Lembranças escrita por Candy


Capítulo 35
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

Pessoas , mil desculpas pela demora de postar um novo capítulo para fanfiction . Mais o final do ano chegou e junto com ele os vestibulares e também teve uma pequena falta de inspiração no meio de tudo isso .
Bom esse capítulo era para ser maior , mais já que fazia séculos que não atualizava resolvi postar assim mesmo !!
Se ainda tem alguma leitora por aqui, deixe um comentário!!
Beijoooos
PS(1):O inicio do Flash Back vcs vão encontrar no capítulo 30
PS(2):Vou responder a todos os comentários, me desculpem por não telos respondidos ainda , mais como já disse estava meio sem tempo !!



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PDV Daniel

A contragosto , eu e Phoebe viemos para Aspen , não que tivéssemos algum direito de escolha , pelo contrario,Christian apenas nos intimou a viajar o mais rápido possível ,  me dando tempo apenas para literalmente jogar minhas roupas em uma pequena mala e ligar pra Klaus , Emma e Ava.

E por mais que eu não goste de admitir,passar esses dois dias longe da agitação de Seattle e consequentemente  dos paparazzi , já tinham feito essa viagem valer a pena .

Desde quarta a noite ,minha rotina era simples ,  pensar em Ava , fazer sexo pelo telefone , bater uma punheta  , correr de manha acompanhado de perto pelos meus seguranças , ser ignorado e evitado por Christian , ligar para Emma e Klaus , tomar chá com Ana antes do jantar e ver um filme com Phoebe após ele , bater uma punheta novamente, e ir dormir pensando no motivo de Christian estar agindo assim comigo.

Não necessariamente nessa ordem , mas eu estava ficando louco , sem Ava , com Christian e  fora as reclamações de Emma e tudo isso sem sexo .

Quinta a tarde,após ser ignorado pelo meu pai , mais uma vez , resolvi invadir o seu computador , para tentar descobrir o motivo dele estar me afastando . Mais infelizmente não encontrei nada que o levasse a fazer isso comigo . Por outro lado , tinha encontrado nos arquivos da Grey Enterprises , um dos projetos mais fantásticos que eu já vi .Um celular que carregava a base de energia solar. Ou seja, além de economizar energia , ajudar o meio ambiente , nunca a bateria dele ,iria acabar durante o dia . Só tinha um pequeno problema , esse projeto estava parado a alguns meses , então eu meio que resolvi copiar todos os arquivos , todas as contas e refazê-las , para ver se conseguia achar o que tinha de errado , mas até agora eu não estava tendo muito êxito .

—Daniel – Ouvi de longe a voz da Phoebe , me chamar .Estava tão  alheio em meus próprios pensamentos, que provavelmente ,devo ter ignorado minha irmã. Sacudo a cabeça, confuso, me deparando com suas impacientes orbitas acinzentadas .-Estava no mundo da lua,novamente ,irmãozinho . – Debocha , ela rindo .

—O que você quer, Phoebe ? –Murmuro desnorteado.

—Nossa quanto bom humor . – Ironiza Ebe, revirando os olhos . – Você por acaso ouviu alguma palavra do que eu disse ?-Arqueio uma de minhas sobrancelhas , fazendo minha  irmã bufar .-Eu e a mamãe estamos indo , para a cidade fazer compras, após o almoço . Quer nós acompanhar?

—Compras ? – Debocho, dando um pequeno sorriso. – Acho , que vou recusar o seu convite .

—Deixa de ser chato Dan , vai ser divertido .

—E será uma ótima chance de você conhecer a cidade . –Completa Ana , adentrando a sala de jantar , com o fricassê. –Pronto , agora já podem se servir .

—O papai , não vem almoçar ,com nós...de novo ? –Pergunta Phoebe , um pouco decepcionada . Por enquanto , que Ana se sentava há mesa .

Nesses últimos dias , mal vi Christian .Ele não jantava ou almoçava com nós ultimamente.

 E as poucas vezes , que o vi fora do escritório e  tentava puxar algum assunto, ele simplesmente inventava uma desculpa e saia de perto de mim , como se eu tivesse alguma doença contagiosa .

—Ele deve estar resolvendo algum problema da empresa queria . – Replica Ana , tristemente .

—Que novidade .-Zomba ela , sem conseguir esconder , a pontada de decepção em seu voz.-Nem sei porque ainda pergunto .

Acredite Ebe , eu me faço essa pergunta , todos os dias . E ainda não consegui achar uma resposta racional , para ela também .

—Alguma chance de você ir para cidade com nós hoje ? – Questiona Ana , mudando de assunto rapidamente .

—Não sou muito fã de compras . –Espero Phoebe terminar de se servir , para só então colocar uma boa quantia de fricassê , juntamente com a salada  de legumes assados , em meu prato. – E além disso , tenho alguns trabalhos da faculdade para terminar .

—Você pode fazer os trabalhos mais tarde , Dan. –Insiste Ebe. -O dia está muito bonito , para ficar trancado dentro de um quarto.

—Ou dentro de uma loja provando roupas .-Retruco .

—Você realmente é um chato . – Resmunga minha irmã,cruzando seus braços. Fazendo tanto eu como Ana rirmos .

—Parece que eu perdi a piada . – O sorriso , some imediatamente de meu rosto ao escutar aquela voz . Me inclino um pouco na cadeira , me virando para traz a tempo de ver Christian , adentrando a sala de jantar .-Não me esperaram para almoçar ?

O silencio reinava na mesa, sendo até possível, ouvir e distinguir as respirações de Ana e Phoebe . E assim ficou , até minha mãe pigarrar e quebrar o silencio desconfortável   que ali se formou .

—Se soubesse que iria almoçar hoje conosco , teria ido lhe chamar.- Acusa Ana, olhando friamente para o marido.

—Não é do meu feitio perder um almoço em família Anastásia.

—Não é o que você , deixou transparecer nos últimos dias .

Christian solta um suspiro pesado, parecendo estar abatido com algo. Ele nem sequer rebateu Ana , simplesmente sentou na ponta da mesa, e continuou a encarar minha mãe , para meio segundo depois direcionar seu olhar pra Ebe , que sorria para o mesmo . Ele retribuiu o gesto da baixinha , e apertou de leve a sua mão .Para só então , pousar seu  olhar sobre mim . Esse que foi desfiado rapidamente, como se ele não gostasse do que estava vendo .

—Então ? – Questiona ele , tentando puxar algum assunto. – O que foi que eu interrompi ?

—Papai. – Replica , Phoebe feliz em velo a mesa .

—Oi princesa . – Ele diz sorrindo minimamente. Mas esse sorriso não chega até sua íris .

Se eu tinha alguma duvida que algo estava errado , ela não existe mais .

—Não suma novamente .

—Não irei . – Promete Christian, fazendo o sorriso de Ebe se ampliar .

Phoebe , não parou de tagarelar por um segundo  se quer. Ela era a única, que parecia estar feliz por Christian estar presente no almoço novamente. Ou pelo menos era a única que estava demonstrando isso .

—Eu e a mamãe , vamos hoje a cidade fazer compras . – Comenta ela , animadamente.– O que acha de nós acompanhar?

—Hoje , não tem como princesa . – Replica, Christian encarando a baixinha.-Estou cheio de contratos para revisar, além de ter uma videoconferência  com Ross mais tarde.

—Tenho certeza que a empresa sobrevive algumas horas sem você Christian.- Adverte Ana.

—Hoje , realmente não tem como baby.-Responde ele , com uma voz mansa . Como se estivesse fazendo de tudo para evitar uma discussão com minha mãe .

—Se você quiser ajuda ? – Proponho , chamando a sua atenção , pela primeira vez, desde que o mesmo , se sentou a mesa.

—Ajuda ? – Ele repete , olhando para mim por alguns segundos . Antes de abaixar a sua cabeça e se servir novamente .

—Sim , com o trabalho . – Explico , esperando ansiosamente , que ele aceite .

Era estranho , mais sentia falta de conversar com Christian .

—Porque , não vai a cidade com as meninas ? – Questiona , ele sem ao menos me encarar .

Se existisse alguma duvida , que ele estava apenas me evitando . Ela acabou de terminar.

—Não , estou afim . –Dou , de ombros . Engolindo o meu orgulho e volto a perguntar . – Então se quiser ajuda , estou sem nada para fazer .

—Eu acho uma ótima idéia . – Incentiva Ana , olhando seriamente para o meu pai. – Assim você acaba o trabalho mais cedo Christian , e pode ir até a cidade mais tarde com o Dan , para nos quatro jantarmos  juntos.

—Perfeito . – Fala Phoebe , quicando na cadeira .

Mas a minha atenção , estava voltada unicamente para o homem sem reação , na ponta da mesa .

—Quem sabe outro dia . – Ele diz por fim , depois de ficar por alguns segundos em um silencio interminável . –Mais hoje Daniel , você iria mais me atrapalhar que ajudar .

E por mais que eu soubesse que a resposta poderia ser negativa,a rejeição vez surgir uma raiva que eu nem ao menos sabia que existia queimar em meu peito .

—Christian . – Fala Ana o repreendendo .

—Ele está certo mãe .- Replico, chamando a atenção do meu pai . – Eu realmente , não sei muita coisa sobre telecomunicação . Fui criado para me interessar , e principalmente me aperfeiçoar em outro tipo de negócios . –Cruzo meus braços , tranquilamente , por enquanto que fuzilava Christian com o olhar . – E foi exatamente e exclusivamente por esse motivo que ele me convidou para estagiar na Grey´s . Mais como ele mesmo acabou de admitir não levo muito jeito para esse ramo , o que é ótimo . Pois , agora não preciso mais perder meu tempo com algo que eu só atrapalho, e posso voltar a aperfeiçoar as minhas qualidades em algo que eu já sou bom . – Christian , abre a boca para dizer algo . Mais eu levanto meu dedo,pedindo para ele continuar calado . –Afinal , entre assumir uma empresa onde, não sei mexer direito com os seus negócios, e o dono parece ter nojo de ficar ao meu lado , e uma que sou um gênio no que faço , e Klaus ainda por cima gosta da minha companhia. Não é difícil saber , qual seria minha escolha.

Sem dizer mais uma única palavra me levanto da mesa e sigo em direção ao meu quarto. Escuto tanto minha mãe , como meu pai chamando meu nome , mais estava com a cabeça quente de mais para responder Ana , já Christian ignoro ele propositalmente . Afinal,se ele podia me desprezar eu também tinha o direito de ignorá-lo.

Fecho a porta do quarto com força , descontando toda a minha raiva nela. Eu não sabia o motivo de estar tão irritado , afinal o que tem de mais , em Christian não falar comigo? Á alguns meses atrás isso era o que eu mais queria , que ele parasse de pegar no meu pé. E agora que ele o fez, estava mendigando por um pouco de atenção? Qual era o meu problema afinal? 

Me jogo na cama ,socando o travesseiro algumas vezes pra tentar conter a minha irá , minha vontade era de socar a cara dele e perguntar o que de fato está acontecendo , para ele estar tão diferente.Mais sabia que iria me arrepender depois .

Respiro fundo algumas vezes , eu precisava fazer algo pra me acalmar , antes que cometesse uma loucura .

Nessas horas que eu sentia falta da cocaína . Aquele pó tinha o poder de levar todos os meus problemas pra longe , ele era tão bom e relaxante . Que eu gostaria de cheirar um pouco dele agora .

Se eu ligasse para algum dos meus amigos do Reino Unido, tenho certeza que pelo menos um deles saberiam me informar onde eu poderia comprar o pó em Aspem . E ai toda essa tenção iria sumir , pelo menos por um momento .

Me inclino sobre o colchão, pegando meu celular em cima da cômoda e fazendo assim algumas folhas caírem no chão .

Não faria mal eu cheirar apenas um pouco de pó hoje , não é mesmo ? É só para relaxar , eu não voltaria a ficar dependente dele novamente. Iria ser só hoje .

Escrevo uma mensagem no grupo do WhatsApp dos 12 . Mais antes que eu possa envia lá, um grito sufocado, acompanhado por um pedido de ajuda vem até minha cabeça fazendo eu jogar o celular pra longe .

HAANS...HAAANS ....Nãaaao con..sigo......HAANS......HAAANS...HAANS...Daaaaaan....HAAANS...HAAAANS.....HAAANS......AAJUU....DA

Respiro fundo novamente , balançando minha cabeça com força . Evitando ao máximo ativar as lembranças daquela noite . Harry estava morto agora e não tinha nada que eu pudesse fazer .Mas mesmo assim a culpa dominou o meu corpo , fazendo algumas lagrimas traiçoeiras escorregarem dos meus olhos.

  Teria que achar outra maneira de relaxar , cocaína estava fora de questão . Nem sei por que fui cogitar cheirar novamente depois de anos . Mais eu queria , não eu quero. Mais não posso . Vou tentar ser forte , por mim , pelo Harry e por Klaus .

—Daniel. –Chama, Ana batendo na porta do meu quarto .

Limpo os vestígios de lagrimas do meu rosto , antes de respirar fundo pela ultima vez e deixá-la adentrar no cômodo .

—Não deveria ter saído daquela forma no almoço. – Repreende-me Ana, vindo se sentar ao meu lado na cama . –Você está bem ?

—Porque não estaria ? – Coloco minha melhor mascara de indiferença . -Não era ,para você estar na cidade com Phoebe ?

— Sei que não está sendo fácil pra você. –Replica ela , ignorando minha pergunta.- Mas Christian faz o que faz pelo seu bem.

—Ele me despreza para o meu bem ? – Encaro minha mãe , arqueando uma de minhas sobrancelhas. – Eu não sei o que fiz , pra ele não suportar nem ao menos passar cinco segundos sozinho ao meu lado. Parece até, que eu tenho uma doença contagiosa , que ele tem medo de pegar .

—Não diga bobagens . –Replica ela , me encarando seriamente . – Christian apenas está... estressado ,por conta da repercussão que a entrevista gerou . A diretora de imprensa da Grey´s não para de ligar, junto com os problemas da empresa , ele está sobrecarregado. Mais logo tudo voltará ao normal Dan, você apenas tem que ter paciência com o seu pai.

—Não vejo ele evitando ou ignorando ,você e a Phoebe. –Tento ao máximo manter meu tom de voz neutro. -Não que eu me importe . – Dou de ombros . – Apenas queria saber o motivo dele estar assim comigo . E não me diga que é por ele estar sobrecarregado novamente , pois eu não acredito nisso.

—Sua boca diz que não se importa , mais seus olhos não mentem . – Um sorriso triste surge em seu rosto . – Você está magoado. – Ela solta um suspiro antes de prosseguir . – Christian é uma pessoa difícil Daniel , ele tem dificuldades em demonstrar seus sentimentos e muitas vezes acaba afastando as pessoas que mais ama por conta disso .-Ela aperta minha mão . – Então por favor , tenha paciência com ele , quando Christian se sentir preparado irá te contar tudo .

—Irei tentar ser um pouco mais paciente .-Suspiro pesadamente

—É só isso que lhe peço . – Ela deposita um beijo em minha bochecha . – Agora se arrume , pois vamos para a cidade . – Abro minha boca pra protestar, mas Ana é mais rápida do que eu . – Não para fazer compras , vou apenas lhe mostrar as belezas naturais de Aspem . Algo me diz , que você precisa se distrair. – Será que o sexto sentido das mães realmente existe? - Além disso , andei pesquisando  e descobri que tem uma pista de Kart montada no centro da cidade .- E pela primeira vez , dei um sorriso sincero naquele dia . – Então , o que me diz ?

Ana conseguiu me distrair ao ponto de ver um indivíduo fumando maconha e não sentir necessidade alguma por aquela erva ou por drogas mais fortes . Passamos metade do dia e o início da noite no centro , minha irmã fez questão de me levar para alguns pontos turísticos que por ser dia de semana ,não estavam lotados. Lógico que Phoebe não resistiu e fez algumas compras , mais eu não me importei, usei esse tempo livre para ligar pra Klaus, por sorte meu celular não havia quebrado, depois de eu telo arremessado no chão .

Depois de ganhar tanto da minha mãe como de Ebe no Kart , fomos ao Wheeler  Opera Hause assistir Os Miseráveis, era um de meus musicais favoritos . Foi ouvindo Emma tocar On My Own , que eu quis aprender a tocar piano . E por fim , fomos em um rodízio de fondue jantar , antes de voltarmos para casa exaustos .

Por sorte não vi mais Christian naquele dia , então para não abusar do acaso, desejei um boa noite para as meninas e subi para o meu quarto. Tomei um banho , liguei para a minha loira e fizemos um pouco de sexo pelo telefone , afinal eu não era de ferro . E antes de dormir , pequei as folhas onde estavam minhas anotações e contas sobre o projeto da Grey´s, recomeçando a fazê-las de onde avia parado .

Agora era uma questão de honra terminar esse projeto , para mostrar pro Christian que eu era capaz  de trabalhar com ele um dia .

 -Daniel . – Sinto meu corpo inteiro tremer. – Daniel . – A pessoa chama mais alto meu nome , ou talvez eu é que esteja , mais desperto . – Daniel . – Abro meus olhos assustando um pouco ao ver Christian inclinado sobre o colchão chacoalhando meus ombros .

—Finalmente . –Fala ele , se afastando de mim . – Você tem um sono pesado .

—O que você está fazendo aqui ? – Bocejo , ainda desnorteado pelo sono .

—Se troque . – Ele diz simplesmente , jogando um macacão azul marinho em cima da cama . –Te espero na cozinha em 10 minutos.

— O que ? Porque ?. – Protesto,desviando meu olhar do seu  rosto para ver as horas no celular.- Ainda não são nem seis horas da manhã .

—Só faça o que eu estou mandando . – Ele diz e me deixa ali com cara de idiota .

Se ele queria me pedir desculpas começou muito mal . Afinal quem em sã consciência acorda uma pessoa em um sábado as cinto e quarenta da manhã ?

 Levanto da cama mal humorado e vou até o banheiro fazer minha higiene antes de vestir o macacão e descer até onde foi mandado .

—Você está cozinhando ? –Questiono surpreso ao ver meu pai fazendo panquecas .

—Por que o espanto ? –Pergunta ele , de costas para mim , por enquanto que me arrastava até um dos bancos do balcão .

—Então é esse seu plano ? Me matar por intoxicação alimentar ? –Brinco , mais ele não parece ter achado graça.

Christian apenas lançou um olhar discreto , porem triste em minha direção . E continuou a fazer as panquecas em silêncio . Eu não ousei dizer mais nada , apenas fiquei o observando calado .

—Coma tudo . – Manda ele logo após me servir três fartas fatias de panquecas e se sentar ao meu lado .

Coloco um pouco de cauda de caramelo nelas , antes de provar a comida meio apreensivo.

—Huum, está bom . –Replico , sem conseguir esconder o assombro em minha voz .

—Obrigado . – Agradece ele , sem levantar a cabeça .

—O que significa tudo isso?

—Não posso querer passar um tempo de qualidade com o meu filho? –Questiona, sem me olhar novamente.

—Tempo de qualidade? – Debocho. – E como pretende fazer isso se ao menos consegue me encarar?- A pergunta sai antes que eu possa controlar minha língua.-Parece até que você sente nojo ao me ver.

 -Eu não tenho nojo de você. –Christian solta um grande suspiro , antes de levantar sua cabeça e finalmente me encarar . – É um absurdo você pensar algo assim Daniel . Pelo amor de Deus você é meu filho. –Fala ele deixando transparecer toda a sua frustração. – Eu te amo Theodore.- Agora eu estava confuso .  – Não sei como pode cogitar pensar uma coisa dessas.

Fico em silencio por alguns segundos ,tentando digerir tudo o que me foi dito.

—Então porque você está me afastando , me desprezando ? Não consegue ao menos me olhar.- Solto tudo o que estava preso na minha garganta nos últimos dias. – Não sei o que posso ter feito para você...

—Você não fez nada Daniel. – Fala ele rapidamente me interrompendo. – A culpa disso tudo é minha , como sempre.

—Então me diz o que está acontecendo? – Imploro praticamente. – Que fez você mudar da água para o vinho em questão de horas .-Não desvio nem por um segundo o meu olhar do seu . – Começou a se isolar na hora das refeições , ficar trancafiado no escritório, brigar com Ana , ser seco com Phoebe , me ignorar.- Era o azul frustrado , contra um cinza angustiado.- Me diz o que ouvi ?Por favor .

Christian , assim como eu ,precisou ficar alguns minutos em silencio ,para provavelmente absorver tudo o que lhe falei .

—Coma . – Ele diz por fim , voltando a prestar atenção na sua panqueca .

—É só isso que tem para me dizer? –Elevo minha voz, sem acreditar no que eu estava ouvindo. – Coma?

—Fale baixo Daniel, as meninas ainda estão dormindo. – Repreendi-me ele calmamente. Fazendo meu corpo queimar de irritação. – Vamos conversar sobre isso depois, em um outro lugar. Agora coma.

—Depois quando? –Olho para ele friamente, contraindo o meu maxilar.

—Depois que você terminar de comer. –Ele cruza seus braços e fica me encarando. Bufo irritado, mais volto a comer. – Tão impaciente quanto sua mãe. – Comenta ele, dando um riso abafado, me fazendo revirar os olhos.

 Uma hora depois ,Christian estava estacionando o SUV ha sombra de uma árvore de tronco grosso.

—Aconteceu alguma coisa? – Questiono, confuso ao olhar o ambiente a minha volta.

Estávamos em uma clareira pouco arborizada, mais mesmo assim não deixava de ser bonita. O lugar em si era bem calmo, perfeito para um piquenique, talvez. E ainda continha um pouco mais a frente um deque, que dava acesso, para a imensidão verde azulada, que era o rio daquele pequeno paraíso.  

 -Não. – Responde Christian, tirando seu cinto de segurança.

—Então por que paramos?- Questiono confuso.

—Vamos pescar.-Replica ele , gesticulando com a cabeça o banco traseiro do automóvel, onde se encontravam três varas desmontadas. – Pensei que já tivesse percebido isso. -Não eu não percebi isso ,porque além de não entender nada de pesca , passei todo o caminho imaginando o que poderia ter acontecido com você.

Mordo minha língua antes que acabe expondo meus pensamentos, e saio do carro com o meu pai.

—Pensei que íamos conversar.- Acuso.

—Mas nós vamos.-Fala ele descarregando o porta-malas.-Me ajude aqui , por favor ? – Pego uma bolsa térmica media e um pote vermelho , por enquanto que meu pai levava as varas junto com uma maleta preta. –Lhe trouxe aqui para fazermos isso.

—E não podíamos ter feito isso em casa?

—Sim podíamos. –Afirma ele . – Mais hoje está um dia propício para a pescaria não acha ?

Dou de ombro , e o sigo até o fim do deque em silencio . Afinal o que eu poderia dizer? Não entendia nada sobre pesca.

Christian me guiou até uma lancha pequena perto dos iates que estavam ancorados ali, porém luxuosa . Ela era branca com detalhes em preto e continha um deque reto , confortaria dez pessoas tranquilamente.

—Ella.-Leio em voz alta o nome do barco . – Colocou o nome da sua mãe biológica?

—Sim . – Ele sorri minimamente. –Eu tenho um iate homenageando Grace , nada mais justo do que uma lanche para Ella.-Arqueio uma de minhas sobrancelhas. –Por que o espanto Daniel ?

—Nada , quer dizer...-Fico em silencio por alguns segundos , procurando as palavras certas na minha mente. – Bom,quando você me contou sobre a Ella, deu a entender que... não gostava muito dela.

Flash Back :

—Eu queria te pedir desculpas Daniel , pela as coisas que eu falei ontem , por não ter acreditado em você, mais quando eu vi a cocaína eu pirei . –Christian respira fundo ao continuar . – Minha mãe biológica era viciada em Crack....

—Espera um pouco, você não é filho da Grace, de verdade ?

—Não . – Ele diz franzindo a testa . – Pensei que você soubesse .

—Então você e o Elliot , não são irmãos de verdade ?

—Ele é meu irmão , mas não de sangue . - Quando escuto essas palavras um alivio vem eu meu corpo. Ava não é minha prima.-Posso continuar ou você vai querer falar sobre Elliot ?

Assinto com a cabeça , e depois de ter certeza que eu não iria interrompe ló novamente , Christian volta a falar .

—Eu não tive um começo de vida fácil Daniel , e por isso ainda carrego lembranças dolorosas da minha infância . – Ana aperta gentilmente sua mão.- Bêbados, mendigos e viciados em crack gritando nas ruas. Um buraco sórdido que chamava de casa e uma mulher jovem porém acabada, a prostituta drogada a quem eu chamava de mãe.

—Prostituta. –A palavra sai quase como um sussurro de meus lábios.-Sua mãe era uma...

—Sim , eu sou um merda, filho de uma prostituta drogada. – Ele respira tomando fôlego e coragem . – O seu nome era Ella, vive ao seu lado até meus quatro anos. Passei fome , muita fome e não foram poucas as vezes que eu apanhei até ser adotado por Grace e Carrick. –Christian fecha os olhos e começa a abrir os botões de sua camisa bem lentamente .- Eu devia ter cerca de três anos e o cafetão da prostituta estava louco, promovendo um inferno. Ele fumava e fumava, um cigarro atrás do outro e ele não conseguia encontrar um cinzeiro. — Ele para e eu congelo com um frio insidioso invadindo meu coração, ao notar pela primeira vez varias bolinhas pequenas , que se confundiriam perfeitamente com pintas , no peitoral do meu pai.— Doeu — ele diz, — É a dor que me lembro. – Como poderia alguém tratar uma criança assim? Ele levanta a cabeça e me fitou intensamente com seus olhos cinza - Às vezes, nos sonhos, a prostituta está apenas deitada no chão. E acho que ela está dormindo. Mas Ella não se move. Ela nunca se move. E eu estou com fome. Realmente com fome. –Fecho meus olhos para tentar evitar as lagrimas novamente. –Ella teve uma overdose , passei dias ao lado do seu corpo , até alguém sentir o cheiro de algo podre e chamar a polícia . –Escuto Christian soltar um suspiro e me forço para abrir os olhos novamente . – Agora você entende porque surtei quando vi a cocaína ? Não podia deixar que a historia se repetisse .

Fim de Flash Back

—E não gostava , eu odiei minha mãe biológica por muito tempo . – Revela ele , ligando a lancha . – Mais eu conheci Ana , e ela me mostrou uma nova perspectiva disso tudo.

—Como isso pode ter outra perspectiva ?

—Você ama a Emma Mikaelson , mesmo depois de tudo o que ela vez não é ?

—Não é a mesma coisa .- Replico indignado por Christian comparar minha mãe com uma prostituta.

—Tem razão, não me lembro de Ella já ter roubado uma criança.-Bufo irritado.- Mas não viemos aqui para falar disso , não é mesmo?–Acho que ele percebeu que brigaríamos novamente caso não mudasse de assunto .-Coloque a bolsa térmica e o pote em algum canto . –Fala ele muito calmamente

Faço o que ele pediu e me sento em uma das cadeiras estofadas , sentindo o vento bater no meu rosto , conforme Christian acelerava a lancha e ia em direção ao horizonte. A beleza natural daquele local era estonteante.

Diversas arvores se acomodavam nas margens , uma água cristalina preenchia o horizonte, que estava sendo refletido pelo sol da manhã.

Só percebi que a lancha avia parado , quando a brisa cessou. Christian saio do volante e foi até onde estavam as varas , pegou duas delas juntamente com a maleta preta e foi até a ponta do deque se sentando no chão do mesmo .

Respirei fundo , e peguei novamente a bolsa térmica e pote vermelho , indo até seu encontro. Coloquei com cuidado os objetos , no chão , antes de me sentar ao seu lado .

—Então . – Suspiro, quebrando o silencio . –Já pode me contar o que ouvi?

Ele me entrega uma vara já montada e continua a montar a outra , com a ajuda de alguns objetos estranhos presente da maleta preta.

—Coloque a isca ? – Manda ele , me fazendo franzir a testa . –A isca . – Repeti Christian novamente , gesticulando com a cabeça o pote vermelho.

Pego o pote incerto do que devo fazer. Olho para o meu pai que parece estar se divertindo as minhas custas.

—Você já pescou antes ?-Abro o pote encontrando varias minhocas se remexendo em uma orgia nojenta. –Pela sua expressão não . – Fala ele rindo.

—O que eu faço com isso ? – Questiono , com uma pequena careta em meu rosto.

—Sabe eu sempre quis te ensinar a pescar. – Revela Christian pegando o pote de minha mão e colocando em nosso meio , para só então pegar uma minhoca dentro do mesmo e colocar no anzol de sua vara.-Só imaginava que varia isso quando você tivesse uns seis ou sete anos . – Um sorriso triste surge em seu rosto.

—Bom eu estou aqui agora , e provavelmente serei um aluno melhor hoje do que quando era mais novo.

—Me desculpa.-Christian pega uma nova minhoca e coloca em minha vara .

—Por que está pedindo desculpas, de novo ?

—Os peixes precisam se atrair com algo , se quisermos....

—Pai. – O interrompo usando minha melhor arma, afinal tanto Christian como Ana , ainda ficavam meio abobalhados , quando eu me referia a eles pelos seus títulos. – Me conte , o que está acontecendo?

Ele solta um suspiro pesado , antes de lançar a linha com o anzol sob a água e ficar segurando com força a vara .Imito seus movimentos , sem desviar por um segundo meus olhos do seu rosto.

 -Eu fui o culpado de toda aquela merda do acidente Daniel .


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