Mudanças para muitos são difíceis, sair da conhecida zona de conforto nem sempre é fácil encarar novos desafios ou conviver com pessoas diferentes. Minha vida estava mudando muito nos últimos meses e confesso que não esperava que as mudanças fossem positivas a ultima grande mudança que tinha vivido havia sido a oito anos e foi péssima, mas fico feliz em estar totalmente errada e dessa vez elas estavam sendo de fato quase que totalmente agradáveis.

— Você esta brincando comigo? – perguntei sem tirar as mãos do volante mesmo com o carro parado.

— Não, estou falando serio – Peeta estava relaxado no banco do carona – Vamos lá Katniss você esta indo bem, a essa hora as ruas estão quase vazias não vejo motivo para você não ir dirigindo daqui até em casa.

— Eu posso bater em algum carro, posso atropelar alguém é melhor você levar o carro – tentei convence-lo mesmo sabendo não funcionaria já que ele perecia estar decidido a não trocar de lugar comigo.

— Você só vai perder esse medo se começar a dirigir dentro do Distrito. Eu confio em você e tenho certeza que você não vai bater ou atropelar ninguém, e eu estou do seu lado – olhei em seus olhos e vi confiança neles então liguei novamente o carro, mesmo com um certo frio na barriga.

— Não me responsabilizo por qualquer dado ao seu carro – ele riu.

— Fica tranquila estou pensando em trocar –  sai com o carro e tentei manter a calma enquanto seguíamos em direção ao Distrito.

Diferente do meu avô os Mellark não tinham um motorista todos dirigiam, particularmente eu não me importava em pegar o transporte publico ou um taxi, mas Peeta fez questão de me ré-ensinar a dirigir já que segundo ele por mais que ele não se importasse em me levar aos lugares após o verão seria bom eu estar dirigindo devido a faculdade que ficava afastada do Distrito. Como todo aluno do colegial assim que fiz 16 anos tive aulas de direção e peguei minha licença provisório para dirigir acompanhada, mas nunca dirigi qualquer carro depois disso, já que minha rotina era basicamente do colégio para casa e de casa para o colégio e onde quer que eu fosse fora da rotina meu avô mandava Seneca me levar. Então nas ultimas três semanas sempre que possível Peeta me trazia até uma das estradas próximas ao Distrito e me deixava dirigir e não tive nenhum problema com isso já que a estrada vivia praticamente vazia, mas a alguns dias ele resolveu que já era hora de começarmos a andar dentro do Distrito. Eu havia conseguido até o momento convence-lo de nos mantermos na estrada já que a ideia de dirigir em meio aos pedestres e demais carros não me agradava muito, mas hoje ele havia se negado a pegar o carro e levar de volta como todos os outros dias.

Seguimos pelas ruas em uma velocidade segura e até um pouco abaixo do esperado para a via, mas que me passava confiança e como ele mesmo disse o movimento era pouco. Como professor Peeta era tranquilo e passava confiança, porem confesso que mesmo não sendo tão ruim fazer o percurso e eu tenha me saído bem fiquei muito feliz quando encostei o carro em frente a entrada da garagem da casa dos Mellark.

— Eu não vou colocar na garagem – me adiantei antes que ele pedisse.

— Por que não?

— Olha o tamanho do espaço que tem ali – disse apontando para a vaga entre os carros da Effie e o do Haymitch – No mínimo eu estrago a pintura de um dos dois e do jeito que tenho sorte vai ser o do seu pai – ele avaliou o espaço por um momento.

— Tudo bem – desci e esperei enquanto ele rapidamente guardava o carro com perfeição e naturalidade e seguia ao meu lado – Não pensei que vai fugir de guardar o carro por muito tempo.

— Pretendo adiar isso o quanto puder - assim que entramos vimos Effie sentada na sala lendo algum livro, ela sorriu assim que nos viu.

— Como foi a aula de hoje? – perguntou enquanto Peeta beijava seu rosto e se jogava no sofá ao lado dela e eu me sentava em uma poltrona.

— Boa, Katniss trouxe o carro hoje e já não me sinto mais andando em um cavalo – Effie riu enquanto fechei a cara para a referencia a piadinha que ele havia feito no primeiro dia que peguei o carro e não consegui sair com o mesmo direito.

— Em breve Katniss vai estar dirigindo melhor do que você filho, nos mulheres somos mais atentas ao transito e muito mais cuidadosas que vocês.

— Falou pessoa com o seguro de carro mais caro e mais usado da casa – Haymitch disse entrando na sala e se sentando ao lado da esposa.

— Os incidentes que aconteceram até hoje comigo foram culpa de outros motoristas desatentos ao transito – ela se defendeu.

— E de uma árvore imprudente que estava parada a anos no mesmo lugar – Haymitch disse sorrindo de leve.

— Eu tinha me esquecido da árvore – Peeta riu – A alguns anos minha mãe bateu o carro em uma árvore na estrada sul – ele me explicou.

— Culpa de um outro motorista que me tirou da estrada – Effie se defendeu novamente.

— Sim querida foi um outro motorista – Haymitch disse como quem não acredita.

— Eu não vou ficar explicando isso novamente, mas acredite Katniss a culpa não foi minha, esses dois é que gostam de dizer que sou ruim no volante – ela disse se levantando – Vou pedir para servir o jantar.

— Precisa de ajuda? – ofereci, mas ela negou levemente com a cabeça e seguiu em direção a cozinha, mas antes mesmo de sair da sala ela voltou

— Snow ligou procurando por você Peeta, pediu para você entrar em contato com ele.

— Obrigado, vou ligar de volta – ele disse se levantando e indo em direção a biblioteca.

Fiquei curiosa sobre o que meu avô queria com Peeta já que a desde o casamento a quatro semanas atrás eu mau havia visto ele eu sempre ia até a mansão ver Prim, mas ele quase nunca estava e quando estava não fazia muita diferença já que ambos preferíamos ter o mínimo de contato possível. Alias esse mês longe da minha irmã não tinha sido fácil. Como a casa que Peeta comprou não estava pronta estávamos morando na casa dos pais dele provisoriamente, ele havia sugerido alugar uma casa caso eu não me sentisse a vontade de ir morar lá, mas seria algo desnecessário já que as obras na casa estavam seguindo um bom ritmo e aparentemente não haveria atraso no prazo estimado, e confesso que não estava sendo ruim viver ali. Os pais dele me travam muito bem e Effie fazia o possível para que me sentisse a vontade desde o primeiro dia que voltamos das montanhas onde passamos três dias que alias foram muito agradáveis.

O domingo após o casamento amanheceu em meio a uma nevasca não muito rigorosa, mas que acabou nos mantendo no chalé durante todo o dia então passamos boa parte do dia vendo filmes e conversando. Nos dois dias seguintes o tempo estava melhor então aproveitamos para esquiar eu nunca tinha esquiado na vida, mas Peeta fazia isso desde pequeno e se mostrou paciente em me ensinar e embora tenha levado muitos tombos no primeiro dia rendendo ao meu marido muitas risadas no segundo consegui uma melhora significativa que me permitiu descer algumas pistas com ele e apreciar mais a atividade.

O grande problema era a falta que sentia da minha irmã, por mais que eu fosse praticamente todos os dias vê-la na porta do colégio e vista-se a mansão mais de uma vez por semana não conseguia não pensar nela, eu sabia que Mags estava cuidando dela com o mesmo carinho que sempre cuidou, mas eu me sentia responsável por ela de alguma forma e me sentia mau principalmente por estar vivendo em um ambiente muito mais tranquilo do que ela.

Assim que Peeta voltou fomos jantar e estranhei ele não comentar nada sobre a ligação do meu avô ate onde eu sabia ele não tinha muitos negócios com os Mellark o casamento havia rendido o dote do qual eu não fazia ideia do valor e um contrato para o fornecimento dos vinhos para os restaurantes nada exclusivo, porém pelo que vi rendia um valor significativo. Diferente do meu avô tanto Haymitch como Peeta não demostraram nenhum receio em falar de negócios com na presença das mulheres pelo contrario meu sogro mantinha Effie a par de diversos assuntos relacionado aos negócios e pelo que soube ela havia trabalhado com ele anos atrás. Peeta aparentemente vinha seguindo o exemplo do pai e no ultimo mês falava comigo tranquilamente sobre os assuntos dos restaurantes.

O Jantar transcorreu normalmente em um clima tranquilo, de fato as refeições naquela casa eram bem diferentes do que na casa do meu avô, não havia o silencio perturbador e aquele clima tenso a conversa fluía com naturalidade e mesmo que eu não falasse muito podia sentir o clima agradável. Após o jantar Peeta se retirou antes mesmo da sobremesa o que foi sem duvida estranho, e quando entrei no quarto alguns minutos depois ele estava concentrado no notebook.

— Trabalho? – perguntei me rendendo a curiosidade um tempo depois antes de me deitar.

— Não exatamente – ele respondeu olhando em minha direção – Documentos importantes que preciso revisar – ele voltou a leitura enquanto me preparei para dormir estranhando a resposta evasiva dele.