O Código Bruxo escrita por Igor Feijó


Capítulo 9
O Rastro Fantasma




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Do lado de fora do cárcere eu estava munido de provisões e equipamentos que jamais poderia ter, precisaria de uma vida inteira economizando cada moeda e mesmo assim não chegaria a um terço do que eles me deram. Era preciso que assim fosse, pois, sem isto eu jamais conseguiria fazer uma viagem tão longa, a vida de Nohx estava em minhas mãos. Prazo? Isso não existe aqui, posso demorar o quanto for, estava preso a tão somente quanto meu companheiro aguentaria trancafiado naquele lugar, isto era o meu tempo.

Fui deixado na estrada com um corcel negro e imponente, atado a ele grandes bolsas carregavam o meu suprimento, bem como armas e outros utilitários. O animal parecia entender melhor do que eu a respeito do precisava ser feito, os olhos fixos na estrada e a respiração controlada denotavam um preparo prévio de sua jornada, não movia um músculo, aguardava em sua concentração os comandos para os quais fora treinado a responder. Acariciei seu pescoço e logo depois estava montando-o, segurei as rédeas com firmeza e senti inveja, pois, naquele momento eu não tinha um norte como ele, a vida não me daria comandos, eu era instinto e ele era raciocínio. Por uma ironia do destino eu estava controlando-o, mas me pergunto se naquele momento não deveria ser o contrário.

Minha mente trabalhava tropegamente na vã tentativa de encontrar um rastro, mas como se persegue um fantasma? Com histórias, diria Nohx. Os caminhos de Homora foram construídos por um povo chamado Alohs, alguns dizem que estes caminhos fazem parte de uma fortaleza subterrânea, já outros afirmam que estes mesmo caminhos são linhas da magia que arrastam o ser para determinado conhecimento, tente unir estas histórias atrelada a muitas outras lendas e você terá um quebra-cabeça com peças de vários lugares, mas que unidas formaram um grande e majestoso nada.

O corcel galopava com ferocidade, bufava quase que de modo técnico como se calculasse a respiração baseado no número de passadas, cortava o vento com uma beleza indescritível. A trilha por onde passávamos era pequena, imensas árvores formavam um corredor estreito permitindo apenas a passagem do animal e sua montaria, galhos repentinos surgiam na visão de maneira veloz, mas o corcel estava atento a tudo que se movia ou pudesse atrapalhar seu caminho, reduzia com maestria para que o meu reflexo pudesse se adaptar a situação e eu não caísse com uma estocada no peito.

Ao atravessar a pequena trilha tortuosa nos encontrávamos em uma colina, ao longe identificavam-se pequenas luzes, os dedilhados de um alaúde magistralmente afinado espalhavam sua história pelos ares, a melodia remetia a feitos que ninguém nunca havia alcançado, mas que inspirados por aqueles acordes estariam mais do que preparados para isto. Naquela cidade o delicado toque do sono era atrasado pelos contos dos instrumentos, acompanhados destes estavam os Contadores de História, também chamados de Bardos. Juntos, homem e artefato faziam os corações se enxerem de vigor, a esperança voltar a jorrar e a coragem a esculpir o espírito. Eu não possuía um rumo, mas aquele ser me levara até ali respondendo apenas aos meus gritos, talvez ele soubesse realmente para onde ir, ou talvez fossemos dois perdidos servindo unicamente de joguete nas mãos do destino. Não importando o meio, eu estava exatamente onde precisava estar.

Estava em Papyria, a cidade das histórias.


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