Anteriormente em A Prometida

Jason! - Gritei. - Conte-me logo o que está acontecendo, agora!

– Esquece, ok? - Virou-se para sair do quarto.

Corri até ele e o puxei pela camisa.

– Vai me contar agora!

– Não vou não! - Tirou meu braço de si e fechou a porta.

DROGA! O que estava acontecendo?

Victória ajustou minha postura e olhou para nosso reflexo no espelho. Em menos de duas horas a festa teria início e ela estava ajustando os últimos detalhes em mim, antes de eu botar minha fantasia.

– Acho que agora pode ir se arrumar, Adly. - Disse Victória.

Dei de ombros e voltei para meu quarto. Ainda me sentia destroçada pela morte de Karlie. Por Ethan ter esquecido de retornar a ligação e de Jason não contar o que quer que houvesse acontecido. Minha mente fervilhava por tanta curiosidade; Jason afirmara ter um contrato no meio de tudo e uma dívida também. Eu não era burra e tinha a plena certeza de que a dívida com certeza era por parte da minha família. E juntando os pontos, meu avô mentira á mim e fizera uma grande merda, e como eu era a única que pudesse quitar a dívida, fui vendida. A parte boa da história era que de alguma forma eu sabia a verdade e sentia uma satisfação sem igual por ter o velhaco nas mãos. Meu avô e eu mantínhamos uma relação mútua de ódio. Quando mudara aos nove anos para casa dele, não imaginava a droga que minha vida iria se transformar. Felizmente, algumas pessoas sempre estavam ao meu lado, para me ajudar.

Peguei minha fantasia, um conjunto perfeito de princesa - pode acreditar, eu não a queria -, um vestido rosa-claro, longo e esvoaçante, um par de scarpins vermelhos com pedras prateadas e uma tiara de flores metalizadas "feita com prata e especialmente para você, de Paris", mencionara Elisabeth.

Exceto a coroa, peguei o conjunto e caminhei até o banheiro. Liguei a água da torneira na temperatura máxima. Inspirei profundamente, reavaliando minha decisão.

– Eu não vou fazer isso.. - murmurei. - Eu não sou tão louca assim....

Finalmente, joguei tudo em minhas mãos na água. Vi parte do vestido se desintegrar, encharcar. Os saltos continuaram na mesma situação. Sai do banheiro e liguei para Madison. Naquele momento ela seria minha única alternativa, embora que quisesse fazer tudo sozinha.

Alguns segundos depois, ouvi o som da sua respiração do outro lado da linha.

– Adly?

– È a própria. Preciso da sua ajuda.

– Curta e direta - brincou ela. - Em que posso ajudá-la?

– Preciso que me leve até a loja de fantasias mais próxima.

Ela suspirou.

– O que aconteceu com a sua roupa? - Indagou.

Caminhei lentamente, meramente satisfeita ao ver tudo molhado. Mordi meus lábios.

– È uma longa história.

– Eu não tenho o tempo do mundo, mas posso te ajudar. Passo ai em menos de meia hora.

Ela desligou antes que eu pudesse contestá-la.

Dobrei os braços encarando o vazio. Só me restava esperar Madison e por em prática meu novo "plano". Se a família Kroetz queria uma festa inesquecível, eles a teriam.

– Para onde vamos? - Perguntei ao entrar.

– À Patty´s. Comprei a minha fantasia lá.

Dei de ombros.

– Quanto tempo levaremos para chegar?

– Pouco.

Tanto quanto eu, Madison falava estritamente o necessário. Eu até me soltava um pouco e eram nessas ocasiões em que eu parecia uma completa retardada. Como da vez em que Ethan me convidara para correr com sua tia e ele. Eu fora escondida de meu avô e nem um pouco preparada. Num momento de desespero para ficar mais alegre diante da situação, engoli de uma vez só duas latas de energético. Fora um vexame para mim quando comecei a correr e á cambalear, esbarrando em todas as pessoas. Eu só tinha doze anos. Ethan sempre que podia me lembrava do fatídico dia em que Adly Rossel foi extremamente louca.

Madison estacionou seu Suv branco frente a uma loja e o desligou.

– Chegamos.

Saímos do carro e entramos na loja com a vitrine repleta de exemplares de fantasias. Por dentro, a loja era rosa, outra preta e neutra outra era prateada, como se cada espaço se adequasse ás roupas.

– Em que podemos ajudá-la? - Uma garota simpática de cabelos vermelhos e piercings, nos atendeu.

Madison olhou para mim, esperando uma resposta.

– Vocês por um acaso tem fantasias pretas? Tipo, hum... Com pedras brilhantes. Um vestido para ser mais exata, ou algo do tipo.

– Temos sim. - respondeu ela. - Queira me acompanhar.

Olhei para Madison e ela deu e ombros, indo olhar outras roupas. Segui a atendente até um espaço no fundo da loja, onde vários vestidos jaziam dentro de sacos transparentes.

– Fique a vontade, qualquer coisa, eu estarei lá no balcão. - A garota sorriu e voltou ao seu posto.

Pus-me a verificar qual fantasia mais se encaixava na minha atuação situação. Se não fosse tão trágico o fato de ter molhado toda a minha roupa, eu riria - e muito.

Em meio a tantos modelos exóticos e exagerados, enxerguei um com decote quadrado, discreto. Peguei-o e me informei com a atendente aonde seria o provador.

Olhei-me no espelho quando fechei o zíper e me vi deslumbrante. O vestido negro caia delicadamente em meus pés, a gola alta dava um certo "charme" a mais e ainda por cima combinava perfeitamente com a coroa que eu deixara em "casa" (acostumar-me a chamar aquela mansão de casa ainda era difícil). Vislumbrei o bojo e a renda que cobria o tecido esvoaçante abaixo do quadril e no busto, colado. Em outro caso, eu jogaria aquilo no lixo mas seria ridículo desperdiçar uma roupa que se identificava tanto comigo nos últimos tempos. Eu não estava feliz, nem pronta para casar com Jason. Ele era indiferente e poucas vezes mostrara ser alguém legal. Exceto quando me ajudara quando machuquei meu pé, Jason era um besta e eu não pretendia me aproximar dele. Asher era a mesma coisa. Ambos os irmãos tinham o mesmo modelo de rosto e altura diferenciada por pouquíssimo centímetros, só quem realmente era atento iria perceber. Suas vozes eram iguais; os cabelos e os olhos o diferenciavam, mas isso era um caso a parte. Se um deles resolvesse pintar e dar um jeitinho nos olhos, com certeza até o mais observador deixaria passar a diferença. Jason era comportado e sério - nem tanto. Asher era sarcástico e provocador.

Karlie falecera e meu coração se dilacerava todas as vezes que eu pensava nela como um meio de esquecer os problemas. No entanto, eu sabia que não adiantaria mais me refugiar nos pensamentos de ligar para ela quando eu tivesse um tempinho livre, porque ela não mais atenderia o telefone. E de certa forma eu sabia que tinha culpa mesmo que indiretamente. Karlie nunca apoiou o tratamento de meu avô á mim, desde a minha entrada lá. Nos conhecíamos há tempos por causa dos meus pais e infelizmente fomos separadas por anos. Até encontrá-la trabalhando como uma escrava para Kennedy - o velho nunca prestou e minhas convicções sobre ele só se fortaleceram quando ele foi idiota o bastante para me vender! Hipócrita.

Troquei a roupa novamente, deixando meus pensamentos um pouco de lado. Eu não mudaria drasticamente por causa de uma roupa. Isso não fazia parte de mim e mudar nunca fora meu ponto forte, porém, quem sabe se com a oportunidade de impressionar toda aquela gente, eu pudesse enfim, mostrar que eu não estava brincando quando afirmei que não casaria. Ethan seria minha única escolha e tentaria me afastar ao máximo de fortes emoções; não me apaixonaria por outro alguém pois tinha Ethan e ninguém além dele ocuparia um lugar especial em meu coração.