Capítulo V

Era um dia chuvoso, uma suave e silenciosa tempestade tomava conta de toda a cidade de Butterfall. A antes citada cidade estava tendo comentários por toda a aldeia global, internet e noticiários só falavam das misteriosas mortes que cercavam a misteriosa cidade. Vários policiais estavam investigando a morte de Paola e do pai de Morgan, mas sem resultados obtidos.

Lepus Steel anunciou que iria fechar as portas através da diretora, essa foi uma reação as recentes mortes. Outro anuncio foi feito, uma chamada para um acampamento, a diretoria não soltou informações para os alunos e nem para a impressa, mas todo aquele teatro era apenas para a escola ficar livre durante as investigações.

Morgana estava arrasada, seu pai era o único familiar que havia restado. A família de Paola decidiu enterra-la em outra cidade junto à mãe. Alexia e Sam estavam consolando Morgan, isso até o caixão de seu pai ser baixado até sete palmos do chão.

Após algumas palavras de conforto dos amigos da família, o velório foi encerrado, e com isso as três garotas voltaram para a escola. Ao chegar ao local, a diretora convocou todas as alunas para se reunirem no pátio, pois ela queria esclarecer algumas coisas sobre a viagem.

–Olá alunas, primeiramente eu gostaria de dar meus pêsames a senhorita Morgana Prati pela morte de seu pai, e a as amigas de Paola. –Pronunciou a diretora enquanto pegava alguns papéis e colocava sobre a mesa. –Como todas já sabem, Butterfall fechará as portas e em consideração aos assassinatos que vem acontecendo com alguns alunos da escola. Levaremos vocês para um acampamento localizado na cidade de Dryadalum. É um acampamento feminino, garotos não entrarão lá, e se entrarem as guardas iram retira-los fazendo o que for preciso. Desde já agradeço a compreensão e amanhã bem cedo eu quero ver todas de pé aqui no pátio.

Após o longo e demorado discurso da diretora, todas as alunas voltaram para seus dormitórios, algumas começaram a arrumar as malas, outras foram comer algo. Sam e Alexia acompanharam Morgana até seu quarto, elas queriam ver se estava tudo bem com sua colega. Sam continuou no quarto, mas Alexia se retirou depois de alguns minutos. Após a saída de Alexia, Morgana caminhou até a porta e verificou se não tinha ninguém por perto, após ter certeza de que não tinha ninguém Morgana fechou a porta e caminhou até o armário.

–Você deve ter percebido eu acordei durante a noite... Eu não confio em você, e muito menos na Alexia, mas eu preciso conversar com alguém sobre isso. –Dizia Morgana enquanto pegava a foto antes deixada por alguém da Associação. –Durante a Madrugada eu acordei e percebi que havia algo no chão, quando cheguei lá vi que era uma foto, uma foto da Alice.

–O que você quer dizer com isso? –Perguntou Sam. –Você acha que a Alice faz parte da associação?

–Na pior das hipóteses... Mas não. Segundo alguns cálculos que eu fiz se baseando nas informações adquiridas nos antigos casos...

–Para! Você está falando igual à Alexia. –Interrompeu Sam.

–Tá, eu paro. Lembra-se de quando eu fui presa no galpão? Nós fomos até lá atrás no propósito de salvar a Amanda. –Idealizava Morgana.

–Sim, eu lembro. Se bem que eu não estava nem um pouco interessada em salvar alguém.

–Sem piadas agora. Alguém deixou uma pista de quem seria a próxima pessoa a ser morta, com a Alice deve ser a mesma coisa. Dessa vez temos que impedir a Associação.

–Você acha que se conseguimos impedir a morte da Alice possivelmente vamos conseguir alguma informação sobre a Associação?! Bem, pra uma pessoa que perdeu o ultimo membro da família sua cabeça está ótima.

–Sam... Falando nesse assunto, eu gostaria de ficar só, preciso descansar, foi muita informação pra um dia só.

Morgana pediu que Samantha se retirasse do seu quarto, assim como qualquer pessoa ela precisava descansar. Um encontro com Alexia havia sido marcado para a noite, elas sabiam que Alice iria a biblioteca e possivelmente conseguiriam impedir o assassinato.

Quando o crepúsculo estava abandonando o céu alaranjado de Butterfall, a noite abraçava aquele painel com a cor azul da meia noite. Morgana se encontrou com Sam do lado de fora da escola e as duas seguiram para a biblioteca da cidade. Chegando lá encontraram com Alexia e esclareceram toda a situação, após alguns minutos de conversa, Alexia fechou os livros e foi em busca de Alice junta de suas “amigas”.

As três garotas foram para a escola o mais rápido possível, ao chegar no local correram até o quarto de Alice procurando possíveis informações de onde ela estaria. Alice havia deixado o celular em cima da cama, Sam viu que o aparelho estava aberto nas mensagens e decidiu ler a ultima...

–“Será que suas amigas realmente se preocupam com você? Vamos descobrir isso...” - Samantha segurou a voz por uns dois segundos. –Ela está perto do penhasco.

Após a pequena lida de Sam, as garotas foram até o penhasco que se localizava no norte de Butterfall. Chegando lá elas encontraram as roupas de Alice e um bilhete... “Eu não sabia o que estava prestes acontecer, então eu decidi desistir de mim mesma. Eu sabia que se eu deixasse ser assassinada por eles, alguém teria que dar explicações.”

–Ela se... Suicidou. –Sussurrava Morgana com a voz pálida.

–Mas... –Duvidou Alexia enquanto corria até aponta do penhasco e olhava para o mar.

–“A cada quarenta segundos uma pessoa comete suicídio...” Vão julgar ela sem saber os verdadeiros motivos. –Sam ironizava, mas a sua voz tomava um tom forte. –O mundo nunca foi gentil com ninguém, é melhor se acostumarmos. Eu não quero ser a próxima a morrer.

Sam saiu caminhando e deixou as duas amigas no mesmo local.

O sol estava sorrindo para Butterfall, de uma forma sarcástica, mas estava. Todas as alunas estavam reunidas no pátio, com exceção de Sam, que dormiu mais do que o certo, por sorte a mesma chegou um pouco atrasada.

–Morgan. –Sussurrou Sam tentando chamar a atenção da colega - Falaram alguma coisa sobre o suicídio da Alice?

–Nada do tipo, a diretora só afirmou que estávamos quase perdendo a viagem por causa de uma aluna que virou a madrugada acordada. –Ironizou Morgana.

–Eu não tenho culpa. –Dizia Sam enquanto esfregava o nariz.

–Que pó é esse na sua blusa? –Perguntou Alexia.

–Você voltou a fumar? – Morgana completou a pergunta de Alexia.

–Vai ser uma longa viagem, não vou aguentar ficar muito tempo com esse tipo de gente. Eles não admitiram, mas essa viagem é só para investigarem o assassinato. –Sam esfregou os restos de pó com a ponta dos dedos e sussurrou o que sabia.

–Como você sabe disso? –Alexia retirou os óculos e mostrou curiosidade e intuição.

–Eu ouvi a diretora comentando no telefone. –Sam demorou em responder, aquilo deixou Alexia com uma pulga atrás da orelha.

Após aquele pequeno dialogo entre as garotas, os ônibus que levariam elas para Dryadalum havia chegado. As garotas foram separadas por grupos, Alexia e Sam ficaram juntas no grupo três, mas Morgan ficou separada delas no grupo quatro. Havia cinco grupos, cada um foi direcionado á um veículo diferente.

Após aquelas instruções chatas de como manter a segurança, os ônibus saíram. Morgana se sentou só, nenhum aluno sentaria perto dela, a mesma tinha fama de patricinha e que não falava com quem não fosse do seu grupo. Após alguns minutos de viagem, Morgan encostou sua cabeça no vidro e ficou olhando a paisagem, pareciam àqueles filmes de drama, onde a personagem principal se muda e colocam uma triste música para acompanhar a cena.

Morgana levou sua mão até o outro assento e percebeu que havia alguém sentado ali. “Olá” disse à garota que estava ao lado, “E aí” respondeu Morgan.

–Meu nome é Catarine, Catarine Spawnding. –A garota sorria com os olhos, aquilo cativou Morgana de uma maneira inexplicável.

–Desculpe-me, mas eu não estou nenhum pouco interessada em falar com você. Não é nada pessoal, eu só não estou bem. –Morgan sabia que se dessa intimidade a aquela garota, tudo iria se repetir como no passado.

“Data desconhecida, depois do fim da amizade de Morgana e Samantha.”

–Ela me deixou só, eu sou orgulhosa, não iria me desculpar. Se eu fosse realmente importante para ela... Bem, não seria excluída tão facilmente. Eu odeio as pessoas que me excluem de suas vidas sem nenhum motivo... – Morgana enrolava uma mecha de seus cabelos enquanto dava explicações ao psicólogo.

–Menina, você mutilou ela com um pedaço de vaso quebrado. Você deve entender que ela possivelmente esteja com trauma de ficar frente a frente com você.

“Atualmente”

–Tudo bem, sou rejeitada desde pequena... –A garota sorriu mesmo depois da dura resposta de Morgan.

Morgana olhou a garota com olhos de uma pessoa desconfiada, fazer amizades em meio aquele caos que estava acontecendo não era uma boa ideia. As duas garotas continuaram a viagem sem se falar, até chegarem ao destino certo. Ao ver Sam de costas, Morgana deu dois passos a frente, mas Catarine a segurou pelo antebraço.

–Cuidado, pessoas vingativas guardam seus maiores segredos.

Após Catarine fitar seus olhos de uma maneira sinistra, Morgana balançou o braço, se soltando da antes citada. Ela correu até Sam, e ao chegar lá olhou para trás e percebeu que já havia visto aqueles olhos há muito tempo atrás, ela não sabia onde, mas sentiu um arrepio que dizia muito sobre aquela garota.

–O que aconteceu? –Perguntou Samantha.

–Nada, só uma impressão de que alguém havia puxado meu cabelo. Mas mudando de assunto, onde a Alexia se meteu?

–Ela foi até o banheiro, mas está demorando muito.

–Eu vou até lá ver o que está acontecendo. –Morgana puxou Sam pelo braço até chegarem lá.

Ao chegar dentro do banheiro às duas garotas viram Alexia sentada e encostada na parede, ela parecia uma morta, mas estava respirando. Sam caminhou até a mesma e se abaixou a balançando em uma tentativa de acorda-la. “O que houve?” perguntou Alexia assustada.

–Nós que perguntamos isso. –Disse Morgana.

–Bem, eu não lembro muito, mas senti algo pesado em minha cabeça. Eu só vi uma sombra no espelho, não sei se era uma mulher ou algum garoto que invadiu o acampamento. –Alexia coçava a cabeça, esse era um daqueles sinais de esquecimento.

Após conversarem sobre o acontecido, as três colegas saíram de dentro do banheiro e foram até suas barracas. Com muito esforço conseguiram uma barraca onde as três poderiam ficar juntas, mas como nem tudo era um mar de rosas... Cada cabana eram necessárias quatro garotas. Para aquela situação uma garota não muito interessante para a estória foi escalada, seu nome era Jill, ela tinha um visual muito interessante, algo bem Urban conceitual, ou Hipster mesmo. Sam se sentiu aliviada ao ver a garota, talvez fosse pela fama de que pessoas daquele estilo curtiam algum tipo de droga.

Como ainda havia muito tempo disponível, as garotas deixaram seus objetos dentro da cabana e saíram, mesmo sem conhecer Jill, Morgana a chamou para que as quatro ficassem juntas. Elas foram dar um passeio na floresta, um lugar sem guardas, onde a natureza prevalecia, pássaros davam melodia a aquela cena. Não é muito aconselhável andar em florestas desconhecidas, quem assiste filmes de terror sabe do que estou falando.

Pela primeira vez na vida, as garotas parecia amigas de verdade, até mesmo Jill aparentava estar no grupo há muito tempo. O sol estava se pondo, Jill se levantou e caminhou um pouco para frente, ela sorriu e começou a aplaudir o sol. As outras três garotas fizeram o mesmo, só que sentadas. Com o barulho das palmas os pássaros voaram, dando um clima bem retro. Antes do sol se esconder por completo as garotas voltaram para as cabanas.

A lua minguante dançava pelo céu, aquele era o sorriso mais bonito já visto em toda a humanidade. A lua sorria para as garotas, assim como o sol. O sol de Buterfall se despediu dos alunos de Lepus Steel, a lua de Dryadalum deu boas vindas aos alunos Lepus Steel.

Nada foi feito pela associação, mas uma coisa era certa: A associação está em todos os lugares, pronta para iniciar um conflito a qualquer momento, e isso não estava longe de acontecer...