casa imensa.

Logo Sophie abriu uma porta e me empurrou para dentro (que garota delicada!).

O quarto de Sophie era branco, inteiramente branco. As paredes eram brancas, os móveis eram brancos (até uma poltrona e o piso eram brancos).

Parecia que estava num quarto de hospital ou até mesmo numa câmara de hospício.

O que salvava o quarto - extremamente bagunçado - eram as roupas coloridas dentro do guarda-roupas aberto - e em cima da cama - e as canetas coloridas sobre as escrivaninha, além de outros objetos como o notebook pink.

– Se der, fique a vontade - Sophie se jogou na cadeira de rodinhas, pegou uma lixa para unhas e estendeu a mão.

Não sabia o que fazer. Muito menos o que falar.

Fiquei encostada na porta fechada, esperando.

– Já sei! - Sophie pulou da cadeira e jogou a lixa para o ar, me assustando.

– Já sabe o que? - Indaguei sentando na cama.

– Vem aqui - ela chamou, puxou uma cadeira parecida com a dela e colocou ao seu lado. Me sentei. Ela abriu o nootbook e digitou freneticamente nas teclas.

– Conhece essa banda? - Ela apontou para uns caras com mascaras e chapéu.

– Não.

– E essa? - Ela apontou para jovens - muito bonitos - sorrindo.

– Não.

– E... Você conhece algum cantor descente? - Ela me olhou indignada.

Pensei por alguns segundos.

– Não - disse rindo. O queixo de Sophie caiu e ela arregalou os olhos.

– Pelo menos tem alguma rede social, né?! - Ela fechou as mãos, esperançosa.

– Eu não sei muita coisa, pode me ajudar?

– Claro! - Sophie pulou da cadeira - me dando outro susto.

Passamos a maior parte da tarde, com ela me ensinando e mostrando músicas, postando em minhas "novas redes sociais", tirando fotos e me "atualizando sobre o mundo".

– A Underground Legends* é a minha banda favorita - Sophie apontou para a tela do notebok pela centésima vez.

– Você disse a mesma coisa de umas dez bandas e uns quinhentos garotos.
– Não tenho culpa se eles são tão... - A porta se abre e a pequena figura de Clary aparece.

– Mamãe está chamando vocês duas lá embaixo. - Clary bate a porta, deixando uma Sophie carrancuda xingando-a.

– Vamos, antes que a mamãe resolva vir até aqui.

Peguei meu celular e desci no encalço de Sophie até a sala.

Lá, toda a família, exceto Asher e o casal de gêmeos, se encontrava na sala, inclusive Victória. Os adultos estavam sentados no sofá e Clary estava no chão, brincando com alguns elásticos.

– Sophie, porque não deixa Jason ficar um pouquinho com Adly? - David pediu.

Olhei pra Jason. O mesmo fitava o chão, com as pernas cruzadas, como se o mundo fosse ridículo e nada mais importava do que olhar os próprios pés. Ele viu que eu o observava e começou a me encarar. Não desviei o olhar. Ele continuou olhando.

Não seria eu quem desviaria primeiro;

– Adly vai ficar pra sempre com ele, tanto faz se eu ficar um pouquinho com ela. - Sophie sorriu. Senti meu estômago embrulhar com o comentário.

Jason ainda me olhava quando, dobrou os braços e disse:

– Adly e eu vamos dar um passeio. Vou mostrar a cidade á ela. - A família, e eu, olhou diretamente para ele, que até então não tinha dito nada. - Não é, Adly?

Todos olharam para mim, fiquei sem reação.

– Ah, é. - Tentei não gaguejar.

– Tive uma ideia! - Elisabeth se levantou. - Vocês precisam oficializar o namoro, depois o noivado. Deixem os paparazzi ver vocês dois juntos.

– Pode deixar, mãe. - Jason fala, entediado. - Daqui vinte minutos nós vamos.
Jason se levantou do sofá e subiu as escadas, Clary o acompanhou e a sala ficou num silêncio mortal.

– Vou ver como estão as crianças - Elisabeth se levantou - Vem comigo, Victória?

– Eu e a Vick vamos ficar para arrumar a Ad - Sophie disse, convicta. Me arrumar? Eu estava bem confortável com aquele vestido.

– Isso, depois converso com você Beth.

Elizabeth deu de ombros e subiu elegantemente as escadas e David se pôs a ler um jornal.

– Vamos para o meu quarto - Sophie ordenou.

Nós três subimos para o quarto de Sophie e lá elas me fizeram tomar um banho muito rápido; trocar meu confortável vestido verde-escuro pela calça preta de Sophie e uma blusa cinza com detalhes de renda. Victória insistiu para que um colar - gigante - de pérolas fosse usado em mim; recusei. Preferi ficar com o meu colar de coração, discreto e bonito.

– Está perfeita! - Victória elogiou meu reflexo no espelho. - Nem sei como conseguimos arrumá-la a tempo.

– Agora, desça e impressione o mundo - ri. Sophie era a patricinha mais legal que alguém podia conhecer.

Estava tentando me adaptar aos grandes saltos pretos, quando David bateu na porta e me chamou.

– Você está linda Adly. - Ele sorriu e retribui. - Jason está te esperando na sala.

David fechou a porta e eu sai da frente do espelho.

– Obrigada, meninas, mas não precisava de tudo isso.

– Eu sei o que meu irmão planeja, agora vai logo. - Sophie me empurrou enquanto descíamos as escadas. - Ah, creio que já saiba que vai morar aqui - assenti -, amanhã. - Olhei para trás.

– Enquanto você e Sophie estavam conversando, eu liguei para o seu avô e Elisabeth e eu resolvemos adiantar sua estadia aqui. Não vou morar com você, mas vou vir alguns dias. - Victória seu de ombros.

Que droga! Achei que só viria para cá depois de alguns dias, ou até mesmo semanas. Òtimo. Quando achei que não podia ficar pior, o velho resolve por a mão na massa.

Um fato óbvio: eu só me ferro.

Eu já estava muito bem com o meu vestido, qual era a necessidade de usar as roupas de Sophie?

Quando terminamos de descer as escadas, peguei minha bolsa com Victória e fui até Jason - que conversava com o pai.

– Vamos? - Jason perguntou, jogando o molho de chaves no ar.

– Vamos.

Saímos da casa, com Sophie gritando "bom passeio"...

Jason me fez segui-lo até a garagem, apertou o controle e seis carros - todos diferentes - invadirão minha visão.

– O meu - Jason apontou para um carro preto mas não muito esportivo (mas que chamava atenção) - é aquele ali.

Ele abriu a porta para que eu entrasse e depois deu a volta no carro e se sentou no banco de motorista; ligou o carro e saiu da garagem.

Apesar dele me odiar - e eu compartilhar o mesmo sentimento -, era educado e cavalheiro.

Me concentrei em olhar Nova Yorque da janela, os prédios bem iluminados, as filas para entrar em bares, as pessoas andando em todas as direções.... A cidade era linda e estava animada para poder curtir mais dela.

Por todo caminho, senti Jason alternando o olhar entre eu e a estrada. O que eu tinha? Ele não tinha mais o que fazer, não? Bufei.

– Onde estamos indo? - Perguntei quando paramos no sinal.

– Vamos ao shopping, como minha mãe disse, temos que oficializar tudo - Jason tirou do bolso o celular - tenho certeza de que a essa hora tem algum paparazzi no nosso encalço, ou então eles estão no shopping prontos para "dar o bote" . - Ele riu com o próprio comentário.
Revirei os olhos.

– Ok.

O carro voltou a andar.

– Você quase não fala - um carro passou na nossa frente e Jason brecou, quase xingando o motorista do outro veículo -, ou é só comigo?

– Só com você. - Respondo fitando á rua da janela do carro.

Eu conversava com quem eu queria, ninguém iria me obrigar á conversar.
Jason levantou as sobrancelhas, desacelerando o carro, enquanto entrávamos no estacionamento do shopping.

– Olha, eu também não estou muito afim de casar, somos jovens. - Jason confessou enquanto estacionava -, então vamos fazer isso dar certo, se você colaborar podemos logo, logo nos separar. - Ele desligou o carro e olhou com dúvida para mim. - Se quiser voltar logo pra casa, esse é o único jeito.

– Vou tentar. - Respondi, segurando um sorriso.

Ele também não queria se casar. Òtimo. Eu realmente precisava voltar para Nova City e ficar com Ethan, mesmo que ele estivesse chatiado comigo agora.

– Ok, agora vamos fingir ser um casal, a impressa vai querer ver isso. - Jason saiu do carro, deu a meia volta e abriu a porta para mim, ajeitei a bolsa no ombro e alinhei a blusa cinza em meu corpo. Não era alta, se falassem que eu tinha a aparência frágil até que não estariam tão errados. Meu corpo era bonito, e tentava mantê-lo assim.

Parei de enrolar e desci do carro.

– Me dê a mão - Jason pediu quando nos afastamos do estacionamento aberto.

Hesitei.

Olhei para Jason e engoli em seco.

Hesitei de novo.

Lembrei que tínhamos que fingir ser um casal, não que tínhamos realmente que ser um.

Por fim dei a mão á Jason e entramos no shopping. Estranhei seu toque. Jason tinha a mão macia; não estava muito confortável com nossa atual situação, mas entendia que era necessário - Jason com certeza deveria estar sentindo o mesmo.

– O que vamos fazer? - Perguntei.

– O que você quer fazer? - Ele rebateu.

– Eu não conheço nada por aqui, escolhe você. - Disse enquanto passávamos em frente ao cinema.

– Vou te dar algumas opções. Boliche, karaôke ou então podemos só dar um passeio.

– Não canto bem - respondi - e também não sei jogar beliche.

– Acho que o passeio é nossa única opção - Jason diz sorrindo -, vou aproveitar, e tentar conhecê-la melhor.

Não disse nada.

Ele ainda queria me conhecer?

Já tínhamos discutido e ele ainda queria?

Que parte do que eu havia dito ele não tinha entendido?

Eu não queria falar sobre mim!

– Calma - ele diz avaliando minha expressão -, não precisa falar sobre você, literalmente, eu faço as perguntas e você só responde.

– Tudo bem. - Suspiro.

– Quantos anos você tem? - Jason pergunta, olhando para mim. Mordo os lábios e olho meio indignada para ele. - Vai, responde logo - ele disse rindo.

– Dezessete - respondi, revirando os olhos.

– Hum... Qual o nome do seu cantor ou banda preferida?

– Sophie me mostrou algumas hoje. - Penso nas centenas de cantores e bandas e resolvo escolher uma - achei a Underground Legends bem legal.

– Aqueles garotos metidos? - Jason colocou a mão no peito, fingindo estar ofendido - Você achou as músicas deles legais?

– Sim, as músicas deles são ótimas - afirmo.

– Credo - Jason começou a gargalhar e eu sorri. - Vamos continuar.

Passamos em frente á uma joalheria e Jason olhou atentamente para a loja.

– O que foi?

Jason me puxou e me fez encarar a vitrine cheia de diversos tipos e modelos de anéis e colares.

– Escolhe uma - ele falou, apontando para a parte de anéis.

– Hãm?

– Escolhe uma. - Ele disse um pouco já impaciente.

Apontei para um anel mais isolado e simples, com um único cristal no meio.

– Tem certeza? - Jason franziu a testa. Balancei a cabeça positivamente. - Espere aqui.

Ele entrou na loja. Olhei ao redor e comecei a andar fui á loja ao lado, um peetshop. Me lembrei de Voor. Aquele gato miserento fazia muita falta; se o velho fosse menos velho e menos chato, talvez ele tivesse um pouco de compaixão e permitisse a vinda do meu fiel companheiro. Mas esse não é o caso.

Encarei um filhote de cachorro branco e me aproximei mais da vitrine.

Ele olhava pra mim, e seus olhinhos brilhavam.

Entrei na loja e pedi gentilmente á única atendente - uma loira aguada com aplique e batom vermelho "sangue" - para que eu segurasse o filhote. Ela olhou torto e disse um ríspido: "não" e voltou para seu posto, virando as páginas de uma revista.

Bufei e continuei a observar os outros animais da loja.

– Eu disse pra você me esperar lá fora, Adly - Jason entrou exasperado na loja, me procurando.

– Eu... - tentei explicar.

– Boa noite, sr. - A mesma atendente de poucos minutos atrás veio correndo atender Jason - a mesma tinha, em poucos segundos aberto os dois primeiros botões da camiseta do uniforme. - O que deseja? - Ela olhou para mim com certo desprezo, que estava ao lado de Jason. - Está junto com ela?

– Sim, estamos juntos - Jason passou o braço pela minha cintura e sorriu.

O sorriso cínico e melado de batom vermelho desapareceu. Queria gritar um: "Toma", na cara dela, mas me contive.

Mesmo não sendo nada oficial, era bom saber que Jason pelo menos "respeitava" nossa "relação".

– Vamos ver um pouco, se importa? - Jason pareceu jogar seu "charme" pra cima da vendedora e a mesma sorriu, mostrando todos os dentes brancos (um ou outro melado de vermelho) e voltou para trás do balcão.

– Então, o que você veio fazer aqui? - Jason perguntou avaliando a loja.

– Só estava olhando.

Jason começou a dar voltas na loja, enquanto eu só o observava, tentando não cruzar o olhar com a vendedora oferecida.

– Já teve algum animal de estimação? - Jason voltou para o meu lado.

– Já, um gato.

– Ele morreu? - Jason logo tampou a boca - Descupa - revirei os olhos.

– Ele ficou em Nova City. - Jason suspirou e senti minha barriga roncar. - Estou com fome.

– Também estou, vem, conheço uma lanchonete bem legal.

A vendedora com certeza estava decepcionada.

Jason me levou até uma lanchonete. Deixei ele falar. Ele falava muito bem, e tinha vários assuntos.

Enquanto comia meu hambúrguer, senti uma movimentação estranha, olhei para Jason e ele também tinha percebido.

– Que horas são? - Perguntei.

– São.... Nove e meia. - Ele exclamou. - Acho melhor irmos.

– Ok.

Voltamos para o hotel em completo silêncio. Já que eu não tinha nada para dizer, fiquei observando as ruas, como sempre fazia.

Jason estava certo.

Se fingíssemos ser um casal, poderíamos nos casar e depois de alguns meses nos separar, não erámos obrigados a ficar juntos para sempre.

Era só fingir ser o que eu não era - e nem queria ser.

Em poucos minutos, encostei a cabeça na janela e adormeci.


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Notas finais do capítulo

Hummmm esse Jason :3 espero que tenham gostado! (Amos vocês fantasmas) Beijos e até o próximo!
Se puderem, leiam essa história, recomendo: http://fanfiction.com.br/historia/631636/Perfeito_Acaso/
* O nome dessa banda foi pego em uma história sensacional: I Knew You Were Trouble