O Código Bruxo escrita por Igor Feijó


Capítulo 8
O Salão Oval




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Todas as promessas foram devidamente cumpridas.

Me encontrava reestabelecido para mais uma sessão de tortura, porém, a dor física não seria o foco principal. Ter que responder a uma cúpula para fazer valer a sua vida, um dos piores momentos que se pode ter, não sabia mais o que pensar... a essa altura os socos e pancadas com instrumentos de ferro me pareceram uma boa ideia.

A medida que caminhava pelo corredor escuro de pedras frias sentia o estômago saltar como um goblin fugitivo, queria devolver tudo o que havia posto pra dentro. Meus guias assemelhavam-se a fantoches movido por cordas sombrias de uma vontade dominante ausente, suas máscaras não traziam o mesmo brilho visto nas anteriores, pareciam perdidos, mas ao mesmo tempo rumavam com convicção. Os gritos e celas ao longo do percurso indicavam que eu não era o único a estar naquela situação, a má iluminação não permitia que eu identificasse rostos pelas frestas gradeadas, Nohx poderia ser facilmente um deles.

Ao atravessar o pequeno arco desprovido de porta um facho de luz em cone de tom amarelado se avolumou sobre mim, a luz era projetada de grandes objetos flutuantes com o formato característico dos lampiões. O tribunal circular imitava uma arena, porém, de proporções muito menores, sentado em poltronas de ferro estavam aqueles que me julgariam. Não era preciso pronunciar uma palavra sequer para entender que eu já estava condenado, meu único objetivo era fazer com que tais juízes mudassem seu pensamento.

– Alto condenado – gritou uma das máscaras de longos cabelos brancos como a neve.

As luzes se moviam lentamente como blocos de fumaça dançando na brisa, sua forma se alterava levemente e os fachos mudavam ora para o meu rosto, ora para o centro da arena. Com a cabeça abaixada eu esperei a chance de poder me manifestar.

– Mediante a informação prévia que recebemos de seu orientador – é assim que eles se referiam aos carrascos – Tu tens o direito a um argumento.

Levantei o rosto na direção das máscaras a fim de, encarar meus algozes, mas a luz não me permitia mira-los por muito tempo.

– Como os senhores já devem saber, não possuo o artefato que julgam estar em minha posse, contudo, posso leva-los até ele através do caminho perdido de Homora.

Houve um pequeno incomodo ao mencionar o povo esquecido de Homora, certamente era uma manobra arriscada, mas era a única que eu tinha.

– Espera que acreditemos em lendas, condenado? – Ergueu-se da poltrona apoiando os dedos sobre o balcão de pedra a frente – Ousa nos fazer de tolos? – Projetou o rosto para a frente como se cuspisse as palavras.

Fiz uma pequena mesura, não queria irritar esses homens, havia uma chance de sair vivo, eu só precisava fazer isto direito.

– Senhor, jamais faria isto. Bem sei da inteligência e sabedoria dos senhores aqui presentes e o poder que carregam em seus nomes, vocês querem algo que eu não tenho, mas sou o único que pode leva-los até onde ele se encontra.

Enquanto o ser de cabelos longos acomodava-se novamente em seus assentos um segundo levantou-se, trazia a corpulência de um porco pronto para o abate e sua máscara tinha bochechas elevadas.

– Ora, ora – disse com uma voz fina nasalada – Talvez este rapazinho realmente esteja dizendo a verdade, podemos dar um crédito a ele meus irmãos.

Sua cabeça trocava de posição repetidas vezes como uma espécie de desconforto, balançava de um lado para o outro em movimentos rápidos e desconexos. Esperei que completasse seu intento.

– Porem, como bem sabes, jovem condenado, estará sujeito a regra da troca. Tu terás que deixar teu companheiro conosco como prova de que não nos enganará – soltou um pequeno riso entre a respiração embolada.

Era algo esperado, malditos demônios.

– Eu aceito.


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