Chihiro to Sen no Kamikakushi escrita por Delvith


Capítulo 4
Zeniba


Notas iniciais do capítulo

Minhas mais sinceras desculpas pela demora, sério mesmo.
Eu tive várias atividades e deveres com prazos curtos para fazer, no fim acabei não arranjando tempo para fazer este capítulo.
Pretendia ter postado ele ontem, mas não consegui por mais alguns imprevistos. Além de tudo, esse capítulo foi um pouquinho difícil de escrever, bateu um bloqueio



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A euforia e ansiedade bateram em Chihiro com tamanha força que a menina ficou desnorteada. Seu cérebro estava a mil. Depois de dez anos lutando para poder fazer algo, agora que a hora chegara, Ogino simplesmente não sabia o que ela podia ou devia fazer. Eram tantos lugares a explorar e tantas coisas a procurar que simplesmente não conseguia parar e organizar seus pensamentos em uma sequência lógica.

Passados alguns minutos nesse inferno mental, Chihiro forçou-se a sentar de pernas cruzadas até relaxar. Uma batalha Chihiro Vs. Chihiro estava sendo travada em sua mente, uma metade querendo acalmar a outra, enquanto essa outra queria destruir a primeira por estar obrigando-a a ficar parada sem fazer nada. No fim, ficou apenas mais confusa e com dor de cabeça. Forçou seus dois lados a chegarem em um acordo, o que a fez acreditar estar ficando louca.

O acordo era basicamente fazer o que ambas as partes desejavam, mas moderadamente. Exploraria tudo o mais rápido possível, mas com toda a calma que lhe era necessária para não acabar tendo um ataque.

Com grande esforço, ergueu-se e abriu dramaticamente a grande porta dupla de entrada. Inspecionou o local por algum tempo, girando sua cabeça em ângulo de 180º, não focando em região alguma por mais que alguns segundos. Decidiu seguir para a esquerda, onde poderia estudar aonde ficavam as enormes banheiras para os clientes da casa de Yubaba. Por ter trabalhado tanto tempo ali com Lin, deduziu ser um bom jeito de se começar a procura pela verdade.

Entrou em cada ala, olhando todos os cantos e dentro das banheiras. Na realidade, não achava possível encontrar algo ali, afinal, era só o lugar onde os deuses e espíritos podiam desfrutar dos melhores banhos de infusões de ervas. Mas começar por algo simples e que não fosse traiçoeiro seria bom para ela. Ilusões não seriam ainda mais alimentadas.

Terminado o reconhecimento daquela área, Chihiro resolveu ir para as forjas de Kamaji. A menina só conseguia pensar em duas partes realmente importantes, que eram as forjas de Kamaji e o escritório de Yubaba. Como sua intenção era ir com calma, Ogino optou por conferir a sala de Yubaba por último, mas, para não ir tão devagar, visitar as forjas logo no início. Achava que assim ficaria um pouco mais balanceado.

Lembrando-se do mapa que Haku mostrou ao tocar sua testa, Chihiro seguiu o caminho que ela certamente jamais esqueceria. Algo ensinado através do toque de Kohaku simplesmente não podia ser esquecido.

Como da primeira vez, sentiu medo ao ver aquela longa e nada segura escadaria. Sentou-se no primeiro degrau e seguiu sentada por um tempo, até recuperar a coragem. Foi um pouco mais rápida na cautela do que há dez anos atrás, mas nenhum degrau se quebrou. A descida foi absolutamente tranquila e silenciosa, exceto pelo som do coração de Ogino, que ribombava em seus ouvidos.

A cena encontrada não foi nem um pouco agradável. No alto da enorme parede, haviam algumas gavetas abertas e um espaço vazio. Ao olhar para o chão, viu ali a gaveta que caíra dali, com seu conteúdo de ervas secas todo espalhado no chão. Havia um pote de comida quebrado no chão, assim como uma cesta vazia que Chihiro sabia que ali outrora havia pequenas estrelinhas doces para alimentar as fuligens mágicas. Mas de tudo, o mais assustador era a região onde as pequeninas fuligens trabalhavam. Por toda a parte, manchas pretas marcavam o chão, algumas com pedras por cima.

Assustada, Chihiro abafou um grito com as mãos. A mágica que mantinha as pequeninas criaturas havia sumido sem aviso. As manchas eram resultado do fim da mágica, o retorno delas a reles sujeiras. Os grandes pedaços de rocha que estavam espalhados mostravam que elas estavam trabalhando quando a catástrofe aconteceu.

E seja lá o que cortou a magia, também fez algo a Kamaji. Era visível que ele foi retirado de suas atividades a força e sem aviso. A gaveta caída provavelmente fora puxada quando fora arrastado para longe.

Chihiro obrigou-se a não chorar. Algo realmente sério havia acontecido ali.

Toda a sua calma foi embora.

Correu desesperadamente, o escritório de Yubaba traçado como rumo. Chegou ao elevador de madeira que se via quebrado. Depois de encontrar escadarias por onde pudesse subir, a menina seguiu seu caminho até o único elevador que chegava no último andar. Quando o alcançou, constatou que também não funcionava.

O elevador de madeira não foi dificuldade, mas este absolutamente era uma. Não havia escada que fosse a uma região tão alta como o último andar. Aquele era o único jeito.

Forçou as portas a se abrirem e entrou, analisando o pequeno espaço. No teto, havia uma alavanca que, apesar de enferrujada, Chihiro conseguiu puxar. Quando o fez, uma pequena portinha se abriu e a garota viu os fios que seguravam o elevador e o grande espaço que este percorria ao subir e descer. Içou-se, conseguindo ficar de pé, do lado de fora.

Tentou subir através das cordas e fios, mas não conseguia sustentar seu peso deste jeito. Decidiu, então, esticar seus braços e pernas, prendendo-se as paredes. Jogou seu peso para cima e assim foi subindo, iniciando um percurso de possíveis centenas de metros.

Várias vezes, Chihiro precisava parar para descansar ou controlar algum iminente ataque de claustrofobia. Ali o ar parecia rarefeito, o que somado ao esforço do exercício, tornava quase impossível respirar. Também não entrava luz, o que tornava a experiência ainda mais desagradável.

A sala da bruxa estava em um estado deprimente. O caos que o filho de Yubaba causara no primeiro dia que Chihiro se transformou em Sen parecia organizado diante daquela bagunça.

Se havia algum objeto intacto, a menina se via incapaz de encontrá-lo. As cortinas estavam rasgadas, o abajur partido ao meio, sacolinhas de dinheiro abertas no chão, o que criou um tapete de moedas douradas. Até a madeira da ladeira estava jogada em algum canto. Documentos estavam espalhados para todos os lados. Chihiro não conseguia imaginar o que poderia ter deixado a sala daquele jeito.

Por mais que tenha procurado por ali e no quarto do bebê, não encontrou nada.

“Toc toc toc”

Quando estava quase desistindo e indo procurar em outro lugar, um barulho estranho, de batidinhas leves, ecoou pela sala. Ogino apurou os ouvidos, o corpo em posição defensiva, tentando descobrir a origem do barulho e se tal origem era perigosa.

O barulho continuou mais um pouquinho e a menina olhou pela janela, mas nada viu. De repente, algo branco surgiu pelas frestas da veneziana. Esticou-se e forçou-se, até que um pequeno homenzinho de papel conseguiu entrar na sala, idêntico aos que haviam outrora perseguido Haku.

Igualzinho ao que havia se transformado na irmã de Yubaba.

Dessa vez, as mãos de Chihiro não foram rápidas o suficiente para sufocar o grito que nasceu em sua garganta. Estava em silêncio tenso há tanto tempo que sua voz, já não muito normal por causa do susto, lhe soou absurdamente estranha.

O homenzinho de papel fez uma reverência, que Chihiro retribuiu hesitante, sem nunca desviar o olhar. Com seu bracinho, o pequeno ser fez um gesto para que ela o seguisse.

Antes que pudesse perguntar para onde, a criatura mágica saiu do escritório de Yubaba. Mas, de qualquer maneira, a resposta veio claramente para Chihiro.

Ela iria, mais uma vez, até o fundo do pântano. Mais uma vez, encontraria a irmã gêmea de Yubaba. Talvez reencontrasse Sem Face, também.

Zeniba...


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Notas finais do capítulo

Ah, gente, hoje é meu aniversário, então se quiserem me presentear com suas opiniões, ficarei muito grata



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