After the pain escrita por Neryn


Capítulo 14
Sermões Azedos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/609073/chapter/14

Cheguei a casa e assim que abro a porta encontro a minha mãe e a minha tia de braços cruzados e com cara de poucos amigos. Apanhei um valente susto!

– Tens muito para explicar minha menina- disse a minha mãe lançando me um ar incriminador

– Eu, eu....estive a estudar. - digo eu tentando formular uma explicação. Não podia ter pensado em algo mais credível do que estudar!?

–Já te disseram que não sabes mentir? - disse a minha tia gargalhando suavizando um pouco o ambiente. E sim, já me tinham múltiplas vezes que eu não sei mentir, principalmente Andrew.

– Não, não estivestes e ambas sabemos disso. - diz a minha mãe zangada.

– Fui ao médico. - mais vale a pena dizer a verdade antes que o castigo seja pior.

–Ha ha! Eu sabia! Porque é que não avisastes, eu tinha ido contigo - pergunta a minha mãe agora mais calma.

– Por isso é que eu não avisei. Mãe, tu começas-te à pouco o novo trabalho. Tu mesma disseste que o patrão não era lá muito simpático e eu sabia que tinhas que pedir a tarde e eu não queria arranjar-te problemas com ele! Além disso, eu já sou grandinha o suficiente e não foi nada de mais.

– Eu quero lá bem saber do meu patrão! Tu és minha filha e o resto que se arranje. Não penses que isto fica assim, para a próxima vou me certificar que estás onde dizes estar. E a segunda e última vez que me mentes.

Senti-me um pouco mal. Apesar das mentiras não serem maldosas, a verdade é que também não gostava nem um pouco de lhe mentir.

Fui para o meu quarto. Tomei um banho quente, vesti a minha camisola enorme dos Queen e umas legins pretas. Apanhei o cabelo num rabo de cavalo desajeitado e sentei-me perto da janela. Apesar do livro ser super interessante não conseguia me desligar daquela semana de loucos.

Pov Andrew

" Não é preciso!! Como tu próprio disseste eu mão preciso de ajuda"– disse ela seca e era percetível a magoa e o sofrimento na sua voz que começara a falhar-lhe. Mesmo antes se entrar eu pude ver uma lágrima a reluzir que lhe corria furiosa pelo seu rosto frágil e delicado e só de saber que eu era o motivo daquela lágrima , fez-me sentir um aperto de culpa e senti-me como lixo por fazer com que os seus olhos castanhos claros se inundassem de lágrima por duas vezes no mesmo dia.

–AUTCH! Aquela rapariga e fogo - olhei para trás e lanço um olhar intimidador a Logan mas ao invés ele sorri me divertido. - aquela miúda e fogo mano - repete Logan. Chegamos a casa e a Kelly já tinha chegado. O meu irmão andou na sua direção e seu lhe um beijo apaixonado. Eles gostavam mesmo um do outro e Kelly fazia o feliz.

– Finalmente, estava a ver que não jantávamos hoje! - diz ela com um sorriso nos lábios direcionado para Logan que o retribuiu.

– Desculpe - pedi-mos os dois.

– A Lurdes disse que dentro de meia hora está pronto, teve de atrasá-lo por causa de duas entidades que não apareciam - disse minha mãe lançando-nos um olhar como que a dizer culpados.

– OK, então eu aproveitou para ir tomar um banho. - digo dando um beijo na minha mãe e começo a correr pelas escadas acima em direção à casa de banho.

–Rápido! - ouço a minha mãe berrar do hall de entrada.

– claro - berro agora eu do topo das escadas.

Tomei o meu banho e estava a acabar de vestir uma t shirt preta quando batem a porta.

– Entra Logan. Disse eu adivinhando que era ele do outro lado.

– Então melhor?? - ele entra no quarto e senta-se ao fundo da minha cama.

– Se com melhor queres dizer cada vez a sentir-me pior por fazer uma rapariga linda como ela chorar... Yap, sinto-me ótimo!

– Olha, eu não te quero julgar nem nada parecido mas ela tem razão. - olho para ele incrédulo. O meu irmão estava do lado dela! - Quero dizer és o tipo de rapaz giro que todas as raparigas sonham, chefe de equipa e a cereja no topo do bolo: namoras com a rapariga mais popular da escola e normal que ela haja na defensiva. - ia defender-me mas ele adianta-se - Nem tentes distorcer porque eu já andei no secundário. Tens de lhe dar tempo e algum espaço. Ela é diferente - disse o meu irmão levantando-se e dando-me uma palmada no ombro e acompanhado de um piscar do olho.

– Talvez tenhas razão. - admito eu derrotado.

– Claro que tenho! Ainda dúvidas do teu maninho mais velho e sábio.

– Velho sim, sábio é que não tenho a assim tanta certeza. - digo eu arrancando uma gargalhada dele e recebendo com uma almofada na cara.

Descemos para o jantar.

– Então querido não come nada? - perguntou a minha mãe preocupada.

– Não tenho muita fome.

– Há algum problemas?

– Há... um coração de adolescente.- dei um pontapé em Logan debaixo da mesa e ele ri-se. Parece que com o avançar da idade, tem maior prazer em humilhar-me me frente à nossa mãe.

– Problemas com a Jennifer? - desta vez foi o meu pai.

– Não!

– Talvez tenha algo a ver com a Riley- disse Kelly. Olhei para ela e depois para o meu querido irmão que não sabia estar calado.

– Ah !? O quê!? Não olhes assim para mim, não tenho a culpa que as mulheres tenha um sexto sentido apurado. - disse o meu irmão colocando as mãos no ar em sinal de rendição.

– Bem vou para o meu quarto. - digo levantando-me da mesa sem pedir permissão.

– Mas ainda nem comeu a sua sobremesa. - continua a minha mãe.

– Não faz mal. Tenho a certeza que está ótima! - disse eu virando-me para a cozinha para que Lurdes me ouvisse. Subi para o meu quarto e deitei-me a pensar em tudo aquilo, principalmente na dona de um lindo par de olhos, Riley.

Pov Riley.

Acordei ao som da minha música preferida o que me fez ficar ligeiramente bem disposta apesar da dor do dia anterior ainda estar bem presente. Não me queria cruzar com o Andrew e faria tudo para o evitar.

O dia estava a correr normal, Lyla ainda andava triste por causa do Josh e o ódio por ele dentro de mim começou a crescer por ter roubado a minha melhor amiga de mim mas sobretudo por te lá feito to sofrer.

As matéria de cada disciplina tornara-se cada vez mais difícil e exigia cada vez mais estudo e concentração. No final da aula de matemática, eu e a Lyla íamos em direção da casa de banho quando ouvimos os nossos nomes a serem chamados.

– Riley, Lyla esperem! - volta-mo-nos para trás e Josh alcançou-nos num ápice. - Queria convidar-vos para a minha festa de aniversário no sábado. - continuou entregando-nos um convite com a data e morada do evento.

– Não estou interessada - disse Lyla não se esforçando por ser delicada ou recusar com uma desculpa elaborada. Josh olhou para mim como que à espera que eu dissesse algo:

– Desculpa Josh, mas também não me apetece.- apesar de não ter sido simpática fiquei com pena dele. Ele parecia mesmo abalado com a nossa frieza. Também ele estava a espera de que??? Rosas brancas e um abraço? Ele magoou a minha melhor amiga embora não tenha feito de propósito, eu acho.

No fim das aulas, como sempre fui para a paragem só que desta vez sozinha pois a mãe de Lyla veio buscá-la à escola para a levar a uma consulta. Entro no autocarro com alguma dificuldade pois ainda andava de muletas às costas. Durante a viagem começa a chover o que é magnífico pois eu não trouxe guarda chuva ou qualquer tipo de proteção. De repente o autocarro pára, só que ainda faltavam algumas ruas para chegar a casa.

– Meninos, o autocarro sofreu uma avaria. - diz o motorista causando um alvoroço - Se quiserem, a partir de agora terão de fazer o vosso trajeto até casa a pé pois eu não sei quanto tempo vai demorar até chegar um segundo autocarro.

A maior parte dos que estavam lá dentro saíram a correr pela porta fora. Como não me apetecia ficar à espera sozinha, lá fui pela rua de mochila às costas e toda desajeitada com as minhas muletas maravilhosamente horríveis e sem guarda chuva!

Senti um carro a aproximar se de mim. Olhei e reconheci aquele carro preto. Continuei a andar e a ignorá-lo até que ele abre o vidro e diz:

– Anda! Eu levo te a casa. - A sua voz era a mesma voz divertida de dias atrás . Que era feito daquela raiva toda do dia anterior!? Pelos vistos desapareceu! Pena que a dor que ela causara não apanhou boleia e foi junto com ela.

– Já estou perto.

– Sério? A tua casa é a um kilómetro. - Ele abriu a porta. - Entra ou ainda te constipas.- estava outra vez com aquele sorriso parvo e olhos a brilhar.

Entrei. Estava completamente encharcada e não queria molhar o carro. O meu cabelo gotejava, os meus pés nadavam dentro das minhas sapatilhas e a minha roupa estava completamente colada ao meu corpo. Num impulso olhei para o lado e Andrew conduzia descontraidamente. O seu cabelo estava ligeiramente molhado e pequenas gotas de água escorriam pela sua testa e os seus olhos verdes de baixo daquela humidade estavam lindos. Arrepiei me.

– Estás com frio? - Disse ligando o aquecimento. - Queres o meu casaco? - pergunta ele tirando os olhos por breves momentos da estrada e olhando para mim.

– Não é preciso estou bem.

– Deves estar a congelar. - disse ele tirando uma mão do volante e estendendo-a para o banco de trás, pegando assim no seu casaco da equipa de andebol. Ele estende-mo só que eu não aceito reforçando que não era necessário e ele cobre-me com ele. Eu nem barafusto porque verdade seja dita, eu estava a tremer de frio.

Encosto-me para trás no banco e fecho os olhos.

– Atchim! - espirro eu.

– Vês, eu disse-te que ias constipar - diz Andrew misturando reprovação e diversão na sua voz e expressões faciais.

– Isto não é nada! - digo eu fungando o nariz num lenço que trazia na mochila. Era o que mais me faltava, na semana passada torci o pé e hoje constipo-me. O que será que está reservado para mim amanhã?

– É melhor levar-te ao Logan antes que piores.

– Não. Não vamos estar a incomodar o teu irmão com uma gripezinha. Só preciso de um chá quente e de uma boa noite de sono e amanhã já estarei como nova.

– Isto não era uma pergunta - morre aqui o assunto e Andrew vira em direção a sua casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "After the pain" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.